Dada é nada!!!
Tristan Tzara
O
ET DE VARGINHA
ROMANCE
Copanuchum
de Campos
A
Cervantes, Dom Quixote, Sancho, Daniel Lopes, Alexandre Rigobelo, João Dias,
Ranchinho, Nanci Lopes, Heloisa Milton, Rubião, Quincas Borba, Pablos, Guzmán,
Lazarillo, Haroldo de Campos, Wladimir Dias-Pino, Campos de Carvalho, Coelho
Neto, Machado de Assis, Edgard Allan Poe, Álvares de Azevedo, Mário de Sá
Carneiro, Camilo Pessanha, Hermanos Hernández, Jesús Blasco, Barbarella,
Valentina, Xam, Cacaso, Chico, H. G. Wells, Bilac, Adolfo Aizem, J. J. Veiga,
Alejo Carpentier, Renée Magritte, M. e O. de Andrade, Sílvio Romero, Moebius,
Lourenço Mutarelli, Robert Crumb, Gedeone, Shimamoto, Flávio Colin, Antonio
Candido, Brás Cubas, Minami Kaise, Cláudio Seto, Murilo Mendes, Salvador Dali,
Moacy Cirne, José Mojica, Lúcio Cardoso, Carlos Fuentes, Otávio Paz, Little
Nemo, Paulo Kanashiro; enfim a todos que
escrevem, quadrinizam, dramatizam, filmam, pintam, musicam, arteplastificam o
sete ou disseminam o conhecimento.
Viventes
do mundo fenomênico ou do mundo das idéias: personagens imortais da nossa
Literatura.
Copanuchum
de Campos
Ceci n’est pas une pipe
Renée
Magritte
Tampouco um saxofone…
Copanuchum
de Campos
Índice
Prólogo –
I – O Dossiê -
II – Cartas
Continuação do
Capítulo II: Outras Cartas
Continuação do Capítulo II: Ainda Cartas
III – Livros, Livros, Monografias
IV – Eis que Surge a Femme Fatale
V – A Viagem
VI – O Diário
VII – Recortes de Jornais, Revistas, etc...
VIII – Cartas de Caetano e Rosa (Fragmentos)
IX – Tudo Parece Levar a Lugar Nenhum
X – Disparates
XI
– Uma Estranha Realidade —
Da
Qual Não Ouso (Des) Acreditar
Epílogo
Uma
Testemunha Chave
Conclusão/Posfácio
Uma
Última Palavra
Post Scriptum
Prólogo
O bom senso é o que existe
de melhor dividido no mundo, pois cada um se julga tão bem dotado dele que
ainda os mais difíceis de terem satisfeitos em outras coisas não costumam quere-lo mais do que têm. E, a esse propósito,
não é crível que todos se enganem; isso prova, pelo contrário, que o poder de
bem aquilatar e diferenciar o vero do falso, quer dizer, o chamado bom senso ou
a razão, é naturalmente igual em todos os homens. A multiplicidade de nossas
opiniões não deriva do fato de uns serem mais razoáveis do que outros, porém
somente do fato de encaminharmos nosso pensamento por diversos caminhos e não
levarmos em conta as mesmas coisas. Não é suficiente ter a mente sã: o
essencial é bem aplica-la. As maiores almas estão capacitadas aos maiores
vícios como às maiores virtudes. Os que caminham muito vagarosamente podem se
adiantar muito mais, se prosseguirem sempre em seu caminho reto, do que os que
correm e se afastam deste roteiro.
Renée Descartes
Conheci Pedro José Caetano de Oliveira e Silva, assim é
que se chamava meu melhor amigo, ou se chama ainda, no terceiro ano do
primário. Caetaninho era desde aquela época, um menino diferente. Vivia isolado
de tudo e de todos, na classe era como não estivesse presente, os olhos no
vazio, inexpressivos. Mas o danado era muito inteligente, o melhor aluno da
classe. Eu que sempre passava de ano raspando, era peralta que só vendo, o mais
peralta da classe, comecei a cultivar uma grande admiração por esse menino. Foi
recíproco. Ele que raramente ria, o fazia de minhas peraltices. Acabamos por
sermos grandes amigos pelo fato de sermos tão opostos.
Caetaninho era mirrado, e é até hoje, se estiver vivo,
tenho minhas dúvidas, bem não vou apressar os fatos, o leitor que tire suas
conclusões; mas como ia dizendo era mirrado, ossos salientes como se fossem
furar a carne, os olhos enormes e negros e esbugalhados, uma orelha enorme, os
pés grandes, desproporcionais para seu tamanho; Caetaninho, me perdoe se
estiver vivo e ver este meu relato, mas você era, ou é, feio e fraco. Eu era um
menino, posteriormente, um moço bonito, galante, forte e bom de briga. Prá
encurtar, eu o protegia da maldade de outros meninos, ele me ajudava na escola;
eu era cabeça dura, além do mais, relapso.
Uma coisa que hoje, aliás há tempos, pois crescemos
juntos, terminamos o primário, fizemos o ginasial e o colegial juntos, nesta
época ele já não era mais tão tímido, era um pouco recatado, mas se aproximava
mais das pessoas, quis o destino que os dois se tornassem funcionários públicos
em uma mesma repartição, que não cito aqui qual, pois o que interessa são os
fatos, como ia dizendo, uma coisa que hoje, aliás há anos me chamava atenção,
era a idade avançada de seus pais, que Deus os tenha, quando ele ainda estava
no primário, tudo levando a crer que ele fosse filho adotado, pois não era
possível, ou será que era, sei lá; mas nunca o perturbei com este detalhe,
sinto que deveria tê-lo feito, mas...
Queria fazer uma pausa no meu relato para uma
justificativa, perdoem-me os leitores por alguma falha, mas nunca fui homem de
letras; escrevi este prólogo e fiz algumas complementações nos capítulos
subseqüentes, depois de ter escrito, ou melhor, quase que montado este livro,
com auxílio de cartas, do acervo, do diário, enfim das aventuras vividas ao
lado de Pedro Caetano; era assim que a gente o tratava na repartição.
Em todos esses entremeios, comecei a namorar, casei-me.
Pedro Caetano era de natureza misantropa. Enquanto eu vivia esta intensa
paixão, meu amigo, morando sozinho, pois
seus pais já haviam falecido, fazia a estranha rotina de casa-trabalho,
trabalho-casa. E a dedicar-se a uma atividade, a um sacerdócio, uma estranha
mania que veio a dar origem a este relato: sua obsessão pelo estudo dos ÓVNIS.
Eu até que me sentia atraído pelo assunto, mas ficava às
vezes irritado com a obsessão de meu amigo. Obsessão levada ao extremo, às
últimas conseqüências, que por muitas vezes o expunha ao ridículo. Outras vezes
era bem tratado, vinham pessoas de várias partes do país procura-lo; certas
vezes, até do exterior — duma coisa eu tenho que concordar: meu amigo era um expert
no assunto. Tempos houve em que participei com entusiasmo comedido, algumas
vezes exacerbado, de suas pesquisas. De cada cem casos, doutrinava meu amigo,
apenas dois ou três eram procedentes de relatos confiáveis, plausíveis. Destes
casos confiáveis, 90% podem ser explicados pela Física hodierna, outros são
desafios sem aparente solução. Pouquíssimos são os casos realmente ligados a
presença de seres extraterrestres em nosso planeta.
Estão sob meus
cuidados, uma vasta documentação, a qual pretendo deixar acessível aos
interessados, assim que o tempo dissipar a tristeza que sinto pela perda de meu
melhor amigo. No momento em que escrevo, estou observando seu legado. Pastas e
pastas com recortes de jornais do mundo todo, fotos, filmes, depoimentos,
cartas, monografias, livros, pedaços de rocha vitrificada; supostamente por
aparelhos propulsores; e muito bem guardado, o último tesouro que recebera de
meu amigo, cuja procedência, explicarei em momento oportuno. Vejo, entre
outras, a obra do Comandante Auriphebo Berrance Simões, o livro de cabeceira do
Caetaninho. Este, dizia meu amigo, é um dos mais ponderados escritores
brasileiros que trataram deste assunto; este livro exala bom senso e sabedoria,
referindo-se ao Discos Voadores: (Fantasia e Realidade). Até obras de
ficção, inclusive histórias em quadrinhos sobre o assunto fazem parte do
arquivo. Há também vários volumes de casos inexplicáveis que ele coletou da
boca do povo; ainda que estes relatos sejam fantasiosos, incoerentes,
inverossímeis, ele os conservava. Reminiscências arquetípicas, doutrinava.
Fazem parte do acervo um enorme rádio transceptor à
válvula, e uma enorme antena, hoje desmontada. Lembra-me que o dia em que ele
me chamou para demonstrar o funcionamento daquele treco, senti um certo temor
pelo juízo de meu amigo. Mas agüentei firme; os chiados, e a estática
insuportável, os quais Caetaninho dizia que vinham das profundezas do Khosmos.
Por esse tempo, minha esposa e eu tentamos arranjar uma
namorada para o Caetano, numa tentativa de faze-lo pensar em algo que não
fossem os ETs. O chefe da repartição estava até às tampas com nosso
especialista; ameaçou abrir um processo administrativo para que o mesmo
compulsoriamente se submetesse a um tratamento psiquiátrico, advoguei em sua
causa, fiz de tudo para que ele não fosse prejudicado — consegui, o homem o
deixou em paz com seus seres escamosos e gosmentos, ao menos por uns tempos.
Quanto à namorada, veio da fazenda onde residia, passar
uns dias em nossa casa, a tia de minha esposa, a Rosa; morena de seus trinta e
poucos, era uma matrona bonitona, alta, flexuosa, cheia de fogo no couro,
sangue fervente nas veias. Ninguém explica coisas do coração; a Rosa ficou
caída pelo ET. Sim, na repartição não, mas na vila, nos botecos, para os
amigos, era ET. No dia em que viu Rosa pela primeira vez, ou Rosa o viu, ele
havia passado em casa acompanhado de um de seus vizinhos. Em certo momento o
homem falou, vamos ET. Judiação, murmurou Rosa ao ouvido de minha mulher. A pergunta
fatal veio em seguida, ele é solteiro? Aí nós botamos lenha na fogueira, eu
atiçava o Caetano, minha mulher a Rosa. Preparamos uma cilada para ambos,
criamos condições para que os dois ficassem a sós. O namoro prosseguiu firme
por alguns meses, até que a Rosa encheu-se a paciência com a exobiologia, UFOS,
criaturas de além Terra, com Caetano e voltou para a fazenda, jurando que o dia
que visse um disco voador, descarregava nele e nos ETs a espingarda calibre 16
que tinham na fazenda. Malditos discos voadores, vociferava colérica.
Há um tempo em que amadurecemos, ficamos mais comedidos;
foi o que ocorreu com Caetano. Continuava com suas atividades, mas evitava
demonstrar seu entusiasmo aos não iniciados. Por esse tempo sugeri que ele
viesse morar conosco; a solidão de meu amigo me preocupava. Concordou em morar
perto de casa; meus filhos gostavam dele, o mais novo compartilhava de seu
entusiasmo, o que no começo me deu certa preocupação, que se dissipou logo;
criança gosta mesmo dessas coisas.
No final do ano de 1995, fizemos uma deliciosa festa, ele
se reconciliou com a Rosa, que viera passar as festas conosco; bebeu, o que não
fazia com freqüência, dançou, festejou, parecia ter se esquecido das estrelas.
Senti que havia conhecido outra face do Caetano neste Natal e Ano Novo.
Viveu, para nossa felicidade, momentos idílicos com a
Rosa, no começo de janeiro. Um fato que mereceu destaque na imprensa de todo
país fez com que a Rosa arrumasse as malas de novo, e comprasse mais aviamentos
para sua espingarda. O caso do ET de Varginha: manchete dos
principais jornais do país e do exterior. Rosa ficou a ver navios, enquanto
Caetano não vencia atender ao telefone, e a consultar seu imenso arquivo. Não
imaginava que iria perder, talvez para sempre meu amigo neste fatídico ano.
I – O Dossiê
Grandes deuses ! Haverá na
terra homens mais felizes que os que recebem comumente o nome de loucos,
insensatos, tolos, imbecis?
Erasmo
de Rotterdan
Presença
biológica extraterrestre
Características
físicas recorrentes
(segundo
testemunhas oculares)
1 – Humanóides, pequenos, pele
esverdeada, protuberâncias na cabeça semelhante a antenas, como as presentes em
certas espécies de insetos. Os seres desta categoria são arredios, fogem ao
menor sinal de aproximação de um ser da espécie humana, mas não demonstram
hostilidade.
2 – Altos, pele azulada ou
marrom-avermelhada, nariz inexistente ou muito pequeno, tal qual a boca, braços
longos e finos, três a quatro dedos nas mãos. Embora sua aparência assuste, são dóceis e tentam comunicação.
Há relatos de relações de amizade entre esses seres e seres humanos.
3 – Semelhantes aos seres
humanos. Muitas vezes aparecem de capacete sugerindo que respirem um tipo
diverso de mistura de gases, ou que usem este equipamento como medida profilática,
quanto a possíveis contaminações. Esta última possibilidade é paradoxal, se
levarmos em conta que com este grupo ocorre o maior número de abduções, e há
relatos de casos de relações sexuais entre humanos e espécimes desta raça.
Curiosamente, não há registros de que tenha sido isolado, alguma amostra de
fluido corpóreo, como sêmen ou líquidos vaginais, em pessoas que tenham sido
abduzidas, e copulado com algum desses seres.
4 – Tipo semelhante ao descrito
no tipo 2, mas que possui dentes e garras, e não reconhecem o homem como ser
racional. São seres perigosos que
submetem abduzidos a torturas.
5 – Outros tipos de criaturas
aprecem com menos freqüência. Com chifres, com caudas, dóceis ou ferozes.
Não
humanóides
Nesta categoria encontram-se seres inteligentes com
corpos energéticos protegidos por uma áurea eletromagnética. Há assustadores
relatos de seres que assumem a forma de
uma pessoa querida da família. São também perigosos. Não compreendem o nível de
cognição humana. Muitas vezes são confundidos com poltergeisters ou espíritos
errantes ruins. Há casos em que o ser não possui semelhança com nada que exista
sobre a Terra; sua aparência está acima da compreensão humana. Este tipo de
aparição leva a inúmeras interpretações errôneas e confusões..
Fechei o tomo desta antiga monografia que Caetano havia
escrito. Este suposto ET de Varginha poderia ser enquadrado em alguma categoria
elaborada pelo trabalho de meu amigo, mas não arrisquei fazer qualquer
conjetura; há casos, nos quais só mesmo
um especialista é capaz de faze-lo, mas arrisquei estas palavras com Caetano.
Essas mulheres podem ter se assustado com um animal, confundido, sabe, o medo
faz coisas, é isso que estou procurando, a verdade. Você é meu melhor amigo,
Sérgio. Preciso de sua ajuda, esse caso é sério. Foram três testemunhas, que
não teriam necessidade de mentir. Sabe Sérgio, há algo que nunca comentei
com você. Os exércitos de todo o mundo
possuem um serviço de inteligência voltados para esses casos. São unidos e
unânimes. Os seres e equipamentos são aniquilados, toda evidência da presença
extraterrestre são destruídas. Testemunhas são subornadas ou ameaçadas,
porque?, porque esses seres são vistos sempre como uma ameaça? Veja por exemplo
o que Córtez e Pizzarro fizeram respectivamente com o México e com o Peru. Os
homens que governam nossas nações tomam como base a ignomínia humana para
julgar esses seres. Mas não há testemunhos de seres agressivos? Sabe Sérgio, o
grande problema entre um ser humano e um fator biológico extraterrestre é a comunicação.
Lembra do filme Marte ataca?, no qual uma pomba, símbolo da paz
desencadeou uma guerra? Ainda que pese, que este filme seja de conteúdo
paródico-satírico, foi muito feliz a inserção desta cena. Se um dia tiver
oportunidade de estabelecer contacto com alguma criatura inteligente do
Khosmos, seja comedido quanto a seus movimentos. O estender as mãos para
cumprimentar pode significar uma ameaça. Quanto ao colonizar e destruir a
Terra, possuo em meus arquivos, relatos de testemunhas perplexas diante do grau
de avanço tecnológico dos seres avistados. Se a intenção destes, fosse nos
fazer mal, já o teriam feito. Há registros de
relatos feitos por pessoas idôneas, nos quais estas afirmam terem visto
centenas de naves, que foram também captadas pelos radares, para em seguida
desaparecerem da tela deixando operadores, oficiais de aeronáutica, pilotos de
caças e testemunhas civis estupefatas. Abro outro tomo.
Aparelhos
1 – Formato circular, lembrando
um disco metálico, fino nas bordas com bojo se espaçando destas para o centro.
Suas manobras desafiam todas as leis da física que conhecemos. É capaz de parar
imediatamente, mesmo estando a altíssima velocidade, assim como pode convergir
para qualquer lado descrevendo ângulos de 90º ou mais fechados. Muitos testemunharam
a presença de tais máquinas fazendo evoluções
em queda livre, ou voando desgovernadas como pratos que fossem atirados a esmo;
repentinamente aceleram e desaparecem numa velocidade incrível. Há testemunhos
de soldados que viram tais objetos, estáticos no céu, em pleno furor da
batalha, nas duas grandes guerras. É o campeão de aparições, que por sua forma
generalizou a expressão “disco voador” no Brasil, e até mesmo “pires ou prato
voador”; concepção adotada por povos que se exprimem em outras línguas.
2 – Formato cilíndrico,
lembrando, pelas proporções, um enorme lápis ou charuto.
3 – Esferas.
4 – Forma que lembra um
submarino ou dirigível.
5 – Triangular.
6 – A pessoa (testemunha) não
consegue descrever o objeto.
7 – Há numerosos casos em que
fenômenos físicos ou maquinismos aqui da Terra, como balões meteorológicos são
confundidos com objetos não identificados.
Pontos
em comum
1 – Na maioria dos casos não
emitem ruído; quando o fazem, são intensos, mas não causam danos aos ouvidos humanos.
2 – Luzes que deixam o ser
humano maravilhado.
3 – Alguns emitem uma espécie
de música, quase que hipnótica, cuja sonoridade não tem parâmetros em nosso
planeta; a pessoa (testemunha) não consegue descreve-la ou compara-la com a
música de nosso mundo.
4 – Há relatos de objetos que
teriam vitrificado a rocha /solo ao decolarem.
5 – Pessoas supostamente
abduzidas não sentem os impactos das manobras radicais em alta velocidade.
Sérgio,
preciso de um favor, ou melhor, dois. Fecho o tomo. Até três ou quatro Caetano,
fala. Esse caso de Varginha merece um tratamento especial. Ajude-me a montar o
dossiê. Sim, por onde começamos? Por estes documentos. Procuremos casos
semelhantes para contrastar. Necessário se faz também coletar tudo o que está
saindo na imprensa sobre o caso. Vou te ajudar Caetano. E o segundo pedido?
Convença o Zé a antecipar minhas férias e um mês de licença prêmio. Ufólogos do
mundo inteiro estão vindo para o Brasil, e eu fui convidado a participar de
conferências e mesas redondas sobre este caso. Gostaria também de fazer uma
pesquisa in loco, puxa Caetano, você conhece o homem, sabe que vai ser
barra, mas vou tentar te dar uma mão, não custa tentar né Sérgio.
Imenso
dossiê foi elaborado. O Zé concedeu o pedido, sem maiores problemas, o que me
deixou pasmado. É claro que não foi tão fácil assim. Fiz um discurso apelativo,
colocando até o nome de Rosa no meio, para mim, Sérgio, sua cunhada, hã, não é
cunhada, é tia de sua esposa, me desculpe mas essa mulher tá é com raiva da
xiranha, dá mole pro Caetano, ser trocada por mulheres verdes de antena, prá
mim esse nosso amigo gosta mesmo é de outra coisa, não consegui esconder minha
irritação, tá bom Sérgio, tá bom, manda ele vim falar comigo. Estávamos já no
meio de fevereiro, foram concedidas as férias em março, a licença prêmio em abril. Foram dias de
febris preparativos para a viagem. Uma fundação de pesquisas afins financiou
parte das despesas, com direito a acompanhante; eu não posso Caetano, como fica
o serviço?, para dois o homem não vai dar folga, deixa eu i então pai, você
não, tem que comer muito feijão ainda.
II – Cartas
Efetivamente, a razão não
nos ensina, em absoluto, que aquilo que assim vemos ou supomos seja verdadeiro,
mas, pelo contrário, que todas as nossas idéias ou noções devem ter um fundo de
verdade, pois de outra maneira não seria admissível que Deus, sendo de forma
absoluta perfeito e verdadeiro, as tivesse colocado em nós.
Renée
Descartes
Do
gabinete do prefeito de Varginha na ocasião. (transcrição simplificada)
Assessor
do Prefeito.......................
Varginha, 01 de fevereiro de 1996.
Em atenção ao pedido formulado por V. Sª., gostaríamos de
salientar que a posição do Chefe do Executivo, bem como de seus Assessores e
Secretários é cautelosa em relação aos fatos ocorridos nos últimos dias, e que
têm projetado o nome de nossa cidade em jornais do Brasil e do mundo.
Tivemos informações, as quais apontam V. Sª. como um pesquisador sério; ainda que
autodidata, trabalha com metodologia científica, age com bom senso e cautela,
tão necessários nestes momentos.
A
informação que podemos dar, é que os fatos estão sendo rigorosamente
investigados. Não queremos o nome de nosso amado município envolto em
sensacionalismo barato.
Quanto aos exames clínicos e interrogatórios aos quais as testemunhas foram submetidas,
escapam à nossa alçada. Mas veremos em que podemos ajuda-lo.
Estamos ansiosos, no sentido de que as investigações
levem ao esclarecimento deste caso o quanto antes.
No momento é só, o que podemos dizer.
Aproveitamos o ensejo, para convida-lo, em nome de nosso
povo e desta Administração, a vir a esta cidade dar seu quinhão de colaboração
no sentido de elucidar este caso.
Ao Sr. Pedro José Caetano de Oliveira e Silva.
Não
ajuda muito, Caetano, ao menos responderam, e fizeram-me um convite formal, o
que já abre as portas; bem, o exército e a polícia militar não responderam
minhas cartas, e creio que nem vão responder; Sérgio, estou acostumado com
esses casos, o exército norte-americano abafou o caso Roswell, o governo
brasileiro abafou o caso ocorrido com os caças que decolaram da base de São
José dos Campos, os quais foram seguidos por estranhos objetos. Ainda que
alguma coisa tenha escapado para a
imprensa, sem que houvesse uma censura muito arbitrária, muita coisa não foi
esclarecida. São casos em que, sempre se passam uma borracha nas provas e
evidências; arrefecendo-se o furor inicial da imprensa, acabam caindo no
esquecimento, prá não deixar vestígios mesmo; eu gostaria de saber porque,
Caetano, difícil responder, Sérgio.
(transcrição simplificada)
Varginha, 10 de fevereiro de 1996.
Pedro José
Filho, que as bênçãos de Deus sejam contigo. Exerço as
funções que Ele me confiou há mais de vinte
e cinco anos nesta cidade, e nunca havia me deparado com tão insólito
fato.
Conheço as pessoas envolvidas no caso, conversei com
elas, mas não posso revelar o que me disseram, por motivos que certamente é de
vosso conhecimento.
Filho, a Bíblia Sagrada nos ensina, que Deus fez o
homem a sua imagem e semelhança. Como sacerdote, acato e transmito os
ensinamentos do Pai, que nos foram legados pelos Profetas; por Jesus, seu
Sacratíssimo Filho e pelos Santos
Apóstolos. Nunca fora dito que Deus fez
macacos que evoluíram e depois se tornaram homens, que fez homens com chifres,
com dois ou três dedos na mão num planeta distante. Afirmar, ou inferir tal
disparate é cometer um terrível sacrilégio; é heresia.
A grandiosidade do Criador é infinita. Olhe à sua
volta, veja a beleza da natureza, os pássaros, rios e animais, a variabilidade
de cores neste maravilhoso planeta palpitante de vida. E tudo para o desfrute
do homem, o qual Ele ama tanto. Tanto que entregou Seu Único Filho em
sacrifício pela nossa salvação.
Há coisas filho, que não são permitidas ao homem que as conheça. Mistérios
que estão além de nossa compreensão. Procure cuidar de seu bem maior, que é sua
alma. Deixe de buscar o inatingível.
Quanto ao fato, prefiro acreditar que essas pessoas
viram mesmo, foi um animal, aqui da nossa Terra. Minha experiência conta filho,
que o susto, a surpresa e o medo fazem ver coisas.
Vou rezar por você. Se um dia vir aqui, me procure. Que
Deus e a Virgem Maria te abençoem.
Padre
............................
Continuação do Capítulo II :
Outras Cartas
Para alcançar a verdade é
preciso, uma vez na vida, desfazer-nos de todas as opiniões que recebemos e
reconstruir de novo e desde os fundamentos, todos os sistemas dos nossos
conhecimentos.
Renée
Descartes
De um pastor de uma Igreja Neo-Pentecostal
(transcrição simplificada)
Varginha, 20 de fevereiro de 1996.
Prezado Irmão:
Em atenção à sua correspondência, vou responder, não
como uma criatura do mundo, mas como homem resgatado pela Luz do Evangelho, com
a alma lavada pelo Sangue do Cordeiro.
1 – Jesus disse que no final
dos tempos, grandes sinais apareceriam no Céu e na Terra.
2 – Que falsos profetas,
falariam em Seu Nome.
3 – A Palavra de Deus nos
ensina que o homem foi feito a Sua Imagem e Semelhança.
4 – As Sagradas Escrituras não
mencionam a existência de outros mundos, com criaturas estranhas, que
demonstrem raciocínio e razão, a não ser o homem. Não há também outros deuses.
5 – Além da Terra, existe o
mundo espiritual, para onde serão levados os justos, e o lago de fogo e
enxofre, onde serão lançados os iníquos; as profundezas do inferno, onde reina
o maligno.
6 – O grande inimigo do homem,
faz de tudo para desvia-lo de Deus, arma as mais terríveis artimanhas.
7 – O irmão havia me afirmado
que conhece a Bíblia, e que coleta nas Sagradas Escrituras dados complementares
para suas pesquisas. Perdoe-me o irmão, mas a Palavra não pode ser lida como
objeto de ciência, mas de espiritualidade.
8 – Acredito ser até
desnecessário citar versículos e demais ensinamentos para ti irmão, mas aconselho-te em nome de
Jesus; antes de ler a Palavra de Deus, dobre seus joelhos, peça a Luz do
Espírito. A Bíblia não deve ser lida como uma enciclopédia.
9 – Quanto ao fenômeno que está
sendo alardeado, tenho minhas dúvidas quanto a sua veracidade. Mas se realmente
aquelas senhoras avistaram mesmo alguma criatura, tenho duas hipóteses.
Ou viram um animal aqui da Terra; advirto o irmão que temos um zoológico em
nossa cidade, pode ser que um símio tenha escapado...Bem, outra hipótese: é que
essas senhoras avistaram uma criatura do mundo espiritual. Pela aparência
descrita, um espírito baixo e maligno. Essas senhoras neste caso precisariam de
muita oração, e de entregarem-se a Jesus.
Quanto ao irmão, aconselho-te: use este seu conhecimento
para coisas úteis, procure uma Igreja, entregue-se a Jesus. Não vejo razão para
procurar criaturas e mundos estranhos; uma das inúmeras armadilhas que o
inimigo prepara para afastar o homem do Caminho. Veja como é bela a obra que o
Criador deixou a nossos olhos.
Vou orar pelo irmão, e que as bênçãos de Jesus ilumine
seu coração.
Missionário............
De
um pastor de uma Igreja Protestante Tradicional.
(transcrição
simplificada)
Varginha,
20 de fevereiro de 1996.
Prezado Senhor:
Despertou-me a curiosidade, a sua carta, que demonstra
muito bom senso e seriedade no trato com um assunto tão polêmico. Sinto talvez
não poder responder-lhe a contento, pois bem sabe o Sr., dedico meus estudos a
assuntos relacionados com a teologia cristã.
O
que posso dizer, com a experiência que tenho na vida comunitária, é que já ouvi
relatos de casos tão ou mais fantásticos quanto ao relacionado com o episódio
que supostamente ocorreu em nossa cidade no último 20 de janeiro. E posso
afirmar com segurança para o Sr., que todos puderam ser explicados como
fenômenos naturais, ou como fruto de perturbações psíquicas dos envolvidos.
Testemunhei um fato certa vez, quando ainda estava no
seminário, junto com meus amigos, professores e o diretor, do qual não tivemos
uma explicação convincente. Aconteceu no Rio, no ano de 1979.
Estávamos
em um retiro espiritual, fazendo nossa oração noturna , quando uma esfera
cintilante apareceu por trás de um morro. Aproximou-se a poucos metros de nosso
grupo pairando em cima do lago. Emitia luzes coloridas e um som estranho, mas
agradável ao ouvido, quase hipnótico. De repente lançou-se numa velocidade
incrível para a imensidão do espaço. O deslocamento de ar foi tão grande, que
arrastou grande quantidade de água do lago. Ficamos encharcados pela “chuva” e
pelo denso vapor. O que intriga, é a subversão das leis da física. Não sofremos
nenhum dano em nossos corpos, e nem nos ouvidos ou nos olhos; os quais ficaram
expostos a luzes e ruídos intensos. A manobra efetuada, foi como uma explosão
violentíssima, o chão chegou a vibrar...no entanto, não nos afetou.
Continuamos com a nossa oração, e o pastor que presidia o
culto, exaltou o fenômeno como uma maravilha da obra de Deus; e que nós tivemos
o privilégio de testemunhar. Mas afirmou que se tratava de um fenômeno da
natureza. Forças eletromagnéticas que teriam sido utilizadas por Deus para Se
comunicar conosco, e citou a sarça ardente descrita por Moisés. Hoje trago como
uma agradável lembrança este fato; e embora, como já tenho afirmado, o fenômeno
desafie as leis da física, considero-o natural, da nossa e não de uma
extraterra.
Quanto ao caso que supostamente ocorreu em nossa cidade
(trato como suposição, pois o relato suscita dúvidas) temos que ser muito
cuidadosos. As pessoas envolvidas teriam que ser submetidas a exames por
profissionais competentes. Aí entra a questão ética. Eu, como arrebanhador de
ovelhas para Cristo, se viesse a ter contacto com essas pessoas, teria que me
resguardar de divulgar os depoimentos. O mesmo se aplica a médicos, psicólogos,
etc...Meu compromisso é ainda mais pesado, porque não é com homens, mas com
Nosso Deus.
Pedes
minha opinião pessoal. Gostaria de não atropelar os fatos. O assunto ainda está
quente na imprensa, e não há aparentemente uma solução plausível para o caso.
Há rumores que a criatura foi capturada pelo exército, que houve envolvimento
do corpo de bombeiros, de médicos e da polícia no caso; mas tudo parece mais
ser fruto de especulação.
Quando tiver notícias mais concretas escrevo-lhe.
Aproveito o ensejo para convida-lo a visitar nossa
Igreja, o dia que o Sr. vier a Varginha.
Um
abraço e a paz de Cristo
Pr.................
De uma sociedade cultural gnóstica
(anônima)
(transcrição
simplificada)
Varginha,
fevereiro de 1996.
Prezado amigo Pedro J. Caetano de O. e Silva
Nesta:
Foi com imenso prazer que recebemos sua carta. Estamos,
como o Sr. nos pediu, organizando uma lista de endereços de pessoas de vários
segmentos da sociedade. Ficamos um tanto intrigados com o método de
investigação que o Sr. emprega. Mas vamos poupar-lhe de perguntas sobre,
e auxilia-lo, uma vez que reconhecemos sua notoriedade no assunto.
O Sr. diz que, assim que analisar as cartas respondidas e
elaborar um dossiê, virá a campo para uma investigação mais acurada.
Teremos todo o prazer em recebe-lo em nossa sede, bem
como em acompanha-lo e prove-lo de meios que possam auxilia-lo.
Atenciosamente
................................
Presidente
Interino
Do
professor.............., que leciona na Escola Estadual de Primeiro e Segundo
Grau “...................................”
(
resumo)
Varginha,
28 de fevereiro de 1996.
Prezado Senhor
Nesta:
O caso ocorrido em nossa cidade em 20 de janeiro p.p.,
preocupa as autoridades, educadores e demais segmentos da sociedade, pelo fato
de que o relato, contém elementos insólitos e até que se prove o contrário, é
inverossímil quanto ao relato, podendo ser incluso inverídico. E o pior, depois
do fato, que supostamente teria ocorrido, surgiram como praga, outros relatos,
com testemunhos quase idênticos.
Comentam-se nos meios acadêmicos, que tudo não passou
de uma brincadeira impensada, de estudantes de jornalismo da
Faculdade...............A intenção destes estudantes, era de lançar na imprensa
uma notícia bombástica, e analisar a reação da opinião pública, bem como da
imprensa nacional. Escolheram nossa cidade, por causa de antigos boatos sobre
aparição de luzes misteriosas nas montanhas que a circundam, e pelo fato da
relativa proximidade desta com a faculdade onde estudam. Não esperavam tamanha
repercussão, tentaram retroceder mas era tarde. Mas veja; esta hipótese, também
aparenta ter nascida, apenas como fruto de um boato, aliás extremamente
paradoxal; pois as supostas testemunhas afirmam com convicção que viram a tal
criatura, e não me consta que estariam de conluio com a suposta armação destes
estudantes.
Uma das moças envolvidas fora minha aluna, e posso
afirmar com toda certeza, que ela é uma pessoa de muito bom senso, aplicada nos
estudos e não dada às superstições e vulgaridades.
O Sr. pergunta-me sobre a reação dos alunos, sobre o
caso. Foram das mais diversas. Antes de
começarem as aulas, fomos convocados pela direção e coordenadores para uma
reunião de emergência, na qual fomos orientados a não permitir e a não provocar
qualquer comentário sobre o caso. Posicionei-me contra, mas para não entrar em
atrito com os demais colegas, acabei concordando. Mas o que esperava aconteceu.
Foi impossível refrear o entusiasmo dos alunos. Desenhos do suposto ET surgiram
nos banheiros, nos cadernos, na lousa, nos muros, em todos os lugares.
A inevitável pergunta surgiu assim que entrei na sala
no primeiro dia de aula: “O que o Sr. acha, professor?” Descumpri as ordens e
respondi. Houve réplicas e tréplicas e a aula foi matada. O mesmo aconteceu com
os demais colegas, e a estapafúrdia proposta da direção ficou no esquecimento.
Estamos a pouco mais de um mês da suposta ocorrência,
com duas semanas de aula, e já há confecção de cartazes, redação (esta
atividade eu propus, dando toda a liberdade temática e formal; sairam até
poemas dedicados ao visitante!); leitura de obras de ficção científica, de
para-ciências (ufologia, para-psicologia), de obras de ciências afins, como
a astronomia e astrofísica. Estamos
unindo o fútil ao útil, estratégia que aprendemos com as novas propostas da
moderna educação. A nossa diretora amoleceu, e até gostou das atividades.
As reações foram de todo tipo: crédito e descrédito,
perplexidade e apatia...e dúvidas, muitas dúvidas e pontos de interrogação. Mas
de uma coisa estou certo: todos queriam ver o ET e sua nave.
O interessante é que todos tinham uma história
fantástica para contar, vivenciadas por eles mesmos, por seus pais ou seus
avós, envolvendo aparição de luzes e objetos que se deslocam a velocidades
jamais imaginadas pelo homem. E os desenhos? São naves de todo quanto tipo que
se possa imaginar. Nem a NASA tem imaginação tão fértil. O Sr. mesmo comprovará
através das redações, desenhos, contos e poemas produzidos por alunos de
diversas faixas etárias de nossa escola, que seguem anexos a esta. Espero ter
ajudado. Quanto ao endereço das testemunhas, não disponho no momento.
Visite nossa escola quando vier para cá. Gostaria que o
Sr. fizesse uma palestra para nossos alunos. Se a direção não autorizar que a
mesma aconteça nas dependências da escola, eu consigo um espaço no centro
cultural de nossa cidade.
Forte abraço
.........................
PS: Na praça...............há uma lanchonete que criou
um lanche, cujo recheio é uma mistura de carnes, e é servido com molhos
exóticos. O pão, fabricado sob encomenda, tem o formato de uma cabeça, com três
protuberâncias na testa. É um lanche ruim, para meu paladar, mas é curioso!
Continuação do Capítulo II:
Ainda Cartas
(Os alquimistas) Com a
cabeça repleta de novos segredos, buscam alterar a natureza das coisas, querem
a transmutação dos metais, e perseguem por montes e vales não sei que
quintessência quimérica que jamais hão de atingir. Inebriados pelos vapores de uma doce esperança, não choram
dores nem trabalhos e o seu espírito, maravilhosamente fértil em inventar
diariamente algum novo erro que os enganem agradavelmente, condu-los enfim a
tal miséria que nem lhes resta o suficiente para a construção do menor dos
fornos. Chegando a esse ponto, nem por isso os abandonam os seus sonhos
agradáveis, e empregam todos os esforços para instigar os demais a correrem
empós da felicidade que já não conseguem perseguir. Se, por acaso, lhes falha
esse derradeiro recurso, muito se consolam pensando na formosa máxima: Nas
grandes coisas, basta apenas ousar. Talvez até lastimem não haver o
céu dado aos homens vida assaz longa para tão grande empreendimento.
Erasmo de Rotterdan
Do Centro Espírita...................
(resumo)
Varginha, 22 de fevereiro de 1996.
Prezado Senhor P. J. Caetano:
Em resposta à sua amável missiva, cumpre-nos informa-lo
que nossos médiuns, às vésperas do estranho acontecimento testificado por três
pessoas idôneas, no dia 20 de janeiro último, captaram algumas vibrações estranhas.
Um Espírito de Luz, cuja mensagem foi psicografada pela médium.............,
alertava-nos sobre a presença de várias áureas espirituais desconhecidas, em
nossa cidade. Esse Espírito não conseguiu comunicar-se com esses “espíritos
estranhos”. Segundo o relato psicografado, ocupavam um tipo de campo vibratório
diverso, como se estivessem em outra dimensão (não é bem assim, usei este termo
para exemplificar; estamos diante de um caso bastante estranho para nossos
conhecimentos). O Espírito de Luz que nos passou a mensagem, disse-nos que vai
conversar com seus superiores sobre o que captara, e voltará a se comunicar
conosco oportunamente através da médium.
O mundo espiritual, para onde os seres humanos
desencarnados vão, muitas vezes é invadido por espíritos baixos e malignos, que
possuem forma humanóide, animalesca ou bestial (este último termo, ao contrário
do que o antecede, é para designar formas que não se parecem com nenhum animal
do plano material. São entidades extremamente perigosas.). Mas há percepção e
comunicação entre os Espíritos de Luz e estes seres, que são repreendidos pelos
primeiros, quando tentam ou interferem na vida humana, no plano material. É uma
incógnita a presença destes seres que foram captados pelo Espírito de Luz.
Parece — ainda é cedo para se fazer ao menos uma mera conjetura — que esses
seres ocupam um campo vibratório intermediário entre o mundo material e o
espiritual. É como se tivessem carne, e ao mesmo tempo não tivessem. Não são
como um ser humano, não são como um espírito. O Espírito de Luz nos informou
que estas formas de vida possuíam uma tênue conformação “carnal” (as aspas são
nossas) formada por um elemento material desconhecido.
Quanto ao fenômeno físico presenciado por estas
pessoas, não podemos afirmar com certeza se está relacionado com o que nos
revelou o Espírito.
Espíritos baixos podem se materializar momentaneamente.
Mas ainda é cedo para se ter uma conclusão concreta, sobre o que realmente
aconteceu.
Nossos guias de
Luz (estes ainda se encontram num grau de evolução inferior ao que passara a
mensagem psicografada) visitaram as moças, enquanto dormiam, conversaram com
elas no limbo em que a alma se refugia enquanto o corpo descansa, e concluíram:
elas não mentiram. Mas não conseguiram uma transposição mental da imagem
avistada por elas; havia uma estranha barreira.
Resta esclarecer: se há ligação entre os fatos que se
passaram conosco e com os que se passaram com as moças; e finalmente, que
espécie de vibração o Espírito de Luz realmente captou.
Quanto às
testemunhas carnais (as moças): viram uma criatura de outro planeta? um
espírito baixo? um animal ou uma pessoa fantasiada no intuito de pregar peças,
assustar pessoas, sem antever as conseqüências?
Fico contente em saber que o Sr. conheceu o pesquisador
Hernani Guimarães Andrade. Uma pessoa realmente notável e digna de crédito.
Estou enviando exemplares do Livro dos Espíritos e
da Gênese, de Alan Kardec; dos quais
presumo que o Sr. já possui algum
—, em caso afirmativo, doe-os para amigos.
Quando tiver mais notícias, escrevo.
Até breve
...................
Presidente
A
polícia resolve se manifestar
Do ....plantão policial de .............
(na
íntegra)
Varginha,
27 de fevereiro de 1996.
Prezado Senhor Pesquisador:
Foi registrado no dia 20 de janeiro do corrente, por este
plantão policial como “fato a esclarecer”, os supostos acontecimentos que
tiveram grande repercussão na imprensa nacional e internacional.
Não podemos passar cópia do B.O. para o senhor, bem o
sabe, mas posso fazer um resumo: “Consta que na presente data
(20/01/96.)............, .............e............RG, Estado Civil, Domicílio,
Etc..., ao passarem por um terreno baldio, localizado na rua........,na altura
do numeral......., no Jardim Andere, depararam com uma criatura desconhecida,
não identificada pelas testemunhas (descrição em anexo). Não consta que foram
atacadas ou ameaçadas. Fica instaurado inquérito, como “fato a esclarecer”.
Foram tomadas as providencias de praxe, sendo as testemunhas encaminhadas ao
IML para exame de corpo delito”.
Como pode ver, o B.O. não ajuda muito. O inquérito não
está concluído, e vai demorar, pois o povo parece ter entrado em estado de
histeria coletiva. Uma estrela cadente é uma nave, um gato vira ET. Anteontem
apareceu uma senhora apavorada, aos gritos, dizendo que o ET estava em seu
quintal, que os cães estavam paralisados, pois não latiram, que lá não entrava
e etc...Fomos averiguar e constatamos porque os cachorros não latiram. Era o
Pedrão Pinga Fogo, uma figura popular que perambula pelas nossas ruas, e faz
amizade com todas as pessoas; até os cães mais ferozes o festejam!!!!Pode uma
coisa dessa, o Pedrão ser confundido com o ET?
Quanto ao vir em nossa cidade, seja bem-vindo, desde que
se comporte descentemente. Se vier para atiçar mais lenha na fogueira,
acredite, vai ter problemas com a nossa polícia. Nossa cidade não é circo.
Tudo será esclarecido, os culpados por essa brincadeira
de mau gosto serão rigorosamente punidos. Não agüentamos mais esta história.
Respeito o Sr. como pesquisador, pareceu-me pela sua carta, uma pessoa de bom
senso.
Espero que o conserve, para nosso bem comum, caso venha
mesmo a visitar nossa cidade. Todavia aconselho-o: gaste seu dinheiro com
coisas mais úteis, ou então procure seus discos voadores aí em São Paulo mesmo. As
testemunhas estavam realmente assustadas, mas minha experiência profissional
aponta para uma única hipótese: uma brincadeira irresponsável.
Atenciosamente
..................................
Delegado de Polícia
O
exército resolve se manifestar
Do
destacamento do exército brasileiro em Três Corações – MG
Enviada
pelo serviço de comunicação social do exército brasileiro, em resposta à carta
de Pedro Caetano.
Três
Corações - MG, 27 de fevereiro de 1996.
Prezado Senhor:
O Exército Brasileiro está acompanhando com cautela os
fatos que teriam ocorrido em nossa vizinha cidade.
Nossa
missão primordial é defender a Pátria, e apesar dos alardes da imprensa, não há
nada que tenha sido captado pelos nossos radares que venha a se configurar como
ameaça.
Respeitamos a opinião do Sr., mas até a presente data não
se tem notícia ou provas materiais que estes maquinismos realmente existam. A
orientação que as forças armadas recebem é inequívoca. A invasão do espaço
aéreo não é tolerada em nenhuma circunstância. A ordem é aterrisse. Se não o
fizer, é abatido.
O Senhor pergunta em sua carta se houve envolvimento do
Exército Brasileiro na captura da hipotética criatura.
Primeiro,
estou respondendo sua carta com a devida autorização de meus superiores, e não
sem antes ter colhido informações que o confirmam como renomado pesquisador.
Segundo, me intrigam suas perguntas, pois como pesquisador experiente, saberia
de antemão a resposta, mas vai lá. Se o Exército tomou parte ou não de uma
determinada ação, ou mesmo neste caso em particular, não importa. Ações de
nossas forças armadas são assunto de segurança nacional, portanto vedadas à
divulgação, quando assim se fizer necessário.
De uma coisa alerto o Senhor: Se um dia avistar um desses
objetos, se é que eles realmente existem; se o Senhor realmente ama sua Pátria,
avise uma unidade militar imediatamente. Nós temos meios de detectar se
representa uma ameaça ou não.
Mas assim se constrói a nação. O Senhor, funcionário
público que se empenha em pesquisas sobre ÓVNIS, eu um funcionário público
disposto a dar a vida pela Pátria.
Saudações, sinto por não podermos colaborar mais a
contento.
Ten.Cel.........................................................................
Cmte. em exercício do serviço de
comunicação social
Neste ponto, gostaria de esclarecer, que por
motivos óbvios, deixamos de citar nomes de pessoas e instituições que
responderam as cartas de meu amigo. As que nos chegaram anônimas, como a que
transcreverei agora, serão enunciadas como tal.
De um morador da zona rural,
anônima e sem data.
(na
íntegra)
Prezado
Doutor Caetano, em atenção a sua carta, na qual me interrogava a respeito do
fenômeno, em que presenciei, quando foi por mim vista uma esfera luminosa, nas
proximidades de meu sítio, quero lhe dizer que este fenômeno é de inteira
verdade. Não sou uma pessoa de beber, e quero lhes dizer que por ocasião do
fenômeno, me encontrava no meu mais perfeito juízo. No dia do fenômeno, havia
trabalhado o dia todo, na roça, como faço todos os dias. Depois de terminar o
serviço, retornei para minha casa de trator, guardei o trator no barracão e fui
tomar um banho. Já havia anoitecido quando minha mulher veio reclamar a falta de
um gênero alimentício, mais precisamente arroz, e que precisava comprar com
urgência, pois se não comprasse iria faltar para o almoço do dia seguinte.
Então eu pensei em pegar o carro e ir rapidinho até Varginha e retornar
rapidamente, pois estava cansado. Foi o que fiz, fui até a cidade, comprei três
pacotes de arroz e mais alguma coisa e retornei rapidamente. Durante o trajeto
de retorno ao sítio, eu notei que ao lado do meu carro havia uma esfera
luminosa que me acompanhava a mais ou menos um metro do chão. Esta esfera, que
não possuía mais que dois metros de diâmetro, era de uma cor azulada,
semelhante a uma chama de fogão a gás. Minha primeira reação foi de espanto,
então acelerei mais ainda o carro, para ver se a deixava para trás, então a
esfera se posicionou bem à frente do carro, então freiei [sic] rapidamente,
pois pensava que poderia bater nela. Parei o carro com a freiada[sic] . A
estrada de chão batido estava deserta, nesta hora não passava ninguém por ali,
então fiquei desesperado, mas pude perceber que a esfera continuava na frente
do carro, a mais ou menos cinco metros. Ela flutuava no ar e a sua luz não
chegava a clarear a estrada, eu pude perceber isto, quando desliguei o farol do
carro. Com muito medo decidi retornar a cidade, e quando engatei a marcha-a-ré,
a esfera se colocou bem atrás do carro,como se ela adivinhasse a minha vontade.
Então comecei a rezar o credo, pois pensava que aquilo era coisa do cão. Não
consegui dar a marcha-a-ré no carro, pois estava com medo de atropelar a esfera.
Fiquei algum tempo parado dentro do carro, olhando para este estranho fenômeno.
Então a esfera se posicionou novamente ao lado do carro, fiquei olhando para
ela por algum tempo e percebi que ela
ficava pairando no ar. Então eu acelerei o carro novamente em direção ao sítio
e ela me acompanhou por um bom tempo, sempre pairando ao lado do carro. Depois
de algum tempo a esfera simplesmente desapareceu, confesso que ainda fiquei
procurando ao lado da estrada para ver se a via, mas não pude ver mais. Chegando
em casa contei o ocorrido a minha mulher, e o Senhor sabe como é mulher, pois
ela espalhou a notícia para todo mundo, e deu no que deu.
Posso dizer ao Senhor que isto que eu presenciei é
realmente um OVINI [sic], pois
depois disso muita gente viu ele aqui na nossa região.
Se o Senhor quiser vir até aqui, eu lhe mostrarei o lugar
exato onde ele apareceu...
O povo da sociedade da gnóstica [sic], que são
amigos do Senhor, sabem onde fica meu sítio.
Acostumado
com a excentricidade do meu amigo, em nenhuma das outras vezes que ele me
mostrara as cartas recebidas, indaguei qual a função que elas teriam como
objeto de pesquisa. Mas desta vez queria saber a utilidades delas no dossiê;
não resisti — após ler as que foram transcritas acima, e muitas outras que
vieram de vários segmentos; bem como depois de analisar as redações e desenhos
enviados pelo professor; estes últimos, frutos da fértil imaginação
infanto-juvenil — e perguntei se havia ali alguma pista, sim Sérgio, várias,
mas espere os resultados, não vamos antecipar.
Uma
ruga de desaprovação estampou-se em meu rosto, é claro, foi ele quem a viu;
Sérgio, preste atenção na carta do militar, ele teme alguma coisa, preste
atenção, depois se calou como de costume, e como de costume, abriu uma cerveja,
e perguntou da Rosa, desconversou.
Que
eu saiba, quem deveria falar da Rosa é você amigo, eu?, ela tá zangada comigo,
sabe, tem a repartição, tem as pesquisas, Sérgio, ela quer exclusividade, é que
ela Caetano, demorou para se apaixonar, e quer viver o máximo, ela é da roça,
inteligente, culta, mas da roça, não lhe interessam seus homens do espaço e
planetas distantes, eu sei Sérgio, faço tudo para agradar, a gente tava até
numa boa, sabe duma coisa Caetaninho, ela é muita lenha para sua fogueira,
aproveita meu, o tempo está passando, um conselho amigo, além de bonita,
madura, ela é uma excelente pessoa, mais saiu batendo a porta, Sérgio, pode?,
dizendo que queria estrangular um ET, ah!ah!ah!, Caetano, ainda bem que não
escolheu você para apertar o pescoço, ah!ah!ah!, pega outra breja, ah!ah!....
III – Livros, Livros,
Monografias
Os homens não alcançam compreender os livros enquanto não chegam a ter certa dose de experiência de vida. Ou, de qualquer modo, homem algum consegue compreender um livro profundo, enquanto não tenha visto ou vivido pelo menos parte de seu conteúdo.
Ezra Pound
Vou fazer de conta que Caetano é uma monografia, um
enorme compêndio teórico, uma dissertação, uma tese; faço isso para vocês
entenderem o Caetano melhor. Terminando de ler o Caetano, encontraremos na
última parte as:
Referências
Bibliográficas
As referências não virão completas, em obras que foram
publicadas por grandes editoras, pois muitas sofreram reedições, ou foram
republicadas por outras casas. Também não seria justo ficar cansando o leitor
com data, ano, local da publicação, etc, com obras relativamente fáceis de
serem encontradas.
O leitor encontrará as referências completas, dos
livros considerados raros, isto é, daqueles que foram lançados por editoras independentes,
tiveram baixa tiragem, ou sejam de uma certa forma difíceis de serem
encontrados; desta forma, as referências serão úteis às pessoas que queiram
recorrer a grandes bibliotecas.
Nota
do Editor
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Adamastor de. Aparições de ÓVNIS na região amazônica. Manaus: Nova
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ZSCHAETZCH. Karl George. Atlântida,
pais de origem dos arianos.
Periódicos
Revista Brasileira de Ufologia, Planeta, Planalto
Central, Revista “UFO” (brasileira),
“Mas allá de la Ciencia"
(revista espanhola), “Giornale dei Misteri" (revista italiana),
"Contact ÓVNI" (revista francesa), "MUFOM" (revista
americana), "När Kontakt" - setembro/1996 (revista sueca, com artigo
sobre o caso Varginha), Revista ÓVNIS, Abduções, Jornal do Mistério, Revista
das Estrelas, Revista das para-ciências, etc...
Filmes
INTRUDERS (EUA,1992,
Dan Curtis )
FOGO NO CÉU (EUA, 1993, Robert Lieberman)
HANGAR 18 (EUA,1980, James Conway)
2001 - Uma odisséia no espaço (ING, 1968, Stanley Kubrick)
2010 - O ano em que faremos contato (EUA, 1984, Peter Hyams)
COCOON (EUA, 1985,
Ron Hward)
ET - O EXTRATERRESTE (EUA, 1982, Spielberg)
CONTATOS IMEDIATOS DO 3 º GRAU (EUA, 1977, Spielberg)
INDEPENDENCE
DAY (EUA, 1996, Roland Emmerich)
A INVASÃO (EUA, 1996, David N. Twohy)
MARTE ATACA (EUA, 1996, Tim Burtom)
O SEGREDO DO ABISMO (EUA, 1989, James Cameron)
INVASORES DE MARTE (EUA, 1986, Tobe Hooper)
ESTRANHOS INVASORES (EUA, 1983, Michael Laughlin)
O DIA EM QUE
A TERRA PAROU (EUA, 1951, Robert Wise )
A HISTÓRIA NEGOU TUDO (
Official Denial ) (EUA, 1993, Brian Trenchard-Smith)
O ENIGMA DE ANDRÔMEDA (EUA,
1971, Robert Wise)
PLAN 9 FROM OUTER
SPACE (EUA, 1959, Ed Wood Jr., trash movie)
FORÇA SINISTRA (EUA, 1985, Tobe Hooper)
A GUERRA DOS MUNDOS (EUA, 1953, Byron Haskin)
O TERROR DO ESPAÇO (EUA, 1987, Mike Gray)
VAMPIROS DE ALMA (
EUA, 1956, Don Siegel )
ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS ? (ALEM, 1969, Documentário)
GUERRA DE MUNDOS (EUA, 1952, Byron Haskin )
Obras do Caetano, inéditas:
OLIVEIRA E SILVA, Pedro José
Caetano de. (1953 – 1996?)
Não há como precisar uma data para
as obras abaixo relacionadas, pois foram escritas ao longo dos anos, algumas
concomitantemente. Algumas monografias ainda não estão concluídas, outras estão
ainda manuscritas.
Monografia nº 1 – Considerações
sobre a explosão na floresta de Taiga na Sibéria: análises de variados pontos
de vista.
Resumo
No dia 30 de julho do ano de 1908,
algum objeto caiu na floresta de Taiga, na região de Tunguska, na Sibéria,
causando uma explosão que destruiu 2.150 Km², sendo que 200 destes foram
completamente queimados. A destruição
foi maciça num raio de 600
quilômetros, e, a energia liberada equivalente a 2000
bombas iguais à que foi lançada sobre Hiroshima. Até hoje este fato
constitui-se numa incógnita para a ciência. Muitas conjeturas foram feitas, no
entanto, não se encontrou uma explicação plausível para o fenômeno. Seria uma
nave espacial que explodiu, um bloco de antimatéria, uma explosão nuclear? Este
trabalho, visa analisar as mais diversas opiniões: de físicos, astrônomos,
ufólogos, enfim, de intelectuais de diversas áreas do conhecimento científico,
no intuito de tentar aclarar a obscuridade que cerca um dos mais intrigantes
fatos ocorridos neste século.
Monografia nº 2 – O caso do
contacto imediato ocorrido em Lins – SP.
Resumo
Nos anos setenta foram registradas
nos céus de Lins e adjacências, a presença de estranhas máquinas voadoras, que
coloriam os céus a noite. O caso foi abafado pelo governo militar na época, e
poucas foram as reportagens ou estudos realizados que dessem um pouco de luz,
ajudasse a esclarecer o ocorrido. Num trabalho árduo de pesquisa, entramos em
contacto com pessoas que testemunharam aqueles fatos, a maioria já idosa.
Contrastando com outros casos semelhantes, foram elaborados estudos
comparativos que, se não elucidam, ao menos tecem conjeturas, abrindo um leque
de reflexões no intuito de se chegar a uma conclusão; se realmente houve, a
presença de seres extraterrestres naquela região, ou se ocorreu algum fenômeno
físico, explicável com menos dificuldade. O que nos chamou muito a atenção, foi
a entrevista concedida por uma senhora
idônea e lúcida, que afirma ter ficado frente a frente com um dos supostos
visitantes, inclusive dando-lhe um copo de água.
Monografia nº 3 – O caso
Roswell: Verdades e mentiras.
Resumo
Um dos mais intrigantes e
estudados casos registrados pela ufologia, é dissecado com seriedade e bom
senso. Foi o primeiro registro, na era moderna, de recolhimento de destroços de
materiais estranhos e de cadáveres de
criaturas extraterrestres. Consta também que testemunhas teriam tido contato
com uma estranha escrita, parecida com a oriental. Esta monografia analisa os
fatos diante de inúmeros pontos de vista, reproduzindo inclusive entrevistas
com pessoas envolvidas, algumas delas cientistas e militares. Esta ocorrência
colocou os Estados Unidos como supostos pioneiros na era UFO, ainda que ao
longo dos anos tenham tentado desmentir; atribuindo falsidade ao relato das
testemunhas.
Monografia nº 4 – A abdução
ocorrida em Mirandópolis – SP, nos anos oitenta.
Resumo
As pessoas envolvidas neste
episódio, deram todo apoio às investigações, mediante a promessa de que suas identidades fossem resguardadas. Poucas
pessoas da cidade ficaram sabendo do ocorrido, e os abduzidos procuraram
espontaneamente o ufólogo, para relatar o que lhes havia acontecido, quando
retornavam de uma festa. O casal, como na maioria das vezes, são pessoas que
não teriam necessidade de mentir, e o testemunho, é um dos mais intrigantes
entre os reunidos em volume no Brasil. Neste trabalho fizemos uma análise
comparativa, e estabelecemos um nível de recorrência de fatos semelhantes
registrados em solo brasileiro.
Monografia nº 5 – Os
Homens-Formiga de Goiás. Ilustrado por João Dias da Silva, com base em
depoimentos de testemunhas.
Resumo
Numa fazenda nas proximidades das
fronteiras, onde o estado de Goiás torna-se mais próximo de São Paulo e Minas
Gerais, numa data não muito bem delimitada,
mas aproximadamente compreendida entre os anos de 1956 e 1960, os
boiadeiros agregados, ao recolherem um lote de bois para o corte, depararam-se
com estranhos seres, que lembravam enormes insetos, e que aparentavam pedir
ajuda. Homens da lida dura, sentiram muito medo e foram chamar o padre que lá
foi verificar em companhia do único médico da região. Fizeram tudo o que era
possível, mas os estranhos seres, que aparentemente pareciam tratar-se de dois
casais, pereceram, e contam as lendas locais que foram sepultados durante a
noite, longe do olhar do povo, na cripta de uma Igreja. Um detalhe interessante,
é que não consta descrição de presença de máquinas voadoras ou de destroços;
somente dos seres. As testemunhas sobreviventes encontradas pelo pesquisador,
já se encontravam em idade avançada, dificultando o emprego da metodologia
científica quanto à análise dos dados coletados. Mas dentro das possibilidades,
é uma peça digna de estudo. Cópias deste trabalho faz parte do acervo de
importantes pesquisadores, de todo o mundo.
Monographie nº 6 – Les deux enfants Josué et Diva, et sus étrangées conformations physiques.
Resumo
Esta monografia, escrita em
parceria com o ufólogo francês Jean-Michel Lorain d’Avignon, trata de um dos casos mais inusitados que a ufologia
brasileira já se deparou. Duas crianças de mais ou menos treze anos, tiveram
que ser internadas simultaneamente, pois foram atacadas por uma suposta
bactéria degenerativa. Foram recolhidas da rua por policiais, em estado
lastimável (não consta que tivessem família, viviam em deplorável estado de
abandono) ; e literalmente derreteram-se, sob o ataque do agente patológico. Os
exames a que foram submetidas comprovaram que o ataque fora desferido por
bactérias que corriqueiramente infestam nossas gargantas e demais tecidos, mas
não nos causam nenhum mal. Médicos de todo o mundo acorreram em busca de tão
inusitado desafio. A surpresa foi, ao se analisarem os restos mortais. Os
compostos não se assemelhavam a nenhum material orgânico encontrado aqui na
Terra, e o esqueleto, era reforçado por uma espécie de estrutura metálica. Tivemos acesso às
análises clínicas e opiniões de diversos profissionais, sobre mais este caso
obscuro abafado pelo governo brasileiro.
Monografía nº 7 - El pasaje hacia otra dimensión en el
cementerio de San Juan de Bonaventura. En parcería com él estudioso de los ovinis argentino Francisco
Hernández González Cuencas.
Resumen
En una pequeña ciudad, umbicada cerca de más
o menos trescientos quilómetros de Lima - Peru, algunas personas empiezaram a
desaparecer dentro del cementerio, pero después de algunos días reaparecían ben
más dispuestas y más chicas, contando historias de los sítios maravillosos
donde estuvieron. Decenas de personas fueron en búsqueda del milagro, pero ni
todos lograran conseguírselo. El estudioso de los ovnis brasileño y su amigo
argentino estudiaron el fenómeno, concluyendo que se tratava de un pasaje hacia
otra dimensión. Hoy las desapariciones cesaron, y el portal fue cerrado. Pero
esta monografía registró todo lo que ocurrió en aquel sítio. Fueron cogidas
algunas provas materiales, que hoy pertenecem al Museo Nacional de Lima.
Monografia nº 8 – O caso da
base aérea de São José dos Campos.
Resumo
O caso dos caças brasileiros que
foram (per) seguidos por estranhos aparelhos muito rápidos; fato testemunhado
por pilotos, oficiais, operadores de torres de controle e de radares. O
exército pareceu não se importar com a veiculação da notícia. Atitudes desta
natureza, nos ensina o ufólogo, são normais quando não há evidências físicas,
provas materiais, do objeto avistado.
Monografia nº 9 – O estranho
artefato retirado do lago em Monte Azul. Fotos de Dirceu Lemes Carvalheiro de Oliveira.
Resumo
Não foi possível concluir com o
êxito esperado, esta monografia. Restou-nos como provas materiais apenas as
fotos. Na segunda vez que voltamos ao local, haviam dado rumo ignorado ao
objeto, e fomos convidados a nos retirarmos da localidade. Mas o pouco que foi
feito, ainda serve como objeto de pesquisa.
Monografia nº 10 – Casos de
relações sexuais entre seres humanos abduzidos e extraterrestres.
Resumo
Questão que constitui um enorme quebra-cabeça
para os estudiosos, uma vez que, apresentando-se como seres em avançado estágio
científico, não necessitariam expor-se a uma relação carnal, e a um risco certo
de contaminação mútua; haveria outros meios para se tentar um cruzamento entre
as duas raças, como os métodos de inseminação artificial e manipulação
genética; tecnologias que nossa incipiente ciência domina muito bem. O ufólogo
acredita que, se realmente houve casos de relações sexuais entre filhos da
Terra e extraterrestres, deve haver no ato em si, um sentido ritualístico, ou
um ato de desobediência, como o relatado na Bíblia (anjos que teriam tido
conúbio carnal com as filhas dos homens). Outrossim, ainda conjetura o ufólogo,
o que chamamos de relações sexuais aqui, deve tomar um outro sentido para povos
extraterrestres, talvez até uma função diversa à de nossos povos, as quais
seriam prazer e procriação. Não sabemos exatamente, que sentido, palavras e
atos nossos, teriam para povos de planetas distantes, que passaram por processos
evolutivos distintos.
Monografia nº 11 – Considerações
sobre Erick von Däniker. (participação de vários ufólogos)
Resumo
Däniker floresceu num campo
fértil, quando o movimento hippie estava dando seus últimos suspiros; no
entanto, os profetas da era de aquário deixaram um rastro de magia e misticismo
que resiste a era cyber às portas do terceiro milênio; e muitos
sobreviventes daquele quimérico (quimérico?) sonho, ainda lêem o suíço de
língua germânica . Com milhares de livros vendidos e vários títulos publicados,
é um dos escritores que mais críticas tem sofrido por parte da comunidade
científica. Por outro lado, suas obras servem de referência a muito pesquisador
sério. Este trabalho, é antes de tudo, um maravilhoso debate, no qual as
questões levantadas sobre Däniker são discutidas com bastante seriedade.
Monografia nº 12 – América:
seus sítios arqueológicos e seus mistérios.
Conteúdo
Este enorme volume, é antes um
compêndio sobre a América, do que uma monografia propriamente dita. Nele
constam fotos de antigas ruínas, crônicas inéditas do descobrimento, de códices
pré-colombianos, relação de animais e plantas, de registros de povos autóctones
ainda existentes ou desaparecidos, com suas línguas, lendas e costumes. Um
volume digno de ser reorganizado e legado às gerações futuras.
Monografia nº 13 – Segredo
científico-estratégico brasileiro: um córrego localizado dentro de um parque
nacional, que apresenta espécimes da fauna e flora únicos no mundo, e que
misteriosamente, não sobrevivem fora de seu habitat natural.
Conteúdo
Um compêndio de história natural,
elaborado por um biólogo, amigo do estudioso. Sabe-se que este córrego está
localizado no estado do Paraná, dentro de uma área de preservação, e que o material que compõe este trabalho até
o momento, fora escrito pelo professor, que preferiu guardar segredo sobre a
localização exata do inusitado ecossistema, confiando a este estudioso a
organização do que fora levantado até então. Ambos aguardam o momento propício
para realizarem uma pesquisa em conjunto no local. A área é considerada
de segurança nacional.
Monografia nº 14 – Projeto de
um aparelho que lembra um ÓVNI em seu formato mais recorrente (Disco-Voador),
encontrado num antigo museu de uma cidade histórica de Minas. (participação de engenheiros
e físicos).
O ufólogo aguarda laudos dos
especialistas, antes de começar a organizar esta obra.
Monografia nº 15 – O Planalto
Central — seus mistérios, sua áurea mística .
Em fase de construção.
E
mais, volumes e volumes encadernados, contendo conferências, entrevistas,
fotos, etc...Embora haja momentos em que perco a paciência com o Caetano, tenho
que admitir que ele é mesmo, um grande pesquisador, que possui um tesouro em
dados e estudos sobre o assunto que deixa qualquer ufólogo com água na boca.
Bem, eu já testemunhei isso, pois sempre aparecem estudiosos de várias partes
do Brasil e do exterior, ávidos pelos arquivos de meu amigo; realmente um
tesouro, tenho que admiti-lo.
IV - Eis que Surge a Femme
Fatale
Carta de Dom Quixote a
Dulcinéia del Toboso
Soberana e alta senhora:
O ferido do gume da ausência
e o chagado nas teias do coração, dulcíssima Dulcinéia del Toboso, te envia
saudar, que a ele lhe falta. Se a tua formosura me despreza, se o teu valor me
não vale, e se os teus desdéns se apuram com a minha firmeza, não obstante ser
eu muito sofrido, mal poderei com estes pesares, que, além de muito graves, já
vão durando em demasia. O
meu bom escudeiro Sancho te dará inteira relação, ó minha bela ingrata, amada
inimiga minha, do modo como eu fico por teu respeito. Se te parecer acudir-me,
teu sou; e, se não, faze o que mais te aprouver, pois com acabar a minha vida
terei satisfeito à tua crueldade e ao meu desejo.
Teu até a morte.
O CAVALEIRO DA TRISTE FIGURA
Miguel de Cervantes
Viajo
a semana que vem Sérgio, gostaria que você recebesse e abrisse minhas
correspondências, como já te pedi em outras ocasiões, bem, já sabe, se aparecer
alguma pista quente me liga, traga a Lindaura e as crianças para jantar aqui em
casa hoje, afinal vou passar um bom tempo fora, está bem Caetano, mas amanhã
você retribui, vai almoçar conosco, sabe, estive pensando, esta história de ET
de três chifres, que zune que nem abelha, bem você é que sabe, com par de
chifres você vai achar um monte e nem precisa sair daqui, achei até bom a Rosa
desistir de você, senão, com seus UFOS, para de encher Sérgio, me ajuda aqui
com este material, não aí não, na estante da direita, acho que se deixar isto
por sua conta um mês, isso vira um fuzuê, qual é mano, você é muito organizado
com seus venusianos e andromedanos, lá na seção, se não for eu, Sérgio, prefiro
meus ETs que o Zé Hermenegildo, agüentar aquele trolha o dia inteiro enchendo o
saco, concordo com você Caetano, esquece aquele cara, vamos fazer um happy
hour, tá ficando chique, porque não dizer simplesmente, vamos no bar, eu digo
mais Caetano, quem acredita em homenzinhos verdes tem miolo mole, nisso eu
também concordo Sérgio, deixa de prosa fiada, vamos lá!
É,
o tempo passou amigo, há alguns dias você era um moleque mirrado, continua
mirrado, mais não é mais moleque, e você?, já tá geando na sua cabeça, já está
ficando careca, ah, Sérgio, daqui uns dias já não começa dar no couro, aí eu
não vou ter que correr atrás de ET de
antenas, meu melhor amigo vai ter duas..., vou contar para a Lindaura, não faça
isso, sei que você não fará, você me enche o saco e eu acabo falando asneira
e...
Há
muito tempo que não via o Caetano tão alegre e tão descontraído. Ele era sério
e não dado a certas brincadeiras. Mas hoje ele estava realmente muito, muito
excitado. Deve ser por causa da viagem. Mas não é a primeira que ele faz, atrás
também de assuntos não menos inusitados. Vou confessar algo ao leitor; no
fundo, eu gosto muito também do assunto, mas não às raias do paroxismo como meu
amigo. Resguardava-me, pois pessoas que se dedicam a este assunto, sempre são
alvo de risinhos, de pilhérias de outras pessoas e acabam por incitar a
desconfiança; sempre alguém vai achar que você tem um parafuso de menos, como
ocorria com meu amigo.
Eu
sonhava crescer, galgar cargos, alcançar salários melhores. Hoje estou,
digamos, um pouco cansado, aborrecido com o serviço público; e com os colegas,
cujo prazer é dirigirem comentários
jocosos e maldosos contra meu amigo. Invejam seu intelecto e canalizam
este vil sentimento, zombando de seu aspecto físico e de sua mania. Um dia ouvi o fatal “Quem com Caetano anda, Caetano
é”; não por mim, mas por ele, minha resposta caiu como uma bomba, “Bom seria se
Caetano fosses; pense bem, coloque-se frente a um espelho, analise-se a você
mesmo”; pois o cara não valia o feijão que comia. Não sei se entendeu a
contento, com seu limitado raciocínio, o que realmente quis dizer com estas
palavras. Mas lembre-se o leitor, pessoas de natureza vil, temem o espelho,
pois ele não reflete apenas a áurea física...
À
noite fomos Lindaura, as crianças e eu até a casa de nosso amigo; os pequenos
correram para o “Mundo das Estrelas”; era assim que apelidei a “Ufoteca” de meu
amigo. Eles gostavam de olhar fotos, desenhos e principalmente de assistirem
umas fitas que continham uma coletânea de seqüências de imagens feitas
geralmente por amadores, de supostos ÓVNIS.
Caetano
cozinhava, e bem. Quando jantávamos lá, a Lindaura virava sua assistente de
cozinha. O prato predileto de Caetano era peixe. E como eu não suportava peixe
cru, passava o tempo bebericando e lendo as monografias de meu amigo, das quais
gosto muito. Esqueci de dizer que, além das quinze, entre as quais umas já
prontas, outras em construção, que enumerei, há mais projetos em andamento,
muitos manuscritos feitos in loco, enfim há um farto material a
espera de organização. As monografias, prefiro chamar os estudos, os escritos
de Caetano, são muito bons. Os guardo com carinho e espero poder publica-los um
dia.
Caetano
dava-se muito bem com Lindaura, estendia nossa amizade à minha esposa, e isso
me deixava muito feliz. Tinha um certo tique, um ciúme de seus arquivos, mas
deixava meus filhos à vontade no “Mundo das Estrelas”.
Lá
pelas tantas o delicioso jantar ficou pronto. Deu-se ao luxo meu amigo, de
preparar um pintado, iguaria cara para funcionários públicos de nossa
categoria, mas afinal ele podia, era só, e ganhava algum dinheiro com suas
conferências.
A
gente estava saboreando o mais nobre dos peixes das águas brasileiras quando
alguém tocou a campainha. Caetano sorveu um gole do vinho modesto, mas bom e
foi à porta, estava nesta altura, bem alegrão, aliás bastante alegre, mais
disposto ainda do que estivera nos últimos dias, Lindaura falou, aí tem coisa,
é a viagem objetei, viagem ele sempre faz, não tão longas, Sérgio, ainda acho
que tem coisa nisso.
E
tinha, mas fora uma espécie de premonição de Lindaura, ninguém; nem nosso
amigo, esperava a cilada que lhe prepararia uma mulher, uma Femme Fatale...Não,
não esperava, não sabia, ficou tão surpreso como nós ficamos; surpreso, e quem
diria, o mosquito finalmente se prendeu à teia.
Caetano
entrou na sala com uma pessoa que deixou Lindaura, as crianças e eu atônitos.
Era um misto de Dale Arden, Barbarella, Valentina, Druuna, Sophia Loren, Vênus,
Juno, Atenas; veio do espaço sideral, das estrelas, de universos paralelos, de
Andrômeda, do fundo do mar; era um avião, um foguete, uma ninfa, uma ñina
criada pelos hermanos Hernández, uma criatura saída dum card de Frank Frazetta,
um maremoto, um furacão.
Tia
Rosa!, exclamaram melodiosamente os meninos, Tia Rosa, a Rosa é o que sou, uma
nova Rosa que desabrocha para a vida, Lindaura, Sérgio, com este homem, quer
ele queira, ou não queira, vou com ele para onde ele for, de carroça, carro ou
disco voador, para Vênus, Netuno, Plutão, para qualquer galáxia.
Refeitos do susto, sentamos todos à mesa, saímos Lindaura,
as crianças e eu, quando secou-se a última garrafa de vinho, tia Rosa ficou
doida?, não acredito no que vi, muito menos eu, afinal, acho que as coisas vão
dar certo, eu acho Sérgio que ela vai conseguir dissuadir o Caetano de realizar
esta viagem e da procura de ETs, eu de minha parte, acho que a Rosa vai
embarcar com ele nessa aventura doida, é esperar para ver, eu conheço muito bem
minha tia, ninguém conhece bem ninguém, as pessoas surpreendem, não somos os
mesmos a cada amanhecer, espere e verá.
Acho que chegou o momento de minha interferência nesta
história. O leitor a esta altura deve
estar curioso para saber quem sou (o leitor lembra-se quando dei uma
pequena palavra nas Referências Bibliográficas?); deve estar se
perguntando, quem é este que interfere a esta altura na narrativa? Bem, eu tive
a coragem, talvez até um certo grau de temeridade em financiar a publicação
desta obra. Porque temeridade? Se o leitor chegou até aqui, sabe responde-lo de
antemão. Assuntos que envolvem ÓVNIS é tratado com descaso e riso. Assim como
tudo aquilo que não pode ser provado através de experimentos, ou que desafie a
lógica convencional.
Um leitor que estivesse ávido por um livro de ufologia,
com o mínimo de bom senso, errou o pulo, e nesta hora deve estar aborrecido.
Quem buscou uma obra descompromissada e divertida acertou.
Mas porque aceitei em financiar esta obra? Dinheiro
sobrando? Ócio? Não. Simplesmente porque a pessoa que me apresentou os
originais é idônea; trabalhamos juntos há alguns anos, e querem saber mais? Os
fatos narrados são verídicos. Estranhamente verídicos.
Esta pessoa conheceu muito bem os envolvidos nesta
incrível história, cuja narrativa foi elaborada pelo Sérgio. Aliás, pediria aos
leitores que tivessem um pouco de paciência com certos deslizes gramaticais e
alguma truncagem ou incoerência na narrativa. Sérgio, nunca foi um homem de
letras. É, segundo ele afirma, um modesto funcionário público. Conta suas
aventuras de acordo com seus recursos; e este que vos fala não permitiu
retoques que viesse prejudicar a sua força de expressão, salvo alguns retoques
ortográficos; ainda assim quando extremamente necessários.
O que me chamou a atenção, e até me empolgou a financiar
a publicação desta narrativa, cujos personagens são de carne e osso, verídicos,
torno a repetir, foi a questão do ponto de vista dos envolvidos. O que os
motivou a contar sem cortes acontecimentos tão inusitados, que se passaram em
uma determinada dimensão da vida inacessível a você, caro leitor? Ou diria,
acessível a você, caro leitor!
Não vou tomar mais seu tempo. Continuemos, e você haverá
de concordar comigo, que tudo o que ocorreu, e foi relatado, é verdade. No
final deixarei meu e-mail, para que aqueles que desejarem me contatar, assim o
possam faze-lo, quando o desejarem. Mas advirto-os, que o abro a cada mês, em
uma cidade vizinha, em um computador público. Isso para evitar que, aqueles que
compraram o livro, e desejem me pegar pelo pescoço, tenham um pouco de trabalho
para me encontrar.
Boa (ou má) leitura!!!!
O Editor
V – A
Viagem
Nenhuma legislação social acabará com a diferença
psicológica das pessoas, este fator indispensável da energia vital de uma
sociedade humana. Por isso é sempre útil falar da heterogeneidade das pessoas.
Essas diferenças trazem consigo exigências de bem-estar tão diversas que
nenhuma legislação, por mais perfeita, jamais conseguiria satisfazê-las.
Impossível também seria imaginar uma forma de vida externa, por mais justa e
eqüitativa, que não significasse injustiça para um ou outro.
Carl G. Jung
A Rosa,
como havia dito, uma matrona de seus trinta e poucos, era muito bonita, mas
duma beleza beata, simples, da roça. Vestia-se discretamente, era comedida nos
gestos, não usava pintura pesada, era uma moçoila recatada, não namorara
ninguém até conhecer o Caetano, não faltava às missas, era muito séria, dava
aulas na escola rural da fazenda, incorporando o estilo da professora solteira,
austera e rigorosa, à moda antiga, não gostava de piadas e gracinhas e não dava
bola para ninguém. Era uma Rosa paredão, que foi se engraçar justo com o
Caetano; perdoem-me, donde estiverem —ambos eram excêntricos. Esse ficar de
Rosa, esse namoro colorido, esse ajuntar dos dois, causara um certo espanto em
Lindaura e eu, não que a gente seja puritano; dadas às características de
ambos, causava-nos certo desconforto. O certo é que ambos foram o primeiro
namorado um do outro. O certo é que se Caetano queria, desejava, conseguiu; uma
mulher interplanetária. Depois daquele jantar, nunca mais se separaram, unidos
foram até a morte, se é que morreram mesmo.
O almoço
de domingo foi um barato, não foi bem almoço, foi churrasco, o Caetano insistiu
em comprar umas sardinhas frescas para assar na grelha, parece filho de gato,
não pode ficar sem peixe, miau, e você é filho de touceira de cana, não pode
ficar sem mé, vê se manéra Sérgio!
Amigos
que habitualmente vinham em casa aos domingos, não deixavam de olhar com uma
certa inquietação para Rosa, que conheciam muito bem; e pareciam não acreditar
no que viam, mas eram pessoas discretas, que não tomavam esta atitude por
maldade; era porque o que presenciavam era incrível, insólito. Prá encurtar,
muitos jamais tinham visto o Caetano com uma mulher. Quem falara jocosamente,
que um dia meu amigo iria se casar com uma venusiana, não acertou, simplesmente
profetizou. Dois seres humanos obscuros, no sentido de, se voltarem para seus
afazeres particulares sem perceberem o mundo à sua volta, que de repente se
encontram, se completam, e colocam toda a energia contida, toda vivacidade,
emoção, para fora, uma explosão de felicidade; ET de Varginha, nisto ao menos,
você foi positivo, despertou duas almas do marasmo, do torpor para a vida.
Fiz uma
coisa neste entremeio em que estávamos em plenos preparativos para a viagem,
que havia anos que não o fazia; usei os punhos em defesa de meu amigo, não
contra um, mas contra um bando de idiotas, colegas entre aspas. Enquanto
estavam com piadinhas do tipo “o sapo e a princesa”, “a bela e a fera”, “o
corcunda de notre dame”, “a bela e seu sagüi de estimação”, aturei. Mas quando
insinuaram qualquer coisa, que a tia de minha esposa, a mulher de meu melhor
amigo, tava mais para garota de bordel; não tenho nada contra garotas de
programa — antes de tudo, elas merecem todo o nosso respeito, aliás, o respeito
pelas pessoas, pela liberdade de expressão, pela escolha de seu próprio caminho
é antes de tudo um dever — e então, como ia dizendo, e se ela fosse?teria
aquela corja algo a ver?teriam?, biscate é a sua mãe, bradei; deu um rolo
danado, mas por fim, houve quem se posicionasse a meu lado, e o que levou a
pior — lá fora a gente acerta, ameaçou —, mas acabou ficando por isso mesmo,
quem está errado acaba se convencendo cedo ou tarde, não devia ter feito isso
Sérgio, sei Caetano, agora já foi, tá feito a bobeira, de qualquer forma valeu,
mas não se arrisque mais, promete, prometo.
Lindaura
errou. A viagem a dois foi preparada de comum acordo. E quem ia à casa do
Caetano caia de costas ao ver aquela mulher sempre-sexy numa casa famosa por
ser habitada por um solteirão misantropo. Várias vezes surpreendi Rosa lendo os
escritos de meu amigo com a sedenta avidez
de um neófito. Parece que panela e tampa haviam finalmente se encaixado.
Chegado
o grande dia, tudo pronto, preparado; quem pensara que a Rosa se vestiria de
maneira mais discreta para a viagem, errou. Caetano embarcou às 22:00 hs do dia
1º de março com sua femme fatale a rigor. Rumo a Campinas, onde tinha
uns contactos a fazer e de lá para a cidade mineira, passando antes pelo vale
do Paraíba. Caetano tinha um dinheiro guardado. Transferiu para conta corrente
quase todas as suas economias; não gostava de cartão de crédito, era
sistemático.
Nunca
pensei que seria a última vez que abraçaria meu melhor amigo, e sua flexuosa
Rosa; ato sincero de demonstração de amizade, o qual exigia um certo esforço
para ser realizado de maneira casta, sem
ser dominado pelos instintos, e por pensamentos lascivos.
VI – O Diário
Quem for capaz de respirar na atmosfera das minhas obras
sabe que se trata de um ar de altitude, de um ar forte.
Há que ser feito para ele, de outro modo não será pequeno o perigo de
resfriamento. O gelo está próximo, a solidão é enorme, mas como todas as coisas
repousam tranquilamente em plena luz! Como se respira
livremente! Quanta coisa sentimos estar abaixo de nós! A filosofia, tal
como eu, até hoje, a entendi e a vivi, consiste em viver
voluntariamente no gelo e na alta montanha,
em procurar tudo o que é
estranho e problemático na existência, tudo aquilo que,
até ao presente, foi anatematizado pela moral. Devido a uma longa experiência,
que me foi dada por essa peregrinação através do interdito, aprendi a
encarar os motivos pelos quais, até agora, se moralizou e se idealizou, de
maneira muito diferente do que pode ser para desejar: a história oculta
dos filósofos, a psicologia dos grandes nomes da filosofia apareceram-me à luz
do dia. Quanta verdade suporta, quanta verdade ousa um espírito?
Cada vez mais essa se tornou para mim a autêntica escala de aferição. O erro (a
crença no ideal) não é cegueira, o erro é cobardia... Cada avanço, cada
passo em frente no conhecimento resulta da coragem, da dureza contra si
próprio, da limpeza ante si próprio... Eu não refuto os ideais, calço
simplesmente luvas perante eles... Nitimur in vetiturn: sob este signo
triunfará um dia a minha filosofia, pois em princípio sempre se proibiu, até
hoje, apenas a verdade.
Friedrich Nietzsche
Encontrei entre os objetos de Caetano e Rosa que
foram entregues aos meus cuidados pelo gerente do último hotel em que estiveram
hospedados em Varginha, um diário de viagem. No decorrer deste capítulo, vou
transcrever alguns fragmentos que estejam relacionados ou que possam dar
encadeamento a esta narrativa.
02/03/1996
Chegamos em Campinas. Tomamos
um táxi e fomos até o centro, onde nos hospedamos no Hotel......Rosa e eu
estamos muito felizes, como se estivéssemos em lua de mel, e estamos, ainda que
não tenhamos se casado oficialmente.
O excesso de euforia a deixou esgotada. Observo que ela está muito
sonolenta.
10:00 hs. Sigo até a
Universidade...Rosa está dormindo...Vou encontrar-me com o Professor......
O Professor nega qualquer
envolvimento da Universidade com o caso. Para ele tudo não passou de
especulação.
Fui convidado para participar à
noite de um evento, no qual autoridades dos mais diversos ramos do conhecimento
irão discutir o assunto.
03/03/1996
Sinto que algo não vai bem
conosco. Acordamos por volta das 14:00 hs. Rosa voltou a dormir novamente. Deve
ser o cansaço mesmo. Hoje tenho reunião com uns amigos ufólogos. Acho que vamos
passar uns bons tempos por aqui. Minha agenda está cheia para os próximos dias.
04/03/1996
A sonolência de Rosa está me
preocupando. Acho que vou conversar com ela sobre isso e procurar um médico.
05/03/1996
Estou sentindo também um torpor
terrível. São quase 16:00 hs, dormimos o dia todo. Tenho compromissos à noite,
e não posso ir com esta sonolência. Que está acontecendo com a gente?
06/03/1996
Decidimos procurar um médico.
Curiosamente, todo o torpor passou, antes mesmo da consulta. A Rosa voltou a
ser a Rosa!
20/03/1996
Chegamos em Aparecida do Norte.
Ficaremos aqui uns três dias. Vamos conhecer a Basílica. Preciso coletar uns
dados sobre umas luzes que apareceram nos céus por aqui. Depois vamos para São
José dos Campos, onde um moço que trabalha na base diz ter informações úteis,
que nos passará em
segredo. Este moço está se iniciando em ufologia.
24/03/1996
O caso de Varginha está perdendo
fôlego na imprensa. Esta é que é a hora certa de entrarmos em campo. Levantar
dados no fogo da paixão é arriscado. Um
fato concreto pode ser dilapidado, distorcido.
30/03/1996
Hoje chegamos a Varginha. Um povo
bastante hospitaleiro. O torpor e o sono excessivo nos pegaram de novo. Agora
com mais intensidade.
02/05/1996
Hoje conheci um famoso ufólogo
aqui da cidade de Varginha, que prometeu levar
a Rosa e eu até o Jardim Andere, local onde desceu a nave, que teria
sido avariada pelo exército, mas que conseguira no entanto decolar novamente.
Ele alerta para que a versão dada por um
soldado, sobre uma nave que supostamente teria sido abatida, seja interpretada
e analisada com cautela. Quanto às criaturas avistadas, teriam sido possíveis
emissários de paz. Quanto às mensagens inseridas nos computadores apreendidos,
estas estão mal interpretadas; demandam mais estudos para se chegar a uma
conclusão ideal.
06/05/1996.
Há dias que não escrevo para o
Sérgio. A Rosa está mais bonita, a cada dia que passa.
07/05/1996.
Engraçado, viajei de tão longe
para tentar ajudar a decifrar este enigma, e o ufólogo convidou-me para fazer
investigações em Lins – SP, que é bem perto de onde saímos.
08/05/1996
A sonolência de novo. Forças
superiores estão atrapalhando nossas investigações.
Infelizmente,
o que se salvou do diário é só. Quando o recebi do hotel, alguém havia,
propositalmente arrancado algumas páginas. Algumas informações contidas nestes
fragmentos, já eram de meu conhecimento, através da correspondência que recebi
de meu amigo. Pergunto a você, leitor, não sentiu um certo nonsense
nestes escritos? É claro, mas não se afobe, passemos ao próximo capítulo.
VII – Recortes de Jornais,
Revistas, Etc...
(Crônica sobre o trabalho
jornalístico). As minhas fagulhas, saindo deste formidável conjunto de
combustíveis, serão inofensivas...Com elas não pretendo iluminar horizontes
escuros...pobres
lampyros ! Com elas não farei bolhas em epidermes...que pode queimar uma
fagulha, uma pequenina fagulha?
Oh! Não vá ela cair em algum
palheiro um dia...Sim, caindo num palheiro então...mas as minhas Fagulhas
hão de procurar a altura sempre, os ares livres, o livre espaço e depois d’um
brilho de segundo nem cinza a gente
encontrará depois...
Fagulhas,
fagulhas, fagulhas...
Eia! lenha ao fogo! lenha ao
fogo! e que a chama suba e resplandeça. Lenha ao fogo e lá vai a primeira
Fagulha cantando hosanas à Gazeta de Notícias...Lá vai...cantou...E o que resta
da Fagulha ? Nada mais. E assim sempre será.
H. M. Coelho Neto.
Gazeta de Notícias. Rio, 02 de agosto de 1897.
Hoje
tive uma grata surpresa pela manhã. Recebi uma volumosa correspondência do
Caetano, com manuscritos de conferências, recortes de jornais e revistas, um
farto material que pacientemente cataloguei e inclui em seus arquivos. As
crianças atrapalharam um pouco meu trabalho, ávidas que estavam para conhecer o
material enviado pelo meu amigo. O que me surpreendeu, foram as fotos de um
amador. Quanto a estas não resisti e mandei os negativos para um perito fazer
verificações, quanto às possibilidades de fraude. Alguns fragmentos mais
interessantes, reproduzo a vocês leitores. Aliás, tudo o que ele mandou é
interessante, mas se fôssemos reproduzir tudo, haja espaço neste livro...
ZERO HORA, 19 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
COMERCIANTE GRAVA IMAGEM LUMINOSA NO CÉU DE SÃO
LEOPOLDO
Um objeto luminoso não-identificado, semelhante ao
símbolo do personagem Batmam, surgiu no céu de São Leopoldo na noite de 17 de
março. O comerciante Milton Anzilago, 42 anos, registrou as imagens com uma
câmera de vídeo. O objeto, segundo Anzilago, é extremamente brilhante e tem o
tamanho de cinco estrelas e vem sendo observado há quinze dias, sempre no final
da tarde. A esposa de Anzilago também enxergou o objeto. O programa Fantástico,
da Rede Globo, exibiu imagens semelhantes às captadas pelo comerciante gaúcho.
O aeroporto de Porto Alegre e o 5° Comando Aéreo de Canoas não registraram
nenhuma anormalidade na noite de domingo. Moradores da capital gaúcha também
afirmam ter visto objetos muito brilhantes no céu da cidade nos últimos dias.
Algumas dessas aparições foram mostradas em telejornais gaúchos e nacionais.
ZERO HORA, 22 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
Uma
lavoura de soja apareceu queimada na cidade de Machadinho, na região norte do
Rio Grande do Sul. A queimadura ocupa uma área circular de vinte metros de
diâmetro. Dentro do círculo, há três sulcos com quinze centímetros de
profundidade. O agricultor Wilmar Wegher afirmou que a mancha foi causada por
um óvni que ele teria avistado na noite de 28 de fevereiro, enquanto a cidade
estava sem energia elétrica. Ele conta que estava indo a pé para sua casa, pela
estrada, quando avistou uma bola de fogo no céu. Walderino, irmão do
agricultor, foi chamado para presenciar o fato. Segundo eles, o objeto se movia
em linha reta e parecia ser incandescente, devido à luz vermelha e brilhante
que o compunha. O objeto teria descido um pouco à frente deles e ficou pairando
sobre o solo. A empresária Dalva Spanholi e a filha, que circulavam de carro
pela cidade, também dizem ter visto um objeto semelhante no céu. Segundo Dalva,
ele era maior que a lua. Outras pessoas afirmaram ter visto o objeto
sobrevoando Machadinho, sempre no mesmo horário, às oito e meia da noite. As
descrições informam que o óvni fica sobrevoando a cidade durante cerca de 40
minutos e depois se desloca em direção à cidade catarinense de Joaçaba, onde
moradores têm relatado aparições semelhantes. O solo e as plantas da área que
apareceu queimada na lavoura de soja serão analisados pela Empresa Brasileira
de Pesquisas Agropecuária (Embrapa) de Passo Fundo.
ZERO
HORA, 04 DE MARÇO DE 1994.
UFOLOGIA
GAÚCHOS
OBSERVAM OBJETO LUMINOSO NO CÉU
Na madrugada de quinta-feira, 03 de março, entre uma
hora e vinte para as duas, vários gaúchos observaram um objeto voador
não-identificado atravessar o espaço em direção ao litoral. As descrições são
diferentes em cada relato feito pelas pessoas que o viram, mas todos dizem que
o objeto brilhava muito e tinha aparência branca, multicolorida ou
incandescente. Na cidade de Canoas, várias pessoas ligaram para o V Comando
Aéreo Regional, afirmando ter visto um óvni na madrugada. No município de São
Jerônimo, um casal disse ter ouvido dois estouros fortes e um clarão em forma
de cogumelo atômico. Nada de anormal foi registrado no céu do estado na
madrugada de quinta-feira. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de São José dos
Campos, SP, informou que não havia nenhum balão sobrevoando a região durante
a noite.
ZERO HORA, 20 DE
OUTUBRO DE 1996.
UFOLOGIA
PILOTO GARANTE QUE VIU OVNI SOBRE A LAGOA DOS PATOS
Haroldo
Westendorff, empresário pelotense, disse que viu um objeto voador
não-identificado - no dia 05 de outubro de 1996 - enquanto realizava um vôo
panorâmico sobre a Lagoa dos Patos. Segundo Haroldo, o céu estava parcialmente
nublado e o objeto não se parecia com nenhum balão meteorológico que ele tenha
visto em seus 20 anos de atividade aérea. O objeto que o empresário avistou
tinha forma de uma pirâmide, com as extremidades arredondadas e várias
saliências que pareciam pequenas janelas, também em formato piramidal. Ele
girava em torno de si e não emitia nenhum som ou qualquer tipo de fumaça. O
empresário contou ao filho e a um amigo, através do celular, o que estava vendo
de estranho no céu. Algum tempo depois de observar o objeto, ele ligou para um
funcionário do aeroporto de Pelotas e perguntou se ele também estava observando
um objeto não-identificado sobrevoando a praia. A resposta do funcionário foi
afirmativa. Esse foi o trigésimo episódio registrado pelo GPCU, Grupo de
Pesquisas Científico-Ufológicas de Pelotas.
ZERO HORA, 15 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
MORADORES DE JOAÇABA, SC, VIRAM OVNI
Uma luz forte vêm aparecendo nas cidades do oeste
catarinense. Várias pessoas afirmam ter visto o estranho objeto, que aparece em
formas e tamanhos diferentes. Dois publicitários viram o objeto luminoso na
estrada. Alguns operários têm ido ao aeroporto de Joaçaba para observar a luz. O
fotógrafo Irineu Dalla Valle, do Diário Catarinense, fotografou a luz. Ele diz
que ela apareceu rapidamente e foi como fotografar um raio de tempestade.
ZERO
HORA, 26 DE JUNHO DE 1997.
SANTA
VITÓRIA DO PALMAR
Moradores
da cidade afirmaram ter visto uma bola de fogo cruzando o céu no dia 25 de
junho, por volta das sete da manhã. A explicação mais provável é de que um
meteorito tenha entrado em contato com a atmosfera terrestre e caiu na Terra.
Algumas pessoas dizem ter escutado um barulho semelhante a um trovão. O suposto
local onde o meteorito teria caído foi vasculhado, mas nenhum sinal dele foi
encontrado.
CORREIO
DO POVO, 17 DE AGOSTO DE 1995.
Habitantes
da cidade de Cutral-Có, na Argentina, afirmam ter avistado e filmado um óvni.
Segundo testemunhas, faltou luz na cidade no momento da aparição e motores de
alguns veículos chegaram a falhar.
ZERO
HORA, 25 DE JUNHO DE 1997.
UFOLOGIA
EUA
ENCERRAM CASO ROSWELL
A
Força Aérea americana desmentiu que um disco voador teria caído na cidade de
Roswell, estado do Novo México, nos EUA, em 1947. Os moradores da cidade dizem
ter visto militares americanos recuperar partes de uma nave espacial e corpos
alienígenas. Cinqüenta anos depois, a Força Aérea informou que os militares
apenas recolheram bonecos, semelhantes a humanos, que são utilizados em
experiências feitas em grandes altitudes. Os moradores de Roswell não deram
muita importância ao fato e estão comemorando os cinqüenta anos da visita
extraterrestre.
ZERO
HORA, 22 DE AGOSTO DE 1996.
UFOLOGIA
DOIS GAÚCHOS AVISTAM ÓVNI EM BRASÍLIA
Hildo de Oliveira e Agamenon Nascimento avistaram um
óvni em Brasília, durante a madrugada, enquanto voltavam de viagem à cidade de
Palmas, no Tocantins. Segundo eles, um objeto cilíndrico e muito brilhante
parou na frente da BMW de Oliveira e brincou de "gato e rato" com o
veículo até depois das seis horas da manhã. Inicialmente, o objeto surgiu ao
longe e os dois apenas observaram. O óvni foi se aproximando aos poucos e, em
um determinado ponto da viagem, perto de um posto de gasolina, parou na frente
do carro e soltou um facho de luz azulada, que tomou conta de toda a pista. Os
dois gaúchos pararam o carro, assustados com a possibilidade de serem
"abduzidos". O facho de luz e o disco desapareceram alguns minutos
depois, mas Hildo e Agamenon voltaram a avistá-lo após cruzarem uma pequena
mata que acompanha a estrada. Quando chegaram à Barragem do Lago Paranoá, o
disco parou rente à água e depois disparou em grande velocidade, quando a BMW
começou a cruzar a ponte. Segundo Nascimento, que estava dirigindo, o disco
quase se chocou com o automóvel. Algum tempo depois, a nave parou perto de um
posto abandonado dos bombeiros e Nascimento chamou o filho, pelo celular, para
filmar e fotografar
o objeto. Ligaram também para a polícia, mas o Ministério da Aeronáutica
afirmou que o objeto não foi detectado pelo Centro Integrado de Defesa e
Controle Aéreo (Cindacta)
CORREIO
DO POVO, 01 DE NOVEMBRO DE 1995.
Pelotenses
que se deslocavam de ônibus até a praia do Laranjal afirmaram que visto um óvni
sobrevoar a estrada, parar alguns minutos em um terreno baldio e depois
desaparecer no céu com grande rapidez
ZERO
HORA, 16 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
A
população de Santa Catarina e moradores de Bento Gonçalves, no Rio Grande do
Sul, dizem ter visto luzes no céu, nos dias 14 e 15 de março. Em Santa Catarina, as
aparições se repetem, depois de terem acontecido em Joaçaba, Capinzal e
Concórdia. Dessa vez, elas aconteceram na cidade de São Miguel do Oeste, no
extremo oeste do estado. As luzes são semelhantes as já avistadas,
anteriormente, nas outras cidades. Trata-se, segundo as pessoas que viram, de
um objeto composto por uma luz vermelha e amarela, muito forte, que
movimenta-se para os lados e para a frente com freqüência. Costuma aparecer às
19 horas e desaparece entre oito e meia e nove da noite. No Rio Grande do Sul,
na cidade de Bento Gonçalves, um óvni apareceu próximo à Vinícola Aurora, por
volta das dez horas da manhã. O objeto tinha formato de ovo, na posição
horizontal, e se movimentou pela rua em ziguezague. O objeto
desapareceu uma hora depois. Segundo o astrônomo Luiz Augusto da Silva, o óvni
pode ser o planeta Vênus, mas para a coordenadora do Planetário da Universidade
Federal de SC, os movimentos observados nas cidades catarinenses e gaúcha não são
explicáveis pela ciência.
ZERO
HORA, 27 DE JULHO DE 1995.
CIÊNCIA
Um
filme de 15 minutos de duração, rodado por um ex-cinegrafista do exército dos
EUA, conteria imagens do acidente ocorrido com uma nave espacial
extraterrestre, que caiu em Roswell, Novo México, EUA, em 1947. Segundo a
notícia do Zero Hora, cópias desse filme seriam mostradas em Curitiba, em
setembro desse ano, durante o 13° Congresso Brasileiro de Ufologia Científica.
A agência de notícias italiana Ansa, anunciou para 28 de agosto de 1995 a exibição de um
documentário, na BBC de Londres, que conteria cenas de um resgate de discos
voadores acidentados e cenas da autópsia de um ET. Para os ufólogos, depois da
exibição desse documentário, os governos de vários países e até a Igreja
deveriam pronunciar-se sobre a possibilidade de os terráqueos não estarem sós
no universo. Sobre o caso Roswell, várias fotos têm circulado pelo mundo desde
que o suposto acidente com a nave espacial ocorreu. A mais conhecida é a de um
corpo carbonizado, que os ufólogos acreditam ser de um extraterrestre, o qual
teria morrido no acidente com a nave. A Força Aérea Norte-Americana, no
entanto, até hoje desmente o fato, dizendo tratar-se do corpo de um macaco do
Projeto Hermes. Esse projeto, na década de 50, utilizou animais em vôos
tripulados ao espaço. Se as fotos que circulam pelo mundo são verdadeiras ou
falsas, não sabe. Provavelmente, de acordo com ufólogos, a maioria deve ser
genuína, mas, como diz o ufólogo Carlos Pereira, "o bom pesquisador é,
antes de tudo, um cético." Ele reconhece que a história da ufologia está
repleta de fraudes, mas não duvida da existência de vida em outros planetas.
O Caso Roswell
1947
Quarta-feira, 2 de Julho, 21:50h
O casal Wilmot está sentado em sua varanda, num
bairro tranqüilo em Roswell, quando observa um grande objeto oval cruzar o céu.
O objeto estava incandescente e voava em alta velocidade no sentido nordeste.
Ao mesmo tempo, William Woody e seu pai vêem no céu um objeto brilhante indo em
direção norte. Durante uma tempestade, o rancheiro MacBrazel e seus vizinhos
ouvem uma explosão nas proximidades de onde moram, há algumas milhas de
Roswell.
Quinta-Feira, 3 de Julho
Pela manhã, Brazel sai a cavalo para verificar os
danos causados pela tempestade. Surpreende-se ao ver um campo de destroços de
aproximadamente 4 km
quadrados, onde encontra lâminas de um metal muito maleável, mas que sempre
retornava à forma original. Vê também bastões de matéria análogos ao basalto -
objetos altamente resistentes, impossíveis de serem cortados ou queimados.
Brazel percebe que há sinais impressos nos objetos: desenhos de cor lilás,
parecendo com algum tipo de escrita oriental, talvez hieróglifos.
Sexta-Feira, 4 de Julho
Feriado nacional. Brazel leva alguns destroços ao
seu galpão, entre eles há uma peça de, aproximadamente, 3 metros. Suas ovelhas não
querem passar pelo campo de destroços. Os animais parecem sentir que algo
estranho aconteceu no local. À noite, Brazel encontra alguns amigos, que o
aconselham a contar tudo para as autoridades.
Domingo, 6 de Julho
8:00h - Pela manhã Brazel vai até o escritório do
xerife George Wilcox em
Roswell. Leva alguns destroços na caminhonete. Ao ver os
pedaços da suposta nave, o xerife envia alguns de seus subordinados para a fazenda para
examinar o local do acidente. Chegando lá, não encontram mais os destroços,
mas somente uma
camada vitrificada
sobre a terra. No mesmo dia da visita ao xerife, Brazel concede uma entrevista
a radio local.
13:00h - O major Jesse Marcel vai ao escritório do
xerife em Roswell com a finalidade de se encontrar com Brazel. Olha o material
e decide visitar o rancho em que aconteceu o acidente. Seu superior, o general
Roger Ramey, é informado sobre o achado e se comunica com o Pentágono.
17:00h - Chegando ao rancho, Brazel mostra os
destroços no galpão para o major Marcel, que os examina com um contador Géiser.
O aparelho não capta sinais de radiatividade nos objetos. Enquanto Marcel e
seus homens pernoitam no galpão, o Pentágono organiza uma busca sigilosa no
local da queda.
19:00h - Os oficiais localizam os destroços e seus
ocupantes. Imediatamente chegam ao local varias equipes de resgate e escavação.
Também participa do processo o arqueólogo Cury Holden, que ao fazer pesquisas
sobre povos pré-colombianos, descobre os destroços por acaso.
Segunda-Feira, 7 de Julho
Pessoas
das proximidades encontram objetos pelo chão, como pequenos bastões de 1 cm, com gravações parecidas
com hieróglifos. Ninguém conseguia decifrar as inscrições, tampouco descobrir o
tipo de material de que eram feitas as peças. Encontram também um pergaminho
muito comum, além de fragmentos de folhas parecidas com alumínio que não se
amassavam. O mais curioso de tudo é que os objetos parecem ser indestrutíveis,
resistindo a todos os testes.
9:00h
- O Pentágono ordena o bloqueio de todas as entradas e vias de acesso a
Roswell. Os auxiliares do xerife Wilcox cercam o rancho Foster, não deixando
ninguém passar.
13:00h - Glenn Dennis, da funerária Ballard, em
Roswell, recebe um comunicado de um dos oficiais da base: "- Qual o
tamanho dos caixões herméticos que o senhor tem? - São pequenos? - Há
estoque?". Dennis fica perplexo e quer saber se houve algum tipo de
desastre nas proximidades. Diz que não tem estoque e que demoraria umas 24
horas para conseguir o material.
14:00h - No Pentágono, os generais Curtiss Lemay e
Hoyt Vandenberg tem uma conversa sobre os UFOs, mais precisamente sobre o
acidente de Roswell. Enquanto isso, o General Nathan Twinning (um dos membros
do MJ-12), comandante e técnico de informações, muda seus planos e prepara uma
viagem para o Novo México.
14:30h
- O oficial da base liga novamente para Dennis. Desta vez, lhe pergunta como
preparar corpos que ficam muito tempo no deserto e se os produtos empregados
poderiam modificar a química dos corpos. Dennis recomenda o congelamento dos
cadáveres e oferece assistência, recebendo a seguinte resposta oficial :
"- Não se preocupe, só estamos querendo saber isso a fim de nos
prepararmos para casos futuros". Dennis aceitou a resposta, mas continuou
intrigado. Mais tarde, ele conheceu um soldado que havia se acidentado no
resgate e o levou a enfermaria do hospital mais próximo. Dennis estaciona sua
ambulância ao lado de um veiculo da base e vê diversos pedaços de metal lá
dentro. Ao entrar no hospital encontra uma amiga enfermeira, que sai de uma das
salas de exame e exclama: "- Suma daqui, senão você vai ter um
aborrecimento gigantesco".
20:00h - Grande parte dos destroços já haviam sido
recolhidos e examinados. O major Marcel vai à base, pega alguns pedaços de
destroços e leva para casa para mostrar a sua esposa e filhos. "- Isto não
é deste mundo. Quero que vocês se lembrem disso por toda vida", exclama
Marcel.
Terça-Feira, 8 de Julho
6:00h
- Reunião particular entre o coronel Blanchard e Jesse Marcel, que mostra a ele
as partes dos destroços achados no Rancho Foster. Meia hora mais tarde,
acontece uma outra reunião secreta no escritório do coronel Blanchard, desta
vez com a cúpula da Força Aérea.
9:00h - O xerife Wilcox procura pelo pai de Dennis,
que é seu amigo. "- Seu filho parece estar em apuros", advertiu.
"- Diga a ele para não declarar nada do que viu na base".
9:20h
- Blanchard resolve lançar um comunicado à imprensa: "- Os muitos boatos
acerca dos discos voadores ontem se tornaram realidade quando o assessor de
imprensa divulgou que o 509º Grupo de Bombardeiros da Força Aérea teve a sorte
de chegar a possuir um disco - tudo isso graças à cooperação de um rancheiro
local e de um xerife". E o relatório do general continua: "O objeto aterrissou
em um rancho perto de Roswell na última semana. Como o rancheiro não tem
telefone, guardou o disco até poder informar ao xerife, que por sua vez,
notificou o major Jesse Marcel. Imediatamente, entramos em ação e o disco foi
resgatado do rancho, sendo depois inspecionado na Base Aérea de Roswell e
encaminhado a uma repartição superior".
11:00 h - O tenente começa a distribuir o comunicado
à imprensa. Ele visita as estações KGL e KSWS, depois vai aos jornais locais
Roswell Daily Record e Morning Dispatch, que publicam no mesmo dia a
informação. As emissoras de rádio passam o comunicado para a agência Associated
Press, que se encarrega de distribuir a notícia para o mundo. Algumas horas
depois, o escritório do xerife Wilcox recebia telefonemas de todas as partes
do mundo, como Roma,
Londres, Paris, Alemanha, Hong Kong e Tóquio. Porém, este clima de liberdade de
expressão não durou muito tempo. Frank Joyce, da emissora KGFL, remete um telex para a
agência United Press
International (UPI) e, como resposta, recebe um comunicado de Washington
desmentindo o caso. Parte do telex informava o seguinte: "Atenção. Aqui
FBI. Finalizar relato. Repito: finalizar relato, assunto de segurança nacional.
Aguardar.".
Dennis recebe um chamado de sua amiga enfermeira:
"- Eu preciso falar com você. Você deve fazer um juramento sagrado de
nunca mencionar o meu nome, senão eu terei enormes dificuldades...".
Dennis então promete à enfermeira que jamais diria nada a ninguém. Ela começa a
contar tudo o que sabe sobre o caso: dois médicos pediram a ela para que
fizesse apontamentos enquanto executavam uma autópsia provisória. Então ela
desenhou o que tinha visto: uma cabeça com olhos fundos e grandes, pequenos
orifícios nasais, boca fina, sem pêlos, braços compridos e finos. As mãos
tinham 4 dedos cada, que terminavam com orifícios, parecidos com ventosas de
polvos. Ela também descreve que os seres não tinham cabelos e sua pele era
preta. A enfermeira diz ter visto 3 corpos, sendo que estavam muitos mutilados,
provavelmente por coiotes. Os corpos tinham somente 1,20 m e exalavam um
terrível mau-cheiro. Os médicos chegaram a desligar o sistema de ar
condicionado com medo de que o cheiro se alastrasse por todo o hospital. Mais
tarde, a autópsia foi transferida para o hangar de aviões.
11:30 h - A enfermeira se despede de Dennis. Algumas
hora depois, fica sabendo que será transferida para outro continente,
provavelmente para Inglaterra. Após algumas semanas, escreve para Dennis
contando as novidades. O amigo responde a carta e, em vez de uma resposta,
recebe em sua casa um envelope com o carimbo "Falecido".
12:00 h - No aeroporto de Roswell pousa um avião de
Washington trazendo uma equipe especial de técnicos e fotógrafos. Os destroços
do UFO são levados para a base aérea de Wright Patterson, em Ohio, num avião
pilotado pelo capitão Oliver
Popper Handerson. Ao embarcar, o capitão vê 3
cadáveres extraterrestres no hangar guardados em gelo secos.
12:30 h - Fotógrafos da imprensa americana vão ao rancho
Foster e se encontram com Brazel, que lhes faz a seguinte declaração: "-
Foi um erro notificar as autoridades. Se acontecesse novamente, eu não diria
nada, porque isso é uma bomba". Os fotógrafos também encontram alguns
oficiais que vasculham o campo de destroços. Percebem que ninguém tenta
impedi-los de fazer o trabalho.
16:30 h - Voltam para Roswell, onde o xerife Wilcox
lhes comunica que estão proibidos de fazer qualquer manifestação sobre o que
viram. Enquanto isso, os militares também deixam o rancho, levando Brazel para
Roswell. Chega à base um avião carregado com destroços. Logo após, Marcel
levanta vôo com os destroços para o Forth Worth. Chegando lá, mostra o material
para o general Ramey. No Rancho Foster, no lugar dos destroços são colocados
pedaços de um balão meteorológico com um aparelho de orientação pelo radar no
chão. É montada uma grande farsa, em que Marcel é obrigado a admitir que o acidente
com um UFO não passava de um engano. O que antes era um disco voador, passou a
ser visto como um simples balão.
18:30 h - Um memorando interno da polícia federal
comunica ao FBI que a história do balão meteorológico não corresponde aos
fatos. Brazel é intimado a comparecer na base de Roswell, onde recebeu
orientações para desmentir tudo à imprensa, Brazel é obrigado a ouvir coisas
como: "- Olha meu filho, guarde esse segredo com você, senão ninguém sabe
o que pode lhe acontecer". A esta altura, já circulavam em Roswell os mais
absurdos boatos. Um deles dizia que os homens vindos de Marte se acidentaram no
local e que, inclusive, um deles ainda permaneceu vivo por um bom tempo,
gritando como um animal até a morte. Outro destes boatos dizia que um dos seres
escapou do esquema de segurança e correu toda à noite pela cidade.
Quarta-feira, 9 de julho
8:00 h - O coronel Blanchard sai de Roswell e visita
o lugar da queda. Sua intenção é supervisionar o término do trabalho de
resgate, pois logo entraria em férias. Quarta-feira, 9 de julho, 8:30 h, três
aviões de transporte C-54 são carregados com destroços. A ação é acompanhada
por inspetores de Washington, que supervisionam o carregamento. As aeronaves
então levantam vôo em direção à Base Aérea de Kirtland, onde se encontra o
general Twinning.
9:00 h - Walt Whitmore e seu repórter Jud Robert
tentam ir ao Rancho Foster, mas não conseguem devido aos bloqueios dos
militares. Curiosos de vários pontos do país - além de muitos repórteres -
também tentam sem sucesso chegar ao local.
10:00 h - Pousa na base um avião de Washington
trazendo um representante oficial do presidente Truman. Em Washington, o
presidente recebe o senador Carl Hatch, do Novo México.
12:00 h - Os cadáveres dos ocupantes dos UFOs são
preparados para o transporte. Oficiais da Base Aérea de Roswell visitam jornais
e emissoras de rádio. O objetivo da visita era recolher cópias de um relatório
para a imprensa do tenente Haut.
14:30 h - Em uma reunião de oficiais, o Ministério
da Defesa comunica ao FBI que os discos voadores não são de responsabilidade
nem do Exército nem das Forças Armadas.
Sexta-feira, 11 de julho
Tem
início a operação Corretivo Mental em todos os soldados que trabalharam
na operação de resgate. São conduzidos em grupos a um pequeno recinto, onde um
oficial lhes explica: "- ... isto foi uma questão de segurança nacional e
está sob o mais severo sigilo. Não falem a ninguém sobre o que aconteceu.
Esqueçam tudo o que viram".
Terça-feira, 15 de julho
MacBrazel é advertido mais uma vez, mas pode
finalmente retornar ao rancho. Embora antes da queda fosse muito pobre,
retornou para sua terra com uma caminhonete nova e com dinheiro suficiente para
comprar uma casa e uma fornecedora de gelo.
Epílogo da Operação
No prazo de um mês, todos os participantes da
operação são transferidos para outras bases. Em setembro, o professor Lincoln La Paz procura determinar a
estrutura do objeto acidentado e afirma veementemente que os destroços são de
uma sonda extraterrestre não tripulada. Em 24 de setembro, o presidente Truman
cria a ultra-secreta operação Majestic 12, com a finalidade de explorar o que
acontecera em Roswell. Já
no fim de outubro de 1947, o general Schulgen do Pentágono faz um memorando
secreto, incumbindo às Forças Armadas a função de compilar todas as informações
existentes sobre os discos voadores. Essa é uma forte evidência de que o
governo mentiu quando disse que o objeto acidentado era um balão meteorológico.
Setembro de 1949
Um
parente de MacBrazel conta, num bar, que durante os dois últimos anos a família
continuou encontrando vestígios da nave acidentada. No dia seguinte, foi
procurado por militares, que trataram de confiscar as peças. Já em 1978, o
ufólogo e físico nuclear Stanton Friedman localiza Jesse Marcel e a entrevista
sobre o Caso Roswell. O silêncio finalmente estava rompido. Nos 16 anos
seguintes foram editados 5 livros, baseados no depoimento de testemunhas do
caso. A imprensa pôde também se manifestar, de forma que os jornais e emissoras
de rádio e TV não pararam mais de explorar o assunto.
Bem, por
enquanto paro por aqui com os recortes que o Caetano me enviou. É claro que o
Caetano possui uma vasta documentação sobre o caso Roswell, inclusive escreveu
uma monografia sobre, devem-se recordar os leitores, mas achei interessante
inserir o presente por estar bem sintetizado, e porque desde este fato,
ocorrido há quase meio século, nenhum outro abalou tanto a opinião pública e a
ufologia, como o ocorrido em
Varginha. Ambos os casos não encontram pares na ufologia
mundial.
Quanto
aos recortes do Correio do Povo e do Zero Hora, achei
interessante transcrever ao leitor devido à quase concomitância destas narrativas,
com os acontecimentos testificados na cidade mineira. Voltemos então à
narrativa.
VIII – Cartas de Caetano e
Rosa (Fragmentos)
O arquétipo em si não é um fator explícito mas uma disposição interior
que começa a agir a partir de um determinado momento da evolução do pensamento
humano, organizando o material inconsciente em figuras bem determinadas (...).
Já me perguntaram muitas vezes donde procede o arquétipo. É um dado adquirido ou não? É-nos
impossível responder diretamente a esta pergunta. Como diz a própria definição,
os arquétipos são fatores e temas que agruparam os elementos psíquicos em
determinadas imagens (que denominamos arquetípicas), mas de um modo que só pode
ser conhecido pelos seus efeitos. Os arquétipos são anteriores à consciência e
provavelmente, são eles que formam as dominantes estruturais da psique em
geral, assemelhando-se ao sistema axial dos cristais que existe em potência na
água-mãe mas não é diretamente perceptível pela observação. Como condições ‘a
priori’, os arquétipos representam o caso psíquico especial do “pattern of
behavior” [esquema de comportamento], familiar aos biólogos e que confere a
cada ser vivente a sua natureza específica. Assim como as manifestações deste
plano biológico fundamental podem variar no decurso da evolução, o mesmo ocorre
com as manifestações dos arquétipos. Do ponto de vista empírico, contudo, o
arquétipo jamais se forma no interior da vida orgânica em geral. Ele aparece ao
mesmo tempo que a vida.
Carl G. Jung
De
Caetano para mim:
Sinceramente não sei o que está se passando. Inúmeros
incidentes estão retardando nossa ida a Varginha. É como se uma força superior
nos segurasse. Acredita que dormimos uma noite e um dia inteiro até as 22:00 hs
semana passada? Sorte que não haviam compromissos assumidos para aquela data.
Rosa
não quer ir ao médico. Estou quase voltando para trás. Essa nossa sonolência
exagerada me preocupa. Mas o caso dela é pior, parece às vezes estar em estado
cataléptico.
As
coisas melhoraram. A Rosa voltou a ser a Rosa. Estamos nos preparando para
seguir até Aparecida e São José dos Campos. Se der na telha, vamos passar em
Taubaté, para conhecer o Sítio do Pica-Pau Amarelo.
De
Rosa para Lindaura:
Estou
vivendo os dias mais felizes de minha vida. O Caetano inculcou porque a gente
vive dormindo demais...você imagina né, como são essas coisas, a gente tá no
maior clima. Ele vive se preocupando demais à-toa.
Sabe,
o Caetano trouxe um cara estranho aqui no quarto do hotel. Os colegas do
Caetano são excêntricos, é melhor eu ir me acostumando, mas esse me chamou
muito a atenção.
Foi-me
apresentado como o Sr. Hernani, e trazia
consigo inúmeros instrumentos, com os quais mediu ondas eletromagnéticas,
psicobioplasmas e outras coisas que ouvi e não me recordo. Mantive-me discreta.
Sabe, o Caetano não gosta de tecer comentários sobre determinadas coisas
enquanto não tiver para tais uma resposta plausível.
O
interessante é que os sintomas de sonolência desapareceram, e estou tentando
convencer o Caetano a desmarcar a consulta.
Consta
que os radares de São José dos Campos captaram objetos não identificados, dias
antes da aparição do ET em Varginha. Sabe Linda, estamos vivendo uma
aventura emocionante, vocês deviam ter vindo. Precisavam ver o Caetano fazer
pesquisa de campo. Ele é muito astuto, e consegue furar as barreiras oficiais.
“Os fins justificam os meios”, diz em franca atitude de mea culpa.
Os
radares militares sofreram tantas perturbações, na semana que antecedeu aos
fatos, que as autoridades pensaram em mandar que fossem cancelados os vôos em
Minas, São Paulo e Rio. Não o fizeram para não alarmar a população. Um famoso
Instituto de Geofísica Norte-americano, registrou intermitente atividade
sísmica na área que compreende estes estados. Fora registrado também uma
estranha emissão de partículas desconhecidas pela ciência. Dizem que a área
está infestada por agentes do governo federal e de cientistas do mundo todo.
Estão sendo tomadas medidas severas para se abafar o caso.
Um
dos amigos do Caetano em Varginha, mandou-lhe uma longa carta, na qual conta
que, o presidente dos Estados Unidos, elogiou as medidas tomadas pelo governo
brasileiro. Segundo consta, de acordo com os anais norte-americanos de casos
UFOS, esta raça que por aqui foi avistada é de predadores.
Secretamente,
o governo norte-americano cedeu agentes para trabalharem em conjunto com o
exército brasileiro. Armas ultramodernas, especiais para enfrentar visitantes
do espaço, foram trazidas para o Brasil, e oficiais brasileiros de nosso
serviço de inteligência, estão aprendendo a utiliza-las.
A
ordem é, que qualquer veículo que surja em nosso espaço legal, e que fuja aos
padrões convencionais, seja imediatamente abatido.
Tudo
isso que te conto vazou para o Green Peace. Dizem que estas armas possuem ogivas
nucleares. Centenas de ativistas estão presos. A ordem é prender
arbitrariamente qualquer pessoa que ouse abrir a boca a respeito do caso.
O
Caetano está fulo de raiva. Diz que não se trata de uma raça de predadores, não
oferecem perigo, e o mais importante; a razão pela qual chegaram até aqui, pode
ser de vital importância para uma das duas raças. A hipótese do Caetano é que,
ou eles sabem de algo que possa nos interessar, como alertar-nos sobre uma
iminente catástrofe, ou talvez seja um povo precisando de ajuda.
De
Caetano para mim:
Quando
chegamos a Varginha, a sonolência pegou de novo Rosa e eu. Mas agora já tenho
uma pista do que se trata. Não quero adiantar nada por enquanto, só quando
tiver certeza absoluta.
Sérgio,
a coisa é bem mais complicada do que aparenta. O mundo corre perigo. O difícil
vai ser colocar na cabeça daqueles que estão no alto escalão, e que estão
tomando atitudes completamente errôneas. Os seres avistados e capturados são
amigos; eles e os demais que acabaram sendo mortos por ignorância das nossas
autoridades. Eram “pessoas graduadas”, parlamentares do distante sistema de
onde vieram. Uns colegas aventaram a hipótese, desses seres serem de
inteligência menor, um pouco mais que um símio, a serviço de inteligências
superiores, que permaneceram numa espécie de nave-mãe, enquanto estes saíram
para coletar materiais. Mas o que realmente ocorreu não foi nada disso.
Você
deve estar se perguntando, como foi que levantei estes dados. Na hora oportuna
explico. Mas prepare-se, pois o que vou revelar-lhe agora é uma bomba.
O
que realmente ocorreu, foi o seguinte. Você sabe que esta região é montanhosa,
com determinados pontos quase que inacessíveis. Não estou bem certo, mas
acredito que este ponto foi escolhido para pouso, pelo fato de que as criaturas
tinham consciência do impacto que a aparição de sua nave causaria, sabiam que a
própria aparência física deles causaria medo aos seres humanos. Um local onde
pudessem ficar escondidos, até que estabelecessem contato com pessoas esclarecidas
seria o ideal.
Os
Estados Unidos alertaram o governo brasileiro, sobre a movimentação de naves,
bem acima da atmosfera e de nosso espaço aéreo, algumas na área orbital, cujas
imagens foram captadas por um satélite de novíssima geração. Forneceram técnicos
e armas com terríveis poderes de destruição. Ficaram todos de prontidão, com a
ordem inequívoca de disparar contra qualquer objeto estranho que invadisse
nosso espaço aéreo. O governo norte-americano conseguiu convencer o governo
brasileiro que as naves que se aproximavam, transportavam uma raça de
predadores, e que da nossa cooperação, dependia o destino do mundo. No sul de
Minas e leste de São Paulo deu-se uma intensa movimentação de caças. Nas
montanhas da região, tropas de elite do exército brasileiro ficaram de
prontidão, uma vez que, os radares acusavam que um objeto do tamanho de um
ônibus, no formato de um submarino, descia lenta e verticalmente, e que se
mantivesse a trajetória, desceria naquelas montanhas, a alguns quilômetros da
cidade.
Foi o que realmente ocorreu. Um soldado, que
por motivos óbvios não quis se identificar, descreveu toda a cena. O
“submarino” desceu lentamente, emitindo luzes e sonoridades agradáveis, sem
mostrar uma só arma, pacificamente. Foi quando disparos de armas potentes
destroçaram o veículo. Conta este soldado, que foi usada uma arma nuclear
“leve”, que contaminou vários soldados. O caso só não estourou na imprensa, por
tratar-se de tropas de elite, que vieram de outras regiões do país, sem saberem
ao certo, o que estavam fazendo. Alguns estão em tratamento em hospitais
especializados, nos Estados Unidos e na Europa.
O soldado
conta ainda, que inexplicavelmente, apesar da potência das armas utilizadas,
muitas criaturas saíram vivas do massacre, completamente desorientadas. Foram
dizimadas e recolhidas em um contêiner, cujo destino o soldado desconhece.
Há um ponto
nesta história que me deixa intrigado. Como foram, sendo uma raça tão avançada,
cair numa armadilha desta? (Se houve exageros no depoimento do soldado, o saberemos
oportunamente).
Há coisas
ainda mais fantásticas que consegui levantar. Naquele dia fatídico havia
centenas de naves, dos mais variados formatos próximas da Terra. Às vezes
apareciam no radar, para em seguida efetuarem uma manobra e desaparecerem, deixando
operadores boquiabertos, como já acontecera em outros casos.
É provável,
que as criaturas avistadas em Varginha sejam sobreviventes do massacre
insensato.
Mas o mais
fantástico, e é nesse ponto que digo que talvez a Terra esteja correndo perigo,
é que esta nave, era de emissários que vieram fazer contato para, pasme,
convidar nosso planeta para fazer parte de uma confederação intergaláctica.
Estavam em órbita, naquele fatídico dia, naves de várias partes do Universo, com representantes de várias raças, poderosas
e desenvolvidas. O motivo pelo qual não revidaram ao massacre, foge à nossa
compreensão. O ser humano não entende certas coisas relacionadas com seres mais
avançados.
A raça que
desceu para fazer contato, não foi escolhida aleatoriamente. Trata-se de
exímios doutores em comunicação e exobiologia. Acompanham o povo da Terra há
anos. Paradoxalmente, nosso povo brasileiro foi escolhido para este importante
contato, pelo fato de não sermos de natureza bélica, agressiva, mas
hospitaleiros e alegres...um paradoxo...não dá para entender, como foram pegos
de surpresa, não dá...conheciam muito bem a raça humana.
O perigo que a Terra corre se resume no seguinte:
seres avançados não tomam decisões precipitadas. Já pensou na possibilidade de
estarem reunidos, decidindo o fim da raça humana? Não quero pensar nisso; pela
minha experiência, estou certo de que tal não aconteceria, tratando-se da
categoria de seres que tentaram nos contatar. Mas, se reconhecessem que nossa
raça representa verdadeiramente uma ameaça?
Há categorias
de seres perigosos, que não consideram o homo sapiens como um ser digno
de respeito; consideram-no um mero animal comum, um mero fator biológico,
e...talvez tenham razão.
O relato mais
importante que consegui coletar, e que também não foi divulgado pela imprensa
(comenta-se que houve tentativas de suborno e ameaças aos envolvidos) ocorreu
no escritório de uma empresa que comercializa café.
Quatro
funcionários abriram o escritório à noite, por volta das 20:00 hs, para
adiantar um serviço para o dia seguinte. Que surpresa não tiveram, ao
encontrarem os computadores ligados, executando programas antes não instalados,
desconhecidos. Verificou-se que haviam sido registradas milhares de páginas de
textos em todas as línguas da Terra, e que alterações haviam sido feitas nas
máquinas, transformando-as em super-cyber-cérebros.
Segundo
consta, havia mapas estelares, com legendas em caracteres desconhecidos,
acompanhadas, pasme, de textos em Língua-Terra.
Agora que você
recebeu esta última bomba, vou contar o resto. Esses rapazes, perplexos diante
do que viram, quanto aos programas, e quantos às alterações dos processadores e
demais componentes dos computadores, chamaram a polícia. Não é necessário dizer
que esta, acompanhada de soldados do exército, apreendeu todo o equipamento.
Mas eles
conseguiram, antes que a polícia chegasse, ler alguma mensagem. Um dos moços
tentou salvar uns textos em disquetes, em língua portuguesa, mas infelizmente
as gravações saíram numa criptografia intraduzível. Esses disquetes
salvaram-se, e estão em mãos de estudiosos, que estão realizando um penoso
trabalho de decodificação. Muitas informações sobre a verdadeira intenção dos
visitantes foram baseadas nestes textos.
Nesta altura,
já não sei se eu o Caetano perdeu o juízo. O leitor a esta altura deve estar
pensando o mesmo. Mas garanto que estou relatando os fatos, de acordo como
ocorreram, ou embasados nas informações que recebo. Parece que estes fenômenos
são regidos pelos princípios da entropia e do caos. É um turbilhão. Porque um
funcionário público estável, queimaria suas férias e licença prêmio atrás de
fato tão inusitado? É, Caetano tinha, eu tenho um certo gosto pelo inusitado,
pelo excêntrico. Eu sosseguei, casei, constitui família. Caetano seguiu com
suas manias. Já disse antes, gosto do assunto, mas não com um fanatismo
exacerbado quanto ao do meu amigo. Vou abrir aqui um parêntese para contar um
segredo, que Caetano, minha esposa e alguns amigos conhecem muito bem. Falei
até agora das virtudes e defeitos do Caetano, agora vou falar um pouco de mim,
algo que acho um tanto maçante; falar de si mesmo, mas vá lá.
Antes que
surgissem os “góticos” e os “darks”, por volta dos anos 80; bem antes eu já
fora uma mistura dos dois. Gostava de me vestir de preto, andar por ruas
escuras, ler livros e assistir filmes de terror. Era fascinado pelos filmes de
Vicent Price, lia Poe e Lovecraft, lia muito gibi de terror também; os
desenhistas brasileiros eram os meus prediletos, entre tantos que se publicavam
por aqui. Sempre fui muito fascinado (não tinha medo) pelo cemitério. Adorava
aquele ambiente, aquela paz, as figuras de cimento, as fotos antigas. Cheguei a
me apaixonar por uma linda moça falecida nos anos 60, em cuja capelinha erigida
em cima de sua campa, havia várias fotos. Fiquei tão obcecado que pensei em
furtar uma dessas fotos; Caetano censurou-me, mudei de idéia. Um sábado
chuvoso, com a alma cheia dum misto de Annabel Lee, de Álvares de Azevedo e dos
simbolistas franceses, o cérebro cheio de conhaque, compus um longo poema à
minha musa. Como diria o eu poético de Baudelaire: Todos nós somos mais ou
menos loucos. Os poetas um pouco mais.
Naquela época,
era Caetano quem tinha paciência comigo, com minhas excentricidades; eu pouco
me lixava com seus discos voadores. Mas ele reprovava certas atitudes minhas.
Ele não era dado à bebida, digo ao exagero, bebia sim, diríamos socialmente. Eu
tomava meus porres.
Era volúvel o
amigo do Caetano, eu trocava de opinião como se troca de cuecas. Num momento me
apaixonei pelos hippies, que já estavam encerrando a missão profética no
planeta azul, e partindo para a sociedade de consumo. Parti para o misticismo,
cabelos longos, roupas extravagantes e muito rock, e muito espalhafato. Resolvi
conhecer todas as religiões que havia nas redondezas. Caetano pacientemente me
seguia. Foram Igrejas Protestantes de todas as denominações, Seitas das mais
diversas, Terreiros, Seicho-No-Iê, Centros Kardexistas, enfim todo tipo de
manifestação religiosa e ou filosófica; com exceção da Maçonaria, sabíamos que
era uma sociedade restrita, mesmo assim pentelhei maçons conhecidos, pedindo
informações, constrangendo-os.
Li inúmeros
livros de ocultismo, e os primeiros escritos de Caetano, que por essa época já
se iniciara em sua mania, na qual persiste até hoje.
Mas um dia
conheci a Lindaura, sosseguei, troquei de musa, voltei para minha religião, a
qual descaradamente nunca pratiquei de
acordo; Caetano ficou com seus ÓVNIS, e talvez tivéssemos nos afastado
naturalmente, por conta dos afazeres pessoais, se não quisesse o destino que
viéssemos a trabalhar na mesma repartição pública, e bendito destino, na
mesma seção.
Quanto ao
poema decadentista do qual falei há pouco, e não ouso tecer mais comentários ou
detalhes, encontra-se camuflado no imenso acervo do Caetano. Já o pedi várias
vezes, para destruí-lo, mas ele desconversa. Aquele monstrinho literário me dá
vergonha. E um certo medo. No dia em que o escrevi, como chovia
torrencialmente, sentamos dentro da capelinha e adormecemos. Acordei vendo um
vulto de mulher com vestes brancas a nos observar perto da porta...era ela.
Depois foi se desvanecendo. Não tenha muita certeza se realmente vi — o Caetano
não viu nada — ou se minha imaginação e a ressaca pregaram-me uma peça.
O certo é que
foi mal. Aquela imagem por dias me perseguiu, sentira-me muito perturbado.
Insistia com o Caetano, que a esta altura já havia perdido os pais, que ficasse
uns dias em casa. Topou,
contanto que eu prometesse que me afastaria do cemitério. E assim foi feito, e
o susto evaporou-se, o medo perdeu sua força e intensidade.
De Caetano
para mim:
Recebi
ontem a tarde um ofício do comandante da unidade militar mais próxima,
convidando, além deste seu humilde amigo, vários estudiosos que se encontravam
na cidade para uma coletiva, na qual foram prestados depoimentos de rotina.
Nada que abra uma luz no fim do túnel deste intrincado emaranhado. Informações
temos aos montes, mas nenhuma com provas concretas, palpáveis. É, a opinião
pública quer provas, salvo quando o assunto envolve corrupção em altas rodas.
Quando o assunto é este, tudo acaba em pizza. Quando o assunto é o nosso, os ÓVNIS, tudo
acaba em pires!!!
O
comandante pediu-nos, que controlássemos nossos ímpetos, que nos segregam aos
mares inimagináveis do absurdo, do incomensurável e do risível. Que soubéssemos
utilizar nossa liberdade de expressão, concedida com penhor de fraternidade
pelas nossas digníssimas forças armadas, que isso servia também para os
estrangeiros, que se fosse preciso tomar atitudes drásticas pela defesa de nossa
amada Pátria, assim o faria, disse ainda, que fôssemos labrar a terra deste
imenso país deste solo formoso e formidável que faz que os louros de nossa
nação rebrilhe sobre este sol do novo mundo, que honrássemos o salvelindo
pendão da esperança e fôssemos para fora do Brasil com naves espacias, ETs,
parafusos soltos e algo mais.
Disse
ainda que tudo não passou de um fenômeno da atmosfera, que essas coisas ocorrem
naturalmente, que pessoas com parafuso frouxo ameaçam o sossego público, que
tudo isso é armação de grupos comunistas que deviam ter sido exterminados, que
comunista é como praga, como tiririca, os senhores talvez tenham boa fé , mas
estão sendo enganados.
Nós
não hemos e não podemos permitir que um bando de fanáticos irresponsáveis
continuem a enganar o povo, pela segurança nacional usaremos sim a força, e
aconselharia os senhores; voltem para suas casas, continuem lutando sim pela
liberdade e pela democracia. Boa tarde,
senhores.
Tentamos
fazer algumas perguntas, expondo evidências, fizemos alusão às testemunhas, o
que eu tinha que dizer, senhores, está dito. Encerrado. Brasil: Ame-o ou
deixe-o!
IX – Tudo Parece Levar a Lugar Nenhum
(definição do “eu” como
“sujeito de todos os atos conscientes da pessoa”). Constitui, inclusive, uma
aquisição empírica da existência individual. Parece que resulta, em primeiro
lugar, do entrechoque do fator somático com o mundo exterior e uma vez que
existe como sujeito real, desenvolve-se em decorrência de entrechoques
posteriores, tanto com o mundo exterior quanto com o mundo interior. (..). Esta
definição descreve e estabelece, antes de tudo, os limites do sujeito.
Teoricamente, é impossível dizer até onde vão os limites do campo da
consciência, porque este pode estender-se de modo indeterminado. Empiricamente,
porém, ele alcança sempre o seu limite todas as vezes em que toca o âmbito do
desconhecido. Este desconhecido é constituído por tudo quanto ignoramos, por
tudo o que não possui qualquer relação com o eu enquanto centro da consciência.
O desconhecido divide-se em dois grupos: o concernente aos fatos exteriores que
podemos atingir por meio dos sentidos e o que concerne ao mundo interior que
pode ser objeto de nossa experiência imediata. O primeiro grupo representa o
desconhecido do mundo ambiente e o segundo o desconhecido do mundo interior.
Chamamos de inconsciente a esse último campo (...).
Carl G. Jung
A assertiva certa é nada
parece levar a lugar nenhum. Nesta altura do campeonato, o leitor deve estar
pensando o mesmo... afinal o Caetano investiga, investiga, mas não chega a
nenhuma conclusão. O pior de tudo é esta sua idéia de seguir para Lins – SP. Lá
já faz muitos anos que ocorreram estes fenômenos. Que ligação poderia ter com o
caso dos ETs de Varginha? A coisa está complicando cada vez mais. Para clarear
a mente dos leitores, transcreveremos mais alguns dos recortes enviados pelo
meu amigo Caetano, dando notas sobre o caso, alguns dos quais infelizmente
anônimos. Embora tome um precioso tempo da narrativa — evitei inseri-los no
capítulo VII — tal se faz necessário no momento.
***
Segundo o depoimento das
meninas Kátia, Liliane e Valquíria, a
estranha criatura por elas encontrada tinha uma pele amarronzada
brilhante, como se possuísse uma oleosidade, ou uma graxa e parecia possuir
veias muito saltadas, visíveis. A cabeça era grande e de forma ovalada. A
criatura tinha olhos vermelhos e grandes. Essas características foram também
descritas pela Dona Terezinha em um avistamento no dia 21 de abril, três meses
depois do avistamentos das meninas, e pelos informantes militares que
descreveram toda a operação de captura e transporte das criaturas bem como suas
características físicas.
Segundo
as testemunhas a criatura tinha também três protuberâncias na cabeça,
semelhantes a chifres. As meninas em seus depoimentos disseram não ter
percebido a presença de boca, nariz e orelhas.
O que aconteceu?
Até
o presente momento, temos a certeza absoluta da captura de dois seres,
confirmadas por militares que participaram dos fatos. O da manhã, vivo,
capturado pelo Corpo de Bombeiros, que ainda pode estar em cativeiro na
UNICAMP, e o da noite, capturado pela Polícia Militar, que morreu dentro do
Hospital Humanitas e também foi enviado para a UNICAMP. Os outros dois,
capturados à tarde, ainda estamos pesquisando, no sentido de encontrarmos
militares que participaram dos fatos e resolvam colaborar com os ufólogos,
relatando com detalhes a ocorrência, sendo que, provavelmente, um ser teria
levado três tiros de FAL e foi enviado morto para a UNICAMP e o ser vivo foi enviado
para os Estados Unidos ou também está sendo mantido em cativeiro na UNICAMP.
Esses
seres são classificados como do tipo Delta. São uma espécie de animais
treinados e usados pelos seres Alfa e Beta em missões mais simples, como coleta
de vegetais e minérios. Seria uma espécie de símios de origem extraterrestre,
bem mais inteligentes que os nossos. Os ufólogos os classificam como EBEs –
Entidades Biológicas Extraterrestres. Pelo que sabemos até a presente data, em
Varginha foram capturados três seres com pele viscosa de cor marrom e um com
todo o corpo coberto de pêlos pretos, inclusive na cabeça, sendo que os dois
tipos têm os olhos avermelhados, enormes e saltados para fora.
As contradições
Para
explicar a grande movimentação de militares na ESA, disseram que naquele dia
tinha ocorrido a recepção de novos recrutas, sendo que isso ocorreu na semana seguinte.
Para
explicar a grande movimentação de caminhões do Exército em Varginha, disseram
que os veículos foram enviados à empresa Automaco para balanceamento das rodas
e alinhamento de direção, sendo que os veículos foram vistos no sábado, no
domingo e na segunda-feira, sendo que no sábado e no domingo, a empresa
Automaco não tem expediente.
Para
explicar a grande movimentação de militares no Hospital Regional, disseram que
foi por causa da exumação do corpo de um jovem que se enforcou na cadeia.
Conforme auto de exumação, isso ocorreu em 30/01/96, e a movimentação ocorreu
nos dias 20, 21 e 22 de Janeiro. Ninguém conseguiu explicar porque o Exército
estava acompanhando essa “exumação”.
Para
explicar a grande movimentação de militares no Hospital Humanitas, disseram que
foi por causa da chegada de novos equipamentos a serem utilizados em
transplantes de coração. Ora, parece gozação. O que têm a ver o Exército, o
Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar com a chegada desses novos equipamentos
? Transplante do coração de um ser extraterrestre ? Só um tolo aceitaria tal
alegação.
As
várias declarações do Dr. Adilson Usier Leite à Imprensa, diretor do Hospital
Regional e um dos donos do Hospital Humanitas, também deixaram muito a desejar.
Ele insiste em dizer que o corpo da tal pessoa que foi enviada ao Regional para
exumação veio em um carro do Corpo de Bombeiros. Por outro lado, o capitão
Pedro Alvarenga, comandante da 13a Companhia do Corpo de Bombeiros
insiste em dizer que não foram acionados para transportar nenhum corpo. É, está
na hora do Dr. Adilson e o Sr. Alvarenga sentaram à mesma mesa e chegarem em
algum acordo, senão, o povo varginense vai acabar desconfiando de que quem
chegou no Hospital Regional, no caixão que estava em cima do carro de
bombeiros, era realmente de um ser extraterrestre, e não o corpo de um ser
humano comum.
Para
explicar a grande movimentação de militares na UNICAMP, disseram que eles estavam
acompanhando os estudos nas ossadas dos mortos no Araguaia, sendo que tais
ossadas já estavam lá há quatro anos.
Os
ufólogos brasileiros não têm a menor dúvida do que aconteceu em Varginha. Tudo que
aqui foi descrito, é apenas uma parte da história. Muitos outros fatos novos
irão ser descobertos. É apenas uma questão de tempo. E as pesquisas
continuam...
Anônimo
Matéria publicada pela revista Isto é sobre o caso do ET de Varginha – em 22/05/1996: extraordinário relato de um contato alienígena mobiliza ufólogos e envolve o Exército numa acusação de seqüestro.
Caiu do céu o mais recente filão econômico da cidade de Varginha, em Minas Gerais. Conhecido
exportador de café, o município ganhou súbita fama nacional graças a um produto
que nada tem a ver com terra. Nesta segunda-feira 20, seus habitantes comemoram
quatro meses do mais extraordinário relato de um contato imediato de terceiro
grau entre humanos e um ser extraterrestre já feito no País. Às 15h30 de um
ensolarado sábado, 20 de janeiro, três garotas desciam a trilha de um terreno
baldio do bairro Jardim Andere, a dois quilômetros do centro da cidade, quando
uma delas, Liliane Fátima Silva, 16 anos, olhou à sua esquerda e gritou. Uma
criatura estranha, com três protuberâncias na cabeça e pele viscosa estava a
cerca de sete metros de distância, próxima ao muro que divide o terreno com uma
oficina mecânica. “Estava agachada, com os braços compridos no meio das
pernas”, lembra a garota.”Vi primeiro os olhos, enormes e vermelhos.” Com medo,
Liliane virou de costas, enquanto sua irmã Valquíria, 14 anos, e a amiga Kátia
Andrade Xavier, 22 anos, continuaram a observar. “Não era bicho nem gente, era
uma coisa horrível”, afirma Kátia, que trabalha como empregada doméstica e tem
três filhos. “Ele parecia abobado, não fez nenhum barulho”, completa Valquíria.
A criatura, no entanto, esboçou um leve movimento com a cabeça e as três
garotas saíram correndo. Quarenta minutos depois, a mãe de Liliane e Valquíria,
Luiza Helena Silva, 38 anos, chegou ao terreno baldio para averiguar o que
tanto assustara suas filhas. Nada encontrou. A história ganhou proporções
porque, aparentemente sem nenhum tipo de comunicação com Liliane, Valquíria e
Kátia, o casal de trabalhadores rurais Oralina Augusta e Eurico Rodrigues afirmou
ter visto, na madrugada do dia 20, um Objeto Voador Não-Identificado. Eles
dormiam na casa da fazenda de 150 alqueires que fica à beira da estrada que
liga Varginha a Três Corações quando foram despertados pelo barulho dos
animais. “O gado corria de um lado para o outro no pasto diante da nossa
janela”, conta Eurico. “Olhamos para o céu e vimos um objeto cinza, com formato
similar ao de um submarino, do tamanho de um microônibus, sobrevoando o pasto
lentamente, a cinco metros do solo”, descreve Oralina. “Ele soltava uma fumaça
esbranquiçada, não tinha luzes nem fazia barulho.” Na cidade, a associação
entre a nave e o ET que apareceu 14 horas mais tarde foi imediata.
Advogado e professor de direito em uma das quatro faculdades da cidade,
Ubirajara Franco Rodrigues, 40 anos, começou a investigar o caso no dia
seguinte. Ufologista há mais de duas décadas, estima que apenas 1% das
descrições de avistamentos de naves espaciais é verídica. Para ele, o caso de
Varginha é a exceção que confirma a regra. “O que elas viram era, de fato, uma
criatura desconhecida na Terra”, afirmou Rodrigues. Ele concluiu, ainda, que
pelo menos duas entidades biológicas extraterrestres, o nome pelo qual os
ufólogos designam os ETs, estiveram na cidade no dia 20 de janeiro.
Desde então, uma legião de estudiosos do fenômeno aportou em Varginha. Mais
precisamente, 66 ufólogos já passaram pela cidade para realizar investigações.
“É um caso sem precedentes em nossos registros”, diz o engenheiro Claudeir
Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos
Aeroespaciais (Infa). O professor de psiquiatria da Harvard Medical School,
John Mack, que pesquisa encontros humanos com alienígenas, deslocou-se dos
Estados Unidos para fazer uma série de entrevistas com as mulheres. O fenômeno
acabou extrapolando o círculo de estudiosos do tema. Apenas o Fantástico, da
Rede Globo, dedicou-lhe três reportagens. Na pele do ator Reinaldo, o ET chegou
ao programa Casseta & Planeta na terça-feira 14. Ao assistir a si próprio
na Globo, o prefeito Aloysio Ribeiro da Silva (PPB) estava feliz da vida. “O ET
deu uma tremenda publicidade para Varginha”, vibrou. “Estou disposto a
patrocinar um encontro internacional de ufologia.” Antes de organizar um evento
deste porte, os ufólogos pretendem concluir uma investigação que já leva quatro
meses e aponta o Exército como responsável pela captura e ocultação de pelo
menos um dos dois ETs que teriam aparecido em Varginha. Em
documento assinado por dez entidades, eles apontam “uma verdadeira e complexa
operação envolvendo autoridades militares e profissionais civis, que resultou
na captura de criaturas não classificadas biologicamente, as quais foram
mantidas sob observação médica e posteriormente retiradas da cidade”. Além do
advogado Rodrigues, coordena a investigação o ufólogo Vitório Pacaccini, 31
anos, que mora em Belo
Horizonte e deslocou-se para a região nas últimas semanas.
Ambos juram que já ouviram 14 testemunhas das aparições do ET, entre elas
quatro militares. Mas se recusam a revelar qualquer nome ou prova, além da foto
de uma suposta entrevista com um dos militares que teriam participado da
operação. Os ufólogos sustentam que uma criatura teria sido capturada por
quatro homens do Corpo de Bombeiros de Varginha às 10h30 do dia 20 de janeiro,
nas imediações de um bosque, a apenas três quarteirões do terreno baldio no
qual as garotas teriam visto um alienígena cinco horas depois. Colocado numa
caixa de madeira coberta por um pano branco, o ET, afirmam os ufólogos, foi
imediatamente levado por um caminhão militar para a Escola de Sargento das
Armas (ESA), na cidade de Três Corações, a 25 quilômetros de
Varginha. No dia seguinte, ainda segundo os ufólogos, outra criatura teria sido
vista no Hospital Regional, no centro de Varginha – e aí sim seria o ET observado
de perto pelas três amigas. Numa operação que envolveria militares da ESA,
oficiais da PM e homens do Corpo de Bombeiros de Varginha, o ET, na versão de
Rodrigues e Pacaccini, teria sido transportado na madrugada da segunda-feira 22
para o Hospital Humanitas, a 1,5 quilômetro do centro, o mais equipado da
região. Por volta das 18 horas do mesmo dia, a criatura, já sem vida, teria
sido levada para a ESA, num comboio formado por três caminhões de transporte de
tropa. O mesmo comboio sairia da escola militar de Três Corações às 4 horas da
terça-feira 23 de janeiro em direção a Campinas, onde a carga teria sido
entregue a outra unidade militar, possivelmente a Escola Preparatória de
Cadetes.”Toda a operação foi comandada pelo tenente-coronel Olímpio Wanderley
Santos”, denuncia Rodrigues. “Temos o depoimento de um militar da
ESA,diretamente envolvido na operação, descrevendo as manobras”, assegura
Pacaccini. Na gravação, de 42 minutos, o militar conta inclusive que, ao deixar
o Hospital Humanitas, o corpo cheirava muito mal.
O Exército nega a história. O porta-voz do Comando Militar do Leste,
coronel Luiz Cesário da Silveira Leite, diz que nenhum militar da corporação
capturou ET algum. “Nossas preocupações são com os alienígenas nacionais e
estrangeiros, mas terrestres, e não com os extraterrestres que, espero,
“estejam em paz”, disse ele ao repórter Hélio Contreiras, de ISTOÉ. O coronel
classificou de “exageradas as informações que fazem relação entre o ET de
Varginha e o Exército”. “As afirmações dos ufologistas são tão absurdas que
chegam a ser ridículas”, emenda o general Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante
da ESA. Em seu gabinete, o general guarda uma pasta amarela intitulada Caso
Extraterrestre cuja capa reproduz o sistema solar. Dentro dela estão arquivadas
todas as publicações feitas sobre o assunto. Apontado como o comandante da
operação de captura e transporte do ET de Varginha para Campinas, o
tenente-coronel Olímpio Wanderley Santos conta que soube do envolvimento de seu
nome no caso através de telefonemas. “Na hora, achei que era trote.” Nas Forças Armadas, é a Aeronáutica quem mais
se preocupa com o fenômeno dos extraterrestres. O I Centro Integrado de Defesa
Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), localizado em Brasília, tem um
dossiê sobre ÓVNIS (Objetos Voadores Não-Identificados). “Existem até hoje
casos não explicados pela Aeronáutica em relação a ÓVNIS ”, afirmou o
brigadeiro Cherubim Rosa Filho, ministro do Superior Tribunal Militar. Um
desses casos mais famosos envolveu um ex-ministro, teve o aval do então
ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima, e está completando
dez anos sem que a investigação tenha chegado a nenhuma conclusão.
O problema do ET de Varginha é que um episódio mal-esclarecido e uma
coincidência de fatos só agora revelada aumentam ainda mais o mistério que move
o caso. A empregada doméstica Luiza Helena, mãe de duas das três garotas que
teriam visto o alienígena, denunciou que no começo deste mês quatro homens de
terno a procuraram em casa e propuseram pagar para que suas filhas negassem
publicamente o contato com o ET. “Eles falaram que pagariam em dinheiro vivo”,
diz Luiza Helena. “Ficaram de voltar, mas não temos como esconder a verdade.” O
quarteto não se identificou e a visita foi presenciada apenas pelas meninas. O
pai delas, o cobrador de ônibus João Lopes da Silva, estava trabalhando quando
a tentativa de suborno teria sido feita. A coincidência entre a versão dos
ufólogos e os fatos só se tornou pública na última semana. O administrador do
Hospital Regional, Adilson Usier Leite, revela que na semana seguinte ao
suposto aparecimento do ET, os dois hospitais da cidade foram palco de
movimentações excepcionais. No Regional, um carro do Corpo de Bombeiros levou
um corpo exumado para a realização de um raio x da coluna. Tratava-se de um
estudante de engenharia, filho de uma família tradicional da cidade, que fora
encontrado morto numa cela da Polícia Civil, pouco depois de ser preso, acusado
de roubo. No Hospital Humanitas, que Leite também administrava na ocasião, a
movimentação excepcional ficou por conta da chegada dos equipamentos para a
realização do primeiro transplante de coração na cidade. “Quando surgiu esta
história do ET achei melhor não comentar que policiais e bombeiros estiveram no
Regional”, afirma Leite. Nada disso, porém, convence os ufólogos. Eles insistem
que falam a verdade quando dizem que, em lugar de novos equipamentos ou um caso
especial, tanto os hospitais da cidade quanto o Corpo de Bombeiros agiam, sim,
em torno do cadáver de um ET. E vão adiante: na última terça-feira, Rodrigues e
Pacaccini retornaram a Varginha após uma viagem investigativa a Campinas.
“Sabemos com certeza absoluta que a criatura foi necropsiada por Badan
Palhares”, afirma Rodrigues, referindo-se ao conhecido legista da Universidade
de Campinas (Unicamp). “Nesta altura dos acontecimentos, existe até a
possibilidade de a criatura já ter sido levada do Brasil para os Estados
Unidos”, completa Pacaccini. “Não sei de onde tiraram essa imaginosa idéia”,
rebateu Palhares em Campinas. “Efetivamente desconheço qualquer tipo de
material alienígena que tenha vindo para o IML ou para a Unicamp.”.
Visões em série
Na esteira do ET de Varginha, relatos de avistamentos de naves
espaciais e seres extraterrestres começam a fazer parte do cotidiano da região.
Na noite da segunda-feira 13, pelo menos três pessoas asseguraram ter observado
a trajetória de um ÓVNI na Vila Militar de Três Corações, a apenas dois
quilômetros da Escola de Sargento das Armas (ESA). “Dava para ver nitidamente a
cúpula da nave, com uma base retangular, repleta de pontos de luz,
movimentando-se como se delimitasse um triângulo no céu”, conta Luís Fernando
Toledo, 30 anos, auxiliar de secretaria da Faculdade de Ciências, Letras e
Artes. Antes de desaparecer, o objeto teria passeado pelo céu por mais de uma
hora, tempo suficiente para que o fotógrafo Afrânio da Costa Brasil, 31 anos,
pegasse seu equipamento e registrasse a inusitada imagem. Ele, porém, preferiu
ficar olhando para o espaço. E nada fotografou. Dois dias depois, junto com a
filha, Emeline, 9 anos, teve que contentar-se em desenhar, a pedido de ISTOÉ, a
imagem que os três viram. “Não se esqueça das luzes laranja embaixo da parte
redonda”, disse-lhe a garota. “Eram como janelas de ônibus, uma depois da outra.”
A tranqüilidade de Emeline diante do suposto ÓVNI está a anos-luz de distância
das emoções que um contato imediato de terceiro grau provocou na dona de casa
Teresinha Galo Clepf, 67 anos. Na noite de 21 de abril, ela saiu para fumar na
varanda de um restaurante, no Jardim Zoológico de Varginha, onde estava sendo
comemorado um aniversário. Ela garante ter visto atrás da mureta da varanda a
cabeça de uma criatura idêntica à descrita três meses antes pelas garotas da
cidade. “Fiquei pregada no chão, não conseguia desviar meu olhar daqueles olhos
horríveis, esbugalhados e vermelhos”, conta. “É a coisa mais feia que já vi na
vida.”
Marketing garantido
Em toda a polêmica despertada pelo ET de Varginha há pelo menos uma
certeza. A cidade está fazendo publicidade sem custos. Na cidade, o ET é
assunto obrigatório. O comércio local não perdeu tempo e atrai a clientela com
figuras estilizadas do extraterrestre. Na Papelaria Macácri, no centro de
Varginha, um ET montado com isopor, papel de seda e recheado de jornal velho
decora a vitrine e chama a atenção dos consumidores. “Em 24 anos de comércio,
neste mesmo ponto, esta é a vitrine que mais atrai as pessoas”, comemora o
comerciante José Maria da Silva, dono da papelaria. Ele diz, porém, que suas
vendas não aumentaram. “As pessoas querem apenas olhar o ET.” O criador do boneco foi seu sobrinho, Alan
Tempesta, 17 anos, que não acredita em ETs. “Apenas aproveitei a idéia”, diz
Tempesta. “Agora só falta o prefeito de Los Angeles promover sua cidade a
partir do doce de leite e do queijo mineiro”. A cidade mineira de 120 mil
habitantes entrou no mapa ufológico do País. “Não fosse a aparição do
extraterrestre, ninguém estaria falando de Varginha”, avalia o publicitário
Agnello Pacheco.
FONTE – REVISTA ISTOÉ
***
O caso Varginha
Às
08:00hs da manhã do dia 20 de janeiro de 1996, o corpo de bombeiros de
Varginha, em Minas Gerais,
recebia uma chamada telefônica anônima. A pessoa pedia aos bombeiros que
investigassem uma estranha criatura vista em um parque no norte do distrito
Jardim Andere.
Duas
horas depois, os bombeiros chegavam ao Jardim Andere para fazerem a busca no
parque. Como esperavam encontrar um animal selvagem, levaram equipamentos
apropriados como jaulas e redes.
Segundo
os jornalistas, que entrevistaram várias testemunhas oculares, os bombeiros
subiram por uma encosta íngreme até as áreas mais arborizadas do parque, onde
ficaram estupefatos diante de uma extraordinária visão.
Diante
deles murmurava um bípede de um metro e meio de altura, com olhos vermelhos e
pele oleosa e marrom. As testemunhas disseram que a criatura possuía 3
protuberâncias na testa e uma pequena abertura em seu rosto parecida com uma boca. Disseram também que produzia um
estranho som semelhante ao zumbido de abelhas e parecia estar ferida.
Enquanto
os bombeiros capturavam a criatura, o chefe do grupo entrou em contato com a base militar, que fica
perto do local. O comandante da base, o general Sérgio Coelho Lima, rapidamente
enviou as suas tropas para isolarem o parque.
Um
homem, o operário de construção Henrique José, testemunhou todo o incidente do
terraço de uma casa vizinha ao parque e mais tarde, contou aos investigadores
que quatro bombeiros encurralaram a criatura com suas redes, aprisionaram-na em
uma caixa de madeira e depois a entregaram aos militares.
Se
o general Lima ficou satisfeito com a eficiência da operação, muito em breve
ficaria decepcionado. Mais tarde, no mesmo dia, o pesquisador Ubirajara Franco
Rodrigues, que desconhecia o primeiro incidente, foi informado de uma outra
estranha ocorrência. Uma série de chamadas telefônicas levaram Rodrigues a
entrevistar 3 meninas que diziam ter visto, por volta das 15:00 hs, uma
criatura encolhida perto de um prédio do Jardim Andere (perto do local onde a
primeira criatura foi capturada). As meninas disseram a Ubirajara que a
criatura tinha 3 protuberâncias na testa e que se parecia “com o demônio”.
Depois do encontro correram aterrorizadas para casa e contaram o que ocorrera à
mãe de duas delas. Enquanto isso, os bombeiros e militares tinham sido avisados
pelos assustados vizinhos sobre a segunda criatura, que como a outra, parecia
ferida. A rua ficou cheia de uma multidão que viu como os bombeiros e militares
capturaram o ser para logo desaparecerem.
Foi
apenas uma questão de tempo para que os caminhos de Ubirajara e Pacaccini, um
colega ufólogo, se cruzassem. Pacaccini estava investigando os acontecimentos
da manhã do dia 20 sem saber do segundo incidente. Os dois ufólogos logo
perceberam que estavam investigando dois casos distintos. Unindo forças,
lançaram uma campanha solicitando entrevistas com mais testemunhas.
Os
boatos sobre a captura de dois extraterrestres difundiram-se muito rápido e
foram notícia em diversas revistas do país. Os ufólogos do Brasil inteiro foram
à Varginha para averiguar com exatidão o que tinha acontecido. Foram feitas
reuniões, a imprensa local foi notificada e em seguida mais de sessenta
testemunhas puseram-se em contato com os pesquisadores.
Diferente
de grande maioria dos casos, várias dessas testemunhas eram militares. Muitas famílias de Varginha
têm parentes que servem nas forças armadas e muitos deles comentaram sobre o
incidente do dia 20 de janeiro nas suas casas. As testemunhas informaram aos
pesquisadores que o irmão ou marido de alguém tinha sido testemunha ou tinha
intervindo em um dos casos. Forneceram-lhes seus nomes e funções e os
pesquisadores não tardaram em encontra-los.
Não
havia dúvidas de que os incidentes ocorreram no dia 20 de janeiro no distrito
de Jardim Andere, porém, os pesquisadores desejavam saber o que tinha
acontecido depois disso. À medida que as testemunhas prestavam seus
depoimentos, um quadro mais claro ia surgindo.
Aparentemente,
a primeira criatura capturada no sábado de manhã, foi levada para a Escola de
Sargentos de Três Corações, ao sudeste de Varginha. Contudo, nenhuma das
autoridades que intervinham no caso revelaram o que ocorreu depois. Sabe-se
apenas que um policial que esteve presente no incidente do sábado de manhã tinha
sido ferido pela criatura.
Dois
dias depois, o policial morria no hospital local. Oficialmente a casa da sua
morte foi pneumonia, porém, quando a sua família pediu mais informações, as
autoridades médicas negaram-se a fornece-las.
Pacaccini
e Ubirajara averiguaram que a segunda criatura fora internada no hospital
regional de Varginha nas últimas horas da tarde.
No mesmo dia ou manhã seguinte, a criatura, que como a outra estava ferida, era transferida para o hospital Humanitas de Varginha, situado a 1,5 km de distância do outro hospital. O Humanitas, segundo fontes médicas, teria mais recursos para tratar de seus ferimentos.
No mesmo dia ou manhã seguinte, a criatura, que como a outra estava ferida, era transferida para o hospital Humanitas de Varginha, situado a 1,5 km de distância do outro hospital. O Humanitas, segundo fontes médicas, teria mais recursos para tratar de seus ferimentos.
Testemunhas
do hospital Humanitas disseram que a criatura não resistiu e que foi declarada
morta às 18:00 hs daquela tarde do dia 22 de janeiro. Logo em seguida, pelo
menos 15 médicos, vários oficiais militares, policiais e bombeiros entraram no
quarto onde jazia a criatura em um ataúde de madeira. Parece que um dos médicos
introduziu uma pinça cirúrgica dentro da diminuta boca da criatura e retirou
lentamente uma língua branca. Em seguida, ao abrir a pinça, a língua retraiu-se
de imediato.
As
mesmas testemunhas também disseram que a criatura tinha 3 dedos e, novamente, 3
protuberâncias na testa. Não possuía órgãos sexuais, mamilos e umbigo. Parecia
ter articulações nas pernas, que estavam feridas e enrugadas e sua pele
coincidia com as primeiras descrições: de cor marrom e textura oleosa.
Em
seguida, a tampa do ataúde foi aparafusada e dois militares com máscaras e
luvas envolveram-no em um invólucro de plástico negro antes de coloca-lo em um
caminhão estacionado do lado de fora. Bem cedo na manhã, um comboio de
caminhões militares saiu de Varginha. Acredita-se que a criatura tenha sido
transportada para a Unicamp, a 320
km ao sul de Varginha.
Durante
suas investigações, Pacaccini entrevistara um operador de radar do exército
aéreo brasileiro. Esse operador revelou que os EUA entraram em contato com o
exército brasileiro e avisaram que estavam seguindo o rastro de um objeto que
entrava no espaço aéreo brasileiro. O alerta chegou completo, com as
coordenadas de longitude e latitude, porém, os norte-americanos, não puderam
dizer se o objeto aterrissaria sem se acidentar.
Pacaccini
também averiguou que em Varginha haviam ocorrido várias aparições nos dias
anteriores aos incidentes. O fazendeiro Eurico de Freitas contou como ele e sua
esposa tinham saltado da cama ao ouvirem seus animais assustados. Olhando pela
janela de seu quarto viram um objeto de cor cinza que emitia “uma espécie de
fumaça” e movia-se silenciosamente sobre os campos a cerca de 5 m do chão. Depois,
desapareceu na escuridão.
Pacaccini
também considerou a possibilidade das duas criaturas cativas possuírem uma
origem humana, possivelmente, o resultado de uma experiência falha do exército.
Se não for o caso, poderiam realmente ser extraterrestres, cuja nave teria
acidentada nas proximidades do distrito de Jardim Andere, onde as criaturas
foram encontradas.
Porém,
se ocorreu um acidente, qual foi o local do impacto? Pacaccini acredita que
seus destroços estão sendo minados pelos militares e diz que há um
acobertamento oficial. Pacaccini tem recebido incontáveis ameaças de morte
através de telefonemas anônimos e soube que os militares que mencionarem o seu
nome estão arriscando-se a uma detenção de dez dias.
Fala-se
também que o general Coelho Lima emitiu uma ordem proibindo os militares de
falarem ou entrarem em contato com qualquer ufólogo brasileiro. Porém essas
medidas não impediram que os outros detalhes chegassem aos pesquisadores.
Na
última hora daquele dia, um avião de transporte C-5 ou C-17 da USAF foi visto
no aeroporto de São Paulo. Dois dias depois, no aeroporto de Campinas, perto da
Universidade, para onde se supõe que a segunda criatura tenha sido levada, o
mesmo avião apareceu. As duas criaturas, uma morta e outra viva, teriam sido
levadas para os EUA?
Existem
mais evidências do envolvimento dos EUA. Em abril de 1996, Luíza Silva, mãe de
duas das meninas que viram a segunda criatura, disse que 4 estrangeiros a
visitaram em sua casa. Os homens, ofereceram-lhe uma “grande soma” para que
convencesse suas filhas a mentirem sobre o episódio. Quando a Sra. Silva se
negou a faze-lo, prometeram voltar e foram embora em um Lincoln azul de
1994.
Novos
acontecimentos indicam que no acidente havia uma terceira criatura. Em
fevereiro de 1996, quando um motorista fazia uma curva na estrada, os faróis de
seu furgão iluminaram uma estranha criatura a 50 m de distância. Quando o
assustado motorista freou, viu que a criatura levantava a mão para proteger os
olhos, “de cor vermelho-sangue”, da luz para depois se perder no meio da noite.
O motorista disse também que o ser tinha 3 ou 4 dedos em cada mão.
Não
há dúvidas de que algo extraordinário aconteceu no dia 20 de janeiro de 1996,
porém muitas perguntas ainda continuam sem resposta. O que terá acontecido à
primeira criatura? Quais foram os resultados da autópsia realizada na segunda?
E se eram extraterrestres, como chegaram ao local e onde estaria a sua nave? A
investigação sobre o episódio de Varginha está longe de ser concluída e poderá
tornar-se um dos casos mais importantes da história da ufologia.
Anônimo
***
No
dia o céu estava com muito sol. Aí juntou uma grande tempestade. Houve muito
reboliço na cidade, policiais para todos os lados, carros do exército. Um
minuto de chuva e ventos extraordinariamente intensos, seguidos de dez minutos
de forte tempestade suportável. Eu moro no jardim Andere. Foi passado para o país que era tudo armação
e engano. Mas eu vi o objeto pousar. Fui ameaçado de ser preso. Eu consegui
tirar três fotos, mas nem cheguei a revelar os negativos. Minha casa foi
invadida por militares, e a câmera confiscada. O senhor devia desistir disto.
Vai passar por ridículo. Sem prova...
Testemunha que não quis se identificar
***
O ET de Varginha
Muito
se tem noticiado nos jornais e nas rádios, sobre estranhos acontecimentos
envolvendo a cidade de Varginha. Registram-se as aparições dos ETs, e muitos são os testemunhos
colhidos pelos veículos de comunicação, que dão conta dos fatos, que verídicos
ou inverídicos aguçam a nossa curiosidade. Estas aparições tornaram-se fato
corriqueiro e não há uma só pessoa em Varginha que não tenha tido uma visão do
ET ou de uma suposta esfera voadora. Mas para um investigador mais atento, há
muitas controvérsias nos depoimentos destas pessoas que dizem terem
testemunhado o fato. Por exemplo, uns afirmam ser o ET de uma estatura grande,
passando tranqüilamente dos dois metros, enquanto outras testemunhas afirmam
ser ele baixo, nunca passando dos cinqüenta centímetros. Há controvérsias
também, com relação à cor dos marcianos [sic], muitos afirmam serem eles
verdes, enquanto uma parte das testemunhas juram que eles são pálidos como os
mortos. Nas conversas de botequins, nas praças, pelas ruas, não se fala em
outro assunto,que não seja sobre os misteriosos visitantes. Seriam eles amigos?
O que querem em Varginha? A câmara dos vereadores está Disco-Tindo [sic] um
projeto de lei, para que seja criado em Varginha um discódromo; isso mesmo, um aeroporto
para disco voador, com todas a infra-estrutura que os marcianos [sic] precisam
para pousar em solo
Varginense [sic] com toda tranqüilidade, sem serem molestados
pelos curiosos. Os jovens da cidade até já montaram um fã clube do ET. O prefeito da cidade, já estuda em
colocar no quadro de funcionários públicos do município, ao menos um ufólogo,
pois precisa de alguém que saiba se comunicar a contento com os visitantes;
desta forma já expediu o edital de concurso público em caráter de urgência. Os
hotéis da cidade nunca estiveram tão
lotados, e pelas praças e ruas notam-se muitas barracas, e muitos
cabeludos esquisitos andam a procura do
famoso ET. O comércio nunca vendeu tanto; há até bonecos do ET, de todos os
tamanhos. Na verdade esta febre está trazendo muita prosperidade para o
município; enquanto houver pessoas que viram um homenzinho verde, ou
homenzarrão pálido, vai haver loucos para gastar dinheiro no intuito de também
ver o ET.
De um panfleto satírico da época. s /d. Anônimo
X – Disparates
Yo me iba entreteniendo por el camino
considerando en estas cosas, cuando pasado Torote, encontré con un hombre en un
macho de albarda, el cual iba hablando entre sí con muy gran prisa y tan
embebecido, que aun estando a su lado no me veía. Saludéle y saludóme;
preguntéle dónde iba, y después que nos pagamos las respuestas, comenzamos
luego a tratar de si bajaba el turco y de las fuerzas del Rey. Comenzó a decir
de qué manera se podía conquistar la Tierra Santa y cómo se ganaría Argel, en los
cuales discursos eché de ver que era loco repúblico y de gobierno.
Proseguimos
en la conversación (propia de pícaros), y venimos a dar de una cosa en otra, en
Flandes. Aquí fue ello, que empezó a suspirar y a decir:
-Más me cuestan a mí esos estados que al Rey, porque ha catorce años
que ando con un arbitrio que, si como es imposible no lo fuera, ya estuviera
todo sosegado.
-¿Qué cosa puede ser -le dije yo- que, conviniendo tanto, sea
imposible y no se pueda hacer?
-¿Quién le dice a V. Md. -dijo luego- que no se pueda hacer?. Hacerse
puede, que ser imposible es otra cosa. Y si no fuera por dar pesadumbre, le
contara a V. Md. lo que es; pero allá se verá, que agora lo pienso imprimir con
otros trabajillos, entre los cuales le doy al Rey modo de ganar a Ostende por
dos caminos.
Roguéle que me los dijese, y al punto, sacando de las faldriqueras un
gran papel, me mostró pintado el fuerte del enemigo y el nuestro, y dijo:
-Bien ve V. Md. que la dificultad de todo está en este pedazo de
mar..., pues yo doy orden de chuparle todo con esponjas y quitarle de allí.
Di yo con este desatino una gran risada, y él entonces mirándome a la
cara, me dijo:
-A nadie se lo he dicho que no haya hecho otro tanto, que a todos les
da gran contento.
-Ese tengo yo, por cierto -le dije-, de oír cosa tan nueva y tan bien
fundada, pero advierta V. Md. que ya que chupe el agua que hubiere entonces,
tornará luego la mar a echar más.
-No
hará la mar tal cosa que lo tengo yo eso muy apurado -me respondió-, y no hay
que tratar; fuera de que yo tengo pensada una invención para hundir la mar por
aquella parte doce estados.
Francisco
de Quevedo. Historia de la vida del Buscón.
A partir deste ponto, começamos a ficar bastante
preocupados, a Lindaura e eu. Os dias estavam passando, as férias acabando e
nada do Caetano e da Rosa retornarem. Estávamos já no finalzinho de abril. As
correspondências cessaram; liguei para o hotel onde eles haviam se hospedado.
Nenhuma notícia.
Entrei em pânico quando entramos em maio, mês que Caetano
deveria retornar ao trabalho, e obviamente não o fez. Lindaura por esse tempo,
vivia em prantos e maldizia os ÓVNIS.
Para meu espanto, o chefe da seção, não se irritou com a
ausência do meu amigo, demonstrou sim, bastante preocupação e sugeriu que eu
tirasse umas férias também, para procurar aquele doido, foi essa palavra que
ele usou ao se referir ao nosso ufólogo. E assim foi feito. Já de férias,
estava pronto para viajar para a cidade de Varginha, quando outra bomba caiu
sobre nossas cabeças.
Chegando em casa numa tarde, encontrei Lindaura aflita, as
crianças assustadas. O motivo: cartas recebidas, que me deixaram bastante
confuso, assim como o leitor com certeza ficará.
De Rosa para Lindaura datada de 28 de abril:
Chegamos hoje no Planalto Central. Estamos passando por
uma experiência fascinante. Gostaria que vocês estivessem conosco. Conhecemos
um grupo que estabelece contatos com extraterrenos há muitos anos, pessoas
estas, as quais o Caetano não conhecia, embora seja tão bem informado, quando o
assunto é ÓVNIS. Às 22:15 do dia 10 de maio, receberemos uns visitantes, que
nunca tocaram o solo da Terra; uma raça amiga dos seres contados anteriormente
por estas pessoas (as do grupo).
Pena que este grupo não permite fotos e filmes dos
contatos, e o local e o horário não são divulgados, salvo para os iniciados.
Você pode estar se perguntando, e a carta, não oferece riscos? Não, afinal quem
iria acreditar em extraterrestres? Agora se o fato fosse divulgado pela TV ou
por grandes jornais, talvez .
Mas uma prova, por pequena que seja, traremos quando
voltarmos. Um abraço, um beijo, para você e as crianças.
De Caetano para mim, datada de 29 de abril:
Velho amigo, presumo que deves estar preocupado comigo,
com relação aos compromissos na repartição, pois teria que estar assumindo meu
posto de trabalho no primeiro dia útil do mês
que está chegando; mas preste atenção, será talvez a única chance de
minha vida de contatar um extraterrestre. Escrevo estas linhas um dia após Rosa
ter escrito para Lindaura, então creio que você já sabe do que se trata.
Conheço-te o suficiente para supor que, já esteja pensando em fazer as malas e
vir em nossa procura. Não o faça, pois estamos espalhados por várias
localidades aqui do estado, incógnitos; pois o que vamos presenciar, limita-se
a pessoas de um círculo fechado, àquelas
que realmente acreditam na presença
destes seres entre nós, e acima de tudo, deseje um contato amigo, amistoso com
esses visitantes. No momento é impossível incluir Lindaura e você neste grupo;
está muito em cima da hora.
Todo o cuidado é pouco. Se o exército e o governo ficarem
sabendo, teremos outro episódio triste, como aquele ocorrido em Varginha, onde
nossos visitantes foram recebidos a tiro ou aprisionados.
Quando a gente voltar, eu conto com pormenores a história
deste grupo que conhecemos. Eles possuem telepatas capazes de penetrar em
outras dimensões do espaço e contatar seres de planetas distantes. Ainda não
compreendi o processo de comunicação que esses telepatas usam, pois o consenso
geral é que, mesmo que a comunicação seja entre mentes, faz-se necessário o uso
do signo lingüístico. Lembre-se que usamos os códigos de nossa língua para
pensar. O processo usado por esses telepatas e os extraterrenos ainda é para
mim, uma incógnita, a qual estou tentando decifrar. O fato é, que eles se
comunicam muito bem. Há vários textos transcritos, de mensagens enviadas de
planetas distantes. Disparates...creio que é isso o que você está pensando.
Bem, vou acrescentar mais um...
Não vá cair das pernas, mas a Rosa e eu fomos escolhidos
para viajar com esses visitantes. A Rosa vai primeiro. Nossa compleição física
requer uma nave especial para deslocamentos no hiper-espaço. Há riscos quando o
ser humano atravessa portais multidimensionais, algo que não representa
problemas para a maioria dos seres que nos visitam. Somos um fator biológico
emergente, pós-primitivo, longe de alcançar o patamar físico-intelectual de
nossos visitantes.
Por uma questão de segurança, vai apenas um ser humano por
vez; transporte este que requer um tremendo aparato técnico.
Mas porque a Rosa e eu? Não sei te responder. O fato é que
vamos, mesmo não tendo certeza se voltaremos — se o fizermos, já pensou quanto
conhecimento traremos para a humanidade? Talvez você ainda pergunte, qual o
motivo que leva uma raça tão avançada, a levar seres inferiores em seu mundo? A
resposta que tivemos do grupo, do qual já fazemos parte foi, pasme; os
visitantes das várias regiões do universo que aqui estiveram, veneram a raça
humana. Pelo fato de nós termos sido criados à imagem e semelhança da Suprema
Inteligência. Traduzindo na linguagem humana, à Imagem e Semelhança de Deus.
Mesmo os seres que se aparentam com o homem, não são perfeitamente semelhantes
a Ele como este. Incrível, não?
A chegada de um homem num planeta onde haja vida
inteligente, é uma festa. O homem é a grande representação do Grande Arquiteto
e Idealizador, ainda que se apresente como criatura humilde, quase que
primitiva em relação a estes seres.
Repito, não tente me procurar. Está tudo bem. Se perder o
emprego, não me preocupo. O maior sonho de minha vida está se concretizando.
Outra coisa. A sonolência andou voltando esses dias. Mas
já passou. Não sei porque este sono terrível, num momento em que estamos sob
forte excitação. Rosa e eu não contamos nada para o grupo, com medo de perder o
vôo, a viagem. Mas ainda bem que passou.
Forte abraço amigo. Assim que retornar, conto mais coisas
que levantei sobre o caso de Varginha. Até lá e não tente me encontrar.
Liguei para a prefeitura de Varginha, expliquei minha preocupação,
e eles gentilmente me passaram os números de telefones dos hotéis daquela
cidade, compatíveis com o bolso do meu amigo.
Na terceira ligação completada, o gerente visivelmente
irritado, reclamava que meu amigo havia saído, deixando saldo a pagar, bem como
roupas e objetos pessoais, e que não havia alertado a polícia pelo fato do
mesmo ter avisado que estava sujeito a viagens repentinas e que alguém entraria
em contato caso sua ausência fosse muito prolongada. Confiei, pelo fato de ser
uma pessoa respeitosa, tanto ele como sua senhora, mas vou dizer, já estou
transtornado e temeroso, pois se algo de ruim lhe suceder aqui na cidade ou
imediações, a reputação do hotel fica em perigo. Eu devia ter avisado a polícia...mas
confiei, seu amigo é muito persuasivo. Não se preocupe, ele está bem, não
entrei em detalhes, evidentemente, vamos fazer o seguinte, passa-me o saldo
devedor, eu envio pelo banco que o senhor indicar; em contrapartida, o senhor
me envia os pertences, eu sei que vai ficar caro, mas façamos, e assim foi
feito.
As férias pioraram a situação. Ficava angustiado, sem
saber o que fazer, o chefe da repartição ligando cedo e à tarde, e aí
notícias?, não?olha que ele perde o cargo. Uma nuvem escura pairou sobre nossa
casa, nossas vidas. Para piorar, vieram as coisas do Caetano e da Rosa. Para
nosso espanto, pois ajudamos ambos a fazerem as malas, todas as roupas,
inclusive as do corpo, que usavam quando saíram, retornaram para nossa casa,
bem como todos os objetos pessoais e documentos. Que maçada. E agora? Que faria
o leitor, se estivesse em meu lugar?que pensaria?
Cartas para o Caetano ou para a Rosa, impossível mandar,
pois colocavam no “remetente” das cartas enviadas, endereços hipotéticos.
Procura-los em Goiás; minhas posses não permitiam. Avisar a polícia: cogitei em
faze-lo em último caso. Foram dias de desespero, até que recebemos uma carta.
De Caetano para mim, datada de 11/05/1996:
Ontem recebemos os visitantes. Uma nave cilíndrica,
parecida proporcionalmente com enorme lápis, seguida por duas naves esféricas e
uma nave triangular. Um espetáculo fantástico, para deixar Spielberg
boquiaberto.
A primeira nave, a de formato cilíndrico, transportava
vários seres, como se fosse um enorme ônibus. A triangular, possue condições
adequadas para transportar apenas um ser humano
sob condições adversas, como velocidades ultraluz e passagens por
portais multidimensionais que permitem saltos de milhões de anos-luz.
O curioso, é que nenhuma destas naves possuem instrumentos
de tração. Não possuem motores, nem propulsores. As duas naves esféricas, não
tripuladas por organismos biológicos, são as que deslocam e direcionam as
outras naves. Um instrumento avançadíssimo que não requer comando. De antemão
elas foram programadas para se deslocarem até a Terra, pousarem, e no momento
certo, deslocarem de volta para seu mundo.
A defesa da frota, também é por conta delas. O mais
incrível, é o pacto de não agressão aos seres da Terra; se forem atacadas,
efetuarão uma manobra que os leve para outra dimensão. É praticamente
impossível, para o poder bélico terrestre, acerta-los. Não sei o porque de tanto temor do grupo que
conhecemos, de que estes seres possam vir a sofrer, o mesmo destino dos visitantes de Varginha.
Eu duvido muito...mas, o homem é o homem...(voltam-me as recordações...como se
deixaram acertar?... serem capturados?).
O que ainda não consegui descobrir, é como funciona o
sistema de propulsão das naves esféricas, que em relação às outras, são
pequenas, e praticamente as carregam, além de as defender.
Que saber como eram esses seres, Sérgio? Você nem imagina
a emoção que a gente sente diante desses visitantes. É algo simplesmente
extraordinário, indescritível. A humanidade toda deveria ter este privilégio —,
se não fossem os líderes mundiais como são; sabe, a Terra se isola numa torre de marfim. Como
pode a raça, cuja proximidade e semelhança com o Criador não encontra símile em
todo o Universo ser tão cruel, tão dada a cobiças infundadas, à inimizade
movida pela ganância; enfim, sobreviver e ser feliz, não é o principal objetivo
do homem?, que mais ele precisa, além de um espírito que irradie felicidade?
Essas criaturas possuem uma áurea de paz, diante delas é
impossível não sentir emanar uma essência diferente. Como podem, eles, tão
avançados tecnologicamente, que nos dão uma lição de filosofia e civilização,
serem atraídos por uma raça tão ignóbil, um animal pensante que usa seu
potencial para promover a destruição, que não preserva seu próprio planeta —
como podem eles venerar o homem?, se a proximidade e semelhança com o Criador
diluem-se nos atos insanos que praticamos. E o ser humano, se levar à balança a
razão e a loucura, esta última sem dúvida, há de pesar muito mais. Como pesa a
insanidade humana.
A loucura da qual falo, não é a loucura dos loucos. É a
loucura daqueles que dominam, daqueles que matam, que jogam bombas, que
constroem armas nucleares, que depredam nossas florestas e rios, que matam
crianças de fome, que juntam para si milhões e milhões, que são ávidos pelo
ouro e pela prata, que se esquecem que são meros fatores biológicos, que o
material que compõe seus corpos, é o mesmo que compõe o corpo do cachorro, da
vaca, do leão, da cabra, dos peixes; e todos quando morrem são consumidos pelos
mesmo vermes; ainda que haja homens orgulhosos, que por motivos não religiosos,
mas por puro orgulho, mandam incinerar seus corpos — esquecendo-se, que mesmo
assim, as moléculas aparentemente consumidas pelo fogo, voltarão ao pó, e darão
origem a outras vidas, talvez à vida dos vermes consumidores de carnes
putrefatas. A mesma água que está presente no corpo de um banqueiro, está
presente no corpo daquele que teve a infelicidade de cometer um delito e está
apodrecendo atrás das grades, a mesma água, as mesmas dádivas da vida; o mesmo
sangue que corre nas veias de poderosos presidentes de poderosas nações, correm
nas veias das crianças que morrem de fome pelo mundo, ou daquelas que
experimentaram o gosto acre da pólvora sua, homem poderoso, poderoso pateta!,
tão mortais quanto aos homens que tremeram embaixo de seus aviões, cuja vida
vale menos que um barril de petróleo — imagem e semelhança do Criador, o homem?
— este sim é um grande disparate...Poderia não sê-lo... mas...
Esses homens se esquecem que não são eternos, ao menos
aqui, neste planeta, que serão devorados pelas miíases da mesma forma que as
crianças que matam, serão consumidos pelo fogo da mesma maneira que suas
vítimas; mesmo que mandem congelar seus corpos, serão inexoravelmente
corrompidos. Tudo se corrompe nesta Terra, as montanhas, as gigantescas
construções de concreto e aço, todos sofrerão a ação do tempo; este o juiz dos juízes.
A loucura dos loucos, esta sim, é maravilhosa. O louco
sonha, sente medo, voa, mas é feliz. Porque se faz algum mal, o faz para si
mesmo. Andar atrás de ÓVNIS é loucura? Então sou prazerosamente louco — um
louco que teve seu grande sonho realizado.
Bem — desculpe a ladainha — sabe que estou com os ânimos
exaltados; também não é para menos.
As naves apareceram e desceram rigorosamente no horário
marcado. Desceram dois seres, cujo aspecto assemelha-se ao nosso. Mas eram
extremamente altos, uns dois metros e noventa, mais ou menos. Estávamos em umas
trinta pessoas, pertencentes ao grupo, no momento. Os emissários não usavam
trajes com câmara de gazes, respiravam normalmente nossa atmosfera. Não consigo
descrever em detalhes mínimos o que houve; chamou-me a atenção o fato que a
gente entendia tudo o que eles diziam. Saudaram-nos, retribuímos com
boas-vindas. Veja — não utilizamos signos lingüísticos — é um processo de comunicação
que não compreendi até agora, creio que já falei sobre isso para você.
Eles vieram de um sistema, onde coexistem pacificamente,
várias espécies inteligentes. É uma confederação de quarenta e três planetas de
um mesmo sistema. Há dados curiosos. Um dos planetas serve de habitat para oito espécies inteligentes distintas —
sem que haja qualquer tipo de agressão entre elas. Pequenos litígios que
porventura surjam, e que são muito raros, são julgados e resolvidos pelos
grandes mestres da confederação.
Os primeiros seres que recebemos, eram uma espécie de
intérpretes. Em seguida saíram da nave, seres de toda altura, alguns minúsculos
outros enormes, uns com aparelhos de gazes, pois não respiram nossa mistura,
uns protegidos em redomas com temperaturas especiais. Havia dois seres que
habitavam um planeta que ficava muito próximo à estrela do sistema, que se
encontravam em uma redoma com temperatura e pressão elevadíssimas; nós tínhamos
que vestir trajes protetores, para se aproximar deles.
Fiz um extenso levantamento das raças que conhecemos; e
ainda ganhamos uma imensa obra cujos volumes contém mapas e demais informações
de interesse científico, do sistema do qual eles vieram. Quando este fantástico
relatório estiver pronto, remeto a você, junto com o material descrito acima;
mas gostaria que assumisse a promessa de que, por enquanto, o fechará a sete
chaves. A humanidade ainda não está preparada para tomar conhecimento de coisas
tão incríveis, e tão reais; que deverão ser reveladas em momento oportuno, para
pessoas certas. Nós somos (nosso grupo, do qual você e Lindaura, um dia farão parte) uma espécie
de apóstolos de uma nova era que está se aproximando para a humanidade. Uma era
de uma nova civilização e novas metas. Envergonha-me ver seres tão distintos
vivendo tão fraternalmente. Enquanto que nós, semelhantes que somos, nos
digladiamos por tão pequenas diferenças.
Rosa mandou um forte abraço para você, para Lindaura e
para as crianças. A esta hora ela já chegou ao distante sistema, cujo nome é
difícil, senão impossível de ser articulado ou escrito em nossas línguas. Ela
foi colocada em estado de animação suspensa, numa caixa hexagonal de cor
violácea clara, toda ornamentada, que fora introduzida na nave triangular,
acompanhada por vários técnicos; como já afirmei, o deslocamento de seres
humanos a longas distâncias requer um grande aparato.
Creio que não nos encontraremos muito breve — talvez não
volte —; não se preocupe com meu cargo.
Na próxima semana embarco, neste intervalo mandarei para
você os últimos dossiês. (Lembra-se que te disse que essa nave pode levar um
ser da Terra por vez?).
Forte abraço — foi mui prazerosa nossa amizade. Se
sentirem saudades, olhem para as estrelas. Rosa e eu estaremos em alguma delas.
Diante destas palavras, não tive mais dúvidas sobre o
juízo de meu amigo. Devia tê-lo impedido de embarcar nesta loucura. Agora não
adianta reclamar — o mal já está feito. Pode ser que seja apenas uma
brincadeira de meu amigo; não, Caetano não cultiva esse gênero de humor.
Lindaura está aflita; as crianças, curiosamente não, estão sim, é contentes e
até ouvi-os cochichando, que a tia devia tê-los levado junto, que gostariam de
ver uma nave destas de perto. Passei uns dias cabisbaixo e pensativo, até que
começaram a chegar as cartas.
XI – Uma Estranha Realidade
— Da qual não ouso (des) acreditar
No lo osé replicar de miedo que me dijese que tenía arbitrio para
tirar el cielo acá abajo. No vi en mi vida tan gran orate. Decíame que Joanelo
no había hecho nada, que él trazaba agora de subir toda el agua de Tajo a
Toledo de otra manera más fácil. Y sabido lo que era, dijo que por ensalmo:
¡Mire V. Md. quién tal oyó en el mundo! Y al cabo, me dijo:
-Y no lo pienso poner en ejecución si primero el Rey no me da una
encomienda, que la puedo tener muy bien, y tengo una ejecutoria muy honrada.
Con estas pláticas y desconciertos llegamos a Torrejón, donde se
quedó, que venía a ver una parienta suya.
Yo pasé adelante pereciéndome de risa de los arbitrios en que ocupaba
el tiempo, cuando, Dios y enhorabuena, desde lejos vi una mula suelta y un
hombre junto a ella a pie, que mirando a un libro hacía unas rayas que medía
con un compás. Daba vueltas y saltos a un lado y a otro, y de rato en rato,
poniendo un dedo encima de otro, hacía con ellos mil cosas saltando. Yo
confieso que entendí por gran rato (que me paré desde lejos a verlo) que era
encantador, y casi no me determinaba a pasar. Al fin me determiné, y llegando
cerca, sintióme, cerró el libro, y al poner el pie en el estribo, resbalósele y
cayó. Levantéle, y díjome:
-No tomé bien el medio de proporción para hacer la circunferencia al
subir.
Yo no le entendí lo que me dijo y luego temí lo que era, porque más
desatinado hombre no ha nacido de las mujeres. Preguntóme si iba a Madrid por
línea recta o si iba por camino circunflejo. Yo, aunque no lo entendí, le dije
que circunflejo.
Francisco
de Quevedo. Historia de la vida del Buscón.
Sobre o que aconteceu em seguida, tenho até dificuldade
para relatar ao leitor. Começaram a chegar cartas de Caetano, das quais vou
fazer uma síntese. Numa ele diz que as naves voltariam amanhã. Levando-se em
conta a data deste amanhã, Caetano já partiu, com a mesma parafernália que
Rosa.
Noutra relatou-me que fora convidado para, juntamente com
Rosa e outras pessoas da Terra que foram levadas para aquele sistema, povoar um
pequeno planeta artificial com as mesmas condições da Terra; e que possui uma
vasta biblioteca eletrônica contendo inúmeras informações e obras produzidas
pelo engenho humano, e que teriam sido copiadas pacientemente ao longo dos anos
por esses seres. Literatura, pintura, cinema, quadrinhos, música, arquitetura,
religião, política, filosofia; enfim, tudo o que lembrasse o planeta natal.
Ele afirma que topou, e que um dia viria buscar a Lindaura,
as crianças e eu.
Noutra carta afirma que há pistas deixadas pelos
visitantes do espaço, de vários pontos do Universo, em várias partes do mundo.
Em seguida enumera uma lista aqui do Brasil, da qual passo um pequeno trecho ao
leitor, pois ele mesmo afirma que faria questão que a mesma fosse
divulgada; uma pequena semente contra o
ceticismo, caso alguma fosse encontrada. As pistas passadas pelos intérpretes
extraterrenos e decodificadas pelos telepatas do grupo atingem um número
enorme. Caetano, entre a enorme lista que mandou para ser arquivada, selecionou
umas pistas especialmente para mim, da mesma forma que o fez para seus amigos
ufólogos, de vários recantos do país. Mas vamos às que ele passou para mim:
1 – Em uma pequena Igreja, perto
da linha férrea da antiga Fepasa, mais ou menos entre Ourinhos e Paraguaçu
Paulista- SP (as mensagens foram captadas pelo Caetano, de forma um pouco
truncada, como se fosse um sonho, um devaneio), há um porão, cuja porta de
acesso fica ao lado da sacristia, no qual, provas materiais da presença de uma
raça oriunda de um dos satélites de Saturno, estão escondidas desde os anos 60.
O padre responsável pela Igreja na
época travou contato com esses seres, e escondeu no porão vários objetos e
livros que recebera dos visitantes, esperando o momento oportuno para
divulga-los. Sabe-se que os padres, são submetidos a rigorosos procedimentos
quanto ao respeito à hierarquia estabelecida pela Santa Sé. Qualquer atitude
insensata, pode custar-lhes as ordens; e
quando apenados levemente, são transferidos para regiões distantes.
Consta que tais objetos foram
confinados sob uma laje solta no solo do porão, num compartimento secreto
previamente construído. O padre faleceu de um mal súbito, levando para o túmulo
seu segredo. Uma pequena parte das provas ainda se conservam intactas, a espera
de alguém que se disponha a procura-las.
2 – Uma sociedade iniciática, dos
arredores de Lins – SP, possue provas materiais de contatos com seres vindos de
Andrômeda, a distante e misteriosa galáxia. Segredos que passam de mestres a
neófitos. A única pista plausível quanto à localização, é que o templo foi
construído seguindo padrões arquitetônicos orientais híbridos.
3 – Nos arredores de Alexandria,
distrito da cidade de Cândido Mota - SP, há destroços soterrados de naves que
teriam caído na região, há centenas de anos. Geólogos estiveram estudando o
local, marcado por pequenas crateras; estabelecendo a hipótese que as mesmas
foram provocadas por meteoritos, o que não corresponde à verdade.
4 – Numa reserva florestal, nas
imediações da cidade de Presidente Prudente-SP, num local de difícil acesso,
florescem e frutificam arbustos, cujos frutos são adequados à alimentação
humana, com paladar e aroma maravilhosos.
Ainda não foram encontrados pelo
homem; este presente que nos fora preparado por visitantes que por aqui
aportaram de passagem, para efetuar reparos em seus equipamentos. Enquanto os
engenheiros trabalhavam em sua tarefa específica, botânicos prepararam esta
planta, geneticamente manipulada, e a deixaram, na certeza que um dia seria
encontrada. Suas sementes não são disseminadas por animais, o que é uma pena.
Tudo foi planejado e calculado; o homem teria que receber pessoalmente seu
presente.
5 – Nas serras de Echaporã-SP,
foram elaborados vários criptogramas com gigantescas pedras. Admira-se que
nenhum piloto ainda não os tenham notado. É uma mensagem muito simples, algo
como, levando-se em conta, como as pedras foram dispostas, que “alguém esteve
aqui”.
Dá
o que pensar estas pistas. Se o leitor quiser arriscar-se...mas creio que é
tempo perdido. Muitos vilarejos próximos à via férrea, estão desaparecendo; as
antigas estações, foram transformadas em prédios-fantasmas, pequenas Igrejas
foram demolidas ou pilhadas devido ao abandono. Sociedades fechadas são
impenetráveis, o que faz da segunda pista, umas das mais difíceis de ser
seguida. Quanto às três últimas, são dispendiosos os meios para alcança-las.
Mas,
confesso ao leitor, vou tentar seguir as duas primeiras, que são mais
acessíveis. Se não conseguir encontrar nada paciência, aliás, quanto a provas
materiais da exo-existência, estou em posição mais cômoda que você, amigo que
pacientemente acompanhou esta narrativa.
Continuando
com o relato, qual não foi minha surpresa, quando mal havia terminado de
analisar as cartas de meu amigo. Acabava
de ser entregue pelo correio, umas caixas; encomendas registradas com AR (aviso
de recebimento — para quem os carteiros iriam entrega-los? e onde?em
Andrômeda?).
Muito
bem fechadas continham volumes e volumes de anotações. Mas o que chamou mais a
atenção (com os manuscritos do Caetano já estávamos acostumados) foram uns
volumes feitos de um material estranho, cheio de gravuras holográficas de
plantas, animais, seres indefiníveis e humanóides, fotos de um enorme sistema
estelar, seria algo como o que comumente chamamos de enciclopédia, mas de um
conteúdo completamente estranho, inusitado, para nós...um objeto de valor
incomparável, em uma língua desconhecida...para este que vos fala. Guardo esta
raridade comigo, trancada a sete ou oito chaves, pois é a prova mais
contundente, dentre tudo o que recebi; e
estudo uma maneira de apresentar este material ao mundo, mas tenho medo que
sejam apreendidos, ou destruídos.
Seria
para o leitor uma sexta pista; esta maravilha —, da qual infelizmente por
enquanto, não posso dar mais detalhes.
Fui
exposto a uma estranha realidade, da qual não ouso (des) acreditar. Tudo parece
um sonho, um devaneio, uma loucura.
Epílogo
A
vida segue seu curso. Caetano e Rosa foram dados como desaparecidos. Lindaura e
as crianças estão conformadas. Sabem que ocorreu um caso inusitado com nosso
amigo e sua Femme Fatale. As provas e os relatos enviados pelo Caetano
lavaram-nos a alma. Mas até hoje me pergunto. Estão vivos?, estão mortos?
Caetano
deixou uma declaração junto ao nosso advogado, nomeando-me curador universal de
todos os seus pertences, se algo acontecesse com ele, fosse morte, invalidez ou
desaparecimento, por tempo indeterminado. A justiça acatou — e hoje ainda cuido
do acervo do Caetano — e abro as portas do mesmo para pesquisadores de todas as
partes. Quanto aos últimos materiais recebidos, estão muito bem guardados. No
momento que achar conveniente, os mostrarei ao mundo, digo, primeiramente aos
ufólogos, como uma homenagem póstuma (póstuma?) ao meu amigo.
Sinto
saudades do meu amigo, recordo nosso tempo de infância e mocidade, as
circunstâncias que vieram selar a nossa amizade...Há momentos em que fico
triste — há outros em que não deixo de sorrir relembrando momentos marcantes de
nossas vidas.
O
que me consola, é que, sem dúvida ele está feliz. Conquistou o seu ideal, teve
coragem de brigar bravamente por ele, coisa que poucas pessoas têm coragem de
fazer.
Ele nunca se envergonhou de ser chamado de louco. A
loucura, Sérgio, é acima de tudo, mais um dom que um defeito, dizia. A Fé é uma
loucura, todos os “ismos” são loucura. A vida é uma loucura. Acredito na vida
extraterrena; este crédito é uma loucura. Nunca vi, pesquiso relatos alheios,
mas um dia hei de ver uma nave e um ser das estrelas, ou mesmo de nosso
sistema. Se um dia morrer sem fazê-lo, a humanidade um dia o fará, dizia.
Bem, não quero cansar mais o leitor. Espero que este
relato, que nasceu a partir do momento em que se se divulgou o caso ocorrido em
Varginha, tenha sido útil, ou, ao menos divertido.
Não sou um homem de letras, apenas um modesto funcionário
público.
Quanto ao acreditar ou não, fica a seu critério. Eu, por
minha vez, relatei os fatos fielmente, tais como se sucederam, tais quais como
foram conhecidos, através das missivas transcritas.
Se um dia tiver coragem, talvez quando me aposentar, o que
vai demorar um pouco, mostro minha cara, e as contundentes provas que possuo.
Talvez até lá, você leitor, tenha tido uma experiência
semelhante àquela que viveram as meninas de Varginha, ou similar ao do meu
querido amigo, e de sua (nossa querida) Rosa.
Calo minha pena por aqui. Um dia talvez nos conheçamos
pessoalmente...
Uma Testemunha Chave
Espere. Não seja apressado leitor. A história ainda não
acabou. Páginas atrás afirmei que a
narrativa era verídica, e chegou afinal
o momento de prova-lo, e de justificar o que me levou a financiar a edição
deste livro. Uma espécie de mea culpa, pois acompanhei de certa forma,
tudo o que aconteceu, tomando uma atitude quase passiva. Vamos transferir o
relato para uma testemunha chave.
O Editor
Eu realmente fui o culpado por tudo o que aconteceu. O
verdadeiro obcecado por relatos de aparecimentos de ÓVNIS, por livros, revistas
e artigos que tratam do assunto sou eu. Não posso me identificar, e escrevo
estas linhas dando meu depoimento por insistência do Dr. G., o qual se
apresenta como editor deste livro.
Trabalho como enfermeiro neste hospital psiquiátrico há
anos, e sempre trago comigo os materiais de leitura, com os quais venço as
horas de ócio do período noturno. Acompanhei o caso de Varginha através da
imprensa, chegando a elaborar um álbum de recortes de jornais e revistas, e uma
coletânea de correspondências, com os mais variados setores da sociedade
daquele município, no período em que o caso esteve em evidência (muitas das
correspondências, não foram enviadas diretamente a este humilde enfermeiro, mas
tratam-se de respostas recebidas por respeitáveis ufólogos, que cederam cópias
das mesmas para meus arquivos). Fazem também parte de meu acervo, pequenas
monografias sobre o assunto, enviadas por estudiosos de nosso país, e xerox de
algumas escritas em francês ou espanhol, algumas fitas VHS e muitos gibis e
livros de ficção científica, tendo entre estes últimos, os da série Perry Rodhan como meus prediletos.
Possuo uma estante na sala dos enfermeiros, onde guardo
meus livros e papéis afins; e ninguém havia tocado em minha pequena biblioteca
até então — quem haveria de se interessar por ÓVNIS? Um detalhe: não sou ufólogo, leio sobre o
assunto porque este me fascina.
Por esse tempo, contávamos com quatro pacientes que viviam
em regime de internato permanente. Nosso hospital veste a camisa da luta
anti-manicomial, mas esses pacientes foram adotados pela instituição pelo fato
de não possuírem família; eram relativamente calmos, mas eram também perigosos,
pois os quatro sofriam de profunda obsessão. Aqui, sob nossos cuidados, não
ofereciam riscos, e trabalhavam nas dependências do hospital, eram nossos
amigos. (Angariavam também a amizade dos visitantes; principalmente aos
domingos, quando familiares e internos almoçavam juntos).
Sérgio, o que escrevera o romance, sofreu um estranho
trauma na juventude (evitarei usar termos técnicos da psiquiatria). Perdeu a
namorada quando ambos tinham dezessete anos; ela fora vítima de afogamento.
Quantas vezes se sepultassem a moça, ele ia ao cemitério e exumava o cadáver.
Os pais da menina lacraram o túmulo com grossas
placas de concreto. Aí ele começou a desenterrar ossadas de outras
jovens, roubando os restos mortais, dos quais dizia serem de sua Amanda. Não é
preciso externar mais este relato. Recebeu altas várias vezes e acabou
reincidindo, até que da mesma forma que outros que chegam a esta situação,
perdeu os pais, e acabou sendo abandonado pelos outros familiares.
Caetano — este uma incógnita para a psiquiatria — era
capaz de passar horas e horas observando uma mosca; depois a desenhava nos
mínimos detalhes (era muito solícito em ajudar na cozinha, quando a tarefa era
eviscerar peixes; possuímos um lago com carpas e tilápias, item do setor de
laborterapia). Se sua atenção se voltava para um determinado objeto, queria
desmonta-lo, para estuda-lo nos mínimos detalhes. Tentara dissecar umas pessoas
em sua cidade. Como era de compleição frágil; esta não permitiu que cometesse
crimes mais graves que algumas lesões. Uma vez tentou abrir a própria barriga
com uma tesoura de jardim.
O Caetano e o Sérgio deram muito trabalho no começo. Mas
ambos foram acompanhados rigorosamente durante esses anos, e o Dr. G. conseguiu
com que ambos se voltassem, canalizassem suas obsessões, para a literatura e a
poesia.
Um dia começaram a pegar meus livros e meus álbuns de
recortes. Eles estavam passando por um estágio no qual podiam circular
livremente pelo hospital. Pediram para que eu lhes emprestasse meus livros.
Consultei o Dr. G., e ele disse-me que não havia problema.
Passavam horas e horas lendo. Faziam suas obrigações
correndo. O Dr. G. observava, curioso. Um dia pediram papéis. Entreguei-lhes e
fiquei observando — começaram a escrever um livro. Eram muito inteligentes,
estes pacientes. Não dava para entender como podiam ser tão doentes. Nossa
instituição era visitada por pesquisadores da área, de várias partes do Brasil
e do mundo, dada a notoriedade destes. Caetano, inclusive, chamava a atenção de
lingüistas, por seu excepcional talento autodidata para aprender línguas
estrangeiras.
O Dr. G. instruiu-me no sentido de não intervir e nem
pedir para ler os escritos, salvo se assim eles o quisessem.
Quanto a Lindaura e Rosa, elas eram da ala feminina, e não
conheço bem o caso delas. Mas a situação é a mesma, circulam pelo hospital e
foram abandonadas pela família.
Sei que o sonho de Lindaura era o de ter filhos. Possuía
em seu quarto um monte de bonecas, que os funcionários traziam para ela, e que
ela tratava por minhas crianças. Na mente de Sérgio, a inofensiva
Lindaura era sua esposa, a reencarnação de Amanda.
Rosa era a professora. Vivia de guarda-pó branco e giz nas
mãos. Era muito bonita — a grande paixão de Caetano.
Destas mentes saiu este relato. Homens que demonstram
estar no limiar da razão, mas o pouco que demonstram desta é um muito, o que
nos dá o que pensar.
Um personagem que
permanece (quase) incógnito na narrativa, mas do qual quero fazer uma pequena
referência, é o nosso velho jardineiro, seu Zé, que há anos está na
instituição. Respeitado como uma espécie de chefe pelos demais pacientes não
necessita de medicamentos controlados, nem de vigilância acirrada. Está praticamente
curado; fica conosco por não ter aonde ir, assunto que já abordei acima. O
grande problema, é que ele consegue fazer vinho de todo tipo de frutas que
chegue às suas mãos, inclusive de mel silvestre e de flores (possuímos uma
enorme área natural e de cultivo) e uma cerveja ordinária com cereais, e
fornece, burlando nossa vigilância, a pacientes que podem circular livremente.
O problema maior, é que nós, os funcionários, gostamos muito deste simpático
velhinho, e jamais queremos prejudica-lo. Essas ocorrências, sempre acobertamos, com medo que o Dr. G. o
ponha para fora do hospital. Resolvemos tudo entre nós, embora temerosos de que
aconteça algo grave. O álcool potencializa a ação de determinados medicamentos.
Ele está desaparecido por estes dias; pode ser que volte ou não, e essas
revelações, face aos fatos ocorridos com certeza não serão acatadas com rigor
pelo Dr. G.; que está com uma dívida moral consigo mesmo e com a nossa
instituição.
Lembram-se quando Caetano fala da sonolência? Ele e Rosa, eram
os mais agitados; às vezes, tínhamos que medica-los, sob orientação do Dr. G.,
quando este concluía que um determinado excesso de agitação, poderia
desencadear uma crise.
O hotel... a amizade colorida entre Caetano e Rosa...
algumas vezes conseguiram burlar nossa vigilância e dormiram junto — fato que o
Dr. G. ficou sabendo algum tempo depois. (O Sérgio e a Lindaura também o
fizeram).
Quanto ao “Diário”,
não sei por que cargas d’água, insistiam em escrever nos rolos de papel
higiênico e em maços de guardanapos de papel, que acabavam sendo usados e indo
para o lixo; embora eu tenha comprado, com dinheiro do meu próprio bolso, um
exemplar em branco de um bonito diário para o Caetano. A sabotagem do diário da
qual fala o Sérgio...
Rosa faleceu de um mal súbito numa manhã — a viagem
espacial. Não desconfiamos, falhamos. Dentro de uma semana Caetano se suicidou,
enforcando-se com a própria camisa. Seguiu Rosa na viagem.
Sérgio pareceu não se importar com o fato. Terminou de
escrever o livro e entregou-me; após lê-lo e entrar em profunda depressão,
passei-o ao Dr. G. Deste momento em diante, tanto ele, quanto Lindaura,
entraram num mutismo assustador. As únicas palavras ditas foram: Caetano vem
nos buscar.
Coincidência do destino, ou a arte imitando a vida, ambos
morreram no ano passado...tendo se estampado em seus rostos um sorriso irônico,
de extrema satisfação.
Perdoem-me os colegas de profissão, se estou ferindo
determinados princípios éticos. Mas não deixaria de justificar o ocorrido.
O nome da instituição, bem como os dos pacientes foram
omitidos — o Dr. G. influenciou-os, no momento em que escreviam — Sérgio,
Lindaura, Caetano e Rosa são nomes fictícios.
O Dr. G., em sua segunda intervenção na narrativa (a
primeira foi nas referências bibliográficas), aguça a curiosidade do leitor, ao
afirmar que os acontecimentos são verídicos. Em parte, como pode enfim notar o
leitor, o são. Tudo o que aqui escrevi, realmente aconteceu, e até hoje carrego
comigo um sentimento de culpa. Julgue o leitor. Sinto-me culpado, sim, pela
morte dessas pessoas. Acho que a obsessão, da qual cada um era portador,
transferiu-se para a área de influência de meus livros. A simples imaginação
não fora suficiente para satisfaze-los a contento. O desejo incontido de
conhecer outros povos, outros mundos,
levou-os à morte.
Mas a responsabilidade maior é do Dr. G. Com tantos anos
de experiência, não poderia ter previsto o ocorrido?
Bem, era só o que tinha a dizer. Logo aparecerão outros
que os substituirão. Afinal, pessoas com distúrbios psicológicos, diferentes ou
loucos, como queiram, não faltam. O mundo os produz às pencas.
Um ser tipicamente doente não pode voltar a sarar, e
ainda menos a curar-se por si próprio; para um ser tipicamente saudável, o
estar doente pode por vezes constituir enérgico estímulo de vida, de mais vida.
O homem que busca o
conhecimento não só deve amar os seus inimigos, mas deve também poder odiar os
seus amigos. Recompensa mal um mestre quem se contenta de ser discípulo.
Friedrich Nietzsche
Conclusão / Posfácio
... tudo quanto nos acontece
deixa marcas profundas, a recordação é uma ferida purulenta.
Friedrich Nietzsche
Eis que volto a intervir, desta vez para concluir a
narrativa. Aos colegas de profissão, que estejam pensando que faltou a este velho
médico que vos fala, decoro profissional, terão nestas últimas linhas minha
justificativa. Aos leitores leigos (quanto ao exercício da psiquiatria) terão
satisfeitos seus anseios, sua curiosidade a respeito do método alternativo que
criei para tratar pacientes extremamente problemáticos, com tendências ao
homicídio, suicídio, necrofilia e psicopatias afins.
Não vou entrar em detalhes técnicos complicados —
acredito que a maioria esmagadora dos leitores não são médicos e não vou
faze-los procurar compêndios e dicionários de psiquiatria para traduzirem
minhas palavras.
O caso destes quatro pacientes, era muito complicado.
Não poderiam viver de forma alguma com seus familiares, nem em asilos comuns.
Sob nossos cuidados, levavam uma vida relativamente calma e gozavam de uma
certa liberdade.
Nosso método consistia em induzi-los a práticas que os
desviassem de suas manias obsessivas, ou que ao menos as amenizasse.
O tratamento estava dando certo. Sérgio abandonara seus
hábitos de profanar túmulos de adolescentes ou ao menos o desejo intenso de
pratica-lo. Consegui convence-lo a criar um mundo como ele gostava, cheio de
fantasmagoria, através da obra literária. Essa obra que o leitor acabou de ler,
é apenas uma entre tantas que ele escreveu. Convenci-o também, de que Lindaura
era a reencarnação de sua Amanda, que não era mais necessário que ele fosse ao
cemitério procura-la.
Quanto ao Caetano, acidentalmente, como o enfermeiro
relatou, esqueceu sua mania de tentar fazer autópsia; trocou-a pela ufologia.
Quanto a Lindaura e Rosa foi mais fácil. Ambas sonhavam com um laço familiar. O
suposto laço com os dois pacientes as acalmaram. (Induzi também Caetano e
Sérgio, a acreditarem que eram antigos
amigos de infância e colegas de trabalho. A fértil imaginação de ambos completou
o trabalho. Nesta categoria de psicopatia, a criação de um laço
afetivo, é muito importante para que os pacientes mantenham um quadro emocional
estável.)
O trauma de Lindaura deu-se pela impossibilidade de
engravidar-se. Começou a raptar crianças. O jovem marido a abandonou; chegou a
ser recolhida num presídio feminino condenada por seqüestro, até que, por sorte
e insistência de seus familiares, foi re-avaliada por uma junta médica e
declarada incapaz, sendo absolvida criminalmente; mas acabou passando boa parte
de sua vida em instituições como a nossa.
Quanto a Rosa, esta fora violentamente estuprada por
quatro homens, quando tinha apenas dez anos. Quando atingiu certa idade, como
era muito bonita, atraía facilmente
homens que, por infelicidade, possuía algum traço físico semelhante aos que a
haviam seviciado. Os matava com um longo punhal durante o ato sexual, em
seguida arrancava-lhes o pênis, com o qual caminhava pelas ruas, como se fosse
carne adquirida em
açougue. Passou um bom tempo na cadeia até ser declarada
incapaz, tal qual a Lindaura. Assumindo a personalidade induzida de professora,
esquecia deste trauma e de seu ódio generalizado pelos homens.
Creio que estas breves palavras, explicam, embora
sumariamente, o método que usávamos para que não fosse necessário manter estes
pacientes trancados como animais.
Quanto ao relato de Sérgio, acrescidos dos escritos de
Caetano e do material pertencente ao enfermeiro, foi para mim uma grande
surpresa, pois eles autodeslocaram-se do plano fenomênico, para o mundo das
idéias. Viraram personagens, encarnaram os fatos, acrescentaram, e demonstraram
uma vigorosa e surpreendente criatividade.
Longe esteve minha intenção de ridicularizar meus
pacientes, ao dar luz a esta obra — quero sim — mostrar às pessoas que estão
fora, que nunca atravessaram os umbrais desta triste instituição, que eles, os
doentes, são sensíveis, inteligentes e amáveis, desde que tratados como seres
humanos que são. Por experiência profissional, digo com segurança, que por trás
de toda doença mental há um histórico, que daria o porquê de tal situação —
resumindo, uma causa.
Vamos enfim ao posfácio.
O homem deve ter equilíbrio em tudo o que faz, desde o
simples ato de se alimentar, ao ato mais complexo, que é o de
raciocinar,discernir, decodificar. O excesso de sal danificaria
irremediavelmente uma boa iguaria, a falta deste a deixaria insossa, ainda que
se tenha o recurso de acrescenta-lo à mesa. O excesso de crédito pode descambar
em superstição e até em
fanatismo. O excesso de ceticismo e descrédito podem trazer
irreparáveis prejuízos ao conhecimento. Pare um pouco e pense, olhe para as profundezas do Khosmos,
olhe para si mesmo e pense, quem sou, que faço, enfim qual a importância deste mísero ser diante de um Universo,
diante de uma profusão de vida cuja magnitude está além da compreensão humana.
Inúmeras são as questões, das quais o incipiente
pensamento geano não conseguirá equacionar a curto prazo, sequer uma parte
ínfima.
As religiões guiam-se pela Fé — aparato essencial para se
acreditar no inexplicável. A doutrina é sempre dogmática. Ou se acredita ou não
se acredita. Não aceita ponderações.
A filosofia pressupõe caminhos para se encontrar uma
resposta. Caminhos que se bifurcam constantemente, formando uma árvore de
ramificações infinitas, onde o homem se vê ainda mais pequeno, perdido...
O método cartesiano não admite hipóteses não
resolvidas. Todas possibilidades de erro devem ser descartadas. Positivo por um
lado, negativo por outro.
De métodos experimentais místicos ou baseados em
hipóteses, nasceram respeitáveis ciências. É o caso da Alquimia, mãe da química
moderna; caso da Astronomia, que teve seus primórdios no berço de sua irmã
marginalizada, a Astrologia.
O ceticismo e o ranço científico fazem com que se
propaguem as chamadas para-ciências. Desculpem a redundância, mas o prefixo
“para”, tem como um dos significados possíveis “a margem de”. Todos sabemos com
que olhares são tratadas por exemplo, a parapsicologia, as para-medicinas
alternativas.
A ufologia, é uma ciência marginalizada. Escrever sobre
ÓVNIS ou UFOS, como queiram, pode ser um desastre para quem o faz. Vejam por
exemplo, Erick von Däniker, que viajou pelo mundo, indagando, pesquisando e
aventando a possibilidade da presença de seres extraterrestres junto às
civilizações antigas. Sucesso como escritor, constrangimento como pesquisador —
foi indicado (não sei se o recebeu) ao
“prêmio” ignóbil da literatura. E olha que ele não se apresenta como
literato, mas como jornalista; não faz afirmações, faz sim conjeturas e
indagações. Levanta a questão e faz perguntas, muitas perguntas.
Esta despretensiosa obra de ficção, pode dar o que
falar. E olha que é ficção.
Eu, de minha parte leitor, não quero alicia-lo; é minha
convicção, acredito que não estamos sós. A vida extraterrestre existe. Cedo ou
tarde, terás testemunho disto.
Mas não esqueça, diante de qualquer fenômeno, que
aparentemente não tenha explicação lógica, raciocine — seja equilibrado, não
tire conclusões precipitadas e não fale antes de estar certo do que está
dizendo.
Uma palavra dita, é difícil de apagar.
Dr. G.
De acordo com o que prometi, eis meu e-mail:
Uma Última Palavra
Conheci o Dr. G. no começo deste ano, durante as
caminhadas que faço pela manhã, em um belo bosque que fica perto de minha casa,
todo cortado de trilhas para esse fim. Um senhor simpático, meia calva, óculos
quadrados, cabelos já bem brancos. Nos apresentamos; caminhamos por cerca de
meia hora conversando sobre assuntos diversos, quando ele contou-me que era
médico aposentado. Perguntei-lhe sobre sua especialização, e ele respondeu-me
que era psiquiatria. Notei desde o começo, quando entabulamos conversa, um
certo tique neste meu novo amigo que me deixara um pouco desconfortável —
parecia que havia um parafuso de menos ali (perigoso fazer este tipo de
julgamento das pessoas, pode-se cometer irreparáveis injustiças, mas fazer o
que? foi o que percebi).
Quando ele disse que era psiquiatra, acalmei-me um pouco.
O psiquiatra é sempre retratado como uma pessoa excêntrica pela obra de ficção
— dou como exemplo o cinema, a literatura, os quadrinhos —, e como esta tenta
teimosamente mimetizar a realidade...
No decorrer dos meses nos tornamos amigos habituais, e
sempre caminhávamos juntos, ocasião em que ele passou a narrar a história desta
história que vocês acabaram de ler.
A amizade foi se estreitando, e ele propôs que eu ficasse
com os manuscritos de seus pacientes e os digitalizasse — ele me pagaria pelo
serviço e financiaria a publicação.
Foi um trabalho árduo que demandaram dias para sua
conclusão, pois tive que organizar e dar seqüência à pilha de manuscritos que
ficaram aos meus cuidados.
Não modifiquei nada do texto original. Apenas reorganizei,
e acrescentei algumas epígrafes.
Quando o trabalho ficou pronto, convidou-me para uma
comemoração em sua casa — notei um certo constrangimento de seus familiares com
a minha presença. Eu o tratava respeitosamente por Doutor, e o fiz perto de uma
neta sua, de uns dezesseis anos.
Num momento em que ele se afastou para ir ao banheiro, ela
falou-me: “Vovô nunca foi médico. Ele é inofensivo, mas esteve internado
durante anos num hospício. Ele assume a personalidade de Dr. G. e de um
enfermeiro que gosta de livros sobre ÓVNIS. Psiu! Ele vem vindo.”
Essa revelação não modificou nossa amizade. Fazia o jogo
dele, tratava-o como Dr. G. A personalidade do enfermeiro nunca se manifestou
em minha presença.
Um dia infelizmente, ele teve uma crise nervosa. Ajudei a
acalma-lo e a socorre-lo. Passou depois deste incidente, por um período de
calma. Seus familiares ficaram um tanto arredios comigo, como se eu tivesse
culpa pelo que ocorrera. O fato de o livro estar digitalizado o deixava em
estado de excitação.
Precisei viajar, por conta de compromissos profissionais.
Quando retornei, aquela família havia se mudado. Fiz inúmeras tentativas para
localiza-los. Não consegui. O e-mail que ele passara aos leitores, não me
retornou a resposta.
Um dia, ao abrir a caixa do correio, tive uma agradável
surpresa. Deparei-me com uma carta de um de seus filhos. Como curador de meu
pai, dizia, autorizo-o a publicar esta obra em seu nome. É um presente que meu
pai oferece pela sua dedicação e amizade: transfere a tarefa de editor, que ele
havia assumido, para você. Antes de nos mudar, deixei firma registrada em cartório. Reconheça-a, e a propriedade da obra será sua.
Só peço com encarecimento, que não cite em nenhum momento
o nome verdadeiro de meu pai. Pedimos desculpas, pelo tratamento ríspido que
lhe dirigimos. Infelizmente, teremos problemas com ele novamente, e acredite,
você não tem culpa.
Pena que não constara na carta o endereço do remetente. Continuo
a procura-los.
Desta forma, aí está o histórico deste pequeno romance.
Espero que o leitor tenha gostado.
Copanuchum de Campos
***
Experimentem ler o livro com trilha sonora (já ouviram
falar em livro com trilha sonora?). Este tem. Durante a leitura ouçam os LPs The
dark side of the moon e Wish you were here, do Pink
Floyd, a longa The Gates of delirium,
do Yes; curtam o som do mago Hermeto Pascoal, o experimentalismo de Villa-Lobos
e muita música concreta.
***
Post Scriptum
Nunca havia ligado para a ufologia. Cultuava o lado
prático da vida, sempre fui frio e calculista, como todos que exercem a
profissão que adotei, tecnólogo com especialização na área de informática. E o
fiz por duas razões, que por si só são suficientes para justificar minha
escolha: dinheiro e emprego garantido.
Esse posicionamento, não quer dizer, que eu seria de todo
insensível, faço amizades, converso com as pessoas. Mas nunca fora até então,
insensato.
Mas não sei explicar o que aconteceu comigo; desde o
encontro com o Dr. G. e esta obra, passei a desenvolver um interesse tão grande
pelo assunto, que até tem prejudicado minha atividade profissional.
Passo horas olhando para o infinito, a procura de algum
ponto em movimento; quando vou à biblioteca, é para procurar as obras
relacionadas nas referências bibliográficas do Caetano ou outras do acervo que
sejam afins.
Abro a Internet somente a procura de sites sobre o
assunto. Meus amigos e familiares estão preocupados, sentem que algo não vai
bem comigo. Uma ex-namorada que ainda diz gostar de mim, convidou-me para ir
com ela num barzinho, na semana passada. Depois de uns drinks, travamos a
conversa mais insólita para um casal, digamos, de namorados. Ela dizia que eu
devia procurar um psicólogo, que eu não estava bem. Eu falava de galáxias e
naves espaciais. Ela tentava olhar para meus olhos, eu olhava para as estrelas,
para o imponente espaço sideral. Ela falava em tratamentos, eu falava no livro,
que deveria estar impresso nos próximos trinta dias.
Finalmente impus-me às amarras que me prendiam, assumi
minha condição de perturbado mental, assumi minha verdadeira vocação, hei de
ser um grande ufólogo. Que me chamem de louco, insensato, não importo. Já estou
preparando um cômodo, onde montarei meu acervo.
Um primo, preocupado com meu estado, não sei porque, estou
me sentindo tão bem; aliás nunca havia me sentido tão bem em toda minha vida,
convidou-me para pescar num destes fins de semana.
O rio localizava-se, justamente nas proximidades da via
férrea, na área delimitada pela primeira pista do Caetano. Qual não foi minha
surpresa ao avistar uma velha e abandonada igrejinha. Pedi ao meu primo que
parasse o carro. Desci e percebi que a porta estava apenas encostada. Entrei
desesperado à procura da porta que levava ao porão. Nada encontrei; quando me
dei por mim, notei que um velho senhor, em trajes da roça me observava. Meu
primo, ficara parado na porta constrangido até à raiz do cabelo com minha
atitude.
Que procuras, moço? O porão cuja entrada fica ao lado da sacristia,
respondi. O homem estampou uma ruga de admiração na testa e respondeu: há
muitos anos que o porão foi aterrado.Tivemos muitas enchentes por aqui, e a
Igreja passou por várias reformas. Como sabes do porão, o que procuras afinal?
É livros... livros antigos. Há alguns que se salvaram, que estão naquela
estante ali, olha. Pode pegar o que quiser. Faz tempo que não se reza missa por
aqui mesmo.
Fiz uma busca, ansioso, mas encontrei apenas missais,
alguns em latim, manuais de ordens e hagiografias.
O que procuro não está aqui. Tudo bem, volte quando
quiser. Pelo jeito vieram para pescar. Há um rancho em minha propriedade, podem
usar se quiserem.
Não pesquei nada. Fiquei olhando para o azul, depois para
a escuridão da noite e para as estrelas.
Passou o fim de semana. Não conseguia dormir. Tinha que
voltar lá com mais sossego e procurar de novo.
Voltei. Aquele senhor veio de encontro comigo. É amigo,
neste mato tem coelho. Ontem estiveram por aqui, cinco pessoas atrás de livros
antigos. Como eram? perguntei. Bem, havia um senhor idoso, meio careca de
óculos, com cara de cientista, não sei, um baixinho esquisitinho com cara de
sagüi, acompanhado de uma mulher muito escandalosa e mal vestida, que não devia
nem entrar na Igreja. O outro casal era um homem alto e calmo, grandalhão, a
barba meio ruiva, e sua esposa parecia estar no mundo da lua; carregava duas
bonecas de pano na mão. Deixei eles levarem um missal. O baixinho clareava o livro com uma lanterna esquisita,
e o latim sumia. Aparecia umas letras que deve ser turco ou japonês. Armadas do
antigo padre que morreu nesta capela. Deixei eles levar porque para nós não vai
ter utilidade. Quer levar o restante dos livros?
Levei, e procuro meticulosamente, vivo esquadrinhando
página por página. Até topei ir ao psicólogo, para meus familiares me darem um
tempo.
Este incidente dá o que pensar. Seriam eles? Que pensa o
leitor?
Quando estava de saída, ele me chamou de volta. Você
conhece esse povo que esteve aqui? Mais ou menos, respondi. É que eles
derrubaram este papel.
***
Perguntei a mim mesmo: entre
todos os temas melancólicos, qual o mais melancólico, segundo a opinião geral
dos homens? — A morte — foi a resposta evidente. — e quando — insisti — se
torna mais poético esse melancólico tema? — De acordo com o que expliquei
anteriormente, a resposta, também aqui, é evidente: — Quando se une o mais estreitamente possível à
beleza. — Nesse caso, a morte de uma formosa mulher é, indiscutivelmente, o
tema mais poético que existe.
Edgard Allan Poe
Amanda
É tão triste ver seus olhos e não poder toca-la,
O sorriso em sua boca e não poder beija-la,
Se os vermes puderam faze-lo por que não eu?
Venha Amanda querida para este, que antes de ganha-
[ la, já a perdeu.
Os ciprestes sorriem de minha amargura,
Os anjos barrocos choram minha tristeza,
As cruzes pesam ante meu olhar embaçado,
O barulho do vento no bronze
São como navalhas a dilacerarem
meu espírito,
O bronze de seus cabelos...
quantas vezes não abracei
t [aquela estátua,
E a beijei na boca, clamando seu nome, Amanda...
Mas a natureza é a sua voz,
As nuvens pesadas e onduladas da tempestade,
Desenham seu corpo moreno no céu,
Os relâmpagos que iluminam seu rosto nesta foto p
[apagada,
É o seu sorriso que ilumina minh’alma,
As pedrinhas de granizo que caem,
São os seus belos dentes.
Amanda, a pressão do vento sobre meu rosto,
É o seu abraço, o seu beijo de amor.
Depois o céu se abre, plenilúnio, prata candente,
f [estrelas alaranjadas
e azuis,
Luzes que se fazem violáceas ao atravessarem a tênue
P [névoa,
O uivo e um ladrar distante, um galo, o litro vazio do
P [néctar
amarelo-cobre,
Amanda, caminho pelas estreitas trilhas que às estrelas
P [refletem.
Esperando que apareças na próxima esquina.
Molhado, cigarro molhado, mundo molhado,
Até seus ossos estão molhados, Amanda...
Mas não nosso espírito.
Enquanto houver chuva e tempestade,
Enquanto existir conhaque para aquecer e alimentar a
P [chama,
Enquanto os cravos-de-defunto florescerem em sua
P
[campa,
Enquanto sua foto sorrir para mim,
Nada há de nos separar, e nas alturas infinitas,
Um dia hemos de nos encontrar.
Pois a lua jamais
brilha sem trazer-me sonhos
Da bela Annabel Lee
E as estrelas jamais
surgem sem que eu sinta os
P [brilhantes
olhos,
Da bela Annabel Lee (Cantar do bardo de Baltimore!).
Revivido em minha voz angustiada,
Deste espírito envolto em névoa,
Cinzento, aniquilado; responda-me poeta dos poetas,
Se no limbo onde descansas, junto a sua imortal
P [Virgínia:
Tens notícias de Amanda?
Da minha doce
Amanda...
As rosas que se abrem,
Neste lugar de
descanso,
Trazem da boca de
Amanda o paladar,
E os corpos que aqui se
sepultam,
São novas crianças que
chegam,
Prá junto de Amanda
brincar,
E as imponentes
estátuas e placas,
Quer sejam de mármore
ou bronze,
O brilho dourado de
Amanda,
Jamais irão ofuscar.
Durmo neste escuro molhado,
Nesta pequena capela,
Que tresanda a mofo, vela e flores esquecidas,
Cujos adornos são suas fotos, e este pequeno púlpito,
Com uma Bíblia envelhecida,
Sobre seu túmulo,
Tendo a cruz de ferro à cabeceira;
Somente para provar,
Que as pontes que nos separam,
Não resistem à luz do luar.
***
Apareci nas oficinas gráficas com este Post Scriptum,
quando o livro já estava impresso, pronto para ser encadernado. Desnecessário
dizer, que o dono da editora ficou fulo da vida. Tive que insistir bastante,
para que ele acrescentasse estas últimas páginas, que salvo o poema, entregue
por aquele senhor na igrejinha, foram
escritas às pressas, para dar tempo de serem inseridas na edição.
Espero que tenha valido a pena, ter passado estas novas
informações, e este poema que provavelmente, é aquele do qual Sérgio nos dera
notícias, páginas atrás. Eu estou meio confuso. E não é para menos. O leitor
que tire suas conclusões.
***
“Chegaremos a Júpiter e Plutão em 76”
Esta esfuziante manchete foi estampada na terceira
página da edição histórica da revista
‘Veja”, de 23 de julho de 1969, a qual trazia uma entrevista com William
Pickering, diretor do Jet Propulsion Laboratory, de Pesadena, Califórnia.
Edição totalmente dedicada à chegada do homem à Lua, deixa transparecer em suas
páginas a paixão e o encantamento por este feito, fruto de nossa claudicante
Ciência.
Esta manchete, cujo nonsense aflora a toda
prova, enfatiza a importância do sonho, e porque não de uma certa dose de
loucura...afinal tudo o que se aparenta impossível toma um certo ar de
disparate...
É preciso coragem para levantar determinadas
hipóteses...
Das quais muitas vezes se originam o progresso e o conhecimento.

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