Et de Varginha - Romance











Dada é nada!!!


Tristan Tzara



O ET DE VARGINHA

ROMANCE

Copanuchum de Campos




A Cervantes, Dom Quixote, Sancho, Daniel Lopes, Alexandre Rigobelo, João Dias, Ranchinho, Nanci Lopes, Heloisa Milton, Rubião, Quincas Borba, Pablos, Guzmán, Lazarillo, Haroldo de Campos, Wladimir Dias-Pino, Campos de Carvalho, Coelho Neto, Machado de Assis, Edgard Allan Poe, Álvares de Azevedo, Mário de Sá Carneiro, Camilo Pessanha, Hermanos Hernández, Jesús Blasco, Barbarella, Valentina, Xam, Cacaso, Chico, H. G. Wells, Bilac, Adolfo Aizem, J. J. Veiga, Alejo Carpentier, Renée Magritte, M. e O. de Andrade, Sílvio Romero, Moebius, Lourenço Mutarelli, Robert Crumb, Gedeone, Shimamoto, Flávio Colin, Antonio Candido, Brás Cubas, Minami Kaise, Cláudio Seto, Murilo Mendes, Salvador Dali, Moacy Cirne, José Mojica, Lúcio Cardoso, Carlos Fuentes, Otávio Paz, Little Nemo, Paulo Kanashiro;  enfim a todos que escrevem, quadrinizam, dramatizam, filmam, pintam, musicam, arteplastificam o sete ou disseminam o conhecimento.
Viventes do mundo fenomênico ou do mundo das idéias: personagens imortais da nossa Literatura.

Copanuchum de Campos    



 

 

 

Ceci n’est pas une pipe

Renée Magritte



Tampouco um saxofone…
Copanuchum de Campos





Índice


Prólogo –
I – O Dossiê - 
II – Cartas
Continuação do Capítulo II: Outras Cartas
Continuação do Capítulo II: Ainda Cartas
III – Livros, Livros, Monografias
IV – Eis que Surge a Femme Fatale
V – A Viagem
VI – O Diário
VII – Recortes de Jornais, Revistas, etc...
VIII – Cartas de Caetano e Rosa (Fragmentos)
IX – Tudo Parece Levar a Lugar Nenhum
X – Disparates
XI – Uma Estranha Realidade —
Da Qual Não Ouso (Des) Acreditar
Epílogo
Uma Testemunha Chave
Conclusão/Posfácio
Uma Última Palavra
Post Scriptum






Prólogo

O bom senso é o que existe de melhor dividido no mundo, pois cada um se julga tão bem dotado dele que ainda os mais difíceis de terem satisfeitos em outras coisas não costumam  quere-lo mais do que têm. E, a esse propósito, não é crível que todos se enganem; isso prova, pelo contrário, que o poder de bem aquilatar e diferenciar o vero do falso, quer dizer, o chamado bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens. A multiplicidade de nossas opiniões não deriva do fato de uns serem mais razoáveis do que outros, porém somente do fato de encaminharmos nosso pensamento por diversos caminhos e não levarmos em conta as mesmas coisas. Não é suficiente ter a mente sã: o essencial é bem aplica-la. As maiores almas estão capacitadas aos maiores vícios como às maiores virtudes. Os que caminham muito vagarosamente podem se adiantar muito mais, se prosseguirem sempre em seu caminho reto, do que os que correm e se afastam deste roteiro.

Renée Descartes   

Conheci Pedro José Caetano de Oliveira e Silva, assim é que se chamava meu melhor amigo, ou se chama ainda, no terceiro ano do primário. Caetaninho era desde aquela época, um menino diferente. Vivia isolado de tudo e de todos, na classe era como não estivesse presente, os olhos no vazio, inexpressivos. Mas o danado era muito inteligente, o melhor aluno da classe. Eu que sempre passava de ano raspando, era peralta que só vendo, o mais peralta da classe, comecei a cultivar uma grande admiração por esse menino. Foi recíproco. Ele que raramente ria, o fazia de minhas peraltices. Acabamos por sermos grandes amigos pelo fato de sermos tão opostos.
Caetaninho era mirrado, e é até hoje, se estiver vivo, tenho minhas dúvidas, bem não vou apressar os fatos, o leitor que tire suas conclusões; mas como ia dizendo era mirrado, ossos salientes como se fossem furar a carne, os olhos enormes e negros e esbugalhados, uma orelha enorme, os pés grandes, desproporcionais para seu tamanho; Caetaninho, me perdoe se estiver vivo e ver este meu relato, mas você era, ou é, feio e fraco. Eu era um menino, posteriormente, um moço bonito, galante, forte e bom de briga. Prá encurtar, eu o protegia da maldade de outros meninos, ele me ajudava na escola; eu era cabeça dura, além do mais, relapso.
Uma coisa que hoje, aliás há tempos, pois crescemos juntos, terminamos o primário, fizemos o ginasial e o colegial juntos, nesta época ele já não era mais tão tímido, era um pouco recatado, mas se aproximava mais das pessoas, quis o destino que os dois se tornassem funcionários públicos em uma mesma repartição, que não cito aqui qual, pois o que interessa são os fatos, como ia dizendo, uma coisa que hoje, aliás há anos me chamava atenção, era a idade avançada de seus pais, que Deus os tenha, quando ele ainda estava no primário, tudo levando a crer que ele fosse filho adotado, pois não era possível, ou será que era, sei lá; mas nunca o perturbei com este detalhe, sinto que deveria tê-lo feito, mas...
Queria fazer uma pausa no meu relato para uma justificativa, perdoem-me os leitores por alguma falha, mas nunca fui homem de letras; escrevi este prólogo e fiz algumas complementações nos capítulos subseqüentes, depois de ter escrito, ou melhor, quase que montado este livro, com auxílio de cartas, do acervo, do diário, enfim das aventuras vividas ao lado de Pedro Caetano; era assim que a gente o tratava na repartição.
Em todos esses entremeios, comecei a namorar, casei-me. Pedro Caetano era de natureza misantropa. Enquanto eu vivia esta intensa paixão, meu amigo,  morando sozinho, pois seus pais já haviam falecido, fazia a estranha rotina de casa-trabalho, trabalho-casa. E a dedicar-se a uma atividade, a um sacerdócio, uma estranha mania que veio a dar origem a este relato: sua obsessão pelo estudo dos ÓVNIS.
Eu até que me sentia atraído pelo assunto, mas ficava às vezes irritado com a obsessão de meu amigo. Obsessão levada ao extremo, às últimas conseqüências, que por muitas vezes o expunha ao ridículo. Outras vezes era bem tratado, vinham pessoas de várias partes do país procura-lo; certas vezes, até do exterior — duma coisa eu tenho que concordar: meu amigo era um expert no assunto. Tempos houve em que participei com entusiasmo comedido, algumas vezes exacerbado, de suas pesquisas. De cada cem casos, doutrinava meu amigo, apenas dois ou três eram procedentes de relatos confiáveis, plausíveis. Destes casos confiáveis, 90% podem ser explicados pela Física hodierna, outros são desafios sem aparente solução. Pouquíssimos são os casos realmente ligados a presença de seres extraterrestres em nosso planeta.
 Estão sob meus cuidados, uma vasta documentação, a qual pretendo deixar acessível aos interessados, assim que o tempo dissipar a tristeza que sinto pela perda de meu melhor amigo. No momento em que escrevo, estou observando seu legado. Pastas e pastas com recortes de jornais do mundo todo, fotos, filmes, depoimentos, cartas, monografias, livros, pedaços de rocha vitrificada; supostamente por aparelhos propulsores; e muito bem guardado, o último tesouro que recebera de meu amigo, cuja procedência, explicarei em momento oportuno. Vejo, entre outras, a obra do Comandante Auriphebo Berrance Simões, o livro de cabeceira do Caetaninho. Este, dizia meu amigo, é um dos mais ponderados escritores brasileiros que trataram deste assunto; este livro exala bom senso e sabedoria, referindo-se ao Discos Voadores: (Fantasia e Realidade). Até obras de ficção, inclusive histórias em quadrinhos sobre o assunto fazem parte do arquivo. Há também vários volumes de casos inexplicáveis que ele coletou da boca do povo; ainda que estes relatos sejam fantasiosos, incoerentes, inverossímeis, ele os conservava. Reminiscências arquetípicas, doutrinava.
Fazem parte do acervo um enorme rádio transceptor à válvula, e uma enorme antena, hoje desmontada. Lembra-me que o dia em que ele me chamou para demonstrar o funcionamento daquele treco, senti um certo temor pelo juízo de meu amigo. Mas agüentei firme; os chiados, e a estática insuportável, os quais Caetaninho dizia que vinham das profundezas do Khosmos.
Por esse tempo, minha esposa e eu tentamos arranjar uma namorada para o Caetano, numa tentativa de faze-lo pensar em algo que não fossem os ETs. O chefe da repartição estava até às tampas com nosso especialista; ameaçou abrir um processo administrativo para que o mesmo compulsoriamente se submetesse a um tratamento psiquiátrico, advoguei em sua causa, fiz de tudo para que ele não fosse prejudicado — consegui, o homem o deixou em paz com seus seres escamosos e gosmentos, ao menos por uns tempos.
Quanto à namorada, veio da fazenda onde residia, passar uns dias em nossa casa, a tia de minha esposa, a Rosa; morena de seus trinta e poucos, era uma matrona bonitona, alta, flexuosa, cheia de fogo no couro, sangue fervente nas veias. Ninguém explica coisas do coração; a Rosa ficou caída pelo ET. Sim, na repartição não, mas na vila, nos botecos, para os amigos, era ET. No dia em que viu Rosa pela primeira vez, ou Rosa o viu, ele havia passado em casa acompanhado de um de seus vizinhos. Em certo momento o homem falou, vamos ET. Judiação, murmurou Rosa ao ouvido de minha mulher. A pergunta fatal veio em seguida, ele é solteiro? Aí nós botamos lenha na fogueira, eu atiçava o Caetano, minha mulher a Rosa. Preparamos uma cilada para ambos, criamos condições para que os dois ficassem a sós. O namoro prosseguiu firme por alguns meses, até que a Rosa encheu-se a paciência com a exobiologia, UFOS, criaturas de além Terra, com Caetano e voltou para a fazenda, jurando que o dia que visse um disco voador, descarregava nele e nos ETs a espingarda calibre 16 que tinham na fazenda. Malditos discos voadores, vociferava colérica.
Há um tempo em que amadurecemos, ficamos mais comedidos; foi o que ocorreu com Caetano. Continuava com suas atividades, mas evitava demonstrar seu entusiasmo aos não iniciados. Por esse tempo sugeri que ele viesse morar conosco; a solidão de meu amigo me preocupava. Concordou em morar perto de casa; meus filhos gostavam dele, o mais novo compartilhava de seu entusiasmo, o que no começo me deu certa preocupação, que se dissipou logo; criança gosta mesmo dessas coisas.
No final do ano de 1995, fizemos uma deliciosa festa, ele se reconciliou com a Rosa, que viera passar as festas conosco; bebeu, o que não fazia com freqüência, dançou, festejou, parecia ter se esquecido das estrelas. Senti que havia conhecido outra face do Caetano neste Natal e Ano Novo.
Viveu, para nossa felicidade, momentos idílicos com a Rosa, no começo de janeiro. Um fato que mereceu destaque na imprensa de todo país fez com que a Rosa arrumasse as malas de novo, e comprasse mais aviamentos para sua espingarda. O caso do ET de Varginha: manchete dos principais jornais do país e do exterior. Rosa ficou a ver navios, enquanto Caetano não vencia atender ao telefone, e a consultar seu imenso arquivo. Não imaginava que iria perder, talvez para sempre meu amigo neste fatídico ano.






I – O Dossiê

Grandes deuses ! Haverá na terra homens mais felizes que os que recebem comumente o nome de loucos, insensatos, tolos, imbecis?

Erasmo de Rotterdan


Presença biológica extraterrestre

Características físicas recorrentes
(segundo testemunhas oculares)

1 – Humanóides, pequenos, pele esverdeada, protuberâncias na cabeça semelhante a antenas, como as presentes em certas espécies de insetos. Os seres desta categoria são arredios, fogem ao menor sinal de aproximação de um ser da espécie humana, mas não demonstram hostilidade.
2 – Altos, pele azulada ou marrom-avermelhada, nariz inexistente ou muito pequeno, tal qual a boca, braços longos e finos, três a quatro dedos nas mãos. Embora sua  aparência assuste, são dóceis e tentam comunicação. Há relatos de relações de amizade entre esses seres e seres humanos.
3 – Semelhantes aos seres humanos. Muitas vezes aparecem de capacete sugerindo que respirem um tipo diverso de mistura de gases, ou que usem este equipamento como medida profilática, quanto a possíveis contaminações. Esta última possibilidade é paradoxal, se levarmos em conta que com este grupo ocorre o maior número de abduções, e há relatos de casos de relações sexuais entre humanos e espécimes desta raça. Curiosamente, não há registros de que tenha sido isolado, alguma amostra de fluido corpóreo, como sêmen ou líquidos vaginais, em pessoas que tenham sido abduzidas, e copulado com algum desses seres.
4 – Tipo semelhante ao descrito no tipo 2, mas que possui dentes e garras, e não reconhecem o homem como ser racional. São seres  perigosos que submetem abduzidos a torturas.
5 – Outros tipos de criaturas aprecem com menos freqüência. Com chifres, com caudas, dóceis ou ferozes.

Não humanóides

Nesta categoria encontram-se seres inteligentes com corpos energéticos protegidos por uma áurea eletromagnética. Há assustadores relatos de seres que assumem a  forma de uma pessoa querida da família. São também perigosos. Não compreendem o nível de cognição humana. Muitas vezes são confundidos com poltergeisters ou espíritos errantes ruins. Há casos em que o ser não possui semelhança com nada que exista sobre a Terra; sua aparência está acima da compreensão humana. Este tipo de aparição leva a inúmeras interpretações errôneas e confusões..

Fechei o tomo desta antiga monografia que Caetano havia escrito. Este suposto ET de Varginha poderia ser enquadrado em alguma categoria elaborada pelo trabalho de meu amigo, mas não arrisquei fazer qualquer conjetura; há casos, nos quais  só mesmo um especialista é capaz de faze-lo, mas arrisquei estas palavras com Caetano. Essas mulheres podem ter se assustado com um animal, confundido, sabe, o medo faz coisas, é isso que estou procurando, a verdade. Você é meu melhor amigo, Sérgio. Preciso de sua ajuda, esse caso é sério. Foram três testemunhas, que não teriam necessidade de mentir. Sabe Sérgio, há algo que nunca comentei com  você. Os exércitos de todo o mundo possuem um serviço de inteligência voltados para esses casos. São unidos e unânimes. Os seres e equipamentos são aniquilados, toda evidência da presença extraterrestre são destruídas. Testemunhas são subornadas ou ameaçadas, porque?, porque esses seres são vistos sempre como uma ameaça? Veja por exemplo o que Córtez e Pizzarro fizeram respectivamente com o México e com o Peru. Os homens que governam nossas nações tomam como base a ignomínia humana para julgar esses seres. Mas não há testemunhos de seres agressivos? Sabe Sérgio, o grande problema entre um ser humano e um fator biológico extraterrestre é a comunicação. Lembra do filme Marte ataca?, no qual uma pomba, símbolo da paz desencadeou uma guerra? Ainda que pese, que este filme seja de conteúdo paródico-satírico, foi muito feliz a inserção desta cena. Se um dia tiver oportunidade de estabelecer contacto com alguma criatura inteligente do Khosmos, seja comedido quanto a seus movimentos. O estender as mãos para cumprimentar pode significar uma ameaça. Quanto ao colonizar e destruir a Terra, possuo em meus arquivos, relatos de testemunhas perplexas diante do grau de avanço tecnológico dos seres avistados. Se a intenção destes, fosse nos fazer mal, já o teriam feito. Há registros de  relatos feitos por pessoas idôneas, nos quais estas afirmam terem visto centenas de naves, que foram também captadas pelos radares, para em seguida desaparecerem da tela deixando operadores, oficiais de aeronáutica, pilotos de caças e testemunhas civis estupefatas. Abro outro tomo.

Aparelhos

1 – Formato circular, lembrando um disco metálico, fino nas bordas com bojo se espaçando destas para o centro. Suas manobras desafiam todas as leis da física que conhecemos. É capaz de parar imediatamente, mesmo estando a altíssima velocidade, assim como pode convergir para qualquer lado descrevendo ângulos de 90º ou mais fechados. Muitos testemunharam a presença de tais máquinas fazendo evoluções  em queda livre, ou voando desgovernadas como  pratos que fossem atirados a esmo; repentinamente aceleram e desaparecem numa velocidade incrível. Há testemunhos de soldados que viram tais objetos, estáticos no céu, em pleno furor da batalha, nas duas grandes guerras. É o campeão de aparições, que por sua forma generalizou a expressão “disco voador” no Brasil, e até mesmo “pires ou prato voador”; concepção adotada por povos que se exprimem em  outras línguas.
2 – Formato cilíndrico, lembrando, pelas proporções, um enorme lápis ou charuto.
3 – Esferas.
4 – Forma que lembra um submarino ou dirigível.
5 – Triangular.
6 – A pessoa (testemunha) não consegue descrever o objeto.
7 – Há numerosos casos em que fenômenos físicos ou maquinismos aqui da Terra, como balões meteorológicos são confundidos com objetos não identificados.

Pontos em comum

1 – Na maioria dos casos não emitem ruído; quando o fazem, são intensos, mas não causam  danos aos ouvidos humanos.
2 – Luzes que deixam o ser humano maravilhado.
3 – Alguns emitem uma espécie de música, quase que hipnótica, cuja sonoridade não tem parâmetros em nosso planeta; a pessoa (testemunha) não consegue descreve-la ou compara-la com a música de nosso mundo.
4 – Há relatos de objetos que teriam vitrificado a rocha /solo ao decolarem.
5 – Pessoas supostamente abduzidas não sentem os impactos das manobras radicais em alta velocidade.

            Sérgio, preciso de um favor, ou melhor, dois. Fecho o tomo. Até três ou quatro Caetano, fala. Esse caso de Varginha merece um tratamento especial. Ajude-me a montar o dossiê. Sim, por onde começamos? Por estes documentos. Procuremos casos semelhantes para contrastar. Necessário se faz também coletar tudo o que está saindo na imprensa sobre o caso. Vou te ajudar Caetano. E o segundo pedido? Convença o Zé a antecipar minhas férias e um mês de licença prêmio. Ufólogos do mundo inteiro estão vindo para o Brasil, e eu fui convidado a participar de conferências e mesas redondas sobre este caso. Gostaria também de fazer uma pesquisa in loco, puxa Caetano, você conhece o homem, sabe que vai ser barra, mas vou tentar te dar uma mão, não custa tentar né Sérgio.
            Imenso dossiê foi elaborado. O Zé concedeu o pedido, sem maiores problemas, o que me deixou pasmado. É claro que não foi tão fácil assim. Fiz um discurso apelativo, colocando até o nome de Rosa no meio, para mim, Sérgio, sua cunhada, hã, não é cunhada, é tia de sua esposa, me desculpe mas essa mulher tá é com raiva da xiranha, dá mole pro Caetano, ser trocada por mulheres verdes de antena, prá mim esse nosso amigo gosta mesmo é de outra coisa, não consegui esconder minha irritação, tá bom Sérgio, tá bom, manda ele vim falar comigo. Estávamos já no meio de fevereiro, foram concedidas as férias em março, a licença prêmio em abril. Foram dias de febris preparativos para a viagem. Uma fundação de pesquisas afins financiou parte das despesas, com direito a acompanhante; eu não posso Caetano, como fica o serviço?, para dois o homem não vai dar folga, deixa eu i então pai, você não, tem que comer muito feijão ainda.



II – Cartas


Efetivamente, a razão não nos ensina, em absoluto, que aquilo que assim vemos ou supomos seja verdadeiro, mas, pelo contrário, que todas as nossas idéias ou noções devem ter um fundo de verdade, pois de outra maneira não seria admissível que Deus, sendo de forma absoluta perfeito e verdadeiro, as tivesse colocado em nós.

Renée Descartes

            Do gabinete do prefeito de Varginha na ocasião. (transcrição simplificada)

            Assessor do Prefeito.......................  

Varginha, 01 de fevereiro de 1996.

            Em atenção ao pedido formulado por V. Sª., gostaríamos de salientar que a posição do Chefe do Executivo, bem como de seus Assessores e Secretários é cautelosa em relação aos fatos ocorridos nos últimos dias, e que têm projetado o nome de nossa cidade em jornais do Brasil e do mundo.
            Tivemos informações, as quais apontam  V. Sª. como um pesquisador sério; ainda que autodidata, trabalha com metodologia científica, age com bom senso e cautela, tão necessários nestes momentos.
            A informação que podemos dar, é que os fatos estão sendo rigorosamente investigados. Não queremos o nome de nosso amado município envolto em sensacionalismo barato.
            Quanto aos exames clínicos e interrogatórios  aos quais as testemunhas foram submetidas, escapam à nossa alçada. Mas veremos em que podemos ajuda-lo.
            Estamos ansiosos, no sentido de que as investigações levem ao esclarecimento deste caso o quanto antes.
            No momento é só, o que podemos dizer.
            Aproveitamos o ensejo, para convida-lo, em nome de nosso povo e desta Administração, a vir a esta cidade dar seu quinhão de colaboração no sentido de elucidar este caso.


            Ao Sr. Pedro José Caetano de Oliveira e Silva.


            Não ajuda muito, Caetano, ao menos responderam, e fizeram-me um convite formal, o que já abre as portas; bem, o exército e a polícia militar não responderam minhas cartas, e creio que nem vão responder; Sérgio, estou acostumado com esses casos, o exército norte-americano abafou o caso Roswell, o governo brasileiro abafou o caso ocorrido com os caças que decolaram da base de São José dos Campos, os quais foram seguidos por estranhos objetos. Ainda que alguma coisa tenha  escapado para a imprensa, sem que houvesse uma censura muito arbitrária, muita coisa não foi esclarecida. São casos em que, sempre se passam uma borracha nas provas e evidências; arrefecendo-se o furor inicial da imprensa, acabam caindo no esquecimento, prá não deixar vestígios mesmo; eu gostaria de saber porque, Caetano, difícil responder, Sérgio.



(transcrição simplificada)

Varginha, 10 de fevereiro de 1996.

Pedro José

Filho, que as bênçãos de Deus sejam contigo. Exerço as funções que Ele me confiou há mais de vinte  e cinco anos nesta cidade, e nunca havia me deparado com tão insólito fato.
Conheço as pessoas envolvidas no caso, conversei com elas, mas não posso revelar o que me disseram, por motivos que certamente é de vosso conhecimento.
Filho, a Bíblia Sagrada nos ensina, que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança. Como sacerdote, acato e transmito os ensinamentos do Pai, que nos foram legados pelos Profetas; por Jesus, seu Sacratíssimo Filho e pelos  Santos Apóstolos.  Nunca fora dito que Deus fez macacos que evoluíram e depois se tornaram homens, que fez homens com chifres, com dois ou três dedos na mão num planeta distante. Afirmar, ou inferir tal disparate é cometer um terrível sacrilégio; é heresia.
A grandiosidade do Criador é infinita. Olhe à sua volta, veja a beleza da natureza, os pássaros, rios e animais, a variabilidade de cores neste maravilhoso planeta palpitante de vida. E tudo para o desfrute do homem, o qual Ele ama tanto. Tanto que entregou Seu Único Filho em sacrifício pela nossa salvação.
Há coisas filho, que não são  permitidas ao homem que as conheça. Mistérios que estão além de nossa compreensão. Procure cuidar de seu bem maior, que é sua alma. Deixe de buscar o inatingível.
Quanto ao fato, prefiro acreditar que essas pessoas viram mesmo, foi um animal, aqui da nossa Terra. Minha experiência conta filho, que o susto, a surpresa e o medo fazem ver coisas.
Vou rezar por você. Se um dia vir aqui, me procure. Que Deus e a Virgem Maria te abençoem.


Padre ............................





























Continuação do Capítulo II : Outras Cartas


Para alcançar a verdade é preciso, uma vez na vida, desfazer-nos de todas as opiniões que recebemos e reconstruir de novo e desde os fundamentos, todos os sistemas dos nossos conhecimentos.

Renée Descartes


De um pastor de uma Igreja Neo-Pentecostal
(transcrição simplificada)


Varginha, 20 de fevereiro de 1996.


Prezado Irmão: 


Em atenção à sua correspondência, vou responder, não como uma criatura do mundo, mas como homem resgatado pela Luz do Evangelho, com a alma lavada pelo Sangue do Cordeiro.
1 – Jesus disse que no final dos tempos, grandes sinais apareceriam no Céu e na Terra.
2 – Que falsos profetas, falariam em Seu Nome.
3 – A Palavra de Deus nos ensina que o homem foi feito a Sua Imagem e Semelhança.
4 – As Sagradas Escrituras não mencionam a existência de outros mundos, com criaturas estranhas, que demonstrem raciocínio e razão, a não ser o homem. Não há também outros deuses.
5 – Além da Terra, existe o mundo espiritual, para onde serão levados os justos, e o lago de fogo e enxofre, onde serão lançados os iníquos; as profundezas do inferno, onde reina o maligno.
6 – O grande inimigo do homem, faz de tudo para desvia-lo de Deus, arma as mais terríveis artimanhas.
7 – O irmão havia me afirmado que conhece a Bíblia, e que coleta nas Sagradas Escrituras dados complementares para suas pesquisas. Perdoe-me o irmão, mas a Palavra não pode ser lida como objeto de ciência, mas de espiritualidade.
8 – Acredito ser até desnecessário citar versículos e demais ensinamentos  para ti irmão, mas aconselho-te em nome de Jesus; antes de ler a Palavra de Deus, dobre seus joelhos, peça a Luz do Espírito. A Bíblia não deve ser lida como uma enciclopédia.
9 – Quanto ao fenômeno que está sendo alardeado, tenho minhas dúvidas quanto a sua veracidade. Mas se realmente aquelas senhoras avistaram mesmo alguma criatura, tenho duas hipóteses. Ou viram um animal aqui da Terra; advirto o irmão que temos um zoológico em nossa cidade, pode ser que um símio tenha escapado...Bem, outra hipótese: é que essas senhoras avistaram uma criatura do mundo espiritual. Pela aparência descrita, um espírito baixo e maligno. Essas senhoras neste caso precisariam de muita oração, e de entregarem-se a Jesus.
            Quanto ao irmão, aconselho-te: use este seu conhecimento para coisas úteis, procure uma Igreja, entregue-se a Jesus. Não vejo razão para procurar criaturas e mundos estranhos; uma das inúmeras armadilhas que o inimigo prepara para afastar o homem do Caminho. Veja como é bela a obra que o Criador deixou a nossos olhos.
            Vou orar pelo irmão, e que as bênçãos de Jesus ilumine seu coração.


Missionário............


            De um pastor de uma Igreja Protestante Tradicional.
            (transcrição simplificada)


            Varginha, 20 de fevereiro de 1996.


            Prezado Senhor:


            Despertou-me a curiosidade, a sua carta, que demonstra muito bom senso e seriedade no trato com um assunto tão polêmico. Sinto talvez não poder responder-lhe a contento, pois bem sabe o Sr., dedico meus estudos a assuntos relacionados com a teologia cristã.
            O que posso dizer, com a experiência que tenho na vida comunitária, é que já ouvi relatos de casos tão ou mais fantásticos quanto ao relacionado com o episódio que supostamente ocorreu em nossa cidade no último 20 de janeiro. E posso afirmar com segurança para o Sr., que todos puderam ser explicados como fenômenos naturais, ou como fruto de perturbações psíquicas dos envolvidos.
            Testemunhei um fato certa vez, quando ainda estava no seminário, junto com meus amigos, professores e o diretor, do qual não tivemos uma explicação convincente. Aconteceu no Rio, no ano de 1979.
            Estávamos em um retiro espiritual, fazendo nossa oração noturna , quando uma esfera cintilante apareceu por trás de um morro. Aproximou-se a poucos metros de nosso grupo pairando em cima do lago. Emitia luzes coloridas e um som estranho, mas agradável ao ouvido, quase hipnótico. De repente lançou-se numa velocidade incrível para a imensidão do espaço. O deslocamento de ar foi tão grande, que arrastou grande quantidade de água do lago. Ficamos encharcados pela “chuva” e pelo denso vapor. O que intriga, é a subversão das leis da física. Não sofremos nenhum dano em nossos corpos, e nem nos ouvidos ou nos olhos; os quais ficaram expostos a luzes e ruídos intensos. A manobra efetuada, foi como uma explosão violentíssima, o chão chegou a vibrar...no entanto, não nos afetou.
            Continuamos com a nossa oração, e o pastor que presidia o culto, exaltou o fenômeno como uma maravilha da obra de Deus; e que nós tivemos o privilégio de testemunhar. Mas afirmou que se tratava de um fenômeno da natureza. Forças eletromagnéticas que teriam sido utilizadas por Deus para Se comunicar conosco, e citou a sarça ardente descrita por Moisés. Hoje trago como uma agradável lembrança este fato; e embora, como já tenho afirmado, o fenômeno desafie as leis da física, considero-o natural, da nossa e não de uma extraterra.
            Quanto ao caso que supostamente ocorreu em nossa cidade (trato como suposição, pois o relato suscita dúvidas) temos que ser muito cuidadosos. As pessoas envolvidas teriam que ser submetidas a exames por profissionais competentes. Aí entra a questão ética. Eu, como arrebanhador de ovelhas para Cristo, se viesse a ter contacto com essas pessoas, teria que me resguardar de divulgar os depoimentos. O mesmo se aplica a médicos, psicólogos, etc...Meu compromisso é ainda mais pesado, porque não é com homens, mas com Nosso Deus.
            Pedes minha opinião pessoal. Gostaria de não atropelar os fatos. O assunto ainda está quente na imprensa, e não há aparentemente uma solução plausível para o caso. Há rumores que a criatura foi capturada pelo exército, que houve envolvimento do corpo de bombeiros, de médicos e da polícia no caso; mas tudo parece mais ser fruto de especulação.
            Quando tiver notícias mais concretas escrevo-lhe.
            Aproveito o ensejo para convida-lo a visitar nossa Igreja, o dia que o Sr. vier a Varginha.
                  

Um abraço e a paz de Cristo



Pr.................


           













De uma sociedade cultural gnóstica (anônima)
            (transcrição simplificada)


            Varginha, fevereiro de 1996.


            Prezado amigo Pedro J. Caetano de O. e Silva


            Nesta:


            Foi com imenso prazer que recebemos sua carta. Estamos, como o Sr. nos pediu, organizando uma lista de endereços de pessoas de vários segmentos da sociedade. Ficamos um tanto intrigados com o método de investigação que o Sr. emprega. Mas vamos poupar-lhe de perguntas sobre, e auxilia-lo, uma vez que reconhecemos sua notoriedade no assunto.
            O Sr. diz que, assim que analisar as cartas respondidas e elaborar um dossiê, virá a campo para uma investigação mais acurada.
            Teremos todo o prazer em recebe-lo em nossa sede, bem como em acompanha-lo e prove-lo de meios que possam auxilia-lo.


                                               Atenciosamente


................................
Presidente Interino



            Do professor.............., que leciona na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau “...................................”
            ( resumo)



            Varginha, 28 de fevereiro de 1996.


            Prezado Senhor

           
Nesta:


O caso ocorrido em nossa cidade em 20 de janeiro p.p., preocupa as autoridades, educadores e demais segmentos da sociedade, pelo fato de que o relato, contém elementos insólitos e até que se prove o contrário, é inverossímil quanto ao relato, podendo ser incluso inverídico. E o pior, depois do fato, que supostamente teria ocorrido, surgiram como praga, outros relatos, com testemunhos quase idênticos.
Comentam-se nos meios acadêmicos, que tudo não passou de uma brincadeira impensada, de estudantes de jornalismo da Faculdade...............A intenção destes estudantes, era de lançar na imprensa uma notícia bombástica, e analisar a reação da opinião pública, bem como da imprensa nacional. Escolheram nossa cidade, por causa de antigos boatos sobre aparição de luzes misteriosas nas montanhas que a circundam, e pelo fato da relativa proximidade desta com a faculdade onde estudam. Não esperavam tamanha repercussão, tentaram retroceder mas era tarde. Mas veja; esta hipótese, também aparenta ter nascida, apenas como fruto de um boato, aliás extremamente paradoxal; pois as supostas testemunhas afirmam com convicção que viram a tal criatura, e não me consta que estariam de conluio com a suposta armação destes estudantes.
Uma das moças envolvidas fora minha aluna, e posso afirmar com toda certeza, que ela é uma pessoa de muito bom senso, aplicada nos estudos e não dada às superstições e vulgaridades.
O Sr. pergunta-me sobre a reação dos alunos, sobre o caso. Foram das mais diversas.  Antes de começarem as aulas, fomos convocados pela direção e coordenadores para uma reunião de emergência, na qual fomos orientados a não permitir e a não provocar qualquer comentário sobre o caso. Posicionei-me contra, mas para não entrar em atrito com os demais colegas, acabei concordando. Mas o que esperava aconteceu. Foi impossível refrear o entusiasmo dos alunos. Desenhos do suposto ET surgiram nos banheiros, nos cadernos, na lousa, nos muros, em todos os lugares.
A inevitável pergunta surgiu assim que entrei na sala no primeiro dia de aula: “O que o Sr. acha, professor?” Descumpri as ordens e respondi. Houve réplicas e tréplicas e a aula foi matada. O mesmo aconteceu com os demais colegas, e a estapafúrdia proposta da direção ficou no esquecimento.
Estamos a pouco mais de um mês da suposta ocorrência, com duas semanas de aula, e já há confecção de cartazes, redação (esta atividade eu propus, dando toda a liberdade temática e formal; sairam até poemas dedicados ao visitante!); leitura de obras de ficção científica, de para-ciências (ufologia, para-psicologia), de obras de ciências afins, como a  astronomia e astrofísica. Estamos unindo o fútil ao útil, estratégia que aprendemos com as novas propostas da moderna educação. A nossa diretora amoleceu, e até gostou das atividades.
As reações foram de todo tipo: crédito e descrédito, perplexidade e apatia...e dúvidas, muitas dúvidas e pontos de interrogação. Mas de uma coisa estou certo: todos queriam ver o ET e sua nave.
O interessante é que todos tinham uma história fantástica para contar, vivenciadas por eles mesmos, por seus pais ou seus avós, envolvendo aparição de luzes e objetos que se deslocam a velocidades jamais imaginadas pelo homem. E os desenhos? São naves de todo quanto tipo que se possa imaginar. Nem a NASA tem imaginação tão fértil. O Sr. mesmo comprovará através das redações, desenhos, contos e poemas produzidos por alunos de diversas faixas etárias de nossa escola, que seguem anexos a esta. Espero ter ajudado. Quanto ao endereço das testemunhas, não disponho no momento.
Visite nossa escola quando vier para cá. Gostaria que o Sr. fizesse uma palestra para nossos alunos. Se a direção não autorizar que a mesma aconteça nas dependências da escola, eu consigo um espaço no centro cultural de nossa cidade.


Forte abraço

......................... 


PS: Na praça...............há uma lanchonete que criou um lanche, cujo recheio é uma mistura de carnes, e é servido com molhos exóticos. O pão, fabricado sob encomenda, tem o formato de uma cabeça, com três protuberâncias na testa. É um lanche ruim, para meu paladar, mas é  curioso!





Continuação do Capítulo II: Ainda Cartas


(Os alquimistas) Com a cabeça repleta de novos segredos, buscam alterar a natureza das coisas, querem a transmutação dos metais, e perseguem por montes e vales não sei que quintessência quimérica que jamais hão de atingir. Inebriados pelos vapores de uma doce esperança, não choram dores nem trabalhos e o seu espírito, maravilhosamente fértil em inventar diariamente algum novo erro que os enganem agradavelmente, condu-los enfim a tal miséria que nem lhes resta o suficiente para a construção do menor dos fornos. Chegando a esse ponto, nem por isso os abandonam os seus sonhos agradáveis, e empregam todos os esforços para instigar os demais a correrem empós da felicidade que já não conseguem perseguir. Se, por acaso, lhes falha esse derradeiro recurso, muito se consolam pensando na formosa máxima: Nas grandes coisas, basta apenas ousar. Talvez até lastimem não haver o céu dado aos homens vida assaz longa para tão grande empreendimento.

Erasmo de Rotterdan


Do Centro Espírita...................
(resumo)






Varginha, 22 de fevereiro de 1996.


Prezado Senhor P. J. Caetano:


Em resposta à sua amável missiva, cumpre-nos informa-lo que nossos médiuns, às vésperas do estranho acontecimento testificado por três pessoas idôneas, no dia 20 de janeiro último, captaram algumas vibrações estranhas. Um Espírito de Luz, cuja mensagem foi psicografada pela médium............., alertava-nos sobre a presença de várias áureas espirituais desconhecidas, em nossa cidade. Esse Espírito não conseguiu comunicar-se com esses “espíritos estranhos”. Segundo o relato psicografado, ocupavam um tipo de campo vibratório diverso, como se estivessem em outra dimensão (não é bem assim, usei este termo para exemplificar; estamos diante de um caso bastante estranho para nossos conhecimentos). O Espírito de Luz que nos passou a mensagem, disse-nos que vai conversar com seus superiores sobre o que captara, e voltará a se comunicar conosco oportunamente através da médium.
O mundo espiritual, para onde os seres humanos desencarnados vão, muitas vezes é invadido por espíritos baixos e malignos, que possuem forma humanóide, animalesca ou bestial (este último termo, ao contrário do que o antecede, é para designar formas que não se parecem com nenhum animal do plano material. São entidades extremamente perigosas.). Mas há percepção e comunicação entre os Espíritos de Luz e estes seres, que são repreendidos pelos primeiros, quando tentam ou interferem na vida humana, no plano material. É uma incógnita a presença destes seres que foram captados pelo Espírito de Luz. Parece — ainda é cedo para se fazer ao menos uma mera conjetura — que esses seres ocupam um campo vibratório intermediário entre o mundo material e o espiritual. É como se tivessem carne, e ao mesmo tempo não tivessem. Não são como um ser humano, não são como um espírito. O Espírito de Luz nos informou que estas formas de vida possuíam uma tênue conformação “carnal” (as aspas são nossas) formada por um elemento material desconhecido.
Quanto ao fenômeno físico presenciado por estas pessoas, não podemos afirmar com certeza se está relacionado com o que nos revelou o Espírito.
Espíritos baixos podem se materializar momentaneamente. Mas ainda é cedo para se ter uma conclusão concreta, sobre o que realmente aconteceu.
Nossos guias  de Luz (estes ainda se encontram num grau de evolução inferior ao que passara a mensagem psicografada) visitaram as moças, enquanto dormiam, conversaram com elas no limbo em que a alma se refugia enquanto o corpo descansa, e concluíram: elas não mentiram. Mas não conseguiram uma transposição mental da imagem avistada por elas; havia uma estranha barreira.
Resta esclarecer: se há ligação entre os fatos que se passaram conosco e com os que se passaram com as moças; e finalmente, que espécie de vibração o Espírito de Luz realmente captou.
 Quanto às testemunhas carnais (as moças): viram uma criatura de outro planeta? um espírito baixo? um animal ou uma pessoa fantasiada no intuito de pregar peças, assustar pessoas, sem antever as conseqüências?
            Fico contente em saber que o Sr. conheceu o pesquisador Hernani Guimarães Andrade. Uma pessoa realmente notável e digna de crédito.
            Estou enviando exemplares do Livro dos Espíritos e da Gênese, de Alan Kardec; dos quais  presumo que o Sr. já  possui algum —, em caso afirmativo, doe-os para amigos.
            Quando tiver mais notícias, escrevo.

           
Até breve


...................
Presidente



























A polícia resolve se manifestar



            Do ....plantão policial de .............
            (na íntegra)


            Varginha, 27 de fevereiro de 1996.


            Prezado Senhor Pesquisador:


            Foi registrado no dia 20 de janeiro do corrente, por este plantão policial como “fato a esclarecer”, os supostos acontecimentos que tiveram grande repercussão na imprensa nacional e internacional.
            Não podemos passar cópia do B.O. para o senhor, bem o sabe, mas posso fazer um resumo: “Consta que na presente data (20/01/96.)............, .............e............RG, Estado Civil, Domicílio, Etc..., ao passarem por um terreno baldio, localizado na rua........,na altura do numeral......., no Jardim Andere, depararam com uma criatura desconhecida, não identificada pelas testemunhas (descrição em anexo). Não consta que foram atacadas ou ameaçadas. Fica instaurado inquérito, como “fato a esclarecer”. Foram tomadas as providencias de praxe, sendo as testemunhas encaminhadas ao IML para exame de corpo  delito”.
            Como pode ver, o B.O. não ajuda muito. O inquérito não está concluído, e vai demorar, pois o povo parece ter entrado em estado de histeria coletiva. Uma estrela cadente é uma nave, um gato vira ET. Anteontem apareceu uma senhora apavorada, aos gritos, dizendo que o ET estava em seu quintal, que os cães estavam paralisados, pois não latiram, que lá não entrava e etc...Fomos averiguar e constatamos porque os cachorros não latiram. Era o Pedrão Pinga Fogo, uma figura popular que perambula pelas nossas ruas, e faz amizade com todas as pessoas; até os cães mais ferozes o festejam!!!!Pode uma coisa dessa, o Pedrão ser confundido com o ET?
            Quanto ao vir em nossa cidade, seja bem-vindo, desde que se comporte descentemente. Se vier para atiçar mais lenha na fogueira, acredite, vai ter problemas com a nossa polícia. Nossa cidade não é circo.
            Tudo será esclarecido, os culpados por essa brincadeira de mau gosto serão rigorosamente punidos. Não agüentamos mais esta história. Respeito o Sr. como pesquisador, pareceu-me pela sua carta, uma pessoa de bom senso.
            Espero que o conserve, para nosso bem comum, caso venha mesmo a visitar nossa cidade. Todavia aconselho-o: gaste seu dinheiro com coisas mais úteis, ou então procure seus discos voadores aí em São Paulo mesmo. As testemunhas estavam realmente assustadas, mas minha experiência profissional aponta para uma única hipótese: uma brincadeira irresponsável. 


                                               Atenciosamente



..................................
 Delegado de Polícia




O exército resolve se manifestar


            Do destacamento do exército brasileiro em Três Corações – MG
            Enviada pelo serviço de comunicação social do exército brasileiro, em resposta à carta de Pedro Caetano.


            Três Corações - MG, 27 de fevereiro de 1996.



            Prezado Senhor:



            O Exército Brasileiro está acompanhando com cautela os fatos que teriam ocorrido em nossa vizinha cidade.
            Nossa missão primordial é defender a Pátria, e apesar dos alardes da imprensa, não há nada que tenha sido captado pelos nossos radares que venha a se configurar como ameaça.
            Respeitamos a opinião do Sr., mas até a presente data não se tem notícia ou provas materiais que estes maquinismos realmente existam. A orientação que as forças armadas recebem é inequívoca. A invasão do espaço aéreo não é tolerada em nenhuma circunstância. A ordem é aterrisse. Se não o fizer, é abatido.
            O Senhor pergunta em sua carta se houve envolvimento do Exército Brasileiro na captura da hipotética criatura.
            Primeiro, estou respondendo sua carta com a devida autorização de meus superiores, e não sem antes ter colhido informações que o confirmam como renomado pesquisador. Segundo, me intrigam suas perguntas, pois como pesquisador experiente, saberia de antemão a resposta, mas vai lá. Se o Exército tomou parte ou não de uma determinada ação, ou mesmo neste caso em particular, não importa. Ações de nossas forças armadas são assunto de segurança nacional, portanto vedadas à divulgação, quando assim se fizer necessário.
            De uma coisa alerto o Senhor: Se um dia avistar um desses objetos, se é que eles realmente existem; se o Senhor realmente ama sua Pátria, avise uma unidade militar imediatamente. Nós temos meios de detectar se representa uma ameaça ou não.
            Mas assim se constrói a nação. O Senhor, funcionário público que se empenha em pesquisas sobre ÓVNIS, eu um funcionário público disposto a dar  a vida pela Pátria.
            Saudações, sinto por não podermos colaborar mais a contento.



            Ten.Cel.........................................................................
            Cmte. em exercício do serviço de comunicação social



             Neste ponto, gostaria de esclarecer, que por motivos óbvios, deixamos de citar nomes de pessoas e instituições que responderam as cartas de meu amigo. As que nos chegaram anônimas, como a que transcreverei agora, serão enunciadas como tal.

           




De um morador da zona rural, anônima e sem data.
            (na íntegra)
           
           
            Prezado Doutor Caetano, em atenção a sua carta, na qual me interrogava a respeito do fenômeno, em que presenciei, quando foi por mim vista uma esfera luminosa, nas proximidades de meu sítio, quero lhe dizer que este fenômeno é de inteira verdade. Não sou uma pessoa de beber, e quero lhes dizer que por ocasião do fenômeno, me encontrava no meu mais perfeito juízo. No dia do fenômeno, havia trabalhado o dia todo, na roça, como faço todos os dias. Depois de terminar o serviço, retornei para minha casa de trator, guardei o trator no barracão e fui tomar um banho. Já havia anoitecido quando minha mulher veio reclamar a falta de um gênero alimentício, mais precisamente arroz, e que precisava comprar com urgência, pois se não comprasse iria faltar para o almoço do dia seguinte. Então eu pensei em pegar o carro e ir rapidinho até Varginha e retornar rapidamente, pois estava cansado. Foi o que fiz, fui até a cidade, comprei três pacotes de arroz e mais alguma coisa e retornei rapidamente. Durante o trajeto de retorno ao sítio, eu notei que ao lado do meu carro havia uma esfera luminosa que me acompanhava a mais ou menos um metro do chão. Esta esfera, que não possuía mais que dois metros de diâmetro, era de uma cor azulada, semelhante a uma chama de fogão a gás. Minha primeira reação foi de espanto, então acelerei mais ainda o carro, para ver se a deixava para trás, então a esfera se posicionou bem à frente do carro, então freiei [sic] rapidamente, pois pensava que poderia bater nela. Parei o carro com a freiada[sic] . A estrada de chão batido estava deserta, nesta hora não passava ninguém por ali, então fiquei desesperado, mas pude perceber que a esfera continuava na frente do carro, a mais ou menos cinco metros. Ela flutuava no ar e a sua luz não chegava a clarear a estrada, eu pude perceber isto, quando desliguei o farol do carro. Com muito medo decidi retornar a cidade, e quando engatei a marcha-a-ré, a esfera se colocou bem atrás do carro,como se ela adivinhasse a minha vontade. Então comecei a rezar o credo, pois pensava que aquilo era coisa do cão. Não consegui dar a marcha-a-ré no carro, pois estava com medo de atropelar a esfera. Fiquei algum tempo parado dentro do carro, olhando para este estranho fenômeno. Então a esfera se posicionou novamente ao lado do carro, fiquei olhando para ela por algum tempo e  percebi que ela ficava pairando no ar. Então eu acelerei o carro novamente em direção ao sítio e ela me acompanhou por um bom tempo, sempre pairando ao lado do carro. Depois de algum tempo a esfera simplesmente desapareceu, confesso que ainda fiquei procurando ao lado da estrada para ver se a via, mas não pude ver mais. Chegando em casa contei o ocorrido a minha mulher, e o Senhor sabe como é mulher, pois ela espalhou a notícia para todo mundo, e deu no que deu.
            Posso dizer ao Senhor que isto que eu presenciei é realmente um OVINI  [sic], pois depois disso muita gente viu ele aqui na nossa região.
            Se o Senhor quiser vir até aqui, eu lhe mostrarei o lugar exato onde ele apareceu...
            O povo da sociedade da gnóstica [sic], que são amigos do Senhor, sabem onde fica meu sítio.

            Acostumado com a excentricidade do meu amigo, em nenhuma das outras vezes que ele me mostrara as cartas recebidas, indaguei qual a função que elas teriam como objeto de pesquisa. Mas desta vez queria saber a utilidades delas no dossiê; não resisti — após ler as que foram transcritas acima, e muitas outras que vieram de vários segmentos; bem como depois de analisar as redações e desenhos enviados pelo professor; estes últimos, frutos da fértil imaginação infanto-juvenil — e perguntei se havia ali alguma pista, sim Sérgio, várias, mas espere os resultados, não vamos antecipar.
            Uma ruga de desaprovação estampou-se em meu rosto, é claro, foi ele quem a viu; Sérgio, preste atenção na carta do militar, ele teme alguma coisa, preste atenção, depois se calou como de costume, e como de costume, abriu uma cerveja, e perguntou da Rosa, desconversou. 
            Que eu saiba, quem deveria falar da Rosa é você amigo, eu?, ela tá zangada comigo, sabe, tem a repartição, tem as pesquisas, Sérgio, ela quer exclusividade, é que ela Caetano, demorou para se apaixonar, e quer viver o máximo, ela é da roça, inteligente, culta, mas da roça, não lhe interessam seus homens do espaço e planetas distantes, eu sei Sérgio, faço tudo para agradar, a gente tava até numa boa, sabe duma coisa Caetaninho, ela é muita lenha para sua fogueira, aproveita meu, o tempo está passando, um conselho amigo, além de bonita, madura, ela é uma excelente pessoa, mais saiu batendo a porta, Sérgio, pode?, dizendo que queria estrangular um ET, ah!ah!ah!, Caetano, ainda bem que não escolheu você para apertar o pescoço, ah!ah!ah!, pega outra breja, ah!ah!....














III – Livros, Livros, Monografias

Os homens não alcançam compreender os livros enquanto não chegam a ter certa dose de experiência de vida. Ou, de qualquer modo, homem algum consegue compreender um livro profundo, enquanto não tenha visto ou vivido pelo menos parte de seu conteúdo.

Ezra Pound



            Vou fazer de conta que Caetano é uma monografia, um enorme compêndio teórico, uma dissertação, uma tese; faço isso para vocês entenderem o Caetano melhor. Terminando de ler o Caetano, encontraremos na última parte as:

Referências Bibliográficas

As referências não virão completas, em obras que foram publicadas por grandes editoras, pois muitas sofreram reedições, ou foram republicadas por outras casas. Também não seria justo ficar cansando o leitor com data, ano, local da publicação, etc, com obras relativamente fáceis de serem encontradas.
O leitor encontrará as referências completas, dos livros considerados raros, isto é, daqueles que foram lançados por editoras independentes, tiveram baixa tiragem, ou sejam de uma certa forma difíceis de serem encontrados; desta forma, as referências serão úteis às pessoas que queiram recorrer a grandes bibliotecas. 

Nota do Editor

ADAMSKI, George. Inside the space ships.
ALLINGHAM, Cedric. Flying saucers from mars.
ANDRADE, José Severiano T. Adamastor de. Aparições de ÓVNIS na região amazônica. Manaus: Nova Printer. 1987.
BENÍCIO, Aleixo K. Gutiérres. A verdade sobre os discos voadores. São Paulo: Brochura de cópias reprográficas sem editor. s/d. [1980/1990?].
BENITEZ, J.J. Operação Cavalo de Tróia (1, 2 e 3).
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BERLITZ, Charles. O triângulo das bremudas, Limbo dos perdidos.
BETHURUM, Truman. Aboard a flying saucers.
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BRUGGER, Karl. A crônica de Akakor.
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ZSCHAETZCH. Karl George. Atlântida, pais de origem dos arianos.
Periódicos
Revista Brasileira de Ufologia, Planeta, Planalto Central, Revista “UFO” (brasileira),Mas allá de la Ciencia" (revista espanhola), “Giornale dei Misteri" (revista italiana), "Contact ÓVNI" (revista francesa), "MUFOM" (revista americana), "När Kontakt" - setembro/1996 (revista sueca, com artigo sobre o caso Varginha), Revista ÓVNIS, Abduções, Jornal do Mistério, Revista das Estrelas, Revista das para-ciências, etc...
Filmes 
INTRUDERS (EUA,1992, Dan Curtis )
FOGO NO CÉU (EUA, 1993, Robert Lieberman)
HANGAR 18 (EUA,1980, James Conway)
2001 - Uma odisséia no espaço (ING, 1968, Stanley Kubrick)
2010 - O ano em que faremos contato (EUA, 1984, Peter Hyams)
COCOON (EUA, 1985, Ron Hward)
ET - O EXTRATERRESTE (EUA, 1982, Spielberg)
CONTATOS IMEDIATOS DO 3 º GRAU (EUA, 1977, Spielberg)
INDEPENDENCE DAY (EUA, 1996, Roland Emmerich)
A INVASÃO (EUA, 1996, David N. Twohy)
MARTE ATACA (EUA, 1996, Tim Burtom)
O SEGREDO DO ABISMO (EUA, 1989, James Cameron)
INVASORES DE MARTE (EUA, 1986, Tobe Hooper)
ESTRANHOS INVASORES (EUA, 1983, Michael Laughlin)
O DIA EM QUE A TERRA PAROU (EUA, 1951, Robert Wise )
A HISTÓRIA NEGOU TUDO ( Official Denial ) (EUA, 1993, Brian Trenchard-Smith)
O ENIGMA DE ANDRÔMEDA  (EUA, 1971, Robert Wise)
PLAN 9 FROM OUTER SPACE (EUA, 1959, Ed Wood Jr., trash movie)
FORÇA SINISTRA (EUA, 1985, Tobe Hooper)
A GUERRA DOS MUNDOS (EUA, 1953, Byron Haskin)
O TERROR DO ESPAÇO (EUA, 1987, Mike Gray)
VAMPIROS DE ALMA ( EUA, 1956, Don Siegel )
ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS ? (ALEM, 1969, Documentário)

MERCENÁRIOS DAS GALÁXIAS (EUA, 1980, Jimmy T. Murakami) d, r
GUERRA DE MUNDOS (EUA, 1952, Byron Haskin )

Obras do Caetano, inéditas:


OLIVEIRA E SILVA, Pedro José Caetano de. (1953 – 1996?)
Não há como precisar uma data para as obras abaixo relacionadas, pois foram escritas ao longo dos anos, algumas concomitantemente. Algumas monografias ainda não estão concluídas, outras estão ainda manuscritas.

Monografia nº 1 – Considerações sobre a explosão na floresta de Taiga na Sibéria: análises de variados pontos de vista.
Resumo
No dia 30 de julho do ano de 1908, algum objeto caiu na floresta de Taiga, na região de Tunguska, na Sibéria, causando uma explosão que destruiu 2.150 Km², sendo que 200 destes foram completamente queimados.  A destruição foi maciça num raio de 600 quilômetros, e, a energia liberada equivalente a 2000 bombas iguais à que foi lançada sobre Hiroshima. Até hoje este fato constitui-se numa incógnita para a ciência. Muitas conjeturas foram feitas, no entanto, não se encontrou uma explicação plausível para o fenômeno. Seria uma nave espacial que explodiu, um bloco de antimatéria, uma explosão nuclear? Este trabalho, visa analisar as mais diversas opiniões: de físicos, astrônomos, ufólogos, enfim, de intelectuais de diversas áreas do conhecimento científico, no intuito de tentar aclarar a obscuridade que cerca um dos mais intrigantes fatos ocorridos neste século.
Monografia nº 2 – O caso do contacto imediato ocorrido em Lins – SP.
Resumo
Nos anos setenta foram registradas nos céus de Lins e adjacências, a presença de estranhas máquinas voadoras, que coloriam os céus a noite. O caso foi abafado pelo governo militar na época, e poucas foram as reportagens ou estudos realizados que dessem um pouco de luz, ajudasse a esclarecer o ocorrido. Num trabalho árduo de pesquisa, entramos em contacto com pessoas que testemunharam aqueles fatos, a maioria já idosa. Contrastando com outros casos semelhantes, foram elaborados estudos comparativos que, se não elucidam, ao menos tecem conjeturas, abrindo um leque de reflexões no intuito de se chegar a uma conclusão; se realmente houve, a presença de seres extraterrestres naquela região, ou se ocorreu algum fenômeno físico, explicável com menos dificuldade. O que nos chamou muito a atenção, foi a  entrevista concedida por uma senhora idônea e lúcida, que afirma ter ficado frente a frente com um dos supostos visitantes, inclusive dando-lhe um copo de água.
Monografia nº 3 – O caso Roswell: Verdades e mentiras.
Resumo
Um dos mais intrigantes e estudados casos registrados pela ufologia, é dissecado com seriedade e bom senso. Foi o primeiro registro, na era moderna, de recolhimento de destroços de materiais estranhos e de  cadáveres de criaturas extraterrestres. Consta também que testemunhas teriam tido contato com uma estranha escrita, parecida com a oriental. Esta monografia analisa os fatos diante de inúmeros pontos de vista, reproduzindo inclusive entrevistas com pessoas envolvidas, algumas delas cientistas e militares. Esta ocorrência colocou os Estados Unidos como supostos pioneiros na era UFO, ainda que ao longo dos anos tenham tentado desmentir; atribuindo falsidade ao relato das testemunhas.
Monografia nº 4 – A abdução ocorrida em Mirandópolis – SP, nos anos oitenta.
Resumo
As pessoas envolvidas neste episódio, deram todo apoio às investigações, mediante a promessa de que  suas identidades fossem resguardadas. Poucas pessoas da cidade ficaram sabendo do ocorrido, e os abduzidos procuraram espontaneamente o ufólogo, para relatar o que lhes havia acontecido, quando retornavam de uma festa. O casal, como na maioria das vezes, são pessoas que não teriam necessidade de mentir, e o testemunho, é um dos mais intrigantes entre os reunidos em volume no Brasil. Neste trabalho fizemos uma análise comparativa, e estabelecemos um nível de recorrência de fatos semelhantes registrados em solo brasileiro.
Monografia nº 5 – Os Homens-Formiga de Goiás. Ilustrado por João Dias da Silva, com base em depoimentos de testemunhas.
Resumo
Numa fazenda nas proximidades das fronteiras, onde o estado de Goiás torna-se mais próximo de São Paulo e Minas Gerais, numa data não muito bem delimitada,  mas aproximadamente compreendida entre os anos de 1956 e 1960, os boiadeiros agregados, ao recolherem um lote de bois para o corte, depararam-se com estranhos seres, que lembravam enormes insetos, e que aparentavam pedir ajuda. Homens da lida dura, sentiram muito medo e foram chamar o padre que lá foi verificar em companhia do único médico da região. Fizeram tudo o que era possível, mas os estranhos seres, que aparentemente pareciam tratar-se de dois casais, pereceram, e contam as lendas locais que foram sepultados durante a noite, longe do olhar do povo, na cripta de uma Igreja. Um detalhe interessante, é que não consta descrição de presença de máquinas voadoras ou de destroços; somente dos seres. As testemunhas sobreviventes encontradas pelo pesquisador, já se encontravam em idade avançada, dificultando o emprego da metodologia científica quanto à análise dos dados coletados. Mas dentro das possibilidades, é uma peça digna de estudo. Cópias deste trabalho faz parte do acervo de importantes pesquisadores, de todo o mundo.
Monographie nº 6 –  Les deux enfants Josué et Diva, et sus étrangées conformations physiques. 
Resumo
Esta monografia, escrita em parceria com o ufólogo francês Jean-Michel Lorain d’Avignon, trata de um  dos casos mais inusitados que a ufologia brasileira já se deparou. Duas crianças de mais ou menos treze anos, tiveram que ser internadas simultaneamente, pois foram atacadas por uma suposta bactéria degenerativa. Foram recolhidas da rua por policiais, em estado lastimável (não consta que tivessem família, viviam em deplorável estado de abandono) ; e literalmente derreteram-se, sob o ataque do agente patológico. Os exames a que foram submetidas comprovaram que o ataque fora desferido por bactérias que corriqueiramente infestam nossas gargantas e demais tecidos, mas não nos causam nenhum mal. Médicos de todo o mundo acorreram em busca de tão inusitado desafio. A surpresa foi, ao se analisarem os restos mortais. Os compostos não se assemelhavam a nenhum material orgânico encontrado aqui na Terra, e o esqueleto, era reforçado por uma espécie de  estrutura metálica. Tivemos acesso às análises clínicas e opiniões de diversos profissionais, sobre mais este caso obscuro abafado pelo governo brasileiro.
Monografía nº 7 -  El pasaje hacia otra dimensión en el cementerio de San Juan de Bonaventura. En parcería com él  estudioso de los ovinis argentino Francisco Hernández González Cuencas.
Resumen
En una pequeña ciudad, umbicada cerca de más o menos trescientos quilómetros de Lima - Peru, algunas personas empiezaram a desaparecer dentro del cementerio, pero después de algunos días reaparecían ben más dispuestas y más chicas, contando historias de los sítios maravillosos donde estuvieron. Decenas de personas fueron en búsqueda del milagro, pero ni todos lograran conseguírselo. El estudioso de los ovnis brasileño y su amigo argentino estudiaron el fenómeno, concluyendo que se tratava de un pasaje hacia otra dimensión. Hoy las desapariciones cesaron, y el portal fue cerrado. Pero esta monografía registró todo lo que ocurrió en aquel sítio. Fueron cogidas algunas provas materiales, que hoy pertenecem al Museo Nacional de Lima.
Monografia nº 8 – O caso da base aérea de São José dos Campos.
Resumo
O caso dos caças brasileiros que foram (per) seguidos por estranhos aparelhos muito rápidos; fato testemunhado por pilotos, oficiais, operadores de torres de controle e de radares. O exército pareceu não se importar com a veiculação da notícia. Atitudes desta natureza, nos ensina o ufólogo, são normais quando não há evidências físicas, provas materiais, do objeto avistado.
Monografia nº 9 – O estranho artefato retirado do lago em Monte Azul. Fotos de Dirceu Lemes Carvalheiro de Oliveira.
Resumo
Não foi possível concluir com o êxito esperado, esta monografia. Restou-nos como provas materiais apenas as fotos. Na segunda vez que voltamos ao local, haviam dado rumo ignorado ao objeto, e fomos convidados a nos retirarmos da localidade. Mas o pouco que foi feito, ainda serve como objeto de pesquisa.
Monografia nº 10 – Casos de relações sexuais entre seres humanos abduzidos e extraterrestres.
Resumo  
 Questão que constitui um enorme quebra-cabeça para os estudiosos, uma vez que, apresentando-se como seres em avançado estágio científico, não necessitariam expor-se a uma relação carnal, e a um risco certo de contaminação mútua; haveria outros meios para se tentar um cruzamento entre as duas raças, como os métodos de inseminação artificial e manipulação genética; tecnologias que nossa incipiente ciência domina muito bem. O ufólogo acredita que, se realmente houve casos de relações sexuais entre filhos da Terra e extraterrestres, deve haver no ato em si, um sentido ritualístico, ou um ato de desobediência, como o relatado na Bíblia (anjos que teriam tido conúbio carnal com as filhas dos homens). Outrossim, ainda conjetura o ufólogo, o que chamamos de relações sexuais aqui, deve tomar um outro sentido para povos extraterrestres, talvez até uma função diversa à de nossos povos, as quais seriam prazer e procriação. Não sabemos exatamente, que sentido, palavras e atos nossos, teriam para povos de planetas distantes, que passaram por processos evolutivos distintos.
Monografia nº 11 – Considerações sobre Erick von Däniker. (participação de vários ufólogos)
Resumo
Däniker floresceu num campo fértil, quando o movimento hippie estava dando seus últimos suspiros; no entanto, os profetas da era de aquário deixaram um rastro de magia e misticismo que resiste a era cyber às portas do terceiro milênio; e muitos sobreviventes daquele quimérico (quimérico?) sonho, ainda lêem o suíço de língua germânica . Com milhares de livros vendidos e vários títulos publicados, é um dos escritores que mais críticas tem sofrido por parte da comunidade científica. Por outro lado, suas obras servem de referência a muito pesquisador sério. Este trabalho, é antes de tudo, um maravilhoso debate, no qual as questões levantadas sobre Däniker são discutidas com bastante seriedade.
Monografia nº 12 – América: seus sítios arqueológicos e seus mistérios.
Conteúdo
Este enorme volume, é antes um compêndio sobre a América, do que uma monografia propriamente dita. Nele constam fotos de antigas ruínas, crônicas inéditas do descobrimento, de códices pré-colombianos, relação de animais e plantas, de registros de povos autóctones ainda existentes ou desaparecidos, com suas línguas, lendas e costumes. Um volume digno de ser reorganizado e legado às gerações futuras.
Monografia nº 13 – Segredo científico-estratégico brasileiro: um córrego localizado dentro de um parque nacional, que apresenta espécimes da fauna e flora únicos no mundo, e que misteriosamente, não sobrevivem fora de seu habitat natural.       
Conteúdo
Um compêndio de história natural, elaborado por um biólogo, amigo do estudioso. Sabe-se que este córrego está localizado no estado do Paraná, dentro de uma área de preservação,  e que o material que compõe este trabalho até o momento, fora escrito pelo professor, que preferiu guardar segredo sobre a localização exata do inusitado ecossistema, confiando a este estudioso a organização do que fora levantado até então. Ambos aguardam o momento propício para realizarem uma pesquisa em conjunto no local. A área é considerada de segurança nacional.
Monografia nº 14 – Projeto de um aparelho que lembra um ÓVNI em seu formato mais recorrente (Disco-Voador), encontrado num antigo museu de uma cidade histórica de Minas. (participação de engenheiros e físicos). 
O ufólogo aguarda laudos dos especialistas, antes de começar a organizar esta obra.
Monografia nº 15 – O Planalto Central — seus mistérios, sua áurea mística .
Em fase de construção.
           
            E mais, volumes e volumes encadernados, contendo conferências, entrevistas, fotos, etc...Embora haja momentos em que perco a paciência com o Caetano, tenho que admitir que ele é mesmo, um grande pesquisador, que possui um tesouro em dados e estudos sobre o assunto que deixa qualquer ufólogo com água na boca. Bem, eu já testemunhei isso, pois sempre aparecem estudiosos de várias partes do Brasil e do exterior, ávidos pelos arquivos de meu amigo; realmente um tesouro, tenho que admiti-lo.
























IV - Eis que Surge a Femme Fatale

Carta de Dom Quixote a Dulcinéia del Toboso

Soberana e alta senhora:

O ferido do gume da ausência e o chagado nas teias do coração, dulcíssima Dulcinéia del Toboso, te envia saudar, que a ele lhe falta. Se a tua formosura me despreza, se o teu valor me não vale, e se os teus desdéns se apuram com a minha firmeza, não obstante ser eu muito sofrido, mal poderei com estes pesares, que, além de muito graves, já vão durando em demasia. O meu bom escudeiro Sancho te dará inteira relação, ó minha bela ingrata, amada inimiga minha, do modo como eu fico por teu respeito. Se te parecer acudir-me, teu sou; e, se não, faze o que mais te aprouver, pois com acabar a minha vida terei satisfeito à tua crueldade e ao meu desejo.
Teu até a morte.

O CAVALEIRO DA TRISTE FIGURA

Miguel de Cervantes

            Viajo a semana que vem Sérgio, gostaria que você recebesse e abrisse minhas correspondências, como já te pedi em outras ocasiões, bem, já sabe, se aparecer alguma pista quente me liga, traga a Lindaura e as crianças para jantar aqui em casa hoje, afinal vou passar um bom tempo fora, está bem Caetano, mas amanhã você retribui, vai almoçar conosco, sabe, estive pensando, esta história de ET de três chifres, que zune que nem abelha, bem você é que sabe, com par de chifres você vai achar um monte e nem precisa sair daqui, achei até bom a Rosa desistir de você, senão, com seus UFOS, para de encher Sérgio, me ajuda aqui com este material, não aí não, na estante da direita, acho que se deixar isto por sua conta um mês, isso vira um fuzuê, qual é mano, você é muito organizado com seus venusianos e andromedanos, lá na seção, se não for eu, Sérgio, prefiro meus ETs que o Zé Hermenegildo, agüentar aquele trolha o dia inteiro enchendo o saco, concordo com você Caetano, esquece aquele cara, vamos fazer um happy hour, tá ficando chique, porque não dizer simplesmente, vamos no bar, eu digo mais Caetano, quem acredita em homenzinhos verdes tem miolo mole, nisso eu também concordo Sérgio, deixa de prosa fiada, vamos lá!
            É, o tempo passou amigo, há alguns dias você era um moleque mirrado, continua mirrado, mais não é mais moleque, e você?, já tá geando na sua cabeça, já está ficando careca, ah, Sérgio, daqui uns dias já não começa dar no couro, aí eu não vou ter que correr atrás  de ET de antenas, meu melhor amigo vai ter duas..., vou contar para a Lindaura, não faça isso, sei que você não fará, você me enche o saco e eu acabo falando asneira e...
            Há muito tempo que não via o Caetano tão alegre e tão descontraído. Ele era sério e não dado a certas brincadeiras. Mas hoje ele estava realmente muito, muito excitado. Deve ser por causa da viagem. Mas não é a primeira que ele faz, atrás também de assuntos não menos inusitados. Vou confessar algo ao leitor; no fundo, eu gosto muito também do assunto, mas não às raias do paroxismo como meu amigo. Resguardava-me, pois pessoas que se dedicam a este assunto, sempre são alvo de risinhos, de pilhérias de outras pessoas e acabam por incitar a desconfiança; sempre alguém vai achar que você tem um parafuso de menos, como ocorria com meu amigo.
            Eu sonhava crescer, galgar cargos, alcançar salários melhores. Hoje estou, digamos, um pouco cansado, aborrecido com o serviço público; e com os colegas, cujo prazer é dirigirem comentários  jocosos e maldosos contra meu amigo. Invejam seu intelecto e canalizam este vil sentimento, zombando de seu aspecto físico e de sua mania. Um dia  ouvi o fatal “Quem com Caetano anda, Caetano é”; não por mim, mas por ele, minha resposta caiu como uma bomba, “Bom seria se Caetano fosses; pense bem, coloque-se frente a um espelho, analise-se a você mesmo”; pois o cara não valia o feijão que comia. Não sei se entendeu a contento, com seu limitado raciocínio, o que realmente quis dizer com estas palavras. Mas lembre-se o leitor, pessoas de natureza vil, temem o espelho, pois ele não reflete apenas a áurea física...
            À noite fomos Lindaura, as crianças e eu até a casa de nosso amigo; os pequenos correram para o “Mundo das Estrelas”; era assim que apelidei a “Ufoteca” de meu amigo. Eles gostavam de olhar fotos, desenhos e principalmente de assistirem umas fitas que continham uma coletânea de seqüências de imagens feitas geralmente por amadores, de supostos ÓVNIS.
            Caetano cozinhava, e bem. Quando jantávamos lá, a Lindaura virava sua assistente de cozinha. O prato predileto de Caetano era peixe. E como eu não suportava peixe cru, passava o tempo bebericando e lendo as monografias de meu amigo, das quais gosto muito. Esqueci de dizer que, além das quinze, entre as quais umas já prontas, outras em construção, que enumerei, há mais projetos em andamento, muitos manuscritos feitos in loco, enfim há um farto material a espera de organização. As monografias, prefiro chamar os estudos, os escritos de Caetano, são muito bons. Os guardo com carinho e espero poder publica-los um dia.
            Caetano dava-se muito bem com Lindaura, estendia nossa amizade à minha esposa, e isso me deixava muito feliz. Tinha um certo tique, um ciúme de seus arquivos, mas deixava meus filhos à vontade no “Mundo das Estrelas”.
            Lá pelas tantas o delicioso jantar ficou pronto. Deu-se ao luxo meu amigo, de preparar um pintado, iguaria cara para funcionários públicos de nossa categoria, mas afinal ele podia, era só, e ganhava algum dinheiro com suas conferências.
            A gente estava saboreando o mais nobre dos peixes das águas brasileiras quando alguém tocou a campainha. Caetano sorveu um gole do vinho modesto, mas bom e foi à porta, estava nesta altura, bem alegrão, aliás bastante alegre, mais disposto ainda do que estivera nos últimos dias, Lindaura falou, aí tem coisa, é a viagem objetei, viagem ele sempre faz, não tão longas, Sérgio, ainda acho que tem coisa nisso.
            E tinha, mas fora uma espécie de premonição de Lindaura, ninguém; nem nosso amigo, esperava a cilada que lhe prepararia uma mulher, uma Femme Fatale...Não, não esperava, não sabia, ficou tão surpreso como nós ficamos; surpreso, e quem diria, o mosquito finalmente se prendeu à teia.
            Caetano entrou na sala com uma pessoa que deixou Lindaura, as crianças e eu atônitos. Era um misto de Dale Arden, Barbarella, Valentina, Druuna, Sophia Loren, Vênus, Juno, Atenas; veio do espaço sideral, das estrelas, de universos paralelos, de Andrômeda, do fundo do mar; era um avião, um foguete, uma ninfa, uma ñina criada pelos hermanos Hernández, uma criatura saída dum card de Frank Frazetta, um maremoto, um furacão.
            Tia Rosa!, exclamaram melodiosamente os meninos, Tia Rosa, a Rosa é o que sou, uma nova Rosa que desabrocha para a vida, Lindaura, Sérgio, com este homem, quer ele queira, ou não queira, vou com ele para onde ele for, de carroça, carro ou disco voador, para Vênus, Netuno, Plutão, para qualquer galáxia.
Refeitos do susto, sentamos todos à mesa, saímos Lindaura, as crianças e eu, quando secou-se a última garrafa de vinho, tia Rosa ficou doida?, não acredito no que vi, muito menos eu, afinal, acho que as coisas vão dar certo, eu acho Sérgio que ela vai conseguir dissuadir o Caetano de realizar esta viagem e da procura de ETs, eu de minha parte, acho que a Rosa vai embarcar com ele nessa aventura doida, é esperar para ver, eu conheço muito bem minha tia, ninguém conhece bem ninguém, as pessoas surpreendem, não somos os mesmos a cada amanhecer, espere e verá.
  


Acho que chegou o momento de minha interferência nesta história. O leitor a esta altura deve  estar curioso para saber quem sou (o leitor lembra-se quando dei uma pequena palavra nas Referências Bibliográficas?); deve estar se perguntando, quem é este que interfere a esta altura na narrativa? Bem, eu tive a coragem, talvez até um certo grau de temeridade em financiar a publicação desta obra. Porque temeridade? Se o leitor chegou até aqui, sabe responde-lo de antemão. Assuntos que envolvem ÓVNIS é tratado com descaso e riso. Assim como tudo aquilo que não pode ser provado através de experimentos, ou que desafie a lógica convencional.
            Um leitor que estivesse ávido por um livro de ufologia, com o mínimo de bom senso, errou o pulo, e nesta hora deve estar aborrecido. Quem buscou uma obra descompromissada e divertida acertou.
            Mas porque aceitei em financiar esta obra? Dinheiro sobrando? Ócio? Não. Simplesmente porque a pessoa que me apresentou os originais é idônea; trabalhamos juntos há alguns anos, e querem saber mais? Os fatos narrados são verídicos. Estranhamente verídicos.
            Esta pessoa conheceu muito bem os envolvidos nesta incrível história, cuja narrativa foi elaborada pelo Sérgio. Aliás, pediria aos leitores que tivessem um pouco de paciência com certos deslizes gramaticais e alguma truncagem ou incoerência na narrativa. Sérgio, nunca foi um homem de letras. É, segundo ele afirma, um modesto funcionário público. Conta suas aventuras de acordo com seus recursos; e este que vos fala não permitiu retoques que viesse prejudicar a sua força de expressão, salvo alguns retoques ortográficos; ainda assim quando extremamente necessários.
            O que me chamou a atenção, e até me empolgou a financiar a publicação desta narrativa, cujos personagens são de carne e osso, verídicos, torno a repetir, foi a questão do ponto de vista dos envolvidos. O que os motivou a contar sem cortes acontecimentos tão inusitados, que se passaram em uma determinada dimensão da vida inacessível a você, caro leitor? Ou diria, acessível a você, caro leitor!
            Não vou tomar mais seu tempo. Continuemos, e você haverá de concordar comigo, que tudo o que ocorreu, e foi relatado, é verdade. No final deixarei meu e-mail, para que aqueles que desejarem me contatar, assim o possam faze-lo, quando o desejarem. Mas advirto-os, que o abro a cada mês, em uma cidade vizinha, em um computador público. Isso para evitar que, aqueles que compraram o livro, e desejem me pegar pelo pescoço, tenham um pouco de trabalho para me encontrar.
            Boa (ou má) leitura!!!!


O Editor




 

 

 

 






V – A Viagem


Nenhuma legislação social acabará com a diferença psicológica das pessoas, este fator indispensável da energia vital de uma sociedade humana. Por isso é sempre útil falar da heterogeneidade das pessoas. Essas diferenças trazem consigo exigências de bem-estar tão diversas que nenhuma legislação, por mais perfeita, jamais conseguiria satisfazê-las. Impossível também seria imaginar uma forma de vida externa, por mais justa e eqüitativa, que não significasse injustiça para um ou outro.

Carl G. Jung

            A Rosa, como havia dito, uma matrona de seus trinta e poucos, era muito bonita, mas duma beleza beata, simples, da roça. Vestia-se discretamente, era comedida nos gestos, não usava pintura pesada, era uma moçoila recatada, não namorara ninguém até conhecer o Caetano, não faltava às missas, era muito séria, dava aulas na escola rural da fazenda, incorporando o estilo da professora solteira, austera e rigorosa, à moda antiga, não gostava de piadas e gracinhas e não dava bola para ninguém. Era uma Rosa paredão, que foi se engraçar justo com o Caetano; perdoem-me, donde estiverem —ambos eram excêntricos. Esse ficar de Rosa, esse namoro colorido, esse ajuntar dos dois, causara um certo espanto em Lindaura e eu, não que a gente seja puritano; dadas às características de ambos, causava-nos certo desconforto. O certo é que ambos foram o primeiro namorado um do outro. O certo é que se Caetano queria, desejava, conseguiu; uma mulher interplanetária. Depois daquele jantar, nunca mais se separaram, unidos foram até a morte, se é que morreram mesmo.
            O almoço de domingo foi um barato, não foi bem almoço, foi churrasco, o Caetano insistiu em comprar umas sardinhas frescas para assar na grelha, parece filho de gato, não pode ficar sem peixe, miau, e você é filho de touceira de cana, não pode ficar sem mé, vê se manéra Sérgio!
            Amigos que habitualmente vinham em casa aos domingos, não deixavam de olhar com uma certa inquietação para Rosa, que conheciam muito bem; e pareciam não acreditar no que viam, mas eram pessoas discretas, que não tomavam esta atitude por maldade; era porque o que presenciavam era incrível, insólito. Prá encurtar, muitos jamais tinham visto o Caetano com uma mulher. Quem falara jocosamente, que um dia meu amigo iria se casar com uma venusiana, não acertou, simplesmente profetizou. Dois seres humanos obscuros, no sentido de, se voltarem para seus afazeres particulares sem perceberem o mundo à sua volta, que de repente se encontram, se completam, e colocam toda a energia contida, toda vivacidade, emoção, para fora, uma explosão de felicidade; ET de Varginha, nisto ao menos, você foi positivo, despertou duas almas do marasmo, do torpor para a vida.
            Fiz uma coisa neste entremeio em que estávamos em plenos preparativos para a viagem, que havia anos que não o fazia; usei os punhos em defesa de meu amigo, não contra um, mas contra um bando de idiotas, colegas entre aspas. Enquanto estavam com piadinhas do tipo “o sapo e a princesa”, “a bela e a fera”, “o corcunda de notre dame”, “a bela e seu sagüi de estimação”, aturei. Mas quando insinuaram qualquer coisa, que a tia de minha esposa, a mulher de meu melhor amigo, tava mais para garota de bordel; não tenho nada contra garotas de programa — antes de tudo, elas merecem todo o nosso respeito, aliás, o respeito pelas pessoas, pela liberdade de expressão, pela escolha de seu próprio caminho é antes de tudo um dever — e então, como ia dizendo, e se ela fosse?teria aquela corja algo a ver?teriam?, biscate é a sua mãe, bradei; deu um rolo danado, mas por fim, houve quem se posicionasse a meu lado, e o que levou a pior — lá fora a gente acerta, ameaçou —, mas acabou ficando por isso mesmo, quem está errado acaba se convencendo cedo ou tarde, não devia ter feito isso Sérgio, sei Caetano, agora já foi, tá feito a bobeira, de qualquer forma valeu, mas não se arrisque mais, promete, prometo.
            Lindaura errou. A viagem a dois foi preparada de comum acordo. E quem ia à casa do Caetano caia de costas ao ver aquela mulher sempre-sexy numa casa famosa por ser habitada por um solteirão misantropo. Várias vezes surpreendi Rosa lendo os escritos de meu amigo com a sedenta avidez  de um neófito. Parece que panela e tampa haviam finalmente se encaixado.
            Chegado o grande dia, tudo pronto, preparado; quem pensara que a Rosa se vestiria de maneira mais discreta para a viagem, errou. Caetano embarcou às 22:00 hs do dia 1º de março com sua femme fatale a rigor. Rumo a Campinas, onde tinha uns contactos a fazer e de lá para a cidade mineira, passando antes pelo vale do Paraíba. Caetano tinha um dinheiro guardado. Transferiu para conta corrente quase todas as suas economias; não gostava de cartão de crédito, era sistemático.
            Nunca pensei que seria a última vez que abraçaria meu melhor amigo, e sua flexuosa Rosa; ato sincero de demonstração de amizade, o qual exigia um certo esforço para ser realizado de  maneira casta, sem ser dominado pelos instintos, e por pensamentos lascivos.    


 

VI – O Diário

Quem for capaz de respirar na atmosfera das minhas obras sabe que se trata de um ar de altitude, de um ar forte. Há que ser feito para ele, de outro modo não será pequeno o perigo de resfriamento. O gelo está próximo, a solidão é enorme, mas como todas as coisas repousam tranquilamente em plena luz! Como se respira livremente! Quanta coisa sentimos estar abaixo de nós! A filosofia, tal como eu, até hoje, a entendi e a vivi, consiste em viver voluntariamente no gelo e na alta montanha, em procurar tudo o que é estranho e problemático na existência, tudo aquilo que, até ao presente, foi anatematizado pela moral. Devido a uma longa experiência, que me foi dada por essa peregrinação através do interdito, aprendi a encarar os motivos pelos quais, até agora, se moralizou e se idealizou, de maneira muito diferente do que pode ser para desejar: a história oculta dos filósofos, a psicologia dos grandes nomes da filosofia apareceram-me à luz do dia. Quanta verdade suporta, quanta verdade ousa um espírito? Cada vez mais essa se tornou para mim a autêntica escala de aferição. O erro (a crença no ideal) não é cegueira, o erro é cobardia... Cada avanço, cada passo em frente no conhecimento resulta da coragem, da dureza contra si próprio, da limpeza ante si próprio... Eu não refuto os ideais, calço simplesmente luvas perante eles... Nitimur in vetiturn: sob este signo triunfará um dia a minha filosofia, pois em princípio sempre se proibiu, até hoje, apenas a verdade.
Friedrich Nietzsche


Encontrei entre os objetos de Caetano e Rosa que foram entregues aos meus cuidados pelo gerente do último hotel em que estiveram hospedados em Varginha, um diário de viagem. No decorrer deste capítulo, vou transcrever alguns fragmentos que estejam relacionados ou que possam dar encadeamento a esta narrativa.
02/03/1996
Chegamos em Campinas. Tomamos um táxi e fomos até o centro, onde nos hospedamos no Hotel......Rosa e eu estamos muito felizes, como se estivéssemos em lua de mel, e estamos, ainda que não tenhamos se casado oficialmente.
O excesso de euforia  a deixou esgotada. Observo que ela está muito sonolenta.
10:00 hs. Sigo até a Universidade...Rosa está dormindo...Vou encontrar-me com o Professor......
O Professor nega qualquer envolvimento da Universidade com o caso. Para ele tudo não passou de especulação.
Fui convidado para participar à noite de um evento, no qual autoridades dos mais diversos ramos do conhecimento irão discutir o assunto.
03/03/1996
Sinto que algo não vai bem conosco. Acordamos por volta das 14:00 hs. Rosa voltou a dormir novamente. Deve ser o cansaço mesmo. Hoje tenho reunião com uns amigos ufólogos. Acho que vamos passar uns bons tempos por aqui. Minha agenda está cheia para os próximos dias.
04/03/1996
A sonolência de Rosa está me preocupando. Acho que vou conversar com ela sobre isso e procurar um médico.
05/03/1996
Estou sentindo também um torpor terrível. São quase 16:00 hs, dormimos o dia todo. Tenho compromissos à noite, e não posso ir com esta sonolência. Que está acontecendo com a gente?
06/03/1996
Decidimos procurar um médico. Curiosamente, todo o torpor passou, antes mesmo da consulta. A Rosa voltou a ser a Rosa!
20/03/1996
Chegamos em Aparecida do Norte. Ficaremos aqui uns três dias. Vamos conhecer a Basílica. Preciso coletar uns dados sobre umas luzes que apareceram nos céus por aqui. Depois vamos para São José dos Campos, onde um moço que trabalha na base diz ter informações úteis, que nos passará em segredo. Este moço está se iniciando em ufologia.
24/03/1996
O caso de Varginha está perdendo fôlego na imprensa. Esta é que é a hora certa de entrarmos em campo. Levantar dados  no fogo da paixão é arriscado. Um fato concreto pode ser dilapidado, distorcido.
30/03/1996
Hoje chegamos a Varginha. Um povo bastante hospitaleiro. O torpor e o sono excessivo nos pegaram de novo. Agora com mais intensidade.
02/05/1996
Hoje conheci um famoso ufólogo aqui da cidade de Varginha, que prometeu levar  a Rosa e eu até o Jardim Andere, local onde desceu a nave, que teria sido avariada pelo exército, mas que conseguira no entanto decolar novamente. Ele alerta para que a  versão dada por um soldado, sobre uma nave que supostamente teria sido abatida, seja interpretada e analisada com cautela. Quanto às criaturas avistadas, teriam sido possíveis emissários de paz. Quanto às mensagens inseridas nos computadores apreendidos, estas estão mal interpretadas; demandam mais estudos para se chegar a uma conclusão ideal.
06/05/1996.
Há dias que não escrevo para o Sérgio. A Rosa está mais bonita, a cada dia que passa.
07/05/1996.
Engraçado, viajei de tão longe para tentar ajudar a decifrar este enigma, e o ufólogo convidou-me para fazer investigações em Lins – SP, que é bem perto de onde saímos.
08/05/1996
A sonolência de novo. Forças superiores estão atrapalhando nossas investigações.


            Infelizmente, o que se salvou do diário é só. Quando o recebi do hotel, alguém havia, propositalmente arrancado algumas páginas. Algumas informações contidas nestes fragmentos, já eram de meu conhecimento, através da correspondência que recebi de meu amigo. Pergunto a você, leitor, não sentiu um certo nonsense nestes escritos? É claro, mas não se afobe, passemos ao próximo capítulo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






VII – Recortes de Jornais, Revistas, Etc...

(Crônica sobre o trabalho jornalístico). As minhas fagulhas, saindo deste formidável conjunto de combustíveis, serão inofensivas...Com elas não pretendo iluminar horizontes escuros...pobres lampyros ! Com elas não farei bolhas em epidermes...que pode queimar uma fagulha, uma pequenina fagulha?
Oh! Não vá ela cair em algum palheiro um dia...Sim, caindo num palheiro então...mas as minhas Fagulhas hão de procurar a altura sempre, os ares livres, o livre espaço e depois d’um brilho de segundo nem cinza  a gente encontrará depois...
                                               Fagulhas, fagulhas, fagulhas...
Eia! lenha ao fogo! lenha ao fogo! e que a chama suba e resplandeça. Lenha ao fogo e lá vai a primeira Fagulha cantando hosanas à Gazeta de Notícias...Lá vai...cantou...E o que resta da Fagulha ? Nada mais. E assim sempre será.

H. M. Coelho Neto.

 

 Gazeta de Notícias. Rio, 02 de agosto de 1897.


            Hoje tive uma grata surpresa pela manhã. Recebi uma volumosa correspondência do Caetano, com manuscritos de conferências, recortes de jornais e revistas, um farto material que pacientemente cataloguei e inclui em seus arquivos. As crianças atrapalharam um pouco meu trabalho, ávidas que estavam para conhecer o material enviado pelo meu amigo. O que me surpreendeu, foram as fotos de um amador. Quanto a estas não resisti e mandei os negativos para um perito fazer verificações, quanto às possibilidades de fraude. Alguns fragmentos mais interessantes, reproduzo a vocês leitores. Aliás, tudo o que ele mandou é interessante, mas se fôssemos reproduzir tudo, haja espaço neste livro... 

ZERO HORA, 19 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
COMERCIANTE GRAVA IMAGEM LUMINOSA NO CÉU DE SÃO LEOPOLDO
Um objeto luminoso não-identificado, semelhante ao símbolo do personagem Batmam, surgiu no céu de São Leopoldo na noite de 17 de março. O comerciante Milton Anzilago, 42 anos, registrou as imagens com uma câmera de vídeo. O objeto, segundo Anzilago, é extremamente brilhante e tem o tamanho de cinco estrelas e vem sendo observado há quinze dias, sempre no final da tarde. A esposa de Anzilago também enxergou o objeto. O programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu imagens semelhantes às captadas pelo comerciante gaúcho. O aeroporto de Porto Alegre e o 5° Comando Aéreo de Canoas não registraram nenhuma anormalidade na noite de domingo. Moradores da capital gaúcha também afirmam ter visto objetos muito brilhantes no céu da cidade nos últimos dias. Algumas dessas aparições foram mostradas em telejornais gaúchos e nacionais.
ZERO HORA, 22 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
Uma lavoura de soja apareceu queimada na cidade de Machadinho, na região norte do Rio Grande do Sul. A queimadura ocupa uma área circular de vinte metros de diâmetro. Dentro do círculo, há três sulcos com quinze centímetros de profundidade. O agricultor Wilmar Wegher afirmou que a mancha foi causada por um óvni que ele teria avistado na noite de 28 de fevereiro, enquanto a cidade estava sem energia elétrica. Ele conta que estava indo a pé para sua casa, pela estrada, quando avistou uma bola de fogo no céu. Walderino, irmão do agricultor, foi chamado para presenciar o fato. Segundo eles, o objeto se movia em linha reta e parecia ser incandescente, devido à luz vermelha e brilhante que o compunha. O objeto teria descido um pouco à frente deles e ficou pairando sobre o solo. A empresária Dalva Spanholi e a filha, que circulavam de carro pela cidade, também dizem ter visto um objeto semelhante no céu. Segundo Dalva, ele era maior que a lua. Outras pessoas afirmaram ter visto o objeto sobrevoando Machadinho, sempre no mesmo horário, às oito e meia da noite. As descrições informam que o óvni fica sobrevoando a cidade durante cerca de 40 minutos e depois se desloca em direção à cidade catarinense de Joaçaba, onde moradores têm relatado aparições semelhantes. O solo e as plantas da área que apareceu queimada na lavoura de soja serão analisados pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa) de Passo Fundo.
ZERO HORA, 04 DE MARÇO DE 1994.
UFOLOGIA
GAÚCHOS OBSERVAM OBJETO LUMINOSO NO CÉU
Na madrugada de quinta-feira, 03 de março, entre uma hora e vinte para as duas, vários gaúchos observaram um objeto voador não-identificado atravessar o espaço em direção ao litoral. As descrições são diferentes em cada relato feito pelas pessoas que o viram, mas todos dizem que o objeto brilhava muito e tinha aparência branca, multicolorida ou incandescente. Na cidade de Canoas, várias pessoas ligaram para o V Comando Aéreo Regional, afirmando ter visto um óvni na madrugada. No município de São Jerônimo, um casal disse ter ouvido dois estouros fortes e um clarão em forma de cogumelo atômico. Nada de anormal foi registrado no céu do estado na madrugada de quinta-feira. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de São José dos Campos, SP, informou que não havia nenhum balão sobrevoando a região durante a noite.
 ZERO HORA, 20 DE OUTUBRO DE 1996.
UFOLOGIA
PILOTO GARANTE QUE VIU OVNI SOBRE A LAGOA DOS PATOS
Haroldo Westendorff, empresário pelotense, disse que viu um objeto voador não-identificado - no dia 05 de outubro de 1996 - enquanto realizava um vôo panorâmico sobre a Lagoa dos Patos. Segundo Haroldo, o céu estava parcialmente nublado e o objeto não se parecia com nenhum balão meteorológico que ele tenha visto em seus 20 anos de atividade aérea. O objeto que o empresário avistou tinha forma de uma pirâmide, com as extremidades arredondadas e várias saliências que pareciam pequenas janelas, também em formato piramidal. Ele girava em torno de si e não emitia nenhum som ou qualquer tipo de fumaça. O empresário contou ao filho e a um amigo, através do celular, o que estava vendo de estranho no céu. Algum tempo depois de observar o objeto, ele ligou para um funcionário do aeroporto de Pelotas e perguntou se ele também estava observando um objeto não-identificado sobrevoando a praia. A resposta do funcionário foi afirmativa. Esse foi o trigésimo episódio registrado pelo GPCU, Grupo de Pesquisas Científico-Ufológicas de Pelotas.
ZERO HORA, 15 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
MORADORES DE JOAÇABA, SC, VIRAM OVNI
Uma luz forte vêm aparecendo nas cidades do oeste catarinense. Várias pessoas afirmam ter visto o estranho objeto, que aparece em formas e tamanhos diferentes. Dois publicitários viram o objeto luminoso na estrada. Alguns operários têm ido ao aeroporto de Joaçaba para observar a luz. O fotógrafo Irineu Dalla Valle, do Diário Catarinense, fotografou a luz. Ele diz que ela apareceu rapidamente e foi como fotografar um raio de tempestade.
ZERO HORA, 26 DE JUNHO DE 1997.
SANTA VITÓRIA DO PALMAR
Moradores da cidade afirmaram ter visto uma bola de fogo cruzando o céu no dia 25 de junho, por volta das sete da manhã. A explicação mais provável é de que um meteorito tenha entrado em contato com a atmosfera terrestre e caiu na Terra. Algumas pessoas dizem ter escutado um barulho semelhante a um trovão. O suposto local onde o meteorito teria caído foi vasculhado, mas nenhum sinal dele foi encontrado.
CORREIO DO POVO, 17 DE AGOSTO DE 1995.
Habitantes da cidade de Cutral-Có, na Argentina, afirmam ter avistado e filmado um óvni. Segundo testemunhas, faltou luz na cidade no momento da aparição e motores de alguns veículos chegaram a falhar.
ZERO HORA, 25 DE JUNHO DE 1997.
UFOLOGIA
EUA ENCERRAM CASO ROSWELL
A Força Aérea americana desmentiu que um disco voador teria caído na cidade de Roswell, estado do Novo México, nos EUA, em 1947. Os moradores da cidade dizem ter visto militares americanos recuperar partes de uma nave espacial e corpos alienígenas. Cinqüenta anos depois, a Força Aérea informou que os militares apenas recolheram bonecos, semelhantes a humanos, que são utilizados em experiências feitas em grandes altitudes. Os moradores de Roswell não deram muita importância ao fato e estão comemorando os cinqüenta anos da visita extraterrestre.
ZERO HORA, 22 DE AGOSTO DE 1996.
UFOLOGIA
DOIS GAÚCHOS AVISTAM ÓVNI EM BRASÍLIA
Hildo de Oliveira e Agamenon Nascimento avistaram um óvni em Brasília, durante a madrugada, enquanto voltavam de viagem à cidade de Palmas, no Tocantins. Segundo eles, um objeto cilíndrico e muito brilhante parou na frente da BMW de Oliveira e brincou de "gato e rato" com o veículo até depois das seis horas da manhã. Inicialmente, o objeto surgiu ao longe e os dois apenas observaram. O óvni foi se aproximando aos poucos e, em um determinado ponto da viagem, perto de um posto de gasolina, parou na frente do carro e soltou um facho de luz azulada, que tomou conta de toda a pista. Os dois gaúchos pararam o carro, assustados com a possibilidade de serem "abduzidos". O facho de luz e o disco desapareceram alguns minutos depois, mas Hildo e Agamenon voltaram a avistá-lo após cruzarem uma pequena mata que acompanha a estrada. Quando chegaram à Barragem do Lago Paranoá, o disco parou rente à água e depois disparou em grande velocidade, quando a BMW começou a cruzar a ponte. Segundo Nascimento, que estava dirigindo, o disco quase se chocou com o automóvel. Algum tempo depois, a nave parou perto de um posto abandonado dos bombeiros e Nascimento chamou o filho, pelo celular, para filmar e fotografar o objeto. Ligaram também para a polícia, mas o Ministério da Aeronáutica afirmou que o objeto não foi detectado pelo Centro Integrado de Defesa e Controle Aéreo (Cindacta)
CORREIO DO POVO, 01 DE NOVEMBRO DE 1995. 
Pelotenses que se deslocavam de ônibus até a praia do Laranjal afirmaram que visto um óvni sobrevoar a estrada, parar alguns minutos em um terreno baldio e depois desaparecer no céu com grande rapidez
ZERO HORA, 16 DE MARÇO DE 1996.
MISTÉRIO
A população de Santa Catarina e moradores de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, dizem ter visto luzes no céu, nos dias 14 e 15 de março. Em Santa Catarina, as aparições se repetem, depois de terem acontecido em Joaçaba, Capinzal e Concórdia. Dessa vez, elas aconteceram na cidade de São Miguel do Oeste, no extremo oeste do estado. As luzes são semelhantes as já avistadas, anteriormente, nas outras cidades. Trata-se, segundo as pessoas que viram, de um objeto composto por uma luz vermelha e amarela, muito forte, que movimenta-se para os lados e para a frente com freqüência. Costuma aparecer às 19 horas e desaparece entre oito e meia e nove da noite. No Rio Grande do Sul, na cidade de Bento Gonçalves, um óvni apareceu próximo à Vinícola Aurora, por volta das dez horas da manhã. O objeto tinha formato de ovo, na posição horizontal, e se movimentou pela rua em ziguezague. O objeto desapareceu uma hora depois. Segundo o astrônomo Luiz Augusto da Silva, o óvni pode ser o planeta Vênus, mas para a coordenadora do Planetário da Universidade Federal de SC, os movimentos observados nas cidades catarinenses e gaúcha não são explicáveis pela ciência.
ZERO HORA, 27 DE JULHO DE 1995.
CIÊNCIA
Um filme de 15 minutos de duração, rodado por um ex-cinegrafista do exército dos EUA, conteria imagens do acidente ocorrido com uma nave espacial extraterrestre, que caiu em Roswell, Novo México, EUA, em 1947. Segundo a notícia do Zero Hora, cópias desse filme seriam mostradas em Curitiba, em setembro desse ano, durante o 13° Congresso Brasileiro de Ufologia Científica. A agência de notícias italiana Ansa, anunciou para 28 de agosto de 1995 a exibição de um documentário, na BBC de Londres, que conteria cenas de um resgate de discos voadores acidentados e cenas da autópsia de um ET. Para os ufólogos, depois da exibição desse documentário, os governos de vários países e até a Igreja deveriam pronunciar-se sobre a possibilidade de os terráqueos não estarem sós no universo. Sobre o caso Roswell, várias fotos têm circulado pelo mundo desde que o suposto acidente com a nave espacial ocorreu. A mais conhecida é a de um corpo carbonizado, que os ufólogos acreditam ser de um extraterrestre, o qual teria morrido no acidente com a nave. A Força Aérea Norte-Americana, no entanto, até hoje desmente o fato, dizendo tratar-se do corpo de um macaco do Projeto Hermes. Esse projeto, na década de 50, utilizou animais em vôos tripulados ao espaço. Se as fotos que circulam pelo mundo são verdadeiras ou falsas, não sabe. Provavelmente, de acordo com ufólogos, a maioria deve ser genuína, mas, como diz o ufólogo Carlos Pereira, "o bom pesquisador é, antes de tudo, um cético." Ele reconhece que a história da ufologia está repleta de fraudes, mas não duvida da existência de vida em outros planetas.

O Caso Roswell
1947
Quarta-feira, 2 de Julho, 21:50h
O casal Wilmot está sentado em sua varanda, num bairro tranqüilo em Roswell, quando observa um grande objeto oval cruzar o céu. O objeto estava incandescente e voava em alta velocidade no sentido nordeste. Ao mesmo tempo, William Woody e seu pai vêem no céu um objeto brilhante indo em direção norte. Durante uma tempestade, o rancheiro MacBrazel e seus vizinhos ouvem uma explosão nas proximidades de onde moram, há algumas milhas de Roswell.
Quinta-Feira, 3 de Julho
Pela manhã, Brazel sai a cavalo para verificar os danos causados pela tempestade. Surpreende-se ao ver um campo de destroços de aproximadamente 4 km quadrados, onde encontra lâminas de um metal muito maleável, mas que sempre retornava à forma original. Vê também bastões de matéria análogos ao basalto - objetos altamente resistentes, impossíveis de serem cortados ou queimados. Brazel percebe que há sinais impressos nos objetos: desenhos de cor lilás, parecendo com algum tipo de escrita oriental, talvez hieróglifos.
Sexta-Feira, 4 de Julho
Feriado nacional. Brazel leva alguns destroços ao seu galpão, entre eles há uma peça de, aproximadamente, 3 metros. Suas ovelhas não querem passar pelo campo de destroços. Os animais parecem sentir que algo estranho aconteceu no local. À noite, Brazel encontra alguns amigos, que o aconselham a contar tudo para as autoridades.
Domingo, 6 de Julho
8:00h - Pela manhã Brazel vai até o escritório do xerife George Wilcox em Roswell. Leva alguns destroços na caminhonete. Ao ver os pedaços da suposta nave, o xerife envia alguns de seus subordinados para a fazenda para examinar o local do acidente. Chegando lá, não encontram mais os destroços, mas somente uma camada vitrificada sobre a terra. No mesmo dia da visita ao xerife, Brazel concede uma entrevista a radio local.
13:00h - O major Jesse Marcel vai ao escritório do xerife em Roswell com a finalidade de se encontrar com Brazel. Olha o material e decide visitar o rancho em que aconteceu o acidente. Seu superior, o general Roger Ramey, é informado sobre o achado e se comunica com o Pentágono.
17:00h - Chegando ao rancho, Brazel mostra os destroços no galpão para o major Marcel, que os examina com um contador Géiser. O aparelho não capta sinais de radiatividade nos objetos. Enquanto Marcel e seus homens pernoitam no galpão, o Pentágono organiza uma busca sigilosa no local da queda.
19:00h - Os oficiais localizam os destroços e seus ocupantes. Imediatamente chegam ao local varias equipes de resgate e escavação. Também participa do processo o arqueólogo Cury Holden, que ao fazer pesquisas sobre povos pré-colombianos, descobre os destroços por acaso.
Segunda-Feira, 7 de Julho
Pessoas das proximidades encontram objetos pelo chão, como pequenos bastões de 1 cm, com gravações parecidas com hieróglifos. Ninguém conseguia decifrar as inscrições, tampouco descobrir o tipo de material de que eram feitas as peças. Encontram também um pergaminho muito comum, além de fragmentos de folhas parecidas com alumínio que não se amassavam. O mais curioso de tudo é que os objetos parecem ser indestrutíveis, resistindo a todos os testes.
9:00h - O Pentágono ordena o bloqueio de todas as entradas e vias de acesso a Roswell. Os auxiliares do xerife Wilcox cercam o rancho Foster, não deixando ninguém passar.
13:00h - Glenn Dennis, da funerária Ballard, em Roswell, recebe um comunicado de um dos oficiais da base: "- Qual o tamanho dos caixões herméticos que o senhor tem? - São pequenos? - Há estoque?". Dennis fica perplexo e quer saber se houve algum tipo de desastre nas proximidades. Diz que não tem estoque e que demoraria umas 24 horas para conseguir o material.
14:00h - No Pentágono, os generais Curtiss Lemay e Hoyt Vandenberg tem uma conversa sobre os UFOs, mais precisamente sobre o acidente de Roswell. Enquanto isso, o General Nathan Twinning (um dos membros do MJ-12), comandante e técnico de informações, muda seus planos e prepara uma viagem para o Novo México.
14:30h - O oficial da base liga novamente para Dennis. Desta vez, lhe pergunta como preparar corpos que ficam muito tempo no deserto e se os produtos empregados poderiam modificar a química dos corpos. Dennis recomenda o congelamento dos cadáveres e oferece assistência, recebendo a seguinte resposta oficial : "- Não se preocupe, só estamos querendo saber isso a fim de nos prepararmos para casos futuros". Dennis aceitou a resposta, mas continuou intrigado. Mais tarde, ele conheceu um soldado que havia se acidentado no resgate e o levou a enfermaria do hospital mais próximo. Dennis estaciona sua ambulância ao lado de um veiculo da base e vê diversos pedaços de metal lá dentro. Ao entrar no hospital encontra uma amiga enfermeira, que sai de uma das salas de exame e exclama: "- Suma daqui, senão você vai ter um aborrecimento gigantesco".
20:00h - Grande parte dos destroços já haviam sido recolhidos e examinados. O major Marcel vai à base, pega alguns pedaços de destroços e leva para casa para mostrar a sua esposa e filhos. "- Isto não é deste mundo. Quero que vocês se lembrem disso por toda vida", exclama Marcel.
Terça-Feira, 8 de Julho
6:00h - Reunião particular entre o coronel Blanchard e Jesse Marcel, que mostra a ele as partes dos destroços achados no Rancho Foster. Meia hora mais tarde, acontece uma outra reunião secreta no escritório do coronel Blanchard, desta vez com a cúpula da Força Aérea.
9:00h - O xerife Wilcox procura pelo pai de Dennis, que é seu amigo. "- Seu filho parece estar em apuros", advertiu. "- Diga a ele para não declarar nada do que viu na base".
9:20h - Blanchard resolve lançar um comunicado à imprensa: "- Os muitos boatos acerca dos discos voadores ontem se tornaram realidade quando o assessor de imprensa divulgou que o 509º Grupo de Bombardeiros da Força Aérea teve a sorte de chegar a possuir um disco - tudo isso graças à cooperação de um rancheiro local e de um xerife". E o relatório do general continua: "O objeto aterrissou em um rancho perto de Roswell na última semana. Como o rancheiro não tem telefone, guardou o disco até poder informar ao xerife, que por sua vez, notificou o major Jesse Marcel. Imediatamente, entramos em ação e o disco foi resgatado do rancho, sendo depois inspecionado na Base Aérea de Roswell e encaminhado a uma repartição superior".
11:00 h - O tenente começa a distribuir o comunicado à imprensa. Ele visita as estações KGL e KSWS, depois vai aos jornais locais Roswell Daily Record e Morning Dispatch, que publicam no mesmo dia a informação. As emissoras de rádio passam o comunicado para a agência Associated Press, que se encarrega de distribuir a notícia para o mundo. Algumas horas depois, o escritório do xerife Wilcox recebia telefonemas de todas as partes do mundo, como Roma, Londres, Paris, Alemanha, Hong Kong e Tóquio. Porém, este clima de liberdade de expressão não durou muito tempo. Frank Joyce, da emissora KGFL, remete um telex para a agência United Press International (UPI) e, como resposta, recebe um comunicado de Washington desmentindo o caso. Parte do telex informava o seguinte: "Atenção. Aqui FBI. Finalizar relato. Repito: finalizar relato, assunto de segurança nacional. Aguardar.".
Dennis recebe um chamado de sua amiga enfermeira: "- Eu preciso falar com você. Você deve fazer um juramento sagrado de nunca mencionar o meu nome, senão eu terei enormes dificuldades...". Dennis então promete à enfermeira que jamais diria nada a ninguém. Ela começa a contar tudo o que sabe sobre o caso: dois médicos pediram a ela para que fizesse apontamentos enquanto executavam uma autópsia provisória. Então ela desenhou o que tinha visto: uma cabeça com olhos fundos e grandes, pequenos orifícios nasais, boca fina, sem pêlos, braços compridos e finos. As mãos tinham 4 dedos cada, que terminavam com orifícios, parecidos com ventosas de polvos. Ela também descreve que os seres não tinham cabelos e sua pele era preta. A enfermeira diz ter visto 3 corpos, sendo que estavam muitos mutilados, provavelmente por coiotes. Os corpos tinham somente 1,20 m e exalavam um terrível mau-cheiro. Os médicos chegaram a desligar o sistema de ar condicionado com medo de que o cheiro se alastrasse por todo o hospital. Mais tarde, a autópsia foi transferida para o hangar de aviões.
11:30 h - A enfermeira se despede de Dennis. Algumas hora depois, fica sabendo que será transferida para outro continente, provavelmente para Inglaterra. Após algumas semanas, escreve para Dennis contando as novidades. O amigo responde a carta e, em vez de uma resposta, recebe em sua casa um envelope com o carimbo "Falecido".
12:00 h - No aeroporto de Roswell pousa um avião de Washington trazendo uma equipe especial de técnicos e fotógrafos. Os destroços do UFO são levados para a base aérea de Wright Patterson, em Ohio, num avião pilotado pelo capitão Oliver
Popper Handerson. Ao embarcar, o capitão vê 3 cadáveres extraterrestres no hangar guardados em gelo secos.
12:30 h - Fotógrafos da imprensa americana vão ao rancho Foster e se encontram com Brazel, que lhes faz a seguinte declaração: "- Foi um erro notificar as autoridades. Se acontecesse novamente, eu não diria nada, porque isso é uma bomba". Os fotógrafos também encontram alguns oficiais que vasculham o campo de destroços. Percebem que ninguém tenta impedi-los de fazer o trabalho.
16:30 h - Voltam para Roswell, onde o xerife Wilcox lhes comunica que estão proibidos de fazer qualquer manifestação sobre o que viram. Enquanto isso, os militares também deixam o rancho, levando Brazel para Roswell. Chega à base um avião carregado com destroços. Logo após, Marcel levanta vôo com os destroços para o Forth Worth. Chegando lá, mostra o material para o general Ramey. No Rancho Foster, no lugar dos destroços são colocados pedaços de um balão meteorológico com um aparelho de orientação pelo radar no chão. É montada uma grande farsa, em que Marcel é obrigado a admitir que o acidente com um UFO não passava de um engano. O que antes era um disco voador, passou a ser visto como um simples balão.
18:30 h - Um memorando interno da polícia federal comunica ao FBI que a história do balão meteorológico não corresponde aos fatos. Brazel é intimado a comparecer na base de Roswell, onde recebeu orientações para desmentir tudo à imprensa, Brazel é obrigado a ouvir coisas como: "- Olha meu filho, guarde esse segredo com você, senão ninguém sabe o que pode lhe acontecer". A esta altura, já circulavam em Roswell os mais absurdos boatos. Um deles dizia que os homens vindos de Marte se acidentaram no local e que, inclusive, um deles ainda permaneceu vivo por um bom tempo, gritando como um animal até a morte. Outro destes boatos dizia que um dos seres escapou do esquema de segurança e correu toda à noite pela cidade.
Quarta-feira, 9 de julho
8:00 h - O coronel Blanchard sai de Roswell e visita o lugar da queda. Sua intenção é supervisionar o término do trabalho de resgate, pois logo entraria em férias. Quarta-feira, 9 de julho, 8:30 h, três aviões de transporte C-54 são carregados com destroços. A ação é acompanhada por inspetores de Washington, que supervisionam o carregamento. As aeronaves então levantam vôo em direção à Base Aérea de Kirtland, onde se encontra o general Twinning.
9:00 h - Walt Whitmore e seu repórter Jud Robert tentam ir ao Rancho Foster, mas não conseguem devido aos bloqueios dos militares. Curiosos de vários pontos do país - além de muitos repórteres - também tentam sem sucesso chegar ao local.
10:00 h - Pousa na base um avião de Washington trazendo um representante oficial do presidente Truman. Em Washington, o presidente recebe o senador Carl Hatch, do Novo México.
12:00 h - Os cadáveres dos ocupantes dos UFOs são preparados para o transporte. Oficiais da Base Aérea de Roswell visitam jornais e emissoras de rádio. O objetivo da visita era recolher cópias de um relatório para a imprensa do tenente Haut.
14:30 h - Em uma reunião de oficiais, o Ministério da Defesa comunica ao FBI que os discos voadores não são de responsabilidade nem do Exército nem das Forças Armadas.
Sexta-feira, 11 de julho
Tem início a operação Corretivo Mental em todos os soldados que trabalharam na operação de resgate. São conduzidos em grupos a um pequeno recinto, onde um oficial lhes explica: "- ... isto foi uma questão de segurança nacional e está sob o mais severo sigilo. Não falem a ninguém sobre o que aconteceu. Esqueçam tudo o que viram".
Terça-feira, 15 de julho
MacBrazel é advertido mais uma vez, mas pode finalmente retornar ao rancho. Embora antes da queda fosse muito pobre, retornou para sua terra com uma caminhonete nova e com dinheiro suficiente para comprar uma casa e uma fornecedora de gelo.
Epílogo da Operação
No prazo de um mês, todos os participantes da operação são transferidos para outras bases. Em setembro, o professor Lincoln La Paz procura determinar a estrutura do objeto acidentado e afirma veementemente que os destroços são de uma sonda extraterrestre não tripulada. Em 24 de setembro, o presidente Truman cria a ultra-secreta operação Majestic 12, com a finalidade de explorar o que acontecera em Roswell. Já no fim de outubro de 1947, o general Schulgen do Pentágono faz um memorando secreto, incumbindo às Forças Armadas a função de compilar todas as informações existentes sobre os discos voadores. Essa é uma forte evidência de que o governo mentiu quando disse que o objeto acidentado era um balão meteorológico.
Setembro de 1949
Um parente de MacBrazel conta, num bar, que durante os dois últimos anos a família continuou encontrando vestígios da nave acidentada. No dia seguinte, foi procurado por militares, que trataram de confiscar as peças. Já em 1978, o ufólogo e físico nuclear Stanton Friedman localiza Jesse Marcel e a entrevista sobre o Caso Roswell. O silêncio finalmente estava rompido. Nos 16 anos seguintes foram editados 5 livros, baseados no depoimento de testemunhas do caso. A imprensa pôde também se manifestar, de forma que os jornais e emissoras de rádio e TV não pararam mais de explorar o assunto.
            Bem, por enquanto paro por aqui com os recortes que o Caetano me enviou. É claro que o Caetano possui uma vasta documentação sobre o caso Roswell, inclusive escreveu uma monografia sobre, devem-se recordar os leitores, mas achei interessante inserir o presente por estar bem sintetizado, e porque desde este fato, ocorrido há quase meio século, nenhum outro abalou tanto a opinião pública e a ufologia, como o ocorrido em Varginha. Ambos os casos não encontram pares na ufologia mundial.
            Quanto aos recortes do Correio do Povo e do Zero Hora, achei interessante transcrever ao leitor devido à quase concomitância destas narrativas, com os acontecimentos testificados na cidade mineira. Voltemos então à narrativa.

 


 

 

 

 

 











VIII – Cartas de Caetano e Rosa (Fragmentos)
O arquétipo em si não é um fator explícito mas uma disposição interior que começa a agir a partir de um determinado momento da evolução do pensamento humano, organizando o material inconsciente em figuras bem determinadas (...). Já me perguntaram muitas vezes donde procede  o arquétipo. É um dado adquirido ou não? É-nos impossível responder diretamente a esta pergunta. Como diz a própria definição, os arquétipos são fatores e temas que agruparam os elementos psíquicos em determinadas imagens (que denominamos arquetípicas), mas de um modo que só pode ser conhecido pelos seus efeitos. Os arquétipos são anteriores à consciência e provavelmente, são eles que formam as dominantes estruturais da psique em geral, assemelhando-se ao sistema axial dos cristais que existe em potência na água-mãe mas não é diretamente perceptível pela observação. Como condições ‘a priori’, os arquétipos representam o caso psíquico especial do “pattern of behavior” [esquema de comportamento], familiar aos biólogos e que confere a cada ser vivente a sua natureza específica. Assim como as manifestações deste plano biológico fundamental podem variar no decurso da evolução, o mesmo ocorre com as manifestações dos arquétipos. Do ponto de vista empírico, contudo, o arquétipo jamais se forma no interior da vida orgânica em geral. Ele aparece ao mesmo tempo que a vida.
Carl G. Jung


            De Caetano para mim:

            Sinceramente não sei o que está se passando. Inúmeros incidentes estão retardando nossa ida a Varginha. É como se uma força superior nos segurasse. Acredita que dormimos uma noite e um dia inteiro até as 22:00 hs semana passada? Sorte que não haviam compromissos assumidos para aquela data.
            Rosa não quer ir ao médico. Estou quase voltando para trás. Essa nossa sonolência exagerada me preocupa. Mas o caso dela é pior, parece às vezes estar em estado cataléptico.

            As coisas melhoraram. A Rosa voltou a ser a Rosa. Estamos nos preparando para seguir até Aparecida e São José dos Campos. Se der na telha, vamos passar em Taubaté, para conhecer o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

            De Rosa para Lindaura:

            Estou vivendo os dias mais felizes de minha vida. O Caetano inculcou porque a gente vive dormindo demais...você imagina né, como são essas coisas, a gente tá no maior clima. Ele vive se preocupando demais à-toa.
            Sabe, o Caetano trouxe um cara estranho aqui no quarto do hotel. Os colegas do Caetano são excêntricos, é melhor eu ir me acostumando, mas esse me chamou muito a atenção.
            Foi-me apresentado como o Sr. Hernani,  e trazia consigo inúmeros instrumentos, com os quais mediu ondas eletromagnéticas, psicobioplasmas e outras coisas que ouvi e não me recordo. Mantive-me discreta. Sabe, o Caetano não gosta de tecer comentários sobre determinadas coisas enquanto não tiver para tais uma resposta plausível.
            O interessante é que os sintomas de sonolência desapareceram, e estou tentando convencer o Caetano a desmarcar a consulta.
            Consta que os radares de São José dos Campos captaram objetos não identificados, dias antes da aparição do ET em Varginha. Sabe Linda, estamos vivendo uma aventura emocionante, vocês deviam ter vindo. Precisavam ver o Caetano fazer pesquisa de campo. Ele é muito astuto, e consegue furar as barreiras oficiais. “Os fins justificam os meios”, diz em franca atitude de mea culpa.
            Os radares militares sofreram tantas perturbações, na semana que antecedeu aos fatos, que as autoridades pensaram em mandar que fossem cancelados os vôos em Minas, São Paulo e Rio. Não o fizeram para não alarmar a população. Um famoso Instituto de Geofísica Norte-americano, registrou intermitente atividade sísmica na área que compreende estes estados. Fora registrado também uma estranha emissão de partículas desconhecidas pela ciência. Dizem que a área está infestada por agentes do governo federal e de cientistas do mundo todo. Estão sendo tomadas medidas severas para se abafar o caso.
            Um dos amigos do Caetano em Varginha, mandou-lhe uma longa carta, na qual conta que, o presidente dos Estados Unidos, elogiou as medidas tomadas pelo governo brasileiro. Segundo consta, de acordo com os anais norte-americanos de casos UFOS, esta raça que por aqui foi avistada é de predadores.
            Secretamente, o governo norte-americano cedeu agentes para trabalharem em conjunto com o exército brasileiro. Armas ultramodernas, especiais para enfrentar visitantes do espaço, foram trazidas para o Brasil, e oficiais brasileiros de nosso serviço de inteligência, estão aprendendo a utiliza-las.
            A ordem é, que qualquer veículo que surja em nosso espaço legal, e que fuja aos padrões convencionais, seja imediatamente abatido.
            Tudo isso que te conto vazou para o Green Peace. Dizem que estas armas possuem ogivas nucleares. Centenas de ativistas estão presos. A ordem é prender arbitrariamente qualquer pessoa que ouse abrir a boca a respeito do caso.
            O Caetano está fulo de raiva. Diz que não se trata de uma raça de predadores, não oferecem perigo, e o mais importante; a razão pela qual chegaram até aqui, pode ser de vital importância para uma das duas raças. A hipótese do Caetano é que, ou eles sabem de algo que possa nos interessar, como alertar-nos sobre uma iminente catástrofe, ou talvez seja um povo precisando de ajuda.
           
            De Caetano para mim:

            Quando chegamos a Varginha, a sonolência pegou de novo Rosa e eu. Mas agora já tenho uma pista do que se trata. Não quero adiantar nada por enquanto, só quando tiver certeza absoluta.
            Sérgio, a coisa é bem mais complicada do que aparenta. O mundo corre perigo. O difícil vai ser colocar na cabeça daqueles que estão no alto escalão, e que estão tomando atitudes completamente errôneas. Os seres avistados e capturados são amigos; eles e os demais que acabaram sendo mortos por ignorância das nossas autoridades. Eram “pessoas graduadas”, parlamentares do distante sistema de onde vieram. Uns colegas aventaram a hipótese, desses seres serem de inteligência menor, um pouco mais que um símio, a serviço de inteligências superiores, que permaneceram numa espécie de nave-mãe, enquanto estes saíram para coletar materiais. Mas o que realmente ocorreu não foi nada disso.
            Você deve estar se perguntando, como foi que levantei estes dados. Na hora oportuna explico. Mas prepare-se, pois o que vou revelar-lhe agora é uma bomba.
            O que realmente ocorreu, foi o seguinte. Você sabe que esta região é montanhosa, com determinados pontos quase que inacessíveis. Não estou bem certo, mas acredito que este ponto foi escolhido para pouso, pelo fato de que as criaturas tinham consciência do impacto que a aparição de sua nave causaria, sabiam que a própria aparência física deles causaria medo aos seres humanos. Um local onde pudessem ficar escondidos, até que estabelecessem contato com pessoas esclarecidas seria o ideal.
            Os Estados Unidos alertaram o governo brasileiro, sobre a movimentação de naves, bem acima da atmosfera e de nosso espaço aéreo, algumas na área orbital, cujas imagens foram captadas por um satélite de novíssima geração. Forneceram técnicos e armas com terríveis poderes de destruição. Ficaram todos de prontidão, com a ordem inequívoca de disparar contra qualquer objeto estranho que invadisse nosso espaço aéreo. O governo norte-americano conseguiu convencer o governo brasileiro que as naves que se aproximavam, transportavam uma raça de predadores, e que da nossa cooperação, dependia o destino do mundo. No sul de Minas e leste de São Paulo deu-se uma intensa movimentação de caças. Nas montanhas da região, tropas de elite do exército brasileiro ficaram de prontidão, uma vez que, os radares acusavam que um objeto do tamanho de um ônibus, no formato de um submarino, descia lenta e verticalmente, e que se mantivesse a trajetória, desceria naquelas montanhas, a alguns quilômetros da cidade.
 Foi o que realmente ocorreu. Um soldado, que por motivos óbvios não quis se identificar, descreveu toda a cena. O “submarino” desceu lentamente, emitindo luzes e sonoridades agradáveis, sem mostrar uma só arma, pacificamente. Foi quando disparos de armas potentes destroçaram o veículo. Conta este soldado, que foi usada uma arma nuclear “leve”, que contaminou vários soldados. O caso só não estourou na imprensa, por tratar-se de tropas de elite, que vieram de outras regiões do país, sem saberem ao certo, o que estavam fazendo. Alguns estão em tratamento em hospitais especializados, nos Estados Unidos e na Europa.
O soldado conta ainda, que inexplicavelmente, apesar da potência das armas utilizadas, muitas criaturas saíram vivas do massacre, completamente desorientadas. Foram dizimadas e recolhidas em um contêiner, cujo destino o soldado desconhece.
Há um ponto nesta história que me deixa intrigado. Como foram, sendo uma raça tão avançada, cair numa armadilha desta? (Se houve exageros no depoimento do soldado, o saberemos oportunamente).
Há coisas ainda mais fantásticas que consegui levantar. Naquele dia fatídico havia centenas de naves, dos mais variados formatos próximas da Terra. Às vezes apareciam no radar, para em seguida efetuarem uma manobra e desaparecerem, deixando operadores boquiabertos, como já acontecera em outros casos.
É provável, que as criaturas avistadas em Varginha sejam sobreviventes do massacre insensato.
Mas o mais fantástico, e é nesse ponto que digo que talvez a Terra esteja correndo perigo, é que esta nave, era de emissários que vieram fazer contato para, pasme, convidar nosso planeta para fazer parte de uma confederação intergaláctica. Estavam em órbita, naquele fatídico dia, naves de várias partes do Universo,  com representantes de várias raças, poderosas e desenvolvidas. O motivo pelo qual não revidaram ao massacre, foge à nossa compreensão. O ser humano não entende certas coisas relacionadas com seres mais avançados.
A raça que desceu para fazer contato, não foi escolhida aleatoriamente. Trata-se de exímios doutores em comunicação e exobiologia. Acompanham o povo da Terra há anos. Paradoxalmente, nosso povo brasileiro foi escolhido para este importante contato, pelo fato de não sermos de natureza bélica, agressiva, mas hospitaleiros e alegres...um paradoxo...não dá para entender, como foram pegos de surpresa, não dá...conheciam muito bem a raça humana.
O perigo que a Terra corre se resume no seguinte: seres avançados não tomam decisões precipitadas. Já pensou na possibilidade de estarem reunidos, decidindo o fim da raça humana? Não quero pensar nisso; pela minha experiência, estou certo de que tal não aconteceria, tratando-se da categoria de seres que tentaram nos contatar. Mas, se reconhecessem que nossa raça representa verdadeiramente uma ameaça?
Há categorias de seres perigosos, que não consideram o homo sapiens como um ser digno de respeito; consideram-no um mero animal comum, um mero fator biológico, e...talvez tenham razão.
O relato mais importante que consegui coletar, e que também não foi divulgado pela imprensa (comenta-se que houve tentativas de suborno e ameaças aos envolvidos) ocorreu no escritório de uma empresa que comercializa café.
Quatro funcionários abriram o escritório à noite, por volta das 20:00 hs, para adiantar um serviço para o dia seguinte. Que surpresa não tiveram, ao encontrarem os computadores ligados, executando programas antes não instalados, desconhecidos. Verificou-se que haviam sido registradas milhares de páginas de textos em todas as línguas da Terra, e que alterações haviam sido feitas nas máquinas, transformando-as em super-cyber-cérebros.
Segundo consta, havia mapas estelares, com legendas em caracteres desconhecidos, acompanhadas, pasme, de textos em Língua-Terra.
Agora que você recebeu esta última bomba, vou contar o resto. Esses rapazes, perplexos diante do que viram, quanto aos programas, e quantos às alterações dos processadores e demais componentes dos computadores, chamaram a polícia. Não é necessário dizer que esta, acompanhada de soldados do exército, apreendeu todo o equipamento.
Mas eles conseguiram, antes que a polícia chegasse, ler alguma mensagem. Um dos moços tentou salvar uns textos em disquetes, em língua portuguesa, mas infelizmente as gravações saíram numa criptografia intraduzível. Esses disquetes salvaram-se, e estão em mãos de estudiosos, que estão realizando um penoso trabalho de decodificação. Muitas informações sobre a verdadeira intenção dos visitantes foram baseadas nestes textos.

Nesta altura, já não sei se eu o Caetano perdeu o juízo. O leitor a esta altura deve estar pensando o mesmo. Mas garanto que estou relatando os fatos, de acordo como ocorreram, ou embasados nas informações que recebo. Parece que estes fenômenos são regidos pelos princípios da entropia e do caos. É um turbilhão. Porque um funcionário público estável, queimaria suas férias e licença prêmio atrás de fato tão inusitado? É, Caetano tinha, eu tenho um certo gosto pelo inusitado, pelo excêntrico. Eu sosseguei, casei, constitui família. Caetano seguiu com suas manias. Já disse antes, gosto do assunto, mas não com um fanatismo exacerbado quanto ao do meu amigo. Vou abrir aqui um parêntese para contar um segredo, que Caetano, minha esposa e alguns amigos conhecem muito bem. Falei até agora das virtudes e defeitos do Caetano, agora vou falar um pouco de mim, algo que acho um tanto maçante; falar de si mesmo, mas vá lá.
Antes que surgissem os “góticos” e os “darks”, por volta dos anos 80; bem antes eu já fora uma mistura dos dois. Gostava de me vestir de preto, andar por ruas escuras, ler livros e assistir filmes de terror. Era fascinado pelos filmes de Vicent Price, lia Poe e Lovecraft, lia muito gibi de terror também; os desenhistas brasileiros eram os meus prediletos, entre tantos que se publicavam por aqui. Sempre fui muito fascinado (não tinha medo) pelo cemitério. Adorava aquele ambiente, aquela paz, as figuras de cimento, as fotos antigas. Cheguei a me apaixonar por uma linda moça falecida nos anos 60, em cuja capelinha erigida em cima de sua campa, havia várias fotos. Fiquei tão obcecado que pensei em furtar uma dessas fotos; Caetano censurou-me, mudei de idéia. Um sábado chuvoso, com a alma cheia dum misto de Annabel Lee, de Álvares de Azevedo e dos simbolistas franceses, o cérebro cheio de conhaque, compus um longo poema à minha musa. Como diria o eu poético de Baudelaire: Todos nós somos mais ou menos loucos. Os poetas um pouco mais.
Naquela época, era Caetano quem tinha paciência comigo, com minhas excentricidades; eu pouco me lixava com seus discos voadores. Mas ele reprovava certas atitudes minhas. Ele não era dado à bebida, digo ao exagero, bebia sim, diríamos socialmente. Eu tomava meus porres.
Era volúvel o amigo do Caetano, eu trocava de opinião como se troca de cuecas. Num momento me apaixonei pelos hippies, que já estavam encerrando a missão profética no planeta azul, e partindo para a sociedade de consumo. Parti para o misticismo, cabelos longos, roupas extravagantes e muito rock, e muito espalhafato. Resolvi conhecer todas as religiões que havia nas redondezas. Caetano pacientemente me seguia. Foram Igrejas Protestantes de todas as denominações, Seitas das mais diversas, Terreiros, Seicho-No-Iê, Centros Kardexistas, enfim todo tipo de manifestação religiosa e ou filosófica; com exceção da Maçonaria, sabíamos que era uma sociedade restrita, mesmo assim pentelhei maçons conhecidos, pedindo informações, constrangendo-os.
Li inúmeros livros de ocultismo, e os primeiros escritos de Caetano, que por essa época já se iniciara em sua mania, na qual persiste até hoje.
Mas um dia conheci a Lindaura, sosseguei, troquei de musa, voltei para minha religião, a qual descaradamente nunca  pratiquei de acordo; Caetano ficou com seus ÓVNIS, e talvez tivéssemos nos afastado naturalmente, por conta dos afazeres pessoais, se não quisesse o destino que viéssemos a trabalhar na mesma repartição pública, e bendito destino, na mesma  seção.
Quanto ao poema decadentista do qual falei há pouco, e não ouso tecer mais comentários ou detalhes, encontra-se camuflado no imenso acervo do Caetano. Já o pedi várias vezes, para destruí-lo, mas ele desconversa. Aquele monstrinho literário me dá vergonha. E um certo medo. No dia em que o escrevi, como chovia torrencialmente, sentamos dentro da capelinha e adormecemos. Acordei vendo um vulto de mulher com vestes brancas a nos observar perto da porta...era ela. Depois foi se desvanecendo. Não tenha muita certeza se realmente vi — o Caetano não viu nada — ou se minha imaginação e a ressaca pregaram-me uma peça.
O certo é que foi mal. Aquela imagem por dias me perseguiu, sentira-me muito perturbado. Insistia com o Caetano, que a esta altura já havia perdido os pais, que ficasse uns dias em casa. Topou, contanto que eu prometesse que me afastaria do cemitério. E assim foi feito, e o susto evaporou-se, o medo perdeu sua força e intensidade. 

De Caetano para mim:

            Recebi ontem a tarde um ofício do comandante da unidade militar mais próxima, convidando, além deste seu humilde amigo, vários estudiosos que se encontravam na cidade para uma coletiva, na qual foram prestados depoimentos de rotina. Nada que abra uma luz no fim do túnel deste intrincado emaranhado. Informações temos aos montes, mas nenhuma com provas concretas, palpáveis. É, a opinião pública quer provas, salvo quando o assunto envolve corrupção em altas rodas. Quando o assunto é este, tudo acaba em pizza. Quando o assunto é o nosso, os ÓVNIS, tudo acaba em pires!!!
            O comandante pediu-nos, que controlássemos nossos ímpetos, que nos segregam aos mares inimagináveis do absurdo, do incomensurável e do risível. Que soubéssemos utilizar nossa liberdade de expressão, concedida com penhor de fraternidade pelas nossas digníssimas forças armadas, que isso servia também para os estrangeiros, que se fosse preciso tomar atitudes drásticas pela defesa de nossa amada Pátria, assim o faria, disse ainda, que fôssemos labrar a terra deste imenso país deste solo formoso e formidável que faz que os louros de nossa nação rebrilhe sobre este sol do novo mundo, que honrássemos o salvelindo pendão da esperança e fôssemos para fora do Brasil com naves espacias, ETs, parafusos soltos e algo mais.
            Disse ainda que tudo não passou de um fenômeno da atmosfera, que essas coisas ocorrem naturalmente, que pessoas com parafuso frouxo ameaçam o sossego público, que tudo isso é armação de grupos comunistas que deviam ter sido exterminados, que comunista é como praga, como tiririca, os senhores talvez tenham boa fé , mas estão sendo enganados.
            Nós não hemos e não podemos permitir que um bando de fanáticos irresponsáveis continuem a enganar o povo, pela segurança nacional usaremos sim a força, e aconselharia os senhores; voltem para suas casas, continuem lutando sim pela liberdade e  pela democracia. Boa tarde, senhores.
            Tentamos fazer algumas perguntas, expondo evidências, fizemos alusão às testemunhas, o que eu tinha que dizer, senhores, está dito. Encerrado. Brasil: Ame-o ou deixe-o!

 

 

 

IX – Tudo Parece Levar a Lugar Nenhum

(definição do “eu” como “sujeito de todos os atos conscientes da pessoa”). Constitui, inclusive, uma aquisição empírica da existência individual. Parece que resulta, em primeiro lugar, do entrechoque do fator somático com o mundo exterior e uma vez que existe como sujeito real, desenvolve-se em decorrência de entrechoques posteriores, tanto com o mundo exterior quanto com o mundo interior. (..). Esta definição descreve e estabelece, antes de tudo, os limites do sujeito. Teoricamente, é impossível dizer até onde vão os limites do campo da consciência, porque este pode estender-se de modo indeterminado. Empiricamente, porém, ele alcança sempre o seu limite todas as vezes em que toca o âmbito do desconhecido. Este desconhecido é constituído por tudo quanto ignoramos, por tudo o que não possui qualquer relação com o eu enquanto centro da consciência. O desconhecido divide-se em dois grupos: o concernente aos fatos exteriores que podemos atingir por meio dos sentidos e o que concerne ao mundo interior que pode ser objeto de nossa experiência imediata. O primeiro grupo representa o desconhecido do mundo ambiente e o segundo o desconhecido do mundo interior. Chamamos de inconsciente a esse último campo (...).
Carl G. Jung


                A assertiva certa é nada parece levar a lugar nenhum. Nesta altura do campeonato, o leitor deve estar pensando o mesmo... afinal o Caetano investiga, investiga, mas não chega a nenhuma conclusão. O pior de tudo é esta sua idéia de seguir para Lins – SP. Lá já faz muitos anos que ocorreram estes fenômenos. Que ligação poderia ter com o caso dos ETs de Varginha? A coisa está complicando cada vez mais. Para clarear a mente dos leitores, transcreveremos mais alguns dos recortes enviados pelo meu amigo Caetano, dando notas sobre o caso, alguns dos quais infelizmente anônimos. Embora tome um precioso tempo da narrativa — evitei inseri-los no capítulo VII — tal se faz necessário no momento.
***

 Segundo o depoimento das meninas Kátia, Liliane e Valquíria, a  estranha criatura por elas encontrada tinha uma pele amarronzada brilhante, como se possuísse uma oleosidade, ou uma graxa e parecia possuir veias muito saltadas, visíveis. A cabeça era grande e de forma ovalada. A criatura tinha olhos vermelhos e grandes. Essas características foram também descritas pela Dona Terezinha em um avistamento no dia 21 de abril, três meses depois do avistamentos das meninas, e pelos informantes militares que descreveram toda a operação de captura e transporte das criaturas bem como suas características físicas.
Segundo as testemunhas a criatura tinha também três protuberâncias na cabeça, semelhantes a chifres. As meninas em seus depoimentos disseram não ter percebido a presença de boca, nariz e orelhas.

O que aconteceu?

Até o presente momento, temos a certeza absoluta da captura de dois seres, confirmadas por militares que participaram dos fatos. O da manhã, vivo, capturado pelo Corpo de Bombeiros, que ainda pode estar em cativeiro na UNICAMP, e o da noite, capturado pela Polícia Militar, que morreu dentro do Hospital Humanitas e também foi enviado para a UNICAMP. Os outros dois, capturados à tarde, ainda estamos pesquisando, no sentido de encontrarmos militares que participaram dos fatos e resolvam colaborar com os ufólogos, relatando com detalhes a ocorrência, sendo que, provavelmente, um ser teria levado três tiros de FAL e foi enviado morto para a UNICAMP e o ser vivo foi enviado para os Estados Unidos ou também está sendo mantido em cativeiro na UNICAMP.
Esses seres são classificados como do tipo Delta. São uma espécie de animais treinados e usados pelos seres Alfa e Beta em missões mais simples, como coleta de vegetais e minérios. Seria uma espécie de símios de origem extraterrestre, bem mais inteligentes que os nossos. Os ufólogos os classificam como EBEs – Entidades Biológicas Extraterrestres. Pelo que sabemos até a presente data, em Varginha foram capturados três seres com pele viscosa de cor marrom e um com todo o corpo coberto de pêlos pretos, inclusive na cabeça, sendo que os dois tipos têm os olhos avermelhados, enormes e saltados para fora.

As contradições

Para explicar a grande movimentação de militares na ESA, disseram que naquele dia tinha ocorrido a recepção de novos recrutas, sendo que isso ocorreu na semana seguinte.
Para explicar a grande movimentação de caminhões do Exército em Varginha, disseram que os veículos foram enviados à empresa Automaco para balanceamento das rodas e alinhamento de direção, sendo que os veículos foram vistos no sábado, no domingo e na segunda-feira, sendo que no sábado e no domingo, a empresa Automaco não tem expediente.
Para explicar a grande movimentação de militares no Hospital Regional, disseram que foi por causa da exumação do corpo de um jovem que se enforcou na cadeia. Conforme auto de exumação, isso ocorreu em 30/01/96, e a movimentação ocorreu nos dias 20, 21 e 22 de Janeiro. Ninguém conseguiu explicar porque o Exército estava acompanhando essa “exumação”.
Para explicar a grande movimentação de militares no Hospital Humanitas, disseram que foi por causa da chegada de novos equipamentos a serem utilizados em transplantes de coração. Ora, parece gozação. O que têm a ver o Exército, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar com a chegada desses novos equipamentos ? Transplante do coração de um ser extraterrestre ? Só um tolo aceitaria tal alegação.
As várias declarações do Dr. Adilson Usier Leite à Imprensa, diretor do Hospital Regional e um dos donos do Hospital Humanitas, também deixaram muito a desejar. Ele insiste em dizer que o corpo da tal pessoa que foi enviada ao Regional para exumação veio em um carro do Corpo de Bombeiros. Por outro lado, o capitão Pedro Alvarenga, comandante da 13a Companhia do Corpo de Bombeiros insiste em dizer que não foram acionados para transportar nenhum corpo. É, está na hora do Dr. Adilson e o Sr. Alvarenga sentaram à mesma mesa e chegarem em algum acordo, senão, o povo varginense vai acabar desconfiando de que quem chegou no Hospital Regional, no caixão que estava em cima do carro de bombeiros, era realmente de um ser extraterrestre, e não o corpo de um ser humano comum.
Para explicar a grande movimentação de militares na UNICAMP, disseram que eles estavam acompanhando os estudos nas ossadas dos mortos no Araguaia, sendo que tais ossadas já estavam lá há quatro anos.
Os ufólogos brasileiros não têm a menor dúvida do que aconteceu em Varginha. Tudo que aqui foi descrito, é apenas uma parte da história. Muitos outros fatos novos irão ser descobertos. É apenas uma questão de tempo. E as pesquisas continuam...


Anônimo

Matéria publicada pela revista Isto é sobre o caso do ET de Varginha – em 22/05/1996: extraordinário relato de um contato alienígena  mobiliza ufólogos e envolve o Exército numa acusação de seqüestro.

Caiu do céu o mais recente filão econômico da cidade de Varginha, em Minas Gerais. Conhecido exportador de café, o município ganhou súbita fama nacional graças a um produto que nada tem a ver com terra. Nesta segunda-feira 20, seus habitantes comemoram quatro meses do mais extraordinário relato de um contato imediato de terceiro grau entre humanos e um ser extraterrestre já feito no País. Às 15h30 de um ensolarado sábado, 20 de janeiro, três garotas desciam a trilha de um terreno baldio do bairro Jardim Andere, a dois quilômetros do centro da cidade, quando uma delas, Liliane Fátima Silva, 16 anos, olhou à sua esquerda e gritou. Uma criatura estranha, com três protuberâncias na cabeça e pele viscosa estava a cerca de sete metros de distância, próxima ao muro que divide o terreno com uma oficina mecânica. “Estava agachada, com os braços compridos no meio das pernas”, lembra a garota.”Vi primeiro os olhos, enormes e vermelhos.” Com medo, Liliane virou de costas, enquanto sua irmã Valquíria, 14 anos, e a amiga Kátia Andrade Xavier, 22 anos, continuaram a observar. “Não era bicho nem gente, era uma coisa horrível”, afirma Kátia, que trabalha como empregada doméstica e tem três filhos. “Ele parecia abobado, não fez nenhum barulho”, completa Valquíria. A criatura, no entanto, esboçou um leve movimento com a cabeça e as três garotas saíram correndo. Quarenta minutos depois, a mãe de Liliane e Valquíria, Luiza Helena Silva, 38 anos, chegou ao terreno baldio para averiguar o que tanto assustara suas filhas. Nada encontrou. A história ganhou proporções porque, aparentemente sem nenhum tipo de comunicação com Liliane, Valquíria e Kátia, o casal de trabalhadores rurais Oralina Augusta e Eurico Rodrigues afirmou ter visto, na madrugada do dia 20, um Objeto Voador Não-Identificado. Eles dormiam na casa da fazenda de 150 alqueires que fica à beira da estrada que liga Varginha a Três Corações quando foram despertados pelo barulho dos animais. “O gado corria de um lado para o outro no pasto diante da nossa janela”, conta Eurico. “Olhamos para o céu e vimos um objeto cinza, com formato similar ao de um submarino, do tamanho de um microônibus, sobrevoando o pasto lentamente, a cinco metros do solo”, descreve Oralina. “Ele soltava uma fumaça esbranquiçada, não tinha luzes nem fazia barulho.” Na cidade, a associação entre a nave e o ET que apareceu 14 horas mais tarde foi imediata.
Advogado e professor de direito em uma das quatro faculdades da cidade, Ubirajara Franco Rodrigues, 40 anos, começou a investigar o caso no dia seguinte. Ufologista há mais de duas décadas, estima que apenas 1% das descrições de avistamentos de naves espaciais é verídica. Para ele, o caso de Varginha é a exceção que confirma a regra. “O que elas viram era, de fato, uma criatura desconhecida na Terra”, afirmou Rodrigues. Ele concluiu, ainda, que pelo menos duas entidades biológicas extraterrestres, o nome pelo qual os ufólogos designam os ETs, estiveram na cidade no dia 20 de janeiro.
Desde então, uma legião de estudiosos do fenômeno aportou em Varginha. Mais precisamente, 66 ufólogos já passaram pela cidade para realizar investigações. “É um caso sem precedentes em nossos registros”, diz o engenheiro Claudeir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (Infa). O professor de psiquiatria da Harvard Medical School, John Mack, que pesquisa encontros humanos com alienígenas, deslocou-se dos Estados Unidos para fazer uma série de entrevistas com as mulheres. O fenômeno acabou extrapolando o círculo de estudiosos do tema. Apenas o Fantástico, da Rede Globo, dedicou-lhe três reportagens. Na pele do ator Reinaldo, o ET chegou ao programa Casseta & Planeta na terça-feira 14. Ao assistir a si próprio na Globo, o prefeito Aloysio Ribeiro da Silva (PPB) estava feliz da vida. “O ET deu uma tremenda publicidade para Varginha”, vibrou. “Estou disposto a patrocinar um encontro internacional de ufologia.” Antes de organizar um evento deste porte, os ufólogos pretendem concluir uma investigação que já leva quatro meses e aponta o Exército como responsável pela captura e ocultação de pelo menos um dos dois ETs que teriam aparecido em Varginha. Em documento assinado por dez entidades, eles apontam “uma verdadeira e complexa operação envolvendo autoridades militares e profissionais civis, que resultou na captura de criaturas não classificadas biologicamente, as quais foram mantidas sob observação médica e posteriormente retiradas da cidade”. Além do advogado Rodrigues, coordena a investigação o ufólogo Vitório Pacaccini, 31 anos, que mora em Belo Horizonte e deslocou-se para a região nas últimas semanas. Ambos juram que já ouviram 14 testemunhas das aparições do ET, entre elas quatro militares. Mas se recusam a revelar qualquer nome ou prova, além da foto de uma suposta entrevista com um dos militares que teriam participado da operação. Os ufólogos sustentam que uma criatura teria sido capturada por quatro homens do Corpo de Bombeiros de Varginha às 10h30 do dia 20 de janeiro, nas imediações de um bosque, a apenas três quarteirões do terreno baldio no qual as garotas teriam visto um alienígena cinco horas depois. Colocado numa caixa de madeira coberta por um pano branco, o ET, afirmam os ufólogos, foi imediatamente levado por um caminhão militar para a Escola de Sargento das Armas (ESA), na cidade de Três Corações, a 25 quilômetros de Varginha. No dia seguinte, ainda segundo os ufólogos, outra criatura teria sido vista no Hospital Regional, no centro de Varginha – e aí sim seria o ET observado de perto pelas três amigas. Numa operação que envolveria militares da ESA, oficiais da PM e homens do Corpo de Bombeiros de Varginha, o ET, na versão de Rodrigues e Pacaccini, teria sido transportado na madrugada da segunda-feira 22 para o Hospital Humanitas, a 1,5 quilômetro do centro, o mais equipado da região. Por volta das 18 horas do mesmo dia, a criatura, já sem vida, teria sido levada para a ESA, num comboio formado por três caminhões de transporte de tropa. O mesmo comboio sairia da escola militar de Três Corações às 4 horas da terça-feira 23 de janeiro em direção a Campinas, onde a carga teria sido entregue a outra unidade militar, possivelmente a Escola Preparatória de Cadetes.”Toda a operação foi comandada pelo tenente-coronel Olímpio Wanderley Santos”, denuncia Rodrigues. “Temos o depoimento de um militar da ESA,diretamente envolvido na operação, descrevendo as manobras”, assegura Pacaccini. Na gravação, de 42 minutos, o militar conta inclusive que, ao deixar o Hospital Humanitas, o corpo cheirava muito mal.
O Exército nega a história. O porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Luiz Cesário da Silveira Leite, diz que nenhum militar da corporação capturou ET algum. “Nossas preocupações são com os alienígenas nacionais e estrangeiros, mas terrestres, e não com os extraterrestres que, espero, “estejam em paz”, disse ele ao repórter Hélio Contreiras, de ISTOÉ. O coronel classificou de “exageradas as informações que fazem relação entre o ET de Varginha e o Exército”. “As afirmações dos ufologistas são tão absurdas que chegam a ser ridículas”, emenda o general Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da ESA. Em seu gabinete, o general guarda uma pasta amarela intitulada Caso Extraterrestre cuja capa reproduz o sistema solar. Dentro dela estão arquivadas todas as publicações feitas sobre o assunto. Apontado como o comandante da operação de captura e transporte do ET de Varginha para Campinas, o tenente-coronel Olímpio Wanderley Santos conta que soube do envolvimento de seu nome no caso através de telefonemas. “Na hora, achei que era trote.”  Nas Forças Armadas, é a Aeronáutica quem mais se preocupa com o fenômeno dos extraterrestres. O I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), localizado em Brasília, tem um dossiê sobre ÓVNIS (Objetos Voadores Não-Identificados). “Existem até hoje casos não explicados pela Aeronáutica em relação a ÓVNIS ”, afirmou o brigadeiro Cherubim Rosa Filho, ministro do Superior Tribunal Militar. Um desses casos mais famosos envolveu um ex-ministro, teve o aval do então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima, e está completando dez anos sem que a investigação tenha chegado a nenhuma conclusão.
O problema do ET de Varginha é que um episódio mal-esclarecido e uma coincidência de fatos só agora revelada aumentam ainda mais o mistério que move o caso. A empregada doméstica Luiza Helena, mãe de duas das três garotas que teriam visto o alienígena, denunciou que no começo deste mês quatro homens de terno a procuraram em casa e propuseram pagar para que suas filhas negassem publicamente o contato com o ET. “Eles falaram que pagariam em dinheiro vivo”, diz Luiza Helena. “Ficaram de voltar, mas não temos como esconder a verdade.” O quarteto não se identificou e a visita foi presenciada apenas pelas meninas. O pai delas, o cobrador de ônibus João Lopes da Silva, estava trabalhando quando a tentativa de suborno teria sido feita. A coincidência entre a versão dos ufólogos e os fatos só se tornou pública na última semana. O administrador do Hospital Regional, Adilson Usier Leite, revela que na semana seguinte ao suposto aparecimento do ET, os dois hospitais da cidade foram palco de movimentações excepcionais. No Regional, um carro do Corpo de Bombeiros levou um corpo exumado para a realização de um raio x da coluna. Tratava-se de um estudante de engenharia, filho de uma família tradicional da cidade, que fora encontrado morto numa cela da Polícia Civil, pouco depois de ser preso, acusado de roubo. No Hospital Humanitas, que Leite também administrava na ocasião, a movimentação excepcional ficou por conta da chegada dos equipamentos para a realização do primeiro transplante de coração na cidade. “Quando surgiu esta história do ET achei melhor não comentar que policiais e bombeiros estiveram no Regional”, afirma Leite. Nada disso, porém, convence os ufólogos. Eles insistem que falam a verdade quando dizem que, em lugar de novos equipamentos ou um caso especial, tanto os hospitais da cidade quanto o Corpo de Bombeiros agiam, sim, em torno do cadáver de um ET. E vão adiante: na última terça-feira, Rodrigues e Pacaccini retornaram a Varginha após uma viagem investigativa a Campinas. “Sabemos com certeza absoluta que a criatura foi necropsiada por Badan Palhares”, afirma Rodrigues, referindo-se ao conhecido legista da Universidade de Campinas (Unicamp). “Nesta altura dos acontecimentos, existe até a possibilidade de a criatura já ter sido levada do Brasil para os Estados Unidos”, completa Pacaccini. “Não sei de onde tiraram essa imaginosa idéia”, rebateu Palhares em Campinas. “Efetivamente desconheço qualquer tipo de material alienígena que tenha vindo para o IML ou para a Unicamp.”.

Visões em série

Na esteira do ET de Varginha, relatos de avistamentos de naves espaciais e seres extraterrestres começam a fazer parte do cotidiano da região. Na noite da segunda-feira 13, pelo menos três pessoas asseguraram ter observado a trajetória de um ÓVNI na Vila Militar de Três Corações, a apenas dois quilômetros da Escola de Sargento das Armas (ESA). “Dava para ver nitidamente a cúpula da nave, com uma base retangular, repleta de pontos de luz, movimentando-se como se delimitasse um triângulo no céu”, conta Luís Fernando Toledo, 30 anos, auxiliar de secretaria da Faculdade de Ciências, Letras e Artes. Antes de desaparecer, o objeto teria passeado pelo céu por mais de uma hora, tempo suficiente para que o fotógrafo Afrânio da Costa Brasil, 31 anos, pegasse seu equipamento e registrasse a inusitada imagem. Ele, porém, preferiu ficar olhando para o espaço. E nada fotografou. Dois dias depois, junto com a filha, Emeline, 9 anos, teve que contentar-se em desenhar, a pedido de ISTOÉ, a imagem que os três viram. “Não se esqueça das luzes laranja embaixo da parte redonda”, disse-lhe a garota. “Eram como janelas de ônibus, uma depois da outra.” A tranqüilidade de Emeline diante do suposto ÓVNI está a anos-luz de distância das emoções que um contato imediato de terceiro grau provocou na dona de casa Teresinha Galo Clepf, 67 anos. Na noite de 21 de abril, ela saiu para fumar na varanda de um restaurante, no Jardim Zoológico de Varginha, onde estava sendo comemorado um aniversário. Ela garante ter visto atrás da mureta da varanda a cabeça de uma criatura idêntica à descrita três meses antes pelas garotas da cidade. “Fiquei pregada no chão, não conseguia desviar meu olhar daqueles olhos horríveis, esbugalhados e vermelhos”, conta. “É a coisa mais feia que já vi na vida.”

Marketing garantido

Em toda a polêmica despertada pelo ET de Varginha há pelo menos uma certeza. A cidade está fazendo publicidade sem custos. Na cidade, o ET é assunto obrigatório. O comércio local não perdeu tempo e atrai a clientela com figuras estilizadas do extraterrestre. Na Papelaria Macácri, no centro de Varginha, um ET montado com isopor, papel de seda e recheado de jornal velho decora a vitrine e chama a atenção dos consumidores. “Em 24 anos de comércio, neste mesmo ponto, esta é a vitrine que mais atrai as pessoas”, comemora o comerciante José Maria da Silva, dono da papelaria. Ele diz, porém, que suas vendas não aumentaram. “As pessoas querem apenas olhar o ET.”  O criador do boneco foi seu sobrinho, Alan Tempesta, 17 anos, que não acredita em ETs. “Apenas aproveitei a idéia”, diz Tempesta. “Agora só falta o prefeito de Los Angeles promover sua cidade a partir do doce de leite e do queijo mineiro”. A cidade mineira de 120 mil habitantes entrou no mapa ufológico do País. “Não fosse a aparição do extraterrestre, ninguém estaria falando de Varginha”, avalia o publicitário Agnello Pacheco.
FONTE – REVISTA ISTOÉ




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O caso Varginha



Às 08:00hs da manhã do dia 20 de janeiro de 1996, o corpo de bombeiros de Varginha, em Minas Gerais, recebia uma chamada telefônica anônima. A pessoa pedia aos bombeiros que investigassem uma estranha criatura vista em um parque no norte do distrito Jardim Andere.
Duas horas depois, os bombeiros chegavam ao Jardim Andere para fazerem a busca no parque. Como esperavam encontrar um animal selvagem, levaram equipamentos apropriados como jaulas e redes.
Segundo os jornalistas, que entrevistaram várias testemunhas oculares, os bombeiros subiram por uma encosta íngreme até as áreas mais arborizadas do parque, onde ficaram estupefatos diante de uma extraordinária visão.
Diante deles murmurava um bípede de um metro e meio de altura, com olhos vermelhos e pele oleosa e marrom. As testemunhas disseram que a criatura possuía 3 protuberâncias na testa e uma pequena abertura em seu rosto parecida com  uma boca. Disseram também que produzia um estranho som semelhante ao zumbido de abelhas e parecia estar ferida.
Enquanto os bombeiros capturavam a criatura, o chefe do grupo entrou em contato com a base militar, que fica perto do local. O comandante da base, o general Sérgio Coelho Lima, rapidamente enviou as suas tropas para isolarem o parque.
Um homem, o operário de construção Henrique José, testemunhou todo o incidente do terraço de uma casa vizinha ao parque e mais tarde, contou aos investigadores que quatro bombeiros encurralaram a criatura com suas redes, aprisionaram-na em uma caixa de madeira e depois a entregaram aos militares.
Se o general Lima ficou satisfeito com a eficiência da operação, muito em breve ficaria decepcionado. Mais tarde, no mesmo dia, o pesquisador Ubirajara Franco Rodrigues, que desconhecia o primeiro incidente, foi informado de uma outra estranha ocorrência. Uma série de chamadas telefônicas levaram Rodrigues a entrevistar 3 meninas que diziam ter visto, por volta das 15:00 hs, uma criatura encolhida perto de um prédio do Jardim Andere (perto do local onde a primeira criatura foi capturada). As meninas disseram a Ubirajara que a criatura tinha 3 protuberâncias na testa e que se parecia “com o demônio”. Depois do encontro correram aterrorizadas para casa e contaram o que ocorrera à mãe de duas delas. Enquanto isso, os bombeiros e militares tinham sido avisados pelos assustados vizinhos sobre a segunda criatura, que como a outra, parecia ferida. A rua ficou cheia de uma multidão que viu como os bombeiros e militares capturaram o ser para logo desaparecerem.
Foi apenas uma questão de tempo para que os caminhos de Ubirajara e Pacaccini, um colega ufólogo, se cruzassem. Pacaccini estava investigando os acontecimentos da manhã do dia 20 sem saber do segundo incidente. Os dois ufólogos logo perceberam que estavam investigando dois casos distintos. Unindo forças, lançaram uma campanha solicitando entrevistas com mais testemunhas.
Os boatos sobre a captura de dois extraterrestres difundiram-se muito rápido e foram notícia em diversas revistas do país. Os ufólogos do Brasil inteiro foram à Varginha para averiguar com exatidão o que tinha acontecido. Foram feitas reuniões, a imprensa local foi notificada e em seguida mais de sessenta testemunhas puseram-se em contato com os pesquisadores.
Diferente de grande maioria dos casos, várias dessas testemunhas eram militares. Muitas famílias de Varginha têm parentes que servem nas forças armadas e muitos deles comentaram sobre o incidente do dia 20 de janeiro nas suas casas. As testemunhas informaram aos pesquisadores que o irmão ou marido de alguém tinha sido testemunha ou tinha intervindo em um dos casos. Forneceram-lhes seus nomes e funções e os pesquisadores não tardaram em encontra-los.
Não havia dúvidas de que os incidentes ocorreram no dia 20 de janeiro no distrito de Jardim Andere, porém, os pesquisadores desejavam saber o que tinha acontecido depois disso. À medida que as testemunhas prestavam seus depoimentos, um quadro mais claro ia surgindo.
Aparentemente, a primeira criatura capturada no sábado de manhã, foi levada para a Escola de Sargentos de Três Corações, ao sudeste de Varginha. Contudo, nenhuma das autoridades que intervinham no caso revelaram o que ocorreu depois. Sabe-se apenas que um policial que esteve presente no incidente do sábado de manhã tinha sido ferido pela criatura.
Dois dias depois, o policial morria no hospital local. Oficialmente a casa da sua morte foi pneumonia, porém, quando a sua família pediu mais informações, as autoridades médicas negaram-se a fornece-las.
Pacaccini e Ubirajara averiguaram que a segunda criatura fora internada no hospital regional de Varginha nas últimas horas da tarde.
No mesmo dia ou manhã seguinte, a criatura, que como a outra estava ferida, era transferida para o hospital Humanitas de Varginha, situado a 1,5 km de distância do outro hospital. O Humanitas, segundo fontes médicas, teria mais recursos para tratar de seus ferimentos.
Testemunhas do hospital Humanitas disseram que a criatura não resistiu e que foi declarada morta às 18:00 hs daquela tarde do dia 22 de janeiro. Logo em seguida, pelo menos 15 médicos, vários oficiais militares, policiais e bombeiros entraram no quarto onde jazia a criatura em um ataúde de madeira. Parece que um dos médicos introduziu uma pinça cirúrgica dentro da diminuta boca da criatura e retirou lentamente uma língua branca. Em seguida, ao abrir a pinça, a língua retraiu-se de imediato.
As mesmas testemunhas também disseram que a criatura tinha 3 dedos e, novamente, 3 protuberâncias na testa. Não possuía órgãos sexuais, mamilos e umbigo. Parecia ter articulações nas pernas, que estavam feridas e enrugadas e sua pele coincidia com as primeiras descrições: de cor marrom e textura oleosa.
Em seguida, a tampa do ataúde foi aparafusada e dois militares com máscaras e luvas envolveram-no em um invólucro de plástico negro antes de coloca-lo em um caminhão estacionado do lado de fora. Bem cedo na manhã, um comboio de caminhões militares saiu de Varginha. Acredita-se que a criatura tenha sido transportada para a Unicamp, a 320 km ao sul de Varginha.
Durante suas investigações, Pacaccini entrevistara um operador de radar do exército aéreo brasileiro. Esse operador revelou que os EUA entraram em contato com o exército brasileiro e avisaram que estavam seguindo o rastro de um objeto que entrava no espaço aéreo brasileiro. O alerta chegou completo, com as coordenadas de longitude e latitude, porém, os norte-americanos, não puderam dizer se o objeto aterrissaria sem se acidentar.
Pacaccini também averiguou que em Varginha haviam ocorrido várias aparições nos dias anteriores aos incidentes. O fazendeiro Eurico de Freitas contou como ele e sua esposa tinham saltado da cama ao ouvirem seus animais assustados. Olhando pela janela de seu quarto viram um objeto de cor cinza que emitia “uma espécie de fumaça” e movia-se silenciosamente sobre os campos a cerca de 5 m do chão. Depois, desapareceu na escuridão.
Pacaccini também considerou a possibilidade das duas criaturas cativas possuírem uma origem humana, possivelmente, o resultado de uma experiência falha do exército. Se não for o caso, poderiam realmente ser extraterrestres, cuja nave teria acidentada nas proximidades do distrito de Jardim Andere, onde as criaturas foram encontradas.
Porém, se ocorreu um acidente, qual foi o local do impacto? Pacaccini acredita que seus destroços estão sendo minados pelos militares e diz que há um acobertamento oficial. Pacaccini tem recebido incontáveis ameaças de morte através de telefonemas anônimos e soube que os militares que mencionarem o seu nome estão arriscando-se a uma detenção de dez dias.
Fala-se também que o general Coelho Lima emitiu uma ordem proibindo os militares de falarem ou entrarem em contato com qualquer ufólogo brasileiro. Porém essas medidas não impediram que os outros detalhes chegassem aos pesquisadores.
Na última hora daquele dia, um avião de transporte C-5 ou C-17 da USAF foi visto no aeroporto de São Paulo. Dois dias depois, no aeroporto de Campinas, perto da Universidade, para onde se supõe que a segunda criatura tenha sido levada, o mesmo avião apareceu. As duas criaturas, uma morta e outra viva, teriam sido levadas para os EUA?
Existem mais evidências do envolvimento dos EUA. Em abril de 1996, Luíza Silva, mãe de duas das meninas que viram a segunda criatura, disse que 4 estrangeiros a visitaram em sua casa. Os homens, ofereceram-lhe uma “grande soma” para que convencesse suas filhas a mentirem sobre o episódio. Quando a Sra. Silva se negou a faze-lo, prometeram voltar e foram embora em um Lincoln azul de 1994.
Novos acontecimentos indicam que no acidente havia uma terceira criatura. Em fevereiro de 1996, quando um motorista fazia uma curva na estrada, os faróis de seu furgão iluminaram uma estranha criatura a 50 m de distância. Quando o assustado motorista freou, viu que a criatura levantava a mão para proteger os olhos, “de cor vermelho-sangue”, da luz para depois se perder no meio da noite. O motorista disse também que o ser tinha 3 ou 4 dedos em cada mão.
Não há dúvidas de que algo extraordinário aconteceu no dia 20 de janeiro de 1996, porém muitas perguntas ainda continuam sem resposta. O que terá acontecido à primeira criatura? Quais foram os resultados da autópsia realizada na segunda? E se eram extraterrestres, como chegaram ao local e onde estaria a sua nave? A investigação sobre o episódio de Varginha está longe de ser concluída e poderá tornar-se um dos casos mais importantes da história da ufologia.

Anônimo


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No dia o céu estava com muito sol. Aí juntou uma grande tempestade. Houve muito reboliço na cidade, policiais para todos os lados, carros do exército. Um minuto de chuva e ventos extraordinariamente intensos, seguidos de dez minutos de forte tempestade suportável. Eu moro no jardim Andere.  Foi passado para o país que era tudo armação e engano. Mas eu vi o objeto pousar. Fui ameaçado de ser preso. Eu consegui tirar três fotos, mas nem cheguei a revelar os negativos. Minha casa foi invadida por militares, e a câmera confiscada. O senhor devia desistir disto. Vai passar por ridículo. Sem prova...

    Testemunha que não quis se identificar

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O ET de Varginha

Muito se tem noticiado nos jornais e nas rádios, sobre estranhos acontecimentos envolvendo a cidade de Varginha. Registram-se as aparições dos ETs, e muitos são os testemunhos colhidos pelos veículos de comunicação, que dão conta dos fatos, que verídicos ou inverídicos aguçam a nossa curiosidade. Estas aparições tornaram-se fato corriqueiro e não há uma só pessoa em Varginha que não tenha tido uma visão do ET ou de uma suposta esfera voadora. Mas para um investigador mais atento, há muitas controvérsias nos depoimentos destas pessoas que dizem terem testemunhado o fato. Por exemplo, uns afirmam ser o ET de uma estatura grande, passando tranqüilamente dos dois metros, enquanto outras testemunhas afirmam ser ele baixo, nunca passando dos cinqüenta centímetros. Há controvérsias também, com relação à cor dos marcianos [sic], muitos afirmam serem eles verdes, enquanto uma parte das testemunhas juram que eles são pálidos como os mortos. Nas conversas de botequins, nas praças, pelas ruas, não se fala em outro assunto,que não seja sobre os misteriosos visitantes. Seriam eles amigos? O que querem em Varginha? A câmara dos vereadores está Disco-Tindo [sic] um projeto de lei, para que seja criado em Varginha um discódromo; isso mesmo, um aeroporto para disco voador, com todas a infra-estrutura que os marcianos [sic] precisam para pousar em solo Varginense [sic] com toda tranqüilidade, sem serem molestados pelos curiosos. Os jovens da cidade até já montaram um fã clube  do ET. O prefeito da cidade, já estuda em colocar no quadro de funcionários públicos do município, ao menos um ufólogo, pois precisa de alguém que saiba se comunicar a contento com os visitantes; desta forma já expediu o edital de concurso público em caráter de urgência. Os hotéis da cidade nunca estiveram tão  lotados, e pelas praças e ruas notam-se muitas barracas, e muitos cabeludos esquisitos andam a procura  do famoso ET. O comércio nunca vendeu tanto; há até bonecos do ET, de todos os tamanhos. Na verdade esta febre está trazendo muita prosperidade para o município; enquanto houver pessoas que viram um homenzinho verde, ou homenzarrão pálido, vai haver loucos para gastar dinheiro no intuito de também ver o ET.

De um panfleto satírico  da época. s /d. Anônimo





X – Disparates

Yo me iba entreteniendo por el camino considerando en estas cosas, cuando pasado Torote, encontré con un hombre en un macho de albarda, el cual iba hablando entre sí con muy gran prisa y tan embebecido, que aun estando a su lado no me veía. Saludéle y saludóme; preguntéle dónde iba, y después que nos pagamos las respuestas, comenzamos luego a tratar de si bajaba el turco y de las fuerzas del Rey. Comenzó a decir de qué manera se podía conquistar la Tierra Santa y cómo se ganaría Argel, en los cuales discursos eché de ver que era loco repúblico y de gobierno.
Proseguimos en la conversación (propia de pícaros), y venimos a dar de una cosa en otra, en Flandes. Aquí fue ello, que empezó a suspirar y a decir:
-Más me cuestan a mí esos estados que al Rey, porque ha catorce años que ando con un arbitrio que, si como es imposible no lo fuera, ya estuviera todo sosegado.
-¿Qué cosa puede ser -le dije yo- que, conviniendo tanto, sea imposible y no se pueda hacer?
-¿Quién le dice a V. Md. -dijo luego- que no se pueda hacer?. Hacerse puede, que ser imposible es otra cosa. Y si no fuera por dar pesadumbre, le contara a V. Md. lo que es; pero allá se verá, que agora lo pienso imprimir con otros trabajillos, entre los cuales le doy al Rey modo de ganar a Ostende por dos caminos.
Roguéle que me los dijese, y al punto, sacando de las faldriqueras un gran papel, me mostró pintado el fuerte del enemigo y el nuestro, y dijo:
-Bien ve V. Md. que la dificultad de todo está en este pedazo de mar..., pues yo doy orden de chuparle todo con esponjas y quitarle de allí.
Di yo con este desatino una gran risada, y él entonces mirándome a la cara, me dijo:
-A nadie se lo he dicho que no haya hecho otro tanto, que a todos les da gran contento.
-Ese tengo yo, por cierto -le dije-, de oír cosa tan nueva y tan bien fundada, pero advierta V. Md. que ya que chupe el agua que hubiere entonces, tornará luego la mar a echar más.
-No hará la mar tal cosa que lo tengo yo eso muy apurado -me respondió-, y no hay que tratar; fuera de que yo tengo pensada una invención para hundir la mar por aquella parte doce estados.

Francisco de Quevedo. Historia de la vida del Buscón.

A partir deste ponto, começamos a ficar bastante preocupados, a Lindaura e eu. Os dias estavam passando, as férias acabando e nada do Caetano e da Rosa retornarem. Estávamos já no finalzinho de abril. As correspondências cessaram; liguei para o hotel onde eles haviam se hospedado. Nenhuma notícia.
Entrei em pânico quando entramos em maio, mês que Caetano deveria retornar ao trabalho, e obviamente não o fez. Lindaura por esse tempo, vivia em prantos e maldizia os ÓVNIS.
Para meu espanto, o chefe da seção, não se irritou com a ausência do meu amigo, demonstrou sim, bastante preocupação e sugeriu que eu tirasse umas férias também, para procurar aquele doido, foi essa palavra que ele usou ao se referir ao nosso ufólogo. E assim foi feito. Já de férias, estava pronto para viajar para a cidade de Varginha, quando outra bomba caiu sobre nossas cabeças.
Chegando em casa numa tarde, encontrei Lindaura aflita, as crianças assustadas. O motivo: cartas recebidas, que me deixaram bastante confuso, assim como o leitor com certeza ficará.

De Rosa para Lindaura datada de 28 de abril:
Chegamos hoje no Planalto Central. Estamos passando por uma experiência fascinante. Gostaria que vocês estivessem conosco. Conhecemos um grupo que estabelece contatos com extraterrenos há muitos anos, pessoas estas, as quais o Caetano não conhecia, embora seja tão bem informado, quando o assunto é ÓVNIS. Às 22:15 do dia 10 de maio, receberemos uns visitantes, que nunca tocaram o solo da Terra; uma raça amiga dos seres contados anteriormente por estas pessoas (as do grupo).
Pena que este grupo não permite fotos e filmes dos contatos, e o local e o horário não são divulgados, salvo para os iniciados. Você pode estar se perguntando, e a carta, não oferece riscos? Não, afinal quem iria acreditar em extraterrestres? Agora se o fato fosse divulgado pela TV ou por grandes jornais, talvez .
Mas uma prova, por pequena que seja, traremos quando voltarmos. Um abraço, um beijo, para você e as crianças.

De Caetano para mim, datada de 29 de abril:
Velho amigo, presumo que deves estar preocupado comigo, com relação aos compromissos na repartição, pois teria que estar assumindo meu posto de trabalho no primeiro dia útil do mês  que está chegando; mas preste atenção, será talvez a única chance de minha vida de contatar um extraterrestre. Escrevo estas linhas um dia após Rosa ter escrito para Lindaura, então creio que você já sabe do que se trata. Conheço-te o suficiente para supor que, já esteja pensando em fazer as malas e vir em nossa procura. Não o faça, pois estamos espalhados por várias localidades aqui do estado, incógnitos; pois o que vamos presenciar, limita-se a pessoas de um  círculo fechado, àquelas que  realmente acreditam na presença destes seres entre nós, e acima de tudo, deseje um contato amigo, amistoso com esses visitantes. No momento é impossível incluir Lindaura e você neste grupo; está muito em cima da hora.
Todo o cuidado é pouco. Se o exército e o governo ficarem sabendo, teremos outro episódio triste, como aquele ocorrido em Varginha, onde nossos visitantes foram recebidos a tiro ou aprisionados.
Quando a gente voltar, eu conto com pormenores a história deste grupo que conhecemos. Eles possuem telepatas capazes de penetrar em outras dimensões do espaço e contatar seres de planetas distantes. Ainda não compreendi o processo de comunicação que esses telepatas usam, pois o consenso geral é que, mesmo que a comunicação seja entre mentes, faz-se necessário o uso do signo lingüístico. Lembre-se que usamos os códigos de nossa língua para pensar. O processo usado por esses telepatas e os extraterrenos ainda é para mim, uma incógnita, a qual estou tentando decifrar. O fato é, que eles se comunicam muito bem. Há vários textos transcritos, de mensagens enviadas de planetas distantes. Disparates...creio que é isso o que você está pensando. Bem, vou acrescentar mais um...
Não vá cair das pernas, mas a Rosa e eu fomos escolhidos para viajar com esses visitantes. A Rosa vai primeiro. Nossa compleição física requer uma nave especial para deslocamentos no hiper-espaço. Há riscos quando o ser humano atravessa portais multidimensionais, algo que não representa problemas para a maioria dos seres que nos visitam. Somos um fator biológico emergente, pós-primitivo, longe de alcançar o patamar físico-intelectual de nossos visitantes.
Por uma questão de segurança, vai apenas um ser humano por vez; transporte este que requer um tremendo aparato técnico.
Mas porque a Rosa e eu? Não sei te responder. O fato é que vamos, mesmo não tendo certeza se voltaremos — se o fizermos, já pensou quanto conhecimento traremos para a humanidade? Talvez você ainda pergunte, qual o motivo que leva uma raça tão avançada, a levar seres inferiores em seu mundo? A resposta que tivemos do grupo, do qual já fazemos parte foi, pasme; os visitantes das várias regiões do universo que aqui estiveram, veneram a raça humana. Pelo fato de nós termos sido criados à imagem e semelhança da Suprema Inteligência. Traduzindo na linguagem humana, à Imagem e Semelhança de Deus. Mesmo os seres que se aparentam com o homem, não são perfeitamente semelhantes a Ele como este. Incrível, não?
A chegada de um homem num planeta onde haja vida inteligente, é uma festa. O homem é a grande representação do Grande Arquiteto e Idealizador, ainda que se apresente como criatura humilde, quase que primitiva em relação a estes seres.
Repito, não tente me procurar. Está tudo bem. Se perder o emprego, não me preocupo. O maior sonho de minha vida está se concretizando.
Outra coisa. A sonolência andou voltando esses dias. Mas já passou. Não sei porque este sono terrível, num momento em que estamos sob forte excitação. Rosa e eu não contamos nada para o grupo, com medo de perder o vôo, a viagem. Mas ainda bem que passou.
Forte abraço amigo. Assim que retornar, conto mais coisas que levantei sobre o caso de Varginha. Até lá e não tente me encontrar.

Liguei para a prefeitura de Varginha, expliquei minha preocupação, e eles gentilmente me passaram os números de telefones dos hotéis daquela cidade, compatíveis com o bolso do meu amigo.
Na terceira ligação completada, o gerente visivelmente irritado, reclamava que meu amigo havia saído, deixando saldo a pagar, bem como roupas e objetos pessoais, e que não havia alertado a polícia pelo fato do mesmo ter avisado que estava sujeito a viagens repentinas e que alguém entraria em contato caso sua ausência fosse muito prolongada. Confiei, pelo fato de ser uma pessoa respeitosa, tanto ele como sua senhora, mas vou dizer, já estou transtornado e temeroso, pois se algo de ruim lhe suceder aqui na cidade ou imediações, a reputação do hotel fica em perigo. Eu devia ter avisado a polícia...mas confiei, seu amigo é muito persuasivo. Não se preocupe, ele está bem, não entrei em detalhes, evidentemente, vamos fazer o seguinte, passa-me o saldo devedor, eu envio pelo banco que o senhor indicar; em contrapartida, o senhor me envia os pertences, eu sei que vai ficar caro, mas façamos, e assim foi feito.
As férias pioraram a situação. Ficava angustiado, sem saber o que fazer, o chefe da repartição ligando cedo e à tarde, e aí notícias?, não?olha que ele perde o cargo. Uma nuvem escura pairou sobre nossa casa, nossas vidas. Para piorar, vieram as coisas do Caetano e da Rosa. Para nosso espanto, pois ajudamos ambos a fazerem as malas, todas as roupas, inclusive as do corpo, que usavam quando saíram, retornaram para nossa casa, bem como todos os objetos pessoais e documentos. Que maçada. E agora? Que faria o leitor, se estivesse em meu lugar?que pensaria?
Cartas para o Caetano ou para a Rosa, impossível mandar, pois colocavam no “remetente” das cartas enviadas, endereços hipotéticos. Procura-los em Goiás; minhas posses não permitiam. Avisar a polícia: cogitei em faze-lo em último caso. Foram dias de desespero, até que recebemos uma carta.

De Caetano para mim, datada de 11/05/1996:

Ontem recebemos os visitantes. Uma nave cilíndrica, parecida proporcionalmente com enorme lápis, seguida por duas naves esféricas e uma nave triangular. Um espetáculo fantástico, para deixar Spielberg boquiaberto.
A primeira nave, a de formato cilíndrico, transportava vários seres, como se fosse um enorme ônibus. A triangular, possue condições adequadas para transportar apenas um ser humano  sob condições adversas, como velocidades ultraluz e passagens por portais multidimensionais que permitem saltos de milhões de anos-luz.
O curioso, é que nenhuma destas naves possuem instrumentos de tração. Não possuem motores, nem propulsores. As duas naves esféricas, não tripuladas por organismos biológicos, são as que deslocam e direcionam as outras naves. Um instrumento avançadíssimo que não requer comando. De antemão elas foram programadas para se deslocarem até a Terra, pousarem, e no momento certo, deslocarem de volta para seu mundo.
A defesa da frota, também é por conta delas. O mais incrível, é o pacto de não agressão aos seres da Terra; se forem atacadas, efetuarão uma manobra que os leve para outra dimensão. É praticamente impossível, para o poder bélico terrestre, acerta-los. Não sei  o porque de tanto temor do grupo que conhecemos, de que estes seres possam vir a sofrer,  o mesmo destino dos visitantes de Varginha. Eu duvido muito...mas, o homem é o homem...(voltam-me as recordações...como se deixaram acertar?... serem capturados?).
O que ainda não consegui descobrir, é como funciona o sistema de propulsão das naves esféricas, que em relação às outras, são pequenas, e praticamente as carregam, além de as defender.
Que saber como eram esses seres, Sérgio? Você nem imagina a emoção que a gente sente diante desses visitantes. É algo simplesmente extraordinário, indescritível. A humanidade toda deveria ter este privilégio —, se não fossem os líderes mundiais como são; sabe, a  Terra se isola numa torre de marfim. Como pode a raça, cuja proximidade e semelhança com o Criador não encontra símile em todo o Universo ser tão cruel, tão dada a cobiças infundadas, à inimizade movida pela ganância; enfim, sobreviver e ser feliz, não é o principal objetivo do homem?, que mais ele precisa, além de um espírito que irradie felicidade?
Essas criaturas possuem uma áurea de paz, diante delas é impossível não sentir emanar uma essência diferente. Como podem, eles, tão avançados tecnologicamente, que nos dão uma lição de filosofia e civilização, serem atraídos por uma raça tão ignóbil, um animal pensante que usa seu potencial para promover a destruição, que não preserva seu próprio planeta — como podem eles venerar o homem?, se a proximidade e semelhança com o Criador diluem-se nos atos insanos que praticamos. E o ser humano, se levar à balança a razão e a loucura, esta última sem dúvida, há de pesar muito mais. Como pesa a insanidade humana.
A loucura da qual falo, não é a loucura dos loucos. É a loucura daqueles que dominam, daqueles que matam, que jogam bombas, que constroem armas nucleares, que depredam nossas florestas e rios, que matam crianças de fome, que juntam para si milhões e milhões, que são ávidos pelo ouro e pela prata, que se esquecem que são meros fatores biológicos, que o material que compõe seus corpos, é o mesmo que compõe o corpo do cachorro, da vaca, do leão, da cabra, dos peixes; e todos quando morrem são consumidos pelos mesmo vermes; ainda que haja homens orgulhosos, que por motivos não religiosos, mas por puro orgulho, mandam incinerar seus corpos — esquecendo-se, que mesmo assim, as moléculas aparentemente consumidas pelo fogo, voltarão ao pó, e darão origem a outras vidas, talvez à vida dos vermes consumidores de carnes putrefatas. A mesma água que está presente no corpo de um banqueiro, está presente no corpo daquele que teve a infelicidade de cometer um delito e está apodrecendo atrás das grades, a mesma água, as mesmas dádivas da vida; o mesmo sangue que corre nas veias de poderosos presidentes de poderosas nações, correm nas veias das crianças que morrem de fome pelo mundo, ou daquelas que experimentaram o gosto acre da pólvora sua, homem poderoso, poderoso pateta!, tão mortais quanto aos homens que tremeram embaixo de seus aviões, cuja vida vale menos que um barril de petróleo — imagem e semelhança do Criador, o homem? — este sim é um grande disparate...Poderia não sê-lo... mas...
Esses homens se esquecem que não são eternos, ao menos aqui, neste planeta, que serão devorados pelas miíases da mesma forma que as crianças que matam, serão consumidos pelo fogo da mesma maneira que suas vítimas; mesmo que mandem congelar seus corpos, serão inexoravelmente corrompidos. Tudo se corrompe nesta Terra, as montanhas, as gigantescas construções de concreto e aço, todos sofrerão a ação  do tempo; este o juiz dos juízes.
A loucura dos loucos, esta sim, é maravilhosa. O louco sonha, sente medo, voa, mas é feliz. Porque se faz algum mal, o faz para si mesmo. Andar atrás de ÓVNIS é loucura? Então sou prazerosamente louco — um louco que teve seu grande sonho realizado.
Bem — desculpe a ladainha — sabe que estou com os ânimos exaltados; também não é para menos.
As naves apareceram e desceram rigorosamente no horário marcado. Desceram dois seres, cujo aspecto assemelha-se ao nosso. Mas eram extremamente altos, uns dois metros e noventa, mais ou menos. Estávamos em umas trinta pessoas, pertencentes ao grupo, no momento. Os emissários não usavam trajes com câmara de gazes, respiravam normalmente nossa atmosfera. Não consigo descrever em detalhes mínimos o que houve; chamou-me a atenção o fato que a gente entendia tudo o que eles diziam. Saudaram-nos, retribuímos com boas-vindas. Veja — não utilizamos signos lingüísticos — é um processo de comunicação que não compreendi até agora, creio que já falei sobre isso para você.
Eles vieram de um sistema, onde coexistem pacificamente, várias espécies inteligentes. É uma confederação de quarenta e três planetas de um mesmo sistema. Há dados curiosos. Um dos planetas serve de habitat  para oito espécies inteligentes distintas — sem que haja qualquer tipo de agressão entre elas. Pequenos litígios que porventura surjam, e que são muito raros, são julgados e resolvidos pelos grandes mestres da confederação.
Os primeiros seres que recebemos, eram uma espécie de intérpretes. Em seguida saíram da nave, seres de toda altura, alguns minúsculos outros enormes, uns com aparelhos de gazes, pois não respiram nossa mistura, uns protegidos em redomas com temperaturas especiais. Havia dois seres que habitavam um planeta que ficava muito próximo à estrela do sistema, que se encontravam em uma redoma com temperatura e pressão elevadíssimas; nós tínhamos que vestir trajes protetores, para se aproximar deles.
Fiz um extenso levantamento das raças que conhecemos; e ainda ganhamos uma imensa obra cujos volumes contém mapas e demais informações de interesse científico, do sistema do qual eles vieram. Quando este fantástico relatório estiver pronto, remeto a você, junto com o material descrito acima; mas gostaria que assumisse a promessa de que, por enquanto, o fechará a sete chaves. A humanidade ainda não está preparada para tomar conhecimento de coisas tão incríveis, e tão reais; que deverão ser reveladas em momento oportuno, para pessoas certas. Nós somos (nosso grupo, do qual você  e Lindaura, um dia farão parte) uma espécie de apóstolos de uma nova era que está se aproximando para a humanidade. Uma era de uma nova civilização e novas metas. Envergonha-me ver seres tão distintos vivendo tão fraternalmente. Enquanto que nós, semelhantes que somos, nos digladiamos por tão pequenas diferenças.
Rosa mandou um forte abraço para você, para Lindaura e para as crianças. A esta hora ela já chegou ao distante sistema, cujo nome é difícil, senão impossível de ser articulado ou escrito em nossas línguas. Ela foi colocada em estado de animação suspensa, numa caixa hexagonal de cor violácea clara, toda ornamentada, que fora introduzida na nave triangular, acompanhada por vários técnicos; como já afirmei, o deslocamento de seres humanos a longas distâncias requer um grande aparato.
Creio que não nos encontraremos muito breve — talvez não volte —; não se preocupe com meu cargo.
Na próxima semana embarco, neste intervalo mandarei para você os últimos dossiês. (Lembra-se que te disse que essa nave pode levar um ser da Terra por vez?).
Forte abraço — foi mui prazerosa nossa amizade. Se sentirem saudades, olhem para as estrelas. Rosa e eu estaremos em alguma delas.

Diante destas palavras, não tive mais dúvidas sobre o juízo de meu amigo. Devia tê-lo impedido de embarcar nesta loucura. Agora não adianta reclamar — o mal já está feito. Pode ser que seja apenas uma brincadeira de meu amigo; não, Caetano não cultiva esse gênero de humor. Lindaura está aflita; as crianças, curiosamente não, estão sim, é contentes e até ouvi-os cochichando, que a tia devia tê-los levado junto, que gostariam de ver uma nave destas de perto. Passei uns dias cabisbaixo e pensativo, até que começaram a chegar as cartas.













XI – Uma Estranha Realidade — Da qual não ouso (des) acreditar

No lo osé replicar de miedo que me dijese que tenía arbitrio para tirar el cielo acá abajo. No vi en mi vida tan gran orate. Decíame que Joanelo no había hecho nada, que él trazaba agora de subir toda el agua de Tajo a Toledo de otra manera más fácil. Y sabido lo que era, dijo que por ensalmo: ¡Mire V. Md. quién tal oyó en el mundo! Y al cabo, me dijo:
-Y no lo pienso poner en ejecución si primero el Rey no me da una encomienda, que la puedo tener muy bien, y tengo una ejecutoria muy honrada.
Con estas pláticas y desconciertos llegamos a Torrejón, donde se quedó, que venía a ver una parienta suya.
Yo pasé adelante pereciéndome de risa de los arbitrios en que ocupaba el tiempo, cuando, Dios y enhorabuena, desde lejos vi una mula suelta y un hombre junto a ella a pie, que mirando a un libro hacía unas rayas que medía con un compás. Daba vueltas y saltos a un lado y a otro, y de rato en rato, poniendo un dedo encima de otro, hacía con ellos mil cosas saltando. Yo confieso que entendí por gran rato (que me paré desde lejos a verlo) que era encantador, y casi no me determinaba a pasar. Al fin me determiné, y llegando cerca, sintióme, cerró el libro, y al poner el pie en el estribo, resbalósele y cayó. Levantéle, y díjome:
-No tomé bien el medio de proporción para hacer la circunferencia al subir.
Yo no le entendí lo que me dijo y luego temí lo que era, porque más desatinado hombre no ha nacido de las mujeres. Preguntóme si iba a Madrid por línea recta o si iba por camino circunflejo. Yo, aunque no lo entendí, le dije que circunflejo.

Francisco de Quevedo. Historia de la vida del Buscón.


Sobre o que aconteceu em seguida, tenho até dificuldade para relatar ao leitor. Começaram a chegar cartas de Caetano, das quais vou fazer uma síntese. Numa ele diz que as naves voltariam amanhã. Levando-se em conta a data deste amanhã, Caetano já partiu, com a mesma parafernália que Rosa.
Noutra relatou-me que fora convidado para, juntamente com Rosa e outras pessoas da Terra que foram levadas para aquele sistema, povoar um pequeno planeta artificial com as mesmas condições da Terra; e que possui uma vasta biblioteca eletrônica contendo inúmeras informações e obras produzidas pelo engenho humano, e que teriam sido copiadas pacientemente ao longo dos anos por esses seres. Literatura, pintura, cinema, quadrinhos, música, arquitetura, religião, política, filosofia; enfim, tudo o que lembrasse o planeta natal.
Ele afirma que topou, e que um dia viria buscar a Lindaura, as crianças e eu.
Noutra carta afirma que há pistas deixadas pelos visitantes do espaço, de vários pontos do Universo, em várias partes do mundo. Em seguida enumera uma lista aqui do Brasil, da qual passo um pequeno trecho ao leitor, pois ele mesmo afirma que faria questão que a mesma fosse divulgada;  uma pequena semente contra o ceticismo, caso alguma fosse encontrada. As pistas passadas pelos intérpretes extraterrenos e decodificadas pelos telepatas do grupo atingem um número enorme. Caetano, entre a enorme lista que mandou para ser arquivada, selecionou umas pistas especialmente para mim, da mesma forma que o fez para seus amigos ufólogos, de vários recantos do país. Mas vamos às que ele passou para mim:
1 – Em uma pequena Igreja, perto da linha férrea da antiga Fepasa, mais ou menos entre Ourinhos e Paraguaçu Paulista- SP (as mensagens foram captadas pelo Caetano, de forma um pouco truncada, como se fosse um sonho, um devaneio), há um porão, cuja porta de acesso fica ao lado da sacristia, no qual, provas materiais da presença de uma raça oriunda de um dos satélites de Saturno, estão escondidas desde os anos 60.
O padre responsável pela Igreja na época travou contato com esses seres, e escondeu no porão vários objetos e livros que recebera dos visitantes, esperando o momento oportuno para divulga-los. Sabe-se que os padres, são submetidos a rigorosos procedimentos quanto ao respeito à hierarquia estabelecida pela Santa Sé. Qualquer atitude insensata, pode  custar-lhes as ordens; e quando apenados levemente, são transferidos para regiões distantes.
Consta que tais objetos foram confinados sob uma laje solta no solo do porão, num compartimento secreto previamente construído. O padre faleceu de um mal súbito, levando para o túmulo seu segredo. Uma pequena parte das provas ainda se conservam intactas, a espera de alguém que se disponha a procura-las.
2 – Uma sociedade iniciática, dos arredores de Lins – SP, possue provas materiais de contatos com seres vindos de Andrômeda, a distante e misteriosa galáxia. Segredos que passam de mestres a neófitos. A única pista plausível quanto à localização, é que o templo foi construído seguindo padrões arquitetônicos orientais híbridos.
3 – Nos arredores de Alexandria, distrito da cidade de Cândido Mota - SP, há destroços soterrados de naves que teriam caído na região, há centenas de anos. Geólogos estiveram estudando o local, marcado por pequenas crateras; estabelecendo a hipótese que as mesmas foram provocadas por meteoritos, o que não corresponde à verdade.
4 – Numa reserva florestal, nas imediações da cidade de Presidente Prudente-SP, num local de difícil acesso, florescem e frutificam arbustos, cujos frutos são adequados à alimentação humana, com paladar e aroma maravilhosos.
Ainda não foram encontrados pelo homem; este presente que nos fora preparado por visitantes que por aqui aportaram de passagem, para efetuar reparos em seus equipamentos. Enquanto os engenheiros trabalhavam em sua tarefa específica, botânicos prepararam esta planta, geneticamente manipulada, e a deixaram, na certeza que um dia seria encontrada. Suas sementes não são disseminadas por animais, o que é uma pena. Tudo foi planejado e calculado; o homem teria que receber pessoalmente seu presente.
5 – Nas serras de Echaporã-SP, foram elaborados vários criptogramas com gigantescas pedras. Admira-se que nenhum piloto ainda não os tenham notado. É uma mensagem muito simples, algo como, levando-se em conta, como as pedras foram dispostas, que “alguém esteve aqui”.
           
            Dá o que pensar estas pistas. Se o leitor quiser arriscar-se...mas creio que é tempo perdido. Muitos vilarejos próximos à via férrea, estão desaparecendo; as antigas estações, foram transformadas em prédios-fantasmas, pequenas Igrejas foram demolidas ou pilhadas devido ao abandono. Sociedades fechadas são impenetráveis, o que faz da segunda pista, umas das mais difíceis de ser seguida. Quanto às três últimas, são dispendiosos os meios para alcança-las.
            Mas, confesso ao leitor, vou tentar seguir as duas primeiras, que são mais acessíveis. Se não conseguir encontrar nada paciência, aliás, quanto a provas materiais da exo-existência, estou em posição mais cômoda que você, amigo que pacientemente acompanhou esta narrativa.
            Continuando com o relato, qual não foi minha surpresa, quando mal havia terminado de analisar as cartas de meu amigo.  Acabava de ser entregue pelo correio, umas caixas; encomendas registradas com AR (aviso de recebimento — para quem os carteiros iriam entrega-los? e onde?em Andrômeda?).
            Muito bem fechadas continham volumes e volumes de anotações. Mas o que chamou mais a atenção (com os manuscritos do Caetano já estávamos acostumados) foram uns volumes feitos de um material estranho, cheio de gravuras holográficas de plantas, animais, seres indefiníveis e humanóides, fotos de um enorme sistema estelar, seria algo como o que comumente chamamos de enciclopédia, mas de um conteúdo completamente estranho, inusitado, para nós...um objeto de valor incomparável, em uma língua desconhecida...para este que vos fala. Guardo esta raridade comigo, trancada a sete ou oito chaves, pois é a prova mais contundente, dentre  tudo o que recebi; e estudo uma maneira de apresentar este material ao mundo, mas tenho medo que sejam apreendidos, ou destruídos.
            Seria para o leitor uma sexta pista; esta maravilha —, da qual infelizmente por enquanto, não posso dar mais detalhes.
            Fui exposto a uma estranha realidade, da qual não ouso (des) acreditar. Tudo parece um sonho, um devaneio, uma loucura.











Epílogo

            A vida segue seu curso. Caetano e Rosa foram dados como desaparecidos. Lindaura e as crianças estão conformadas. Sabem que ocorreu um caso inusitado com nosso amigo e sua Femme Fatale. As provas e os relatos enviados pelo Caetano lavaram-nos a alma. Mas até hoje me pergunto. Estão vivos?, estão mortos?
            Caetano deixou uma declaração junto ao nosso advogado, nomeando-me curador universal de todos os seus pertences, se algo acontecesse com ele, fosse morte, invalidez ou desaparecimento, por tempo indeterminado. A justiça acatou — e hoje ainda cuido do acervo do Caetano — e abro as portas do mesmo para pesquisadores de todas as partes. Quanto aos últimos materiais recebidos, estão muito bem guardados. No momento que achar conveniente, os mostrarei ao mundo, digo, primeiramente aos ufólogos, como uma homenagem póstuma (póstuma?) ao meu amigo.
            Sinto saudades do meu amigo, recordo nosso tempo de infância e mocidade, as circunstâncias que vieram selar a nossa amizade...Há momentos em que fico triste — há outros em que não deixo de sorrir relembrando momentos marcantes de nossas vidas.
            O que me consola, é que, sem dúvida ele está feliz. Conquistou o seu ideal, teve coragem de brigar bravamente por ele, coisa que poucas pessoas têm coragem de fazer.
Ele nunca se envergonhou de ser chamado de louco. A loucura, Sérgio, é acima de tudo, mais um dom que um defeito, dizia. A Fé é uma loucura, todos os “ismos” são loucura. A vida é uma loucura. Acredito na vida extraterrena; este crédito é uma loucura. Nunca vi, pesquiso relatos alheios, mas um dia hei de ver uma nave e um ser das estrelas, ou mesmo de nosso sistema. Se um dia morrer sem fazê-lo, a humanidade um dia o fará, dizia.
Bem, não quero cansar mais o leitor. Espero que este relato, que nasceu a partir do momento em que se se divulgou o caso ocorrido em Varginha, tenha sido útil, ou, ao menos divertido.
Não sou um homem de letras, apenas um modesto funcionário público.
Quanto ao acreditar ou não, fica a seu critério. Eu, por minha vez, relatei os fatos fielmente, tais como se sucederam, tais quais como foram conhecidos, através das missivas transcritas.
Se um dia tiver coragem, talvez quando me aposentar, o que vai demorar um pouco, mostro minha cara, e as contundentes provas que possuo.
Talvez até lá, você leitor, tenha tido uma experiência semelhante àquela que viveram as meninas de Varginha, ou similar ao do meu querido amigo, e de sua (nossa querida) Rosa.
Calo minha pena por aqui. Um dia talvez nos conheçamos pessoalmente...















Uma Testemunha Chave

Espere. Não seja apressado leitor. A história ainda não acabou.  Páginas atrás afirmei que a narrativa era verídica, e chegou  afinal o momento de prova-lo, e de justificar o que me levou a financiar a edição deste livro. Uma espécie de mea culpa, pois acompanhei de certa forma, tudo o que aconteceu, tomando uma atitude quase passiva. Vamos transferir o relato para uma testemunha chave.

O Editor

Eu realmente fui o culpado por tudo o que aconteceu. O verdadeiro obcecado por relatos de aparecimentos de ÓVNIS, por livros, revistas e artigos que tratam do assunto sou eu. Não posso me identificar, e escrevo estas linhas dando meu depoimento por insistência do Dr. G., o qual se apresenta como editor deste livro.
Trabalho como enfermeiro neste hospital psiquiátrico há anos, e sempre trago comigo os materiais de leitura, com os quais venço as horas de ócio do período noturno. Acompanhei o caso de Varginha através da imprensa, chegando a elaborar um álbum de recortes de jornais e revistas, e uma coletânea de correspondências, com os mais variados setores da sociedade daquele município, no período em que o caso esteve em evidência (muitas das correspondências, não foram enviadas diretamente a este humilde enfermeiro, mas tratam-se de respostas recebidas por respeitáveis ufólogos, que cederam cópias das mesmas para meus arquivos). Fazem também parte de meu acervo, pequenas monografias sobre o assunto, enviadas por estudiosos de nosso país, e xerox de algumas escritas em francês ou espanhol, algumas fitas VHS e muitos gibis e livros de ficção científica, tendo entre estes últimos, os da série Perry  Rodhan como meus prediletos.   
Possuo uma estante na sala dos enfermeiros, onde guardo meus livros e papéis afins; e ninguém havia tocado em minha pequena biblioteca até então — quem haveria de se interessar por ÓVNIS?  Um detalhe: não sou ufólogo, leio sobre o assunto porque este me fascina.
Por esse tempo, contávamos com quatro pacientes que viviam em regime de internato permanente. Nosso hospital veste a camisa da luta anti-manicomial, mas esses pacientes foram adotados pela instituição pelo fato de não possuírem família; eram relativamente calmos, mas eram também perigosos, pois os quatro sofriam de profunda obsessão. Aqui, sob nossos cuidados, não ofereciam riscos, e trabalhavam nas dependências do hospital, eram nossos amigos. (Angariavam também a amizade dos visitantes; principalmente aos domingos, quando familiares e internos almoçavam juntos).
Sérgio, o que escrevera o romance, sofreu um estranho trauma na juventude (evitarei usar termos técnicos da psiquiatria). Perdeu a namorada quando ambos tinham dezessete anos; ela fora vítima de afogamento. Quantas vezes se sepultassem a moça, ele ia ao cemitério e exumava o cadáver. Os pais da menina lacraram o túmulo com grossas  placas de concreto. Aí ele começou a desenterrar ossadas de outras jovens, roubando os restos mortais, dos quais dizia serem de sua Amanda. Não é preciso externar mais este relato. Recebeu altas várias vezes e acabou reincidindo, até que da mesma forma que outros que chegam a esta situação, perdeu os pais, e acabou sendo abandonado pelos outros familiares.
Caetano — este uma incógnita para a psiquiatria — era capaz de passar horas e horas observando uma mosca; depois a desenhava nos mínimos detalhes (era muito solícito em ajudar na cozinha, quando a tarefa era eviscerar peixes; possuímos um lago com carpas e tilápias, item do setor de laborterapia). Se sua atenção se voltava para um determinado objeto, queria desmonta-lo, para estuda-lo nos mínimos detalhes. Tentara dissecar umas pessoas em sua cidade. Como era de compleição frágil; esta não permitiu que cometesse crimes mais graves que algumas lesões. Uma vez tentou abrir a própria barriga com uma tesoura de jardim.
O Caetano e o Sérgio deram muito trabalho no começo. Mas ambos foram acompanhados rigorosamente durante esses anos, e o Dr. G. conseguiu com que ambos se voltassem, canalizassem suas obsessões, para a literatura e a poesia.
Um dia começaram a pegar meus livros e meus álbuns de recortes. Eles estavam passando por um estágio no qual podiam circular livremente pelo hospital. Pediram para que eu lhes emprestasse meus livros. Consultei o Dr. G., e ele disse-me que não havia problema.
Passavam horas e horas lendo. Faziam suas obrigações correndo. O Dr. G. observava, curioso. Um dia pediram papéis. Entreguei-lhes e fiquei observando — começaram a escrever um livro. Eram muito inteligentes, estes pacientes. Não dava para entender como podiam ser tão doentes. Nossa instituição era visitada por pesquisadores da área, de várias partes do Brasil e do mundo, dada a notoriedade destes. Caetano, inclusive, chamava a atenção de lingüistas, por seu excepcional talento autodidata para aprender línguas estrangeiras. 
O Dr. G. instruiu-me no sentido de não intervir e nem pedir para ler os escritos, salvo se assim eles o quisessem.
Quanto a Lindaura e Rosa, elas eram da ala feminina, e não conheço bem o caso delas. Mas a situação é a mesma, circulam pelo hospital e foram abandonadas pela família.
Sei que o sonho de Lindaura era o de ter filhos. Possuía em seu quarto um monte de bonecas, que os funcionários traziam para ela, e que ela tratava por minhas crianças. Na mente de Sérgio, a inofensiva Lindaura era sua esposa, a reencarnação de Amanda.
Rosa era a professora. Vivia de guarda-pó branco e giz nas mãos. Era muito bonita — a grande paixão de Caetano.
Destas mentes saiu este relato. Homens que demonstram estar no limiar da razão, mas o pouco que demonstram desta é um muito, o que nos dá o que pensar.
 Um personagem que permanece (quase) incógnito na narrativa, mas do qual quero fazer uma pequena referência, é o nosso velho jardineiro, seu Zé, que há anos está na instituição. Respeitado como uma espécie de chefe pelos demais pacientes não necessita de medicamentos controlados, nem de vigilância acirrada. Está praticamente curado; fica conosco por não ter aonde ir, assunto que já abordei acima. O grande problema, é que ele consegue fazer vinho de todo tipo de frutas que chegue às suas mãos, inclusive de mel silvestre e de flores (possuímos uma enorme área natural e de cultivo) e uma cerveja ordinária com cereais, e fornece, burlando nossa vigilância, a pacientes que podem circular livremente. O problema maior, é que nós, os funcionários, gostamos muito deste simpático velhinho, e jamais queremos prejudica-lo. Essas ocorrências,  sempre acobertamos, com medo que o Dr. G. o ponha para fora do hospital. Resolvemos tudo entre nós, embora temerosos de que aconteça algo grave. O álcool potencializa a ação de determinados medicamentos. Ele está desaparecido por estes dias; pode ser que volte ou não, e essas revelações, face aos fatos ocorridos com certeza não serão acatadas com rigor pelo Dr. G.; que está com uma dívida moral consigo mesmo e com a nossa instituição.
Lembram-se quando Caetano fala da sonolência? Ele e Rosa, eram os mais agitados; às vezes, tínhamos que medica-los, sob orientação do Dr. G., quando este concluía que um determinado excesso de agitação, poderia desencadear uma crise.
O hotel... a amizade colorida entre Caetano e Rosa... algumas vezes conseguiram burlar nossa vigilância e dormiram junto — fato que o Dr. G. ficou sabendo algum tempo depois. (O Sérgio e a Lindaura também o fizeram).
Quanto ao  “Diário”, não sei por que cargas d’água, insistiam em escrever nos rolos de papel higiênico e em maços de guardanapos de papel, que acabavam sendo usados e indo para o lixo; embora eu tenha comprado, com dinheiro do meu próprio bolso, um exemplar em branco de um bonito diário para o Caetano. A sabotagem do diário da qual fala o Sérgio...
Rosa faleceu de um mal súbito numa manhã — a viagem espacial. Não desconfiamos, falhamos. Dentro de uma semana Caetano se suicidou, enforcando-se com a própria camisa. Seguiu Rosa na viagem.
Sérgio pareceu não se importar com o fato. Terminou de escrever o livro e entregou-me; após lê-lo e entrar em profunda depressão, passei-o ao Dr. G. Deste momento em diante, tanto ele, quanto Lindaura, entraram num mutismo assustador. As únicas palavras ditas foram: Caetano vem nos buscar.
Coincidência do destino, ou a arte imitando a vida, ambos morreram no ano passado...tendo se estampado em seus rostos um sorriso irônico, de extrema satisfação.
Perdoem-me os colegas de profissão, se estou ferindo determinados princípios éticos. Mas não deixaria de justificar o ocorrido.
O nome da instituição, bem como os dos pacientes foram omitidos — o Dr. G. influenciou-os, no momento em que escreviam — Sérgio, Lindaura, Caetano e Rosa são nomes fictícios.
O Dr. G., em sua segunda intervenção na narrativa (a primeira foi nas referências bibliográficas), aguça a curiosidade do leitor, ao afirmar que os acontecimentos são verídicos. Em parte, como pode enfim notar o leitor, o são. Tudo o que aqui escrevi, realmente aconteceu, e até hoje carrego comigo um sentimento de culpa. Julgue o leitor. Sinto-me culpado, sim, pela morte dessas pessoas. Acho que a obsessão, da qual cada um era portador, transferiu-se para a área de influência de meus livros. A simples imaginação não fora suficiente para satisfaze-los a contento. O desejo incontido de conhecer outros povos,  outros mundos, levou-os à morte.
Mas a responsabilidade maior é do Dr. G. Com tantos anos de experiência, não poderia ter previsto o ocorrido?
Bem, era só o que tinha a dizer. Logo aparecerão outros que os substituirão. Afinal, pessoas com distúrbios psicológicos, diferentes ou loucos, como queiram, não faltam. O mundo os produz às pencas.
Um ser tipicamente doente não pode voltar a sarar, e ainda menos a curar-se por si próprio; para um ser tipicamente saudável, o estar doente pode por vezes constituir enérgico estímulo de vida, de mais vida.
O homem que busca o conhecimento não só deve amar os seus inimigos, mas deve também poder odiar os seus amigos. Recompensa mal um mestre quem se contenta de ser discípulo.

Friedrich Nietzsche














Conclusão / Posfácio

... tudo quanto nos acontece deixa marcas profundas, a recordação é uma ferida purulenta.

Friedrich Nietzsche

Eis que volto a intervir, desta vez para concluir a narrativa. Aos colegas de profissão, que estejam pensando que faltou a este velho médico que vos fala, decoro profissional, terão nestas últimas linhas minha justificativa. Aos leitores leigos (quanto ao exercício da psiquiatria) terão satisfeitos seus anseios, sua curiosidade a respeito do método alternativo que criei para tratar pacientes extremamente problemáticos, com tendências ao homicídio, suicídio, necrofilia e psicopatias afins.
Não vou entrar em detalhes técnicos complicados — acredito que a maioria esmagadora dos leitores não são médicos e não vou faze-los procurar compêndios e dicionários de psiquiatria para traduzirem minhas palavras.
O caso destes quatro pacientes, era muito complicado. Não poderiam viver de forma alguma com seus familiares, nem em asilos comuns. Sob nossos cuidados, levavam uma vida relativamente calma e gozavam de uma certa liberdade.
Nosso método consistia em induzi-los a práticas que os desviassem de suas manias obsessivas, ou que ao menos as amenizasse.
O tratamento estava dando certo. Sérgio abandonara seus hábitos de profanar túmulos de adolescentes ou ao menos o desejo intenso de pratica-lo. Consegui convence-lo a criar um mundo como ele gostava, cheio de fantasmagoria, através da obra literária. Essa obra que o leitor acabou de ler, é apenas uma entre tantas que ele escreveu. Convenci-o também, de que Lindaura era a reencarnação de sua Amanda, que não era mais necessário que ele fosse ao cemitério procura-la.
Quanto ao Caetano, acidentalmente, como o enfermeiro relatou, esqueceu sua mania de tentar fazer autópsia; trocou-a pela ufologia. Quanto a Lindaura e Rosa foi mais fácil. Ambas sonhavam com um laço familiar. O suposto laço com os dois pacientes as acalmaram. (Induzi também Caetano e Sérgio, a acreditarem  que eram antigos amigos de infância e colegas de trabalho. A fértil imaginação de ambos completou o trabalho.  Nesta  categoria de psicopatia, a criação de um laço afetivo, é muito importante para que os pacientes mantenham um quadro emocional estável.)
O trauma de Lindaura deu-se pela impossibilidade de engravidar-se. Começou a raptar crianças. O jovem marido a abandonou; chegou a ser recolhida num presídio feminino condenada por seqüestro, até que, por sorte e insistência de seus familiares, foi re-avaliada por uma junta médica e declarada incapaz, sendo absolvida criminalmente; mas acabou passando boa parte de sua vida em instituições como a nossa.
Quanto a Rosa, esta fora violentamente estuprada por quatro homens, quando tinha apenas dez anos. Quando atingiu certa idade, como era muito bonita, atraía  facilmente homens que, por infelicidade, possuía algum traço físico semelhante aos que a haviam seviciado. Os matava com um longo punhal durante o ato sexual, em seguida arrancava-lhes o pênis, com o qual caminhava pelas ruas, como se fosse carne adquirida em açougue. Passou um bom tempo na cadeia até ser declarada incapaz, tal qual a Lindaura. Assumindo a personalidade induzida de professora, esquecia deste trauma e de seu ódio generalizado pelos homens.
Creio que estas breves palavras, explicam, embora sumariamente, o método que usávamos para que não fosse necessário manter estes pacientes trancados como animais.
Quanto ao relato de Sérgio, acrescidos dos escritos de Caetano e do material pertencente ao enfermeiro, foi para mim uma grande surpresa, pois eles autodeslocaram-se do plano fenomênico, para o mundo das idéias. Viraram personagens, encarnaram os fatos, acrescentaram, e demonstraram uma vigorosa e surpreendente criatividade.
Longe esteve minha intenção de ridicularizar meus pacientes, ao dar luz a esta obra — quero sim — mostrar às pessoas que estão fora, que nunca atravessaram os umbrais desta triste instituição, que eles, os doentes, são sensíveis, inteligentes e amáveis, desde que tratados como seres humanos que são. Por experiência profissional, digo com segurança, que por trás de toda doença mental há um histórico, que daria o porquê de tal situação — resumindo, uma causa.
Vamos enfim ao posfácio.
O homem deve ter equilíbrio em tudo o que faz, desde o simples ato de se alimentar, ao ato mais complexo, que é o de raciocinar,discernir, decodificar. O excesso de sal danificaria irremediavelmente uma boa iguaria, a falta deste a deixaria insossa, ainda que se tenha o recurso de acrescenta-lo à mesa. O excesso de crédito pode descambar em superstição e até em fanatismo. O excesso de ceticismo e descrédito podem trazer irreparáveis prejuízos ao conhecimento. Pare um pouco e  pense, olhe para as profundezas do Khosmos, olhe para si mesmo e pense, quem sou, que faço, enfim qual a importância  deste mísero ser diante de um Universo, diante de uma profusão de vida cuja magnitude está além da compreensão humana.
Inúmeras são as questões, das quais o incipiente pensamento geano não conseguirá equacionar a curto prazo, sequer uma parte ínfima.
As religiões guiam-se pela Fé — aparato essencial para se acreditar no inexplicável. A doutrina é sempre dogmática. Ou se acredita ou não se acredita. Não aceita ponderações.
A filosofia pressupõe caminhos para se encontrar uma resposta. Caminhos que se bifurcam constantemente, formando uma árvore de ramificações infinitas, onde o homem se vê ainda mais pequeno, perdido...
O método cartesiano não admite hipóteses não resolvidas. Todas possibilidades de erro devem ser descartadas. Positivo por um lado, negativo por outro.
De métodos experimentais místicos ou baseados em hipóteses, nasceram respeitáveis ciências. É o caso da Alquimia, mãe da química moderna; caso da Astronomia, que teve seus primórdios no berço de sua irmã marginalizada, a Astrologia.
O ceticismo e o ranço científico fazem com que se propaguem as chamadas para-ciências. Desculpem a redundância, mas o prefixo “para”, tem como um dos significados possíveis “a margem de”. Todos sabemos com que olhares são tratadas por exemplo, a parapsicologia, as para-medicinas alternativas.
A ufologia, é uma ciência marginalizada. Escrever sobre ÓVNIS ou UFOS, como queiram, pode ser um desastre para quem o faz. Vejam por exemplo, Erick von Däniker, que viajou pelo mundo, indagando, pesquisando e aventando a possibilidade da presença de seres extraterrestres junto às civilizações antigas. Sucesso como escritor, constrangimento como pesquisador — foi indicado (não sei se o recebeu) ao  “prêmio” ignóbil da literatura. E olha que ele não se apresenta como literato, mas como jornalista; não faz afirmações, faz sim conjeturas e indagações. Levanta a questão e faz perguntas, muitas perguntas.
Esta despretensiosa obra de ficção, pode dar o que falar. E olha que é ficção.
Eu, de minha parte leitor, não quero alicia-lo; é minha convicção, acredito que não estamos sós. A vida extraterrestre existe. Cedo ou tarde, terás testemunho disto.
Mas não esqueça, diante de qualquer fenômeno, que aparentemente não tenha explicação lógica, raciocine — seja equilibrado, não tire conclusões precipitadas e não fale antes de estar certo do que está dizendo.
Uma palavra dita, é difícil de apagar.

Dr. G.


De acordo com o que prometi, eis meu e-mail:




















Uma Última Palavra

Conheci o Dr. G. no começo deste ano, durante as caminhadas que faço pela manhã, em um belo bosque que fica perto de minha casa, todo cortado de trilhas para esse fim. Um senhor simpático, meia calva, óculos quadrados, cabelos já bem brancos. Nos apresentamos; caminhamos por cerca de meia hora conversando sobre assuntos diversos, quando ele contou-me que era médico aposentado. Perguntei-lhe sobre sua especialização, e ele respondeu-me que era psiquiatria. Notei desde o começo, quando entabulamos conversa, um certo tique neste meu novo amigo que me deixara um pouco desconfortável — parecia que havia um parafuso de menos ali (perigoso fazer este tipo de julgamento das pessoas, pode-se cometer irreparáveis injustiças, mas fazer o que? foi o que percebi).
Quando ele disse que era psiquiatra, acalmei-me um pouco. O psiquiatra é sempre retratado como uma pessoa excêntrica pela obra de ficção — dou como exemplo o cinema, a literatura, os quadrinhos —, e como esta tenta teimosamente mimetizar a realidade...
No decorrer dos meses nos tornamos amigos habituais, e sempre caminhávamos juntos, ocasião em que ele passou a narrar a história desta história que vocês acabaram de ler.
A amizade foi se estreitando, e ele propôs que eu ficasse com os manuscritos de seus pacientes e os digitalizasse — ele me pagaria pelo serviço e financiaria a publicação.
Foi um trabalho árduo que demandaram dias para sua conclusão, pois tive que organizar e dar seqüência à pilha de manuscritos que ficaram aos meus cuidados.
Não modifiquei nada do texto original. Apenas reorganizei, e acrescentei algumas epígrafes.
Quando o trabalho ficou pronto, convidou-me para uma comemoração em sua casa — notei um certo constrangimento de seus familiares com a minha presença. Eu o tratava respeitosamente por Doutor, e o fiz perto de uma neta sua, de uns dezesseis anos.
Num momento em que ele se afastou para ir ao banheiro, ela falou-me: “Vovô nunca foi médico. Ele é inofensivo, mas esteve internado durante anos num hospício. Ele assume a personalidade de Dr. G. e de um enfermeiro que gosta de livros sobre ÓVNIS. Psiu! Ele vem vindo.”
Essa revelação não modificou nossa amizade. Fazia o jogo dele, tratava-o como Dr. G. A personalidade do enfermeiro nunca se manifestou em minha presença.
Um dia infelizmente, ele teve uma crise nervosa. Ajudei a acalma-lo e a socorre-lo. Passou depois deste incidente, por um período de calma. Seus familiares ficaram um tanto arredios comigo, como se eu tivesse culpa pelo que ocorrera. O fato de o livro estar digitalizado o deixava em estado de excitação.
Precisei viajar, por conta de compromissos profissionais. Quando retornei, aquela família havia se mudado. Fiz inúmeras tentativas para localiza-los. Não consegui. O e-mail que ele passara aos leitores, não me retornou a resposta.
Um dia, ao abrir a caixa do correio, tive uma agradável surpresa. Deparei-me com uma carta de um de seus filhos. Como curador de meu pai, dizia, autorizo-o a publicar esta obra em seu nome. É um presente que meu pai oferece pela sua dedicação e amizade: transfere a tarefa de editor, que ele havia assumido, para você. Antes de nos mudar, deixei firma registrada em cartório. Reconheça-a,  e a propriedade da obra será sua.
Só peço com encarecimento, que não cite em nenhum momento o nome verdadeiro de meu pai. Pedimos desculpas, pelo tratamento ríspido que lhe dirigimos. Infelizmente, teremos problemas com ele novamente, e acredite, você não tem culpa.
Pena que não constara na carta o endereço do remetente. Continuo a procura-los.
Desta forma, aí está o histórico deste pequeno romance. Espero que o leitor tenha gostado.

Copanuchum de Campos

***

Experimentem ler o livro com trilha sonora (já ouviram falar em livro com trilha sonora?). Este tem. Durante a leitura ouçam os LPs The dark side of the moon e Wish you were here, do Pink Floyd,  a longa The Gates of delirium, do Yes; curtam o som do mago Hermeto Pascoal, o experimentalismo de Villa-Lobos e muita música concreta.

***
















Post Scriptum

Nunca havia ligado para a ufologia. Cultuava o lado prático da vida, sempre fui frio e calculista, como todos que exercem a profissão que adotei, tecnólogo com especialização na área de informática. E o fiz por duas razões, que por si só são suficientes para justificar minha escolha: dinheiro e emprego garantido.
Esse posicionamento, não quer dizer, que eu seria de todo insensível, faço amizades, converso com as pessoas. Mas nunca fora até então, insensato.
Mas não sei explicar o que aconteceu comigo; desde o encontro com o Dr. G. e esta obra, passei a desenvolver um interesse tão grande pelo assunto, que até tem prejudicado minha atividade profissional.
Passo horas olhando para o infinito, a procura de algum ponto em movimento; quando vou à biblioteca, é para procurar as obras relacionadas nas referências bibliográficas do Caetano ou outras do acervo que sejam afins.
Abro a Internet somente a procura de sites sobre o assunto. Meus amigos e familiares estão preocupados, sentem que algo não vai bem comigo. Uma ex-namorada que ainda diz gostar de mim, convidou-me para ir com ela num barzinho, na semana passada. Depois de uns drinks, travamos a conversa mais insólita para um casal, digamos, de namorados. Ela dizia que eu devia procurar um psicólogo, que eu não estava bem. Eu falava de galáxias e naves espaciais. Ela tentava olhar para meus olhos, eu olhava para as estrelas, para o imponente espaço sideral. Ela falava em tratamentos, eu falava no livro, que deveria estar impresso nos próximos trinta dias.
Finalmente impus-me às amarras que me prendiam, assumi minha condição de perturbado mental, assumi minha verdadeira vocação, hei de ser um grande ufólogo. Que me chamem de louco, insensato, não importo. Já estou preparando um cômodo, onde montarei meu acervo.
Um primo, preocupado com meu estado, não sei porque, estou me sentindo tão bem;  aliás nunca  havia me sentido tão bem em toda minha vida, convidou-me para pescar num destes fins de semana.
O rio localizava-se, justamente nas proximidades da via férrea, na área delimitada pela primeira pista do Caetano. Qual não foi minha surpresa ao avistar uma velha e abandonada igrejinha. Pedi ao meu primo que parasse o carro. Desci e percebi que a porta estava apenas encostada. Entrei desesperado à procura da porta que levava ao porão. Nada encontrei; quando me dei por mim, notei que um velho senhor, em trajes da roça me observava. Meu primo, ficara parado na porta constrangido até à raiz do cabelo com minha atitude.
Que procuras, moço? O porão cuja entrada fica ao lado da sacristia, respondi. O homem estampou uma ruga de admiração na testa e respondeu: há muitos anos que o porão foi aterrado.Tivemos muitas enchentes por aqui, e a Igreja passou por várias reformas. Como sabes do porão, o que procuras afinal? É livros... livros antigos. Há alguns que se salvaram, que estão naquela estante ali, olha. Pode pegar o que quiser. Faz tempo que não se reza missa por aqui mesmo.
Fiz uma busca, ansioso, mas encontrei apenas missais, alguns em latim, manuais de ordens e hagiografias.
O que procuro não está aqui. Tudo bem, volte quando quiser. Pelo jeito vieram para pescar. Há um rancho em minha propriedade, podem usar se quiserem.
Não pesquei nada. Fiquei olhando para o azul, depois para a escuridão da noite e para as estrelas.
Passou o fim de semana. Não conseguia dormir. Tinha que voltar lá com mais sossego e procurar de novo.
Voltei. Aquele senhor veio de encontro comigo. É amigo, neste mato tem coelho. Ontem estiveram por aqui, cinco pessoas atrás de livros antigos. Como eram? perguntei. Bem, havia um senhor idoso, meio careca de óculos, com cara de cientista, não sei, um baixinho esquisitinho com cara de sagüi, acompanhado de uma mulher muito escandalosa e mal vestida, que não devia nem entrar na Igreja. O outro casal era um homem alto e calmo, grandalhão, a barba meio ruiva, e sua esposa parecia estar no mundo da lua; carregava duas bonecas de pano na mão. Deixei eles levarem um missal. O baixinho  clareava o livro com uma lanterna esquisita, e o latim sumia. Aparecia umas letras que deve ser turco ou japonês. Armadas do antigo padre que morreu nesta capela. Deixei eles levar porque para nós não vai ter utilidade. Quer levar o restante dos livros?
Levei, e procuro meticulosamente, vivo esquadrinhando página por página. Até topei ir ao psicólogo, para meus familiares me darem um tempo.
Este incidente dá o que pensar. Seriam eles? Que pensa o leitor?
Quando estava de saída, ele me chamou de volta. Você conhece esse povo que esteve aqui? Mais ou menos, respondi. É que eles derrubaram este papel.


***


Perguntei a mim mesmo: entre todos os temas melancólicos, qual o mais melancólico, segundo a opinião geral dos homens? — A morte — foi a resposta evidente. — e quando — insisti — se torna mais poético esse melancólico tema? — De acordo com o que expliquei anteriormente, a resposta, também aqui, é evidente: —  Quando se une o mais estreitamente possível à beleza. — Nesse caso, a morte de uma formosa mulher é, indiscutivelmente, o tema mais poético que existe.
Edgard Allan Poe


Amanda

É tão triste ver seus olhos e não poder toca-la,
O sorriso em sua boca e não poder beija-la,
Se os vermes puderam faze-lo por que não eu?
Venha Amanda querida para este, que antes de ganha-
                                                              [ la, já a perdeu.                                  

Os ciprestes sorriem de minha amargura,
Os anjos barrocos choram minha tristeza,
As cruzes pesam ante meu olhar embaçado,
O barulho do vento no bronze
São como navalhas a dilacerarem meu espírito,
O bronze de seus cabelos... quantas vezes não abracei                                                                                                                                                                  t                                                                [aquela estátua,
E a beijei na boca, clamando seu nome, Amanda...


Mas a natureza é a sua voz,
As nuvens pesadas e onduladas da tempestade,
Desenham seu corpo moreno no céu,
Os relâmpagos que iluminam seu rosto nesta foto                                  p                                                              [apagada,
É o seu sorriso que ilumina minh’alma,
As pedrinhas de granizo que caem,
São os seus belos dentes.
Amanda, a pressão do vento sobre meu rosto,
É o seu abraço, o seu beijo de amor.

Depois o céu se abre, plenilúnio, prata candente,
f                               [estrelas alaranjadas e azuis,
Luzes que se fazem violáceas ao atravessarem a tênue
P                                                                        [névoa,
O uivo e um ladrar distante, um galo, o litro vazio do
P                                              [néctar amarelo-cobre,
Amanda, caminho pelas estreitas trilhas que às estrelas
P                                                                      [refletem.
Esperando que apareças na próxima esquina.
Molhado, cigarro molhado, mundo molhado,
Até seus ossos estão molhados, Amanda...
Mas não nosso espírito.

Enquanto houver chuva e tempestade,
Enquanto existir conhaque para aquecer e alimentar a
P                                                                       [chama,
Enquanto os cravos-de-defunto florescerem em sua
P                                                                    [campa,
Enquanto sua foto sorrir para mim,
Nada há de nos separar, e nas alturas infinitas,
Um dia hemos de nos encontrar.

Pois a lua jamais brilha sem trazer-me sonhos
Da bela Annabel Lee
E as estrelas jamais surgem sem que eu sinta os
 P                                              [brilhantes olhos,
Da bela Annabel Lee (Cantar  do bardo de Baltimore!).
Revivido em minha voz angustiada,
Deste espírito envolto em névoa,
Cinzento, aniquilado; responda-me poeta dos poetas,
Se no limbo onde descansas, junto a sua imortal
P                                                            [Virgínia:
Tens notícias de Amanda?
Da  minha doce Amanda...

As rosas que se abrem,
Neste lugar de descanso,
Trazem da boca de Amanda o paladar,
E os corpos que aqui se sepultam,
São novas crianças que chegam,
Prá junto de Amanda brincar,
E as imponentes estátuas e placas,
Quer sejam de mármore ou  bronze,
O brilho dourado de Amanda,
Jamais irão ofuscar.

Durmo neste escuro molhado,
Nesta pequena capela,
Que tresanda a mofo, vela e flores esquecidas,
Cujos adornos são suas fotos, e este pequeno púlpito,
Com uma Bíblia envelhecida,
Sobre seu túmulo,
Tendo a cruz de ferro à cabeceira;
Somente para provar,
Que as pontes que nos separam,
Não resistem à luz do luar.

***

Apareci nas oficinas gráficas com este Post Scriptum, quando o livro já estava impresso, pronto para ser encadernado. Desnecessário dizer, que o dono da editora ficou fulo da vida. Tive que insistir bastante, para que ele acrescentasse estas últimas páginas, que salvo o poema, entregue por aquele senhor na igrejinha,  foram escritas às pressas, para dar tempo de serem inseridas na edição.
Espero que tenha valido a pena, ter passado estas novas informações, e este poema que provavelmente, é aquele do qual Sérgio nos dera notícias, páginas atrás. Eu estou meio confuso. E não é para menos. O leitor que tire suas conclusões.

***






     

                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

“Chegaremos a Júpiter e Plutão em 76”

Esta esfuziante manchete foi estampada na terceira página da edição histórica da revista  ‘Veja”, de 23 de julho de 1969, a qual trazia uma entrevista com William Pickering, diretor do Jet Propulsion Laboratory, de Pesadena, Califórnia. Edição totalmente dedicada à chegada do homem à Lua, deixa transparecer em suas páginas a paixão e o encantamento por este feito, fruto de nossa claudicante Ciência.
Esta manchete, cujo nonsense aflora a toda prova, enfatiza a importância do sonho, e porque não de uma certa dose de loucura...afinal tudo o que se aparenta impossível toma um certo ar de disparate...
É preciso coragem para levantar determinadas hipóteses...
Das quais muitas vezes se originam  o progresso e o conhecimento.

    

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